Pokémon Mythology RPG
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Ato 03 — Libertação.

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off. :


Conforme requisitado, os olhos do pássaro cintilavam em energia rosácea, evocando seus poderes paranormais. Por um bom tempo, a ave fitava o carvalho, fixando suas vistas na árvore por um bom tempo. Parecia pressentir de que havia algo de errado ali, contudo, ainda não sabia dizer o que exatamente era.

Emma tomou a iniciativa com o rosto fechado. Nicholas tentara cutucar com sua muleta a garota, e a loura afastou-o suavemente, projetando-se para baixo. Gentilmente, chacoalhou o inerte corpo da criança; gradualmente, após balbuciar palavras túrbidas. Mostrando confusão, a criança erguia-se, indagando onde estava; era como se sua consciência estivesse perdida em um labirinto.

Não tardou para que a menina se apresentasse mais lúcida que outrora. Agora já melhor, a loura indicava a localização de onde estavam. Antes receosa, segurando forte a mão de Nico, a força já se esvaía conforme a criança recobrava sua consciência lentamente. Emma então apresentava-se, buscando uma abordagem amistosa, e parecia dar resultado: a garota se apresentava como Sofya, exprimindo que sua cabeça latejava e não se recordava de nada. Por mais que a treinadora parecia estar mais à vontade, Nicholas ainda não baixava sua guarda, sisudo como sempre.

Os orbes cerúleos ainda não desviavam da figura da criança. Após o ocorrido, para alguém cauteloso como o treinador, não era o suficiente para que se tranquilizasse depois do ocorrido. Não obstante, Nicholas observara que Natu fitou o carvalho negro por um bom lapso temporal, o fazendo manter uma postura ainda sisuda — mesmo diante da abordagem contrastante da loura.

— Como é que você veio parar aqui? — inquiriu, sisudo. — Há poucos tempos atrás, você estava sentada sobre aquela árvore gritando por Clefable. O que isso quer dizer?

De pé, os olhos anis não se desviavam por nada da dita Sofya. Em um olhar de relance, o treinador requisitava que seu pássaro não baixasse sua guarda; dotado de poderes paranormais, o pássaro era a única criatura ali que ajudaria em caso de excentricidades naquela porção da rota cento e quinze. Restava aguardar, então, o que viria a seguir.

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Route 115


Descrições detalhadas e muito bem enunciadas —  com todos os possíveis pontos esclarecidos —  eram feitas. Levando em consideração a falta de tempo útil que me acomete neste feriado, prefiro não demorar-me muito ao realizar tais feitos novamente. Novamente, desculpe.

Já foi extremamente compreensível que as coisas ali estavam todas soando muito estranhas; confusas. O ambiente, ps dizeres, a própria jovem, que murmurava inconsistências. Por mais que ainda houvesse um sentimento de querer ajudar — aparentemente não mútuo pela parte que cercava Sofya —, Nico mantinha a cautela.

Pedia para que seu pokémon não baixasse a guarda; ainda que este o tivesse feito apenas por enfim ter se sentido mais confortável no ambiente. Bem, se parar para pensar, isso significava que seja lá o que preocupava o pássaro anteriormente parecia já não afligi-lo mais. Ainda assim, questionou à morena algumas perguntas bastante importantes.

A menção ao nome "Clefable" pareceu trazê-la à tona. Preocupação pareceu tomar sua face, fazendo-a morder os lábios e franzir o cenho. — Nós sempre passeávamos por aqui. É o lugar no qual nos conhecemos, quando eu era apenas um bebê, e ela, uma Cleffa. Mas.. — ela hesitou, parecendo engolir saliva em mais um claro sinal de que algo estava errado.

Ela foi tirada de mim. Não faz muito tempo... Tínhamos vindo caminhar por aqui mais uma vez. Ela estava tão linda e crescida... Mas então alguém apareceu. Foi tudo muito rápido. Um vulto negro, alto, passou por nós e... — ela travou, com um soluço preso em sua garganta. As lágrimas tinham voltado a escorrer, mas ela ainda parecia mais consciente de suas ações.

— Ele levou Clefable... Ela foi sequestrada! — enunciou por fim, levando as mãos ao rosto mais uma vez. Emma fez uma careta, também passando sua palma direita sob os olhos. Ela direcionou seus orbes ao namorado, como que indicando que deveriam ajudar a pobre menina.





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Tal uma lâmina feita magistralmente pelo mais exímio dos ferreiros, as indagações do louro foram diretas e eficazes, a ponto de fazer Sofya se recordar dos acontecimentos anteriores — dessa vez, sem desmaios súbitos ou brados desvairados. Engolia em seco e juntava o resquício da força que ainda se juntava depois de estatelar, já desfalecida no chão.

Segundo a criança, ela e a dita Clefable se conheceram no mesmo recinto em que se encontravam — e a amizade das duas era duradoura, diga-se de passagem. Em um dia corriqueiro, como deveria ser, Sofya e a fada tornavam a vagar pela rota cento e quinze. Todavia, diferente das demais ocasiões, um vulto atreveu-se a tirar a companhia do monstrinho da criança, deixando a esmo, sozinha com suas lamúrias debaixo do carvalho.

Suas mãos iam na direção de seu rosto pálido. A barreira erguida durante aquele desmaio não foi suficiente para segurar o mar de agouros que transbordava do intrínseco de Sofya, nem mesmo suas pálpebras cerradas forçadamente. Emma parecia comovida com a história, esfregando sua palma destra em seus olhos, encarando o companheiro passando uma mensagem não-verbal de que deveriam auxiliá-la em ter Clefable de volta.

As suspeitas de Natu outrora faziam Nicholas ainda matutar a respeito desse vulto. Seria possível o autor daquele sequestro estar se esgueirando naquela árvore e, no momento em que o pássaro evocava suas habilidades, fugira? Ou diante daquele surto alucinante, poderia ser alguma armadilha? Pensamentos até mesmo absurdos demais, e ora, depois de um início de jornada agitado como aqueles, Nico ainda não reorganizara sua mente por completo; nem mesmo nela, que fora sua aliada em todos esses anos, escapava de sua desconfiança.

Fitou o carvalho por mais alguns segundos, semicerrando as suas pálpebras para estreitar a sua visão na vasta árvore, imponente naquele terreno. Seus olhares austeros não conseguiam detectar nada de hostil — ao menos, por enquanto —, incrivelmente aumentando ainda mais suas suspeitas. Em flashes, relembrou-se de quando uma silhueta sombria se esgueirava entre arbustos fugindo do ataque de seu antes Charmander. Aquela figura nada mais era que aquele rocket que ameaçara a sua vida.

Refletir nas possibilidades apenas fazia o louro ter mais indagações em sua cabeça, e as respostas ou eram longínquas ou incertas demais; preferiu esquecer por um momento. Não obstante, Nicholas estava longe de ser o mesmo fisicamente, tendo que utilizar muletas para compensar o músculo fragilizado pelo projétil disparado contra o mesmo naquele frenético embate em Rustboro.

Respirou fundo, volvendo sua atenção para Sofya.

— Se é assim, nós podemos te ajudar — soprou, sereno, encarando de relance a loura próxima à criança. — Já que é acostumada a andar por aqui, tem alguma ideia de onde ele pode ter aparecido? Ou se tem alguma pista sobre quem é esse vulto?

Suas perguntas eram simplórias. Possivelmente, Sofya poderia ter algum norte para que fosse possível auxiliá-la sem precisar andar à mercê da ameaça desconhecida. Nicholas e Emma eram forasteiros, guiados apenas pela pokénav do louro. Apesar de ajudar uma criança lamuriosa, o treinador ainda ficava pensando em quando poderiam estar livres de mistérios de terras distantes para apenas explorar o mar aberto da rota cento e quinze.

Contudo, era para um bom propósito, não é? Ao menos, era o que ele e sua companheira achavam.

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As coisas pareciam estarem explicadas... em parte. Um sequestro, à plena luz do dia. Realmente, aquilo poderia explicar um pouco a reação extremamente intensa. Certo, talvez ela tenha exacerbado-se um bocado, mas diferentes indivíduos reagem de maneiras divergentes às mesmas situações.

Natu não parecia preocupado com a jovem. Quase como se quisesse transpassar que não via nenhum tipo de perigo nela, ele passou a fitar o céu azulado, aparentemente sem nenhum motivo específico em mente. Se o treinador de louras madeixas não conseguia acalmar-se, talvez sua namorada e monstrinhos o fizessem.

Emma sorriu ao ouvir que o rapaz colaboraria. — Obrigada — murmurou, em tom alto o suficiente para saber que apenas Nico ouviria. O jovem parecia incerto para com seu julgamento, mas seguia em frente da forma que conseguia.

Quem diria, que sairia de sua região natal, e desbravaria não uma terra de maravilhas e paraísos tropicais, mas sim um terreno totalmente desconhecido, interior a si mesmo. A mente certamente é um assunto... peculiar.

Eu... Eu não me lembro. Nós estávamos sentadas aqui, sob a árvore e... veio a sombra e a pegou — respondeu Sofya, levando as mãos à cabeça mais uma vez, em aparentemente fútil tentativa de lembrar-se de algo. — A... selva? — ela disse então, incerta.

O vulto pegou Clefable e foi para lá — dissera a jovem, apontando um dedo para o noroeste, em direção à pequena e densa mata que circundava o litoral. — A selva fica por ali.






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O murmúrio audível apenas ao treinador era processado por seus tímpanos e levado até o seu cérebro, fazendo-o volver de relance a treinadora, ainda mantendo sua postura austera. Não era como se o louro não gostaria de auxiliá-la; no entanto, sua condição física ainda era frágil e não se julgava pronto para mais uma série de investigações em uma floresta inóspita, dessa vez, a norte de Rustboro. Nicholas respirou fundo, com um arrepio excêntrico bailando por sua espinha ao lembrar-se das experiências anteriores em sinestesia fúnebre.

Se dantes, ainda saudável, não foi capaz de vencer o formidável trio de rockets, por que agora, esmaecido, sentindo suaves latências em sua perna destra, seria possível? Por conta disso, traçara planos simplórios, como uma simples caça a monstrinhos no mar fechado a leste da rota cento e quinze.

Embora o quisesse, o altruísmo de Emma jamais deixaria aquela criança a esmo próximo à entrada da mata fechada. Ainda que a loura carregasse certa devoção ao treinador, ainda assim não pensaria duas vezes em auxiliar a criança próxima, que erguia seu tronco, pouco a pouco, voltando a ficar em pé.

Nesse cenário — longe de ser o ideal para o frio Nicholas —, a única via de seguir viagem com a treinadora que tanto lhe era terna seria aceitando investigar aquele mistério — ainda que o louro não confiasse piamente na menina, apesar de a mesma mostrar sua insegurança e fragilidade.

No fim de tudo, Nico apenas guardava as gentis palavras de Emma nos confins de seu âmago.

Ainda demonstrando a confusão por acordar repentinamente, Sofya começava a matutar a respeito das indagações feitas pelo treinador. Em digressão labiríntica, volvia a recordar o acontecimento descrito outrora em lágrimas: estavam ambas sentadas sob a sombra majestosa do vasto carvalho negro que incutia as súditas árvores esparsas naquele terreno, e repentinamente, sua fada fora tirada de sua companhia. Diante daquelas palavras, os orbes cerúleos e gélidos como a neve de pico de montanhas não mostravam emoção alguma, em vã tentativa de resolver aquele anagrama de possiblidades colocado diante de sua mente. Em poucos segundos, a túrbida mente da criança parecia clarear-se.

De início, com as mãos em sua cabeça tentando forçar suas memórias, uma pergunta retórica surgia dos lábios da garota. A frase fê-la ser mais objetiva, enfim, apontando para o interior da floresta colocada à frente do casal de aventureiros — à noroeste, mais precisamente. Conforme a pálida mão de Sofya descrevia o trajeto feito pelo vulto, Nicholas volteava seu pescoço para o ambiente. E, bom, a sensação que permeava o intrínseco do louro não era das melhores.

Suas memórias, em lampejo, atiravam as cenas de todo o perigo que correram ainda na rota cento e um. De início, a garota de Kalos estatelava-se em um buraco de dimensões anormais, machucando-a e comprometendo sua condição física. Em seguida, o desafio ao ruivo, em que se saíra vitorioso graças à intervenção direta de Jigglypuff no embate. A partir dali se iniciava o pesadelo que Nicholas jamais gostaria de regressar.

Quiçá, foi o começo para saber quem realmente era Nicholas Halstenberg.

Mais poderosas do que nunca, suas emoções fortes e coléricas emergiam lepidamente de seu âmago como os majestosos Wailords à superfície do oceano, e as águas exasperadas cobriam a esguia figura frágil diante de todo aquele emaranhado emocional que tanto reprimiu em sua vida. Fora coberto sem chance alguma de defesa, autoconhecendo-se em situação deveras melindrosa. Engolia em seco com medo daquilo voltar à tona, e implorando às divindades que cessassem aquelas lembranças o máximo possível — mas, ah, Nicholas, é disso que uma aventura por todo um continente te aguarda.

De início, pestanejava. Agora, não tinha apenas uma vida para guardar, mas sim duas; ora, como ele explicaria à Emma se qualquer coisa ocorresse à Sofya, vista que a loura compadecia da história contada por ela com Clefable? Não obstante, deveria poupá-la do pesadelo que viveu e fez acontecer, como quando encontrou aquele estuprador nas periferias de Rustboro; ali, encarnava-se o próprio Giratina na esguia silhueta de um rapaz de dezessete anos. De todo o modo, responsabilidades desabavam sobre suas costas, e tinha completa noção disso.

Como aceitou auxiliar Sofya em sua cruzada para trazer Clefable de volta, teria de fazê-lo, independentemente de sua condição física real.

— Eu vou indo na frente então. Vocês duas, fiquem atrás de mim — disse, voltando seu corpo morosamente na direção exata em que Sofya apontara outrora.

Desse modo, Nicholas partiu. Natu, aéreo observando o firmamento, fora pego de surpresa com o leve chacoalhar de ombros do treinador, em mensagem não-verbal de que deveria estar mais atento no momento em que adentrariam os confins de mais uma selva.

Que dessa vez, as memórias de Nicholas não açoitem sua racionalidade e ele permaneça sobre controle. E, não menos importante, que desvendassem aquele mistério e fossem ao litoral.

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Palavras.

Recursos verdadeiramente magníficos, não acha? Por terras onde o caos invade, como tormenta devastadora, estas são, muitas vezes, as únicas defesas que alguém pode ter. Mas ainda assim, tão subestimadas, esquecidas, negligenciadas.

Tenho um apreço à elas, não nego. É simplesmente incrível, a forma com a qual posso expressar-me por trás de tais. Palavras podem mudar o mundo. Acredito nisso. E gosto de pensar um dia, poderei ser capaz de mudá-lo também.

... Nem que seja o mundo de um único alguém.

Sinceramente? Não tenho ideia do por quê de tamanha catarse. Apenas veio. E tomo o fluxo, deixando-me levar. Imagino que seja bom. E espero que seja relativo, indiferente, para você. De qualquer forma, as palavras têm significados. Mais que literalmente.

Memórias, por exemplo.

Ao timbre certo, cordas vocais estremecem e fazem o ar vibrar. Sons. Compreensíveis, amontoados em uma mensagem pré-ordenada. E apenas ouvindo-os, o maquinário que ocupa nossas mentes trabalha, assimilando-os. Lembranças irrompem. É como puxar uma alavanca: uma ação é sofrida, desencadeando outra.

Era assim com o pobre Nico. Confesso que me sinto mal por ele. Não acredito que alguém mereça passar por tamanhas coisas; seja real ou não. É fato que contos de fada — para a infelicidade de Emma — continuam apenas assim, contos, e não chegam a concretizarem-se. Mas mesmo assim, paz, alegria, são coisas boas.

Evidentemente, não duradouras. Mas todo mundo deveria ter uma chance. Não era fácil; tampouco justo para o treinador, e ele estava mais que consciente. Sua mente ia a mil. Compreensivo, assimilava, analisava, talvez até mesmo; lamentava a situação. Mas a aceitava.

Sim, mesmo nos fundamentos do mais frívolo e calculista ser, há a possibilidade de compaixão e sentimentalismo. Nico era assolado por seus fantasmas, repetidamente. Encontrava-se em situação desconhecida, nunca antes imaginada. Mas seguia em frente, inclusive ajudando outros a enfrentarem seus próprios temores.

Intrépido. Talvez ele negasse, mas não haviam muitos que eram capazes de realizar tais feitos nas dadas circunstâncias. A frieza transparecia na fala e ações, contudo, era possível notar o teimoso calor por trás destas. E bem, com isso, eles seguiram em frente.

A progressão era evidente. A grama tornou-se tenra e vistosa — mais escura e vívida — enquanto andavam. As árvores tiveram seu porte a aumentar gradualmente, tal como as plantas que desprendiam-se destas. Enfim, uma espécie de pequena selva pôde ser contemplada diante deles.

O avanço não fora grande, concordo. Entretanto, imagino que baste, por enquanto. Não posso prometer nada em relação às retomadas e viagens por detrás do subconsciente, mas quem é capaz de saber? De qualquer forma, haviam chegado ao destino. Talvez Nico tivesse algo a mais para anunciar — ou propor — antes que qualquer outro pudesse manifestar-se.





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Diante dos impassíveis olhos azuis, fora notado pelos mesmos no momento em que os raios de luz incidiam sobre as retinas e, assim, eram levadas do nervo óptico ao cérebro do treinador. Se outrora o chão emitia alguns ínfimos soídos, estes, agora, passavam a ser nulos: a terra batida era substituída pelo tapete de relva escura dando boas-vindas ao trio que ousava adentrar aquela porção inexplorada da rota cento e quinze. Se o carvalho negro reinava perante as demais à sua volta, já naquele recinto, teria seu trono desafiado pelas árvores suntuosas ao redor.

Percebendo a mudança do ambiente, o treinador parou subitamente. Os orbes cerúleos passeavam pela mata fechada, em tentativa de achar algum norte diante daquele caminho labiríntico, conforme o visto próximo a Littleroot. O escudeiro do louro jazia sobre seu ombro, e se houvesse qualquer tipo de hostilidade ou excentricidade, com certeza teria o avisado na hora; se não o fez, ao menos por enquanto, houve indúcia, seja pelo recinto inóspito ou pelo clima estabelecido nos ditos sorumbáticos de Sofya.

Ora, se naquela ocasião nada favorecia ao treinador, restava arriscar, ser mais ousado. Sem nenhuma saída óbvia, arqueou o instrumento metálico bicolor que aprisionava a terna hiena cinzenta. Com um movimento tenro e ínfimo, pressionava o botão circular na divisa entre as cores vermelho-sangue e branca, acionando os mecanismos tecnológicos da pokébola. O corpo de Mightyena era materializado por uma alva energia; o canídeo recebia a todos do lado externo com um afável grunhido, e logo direcionava-se a Nicholas com sua corriqueira feição jocosa. O louro saudava-o com um sucinto movimento vertical de sua cabeça.

Nicholas, então, volvia seu pescoço na direção da criança atrás. Seu semblante mantinha-se o mesmo daquele que disparara inúmeras indagações para nortear-se naquela cruzada em busca de Clefable — e, para sua infelicidade, ganhava apenas mais interrogações, as quais restava apenas matutar a respeito.

— Mightyena consegue rastreá-la pelo cheiro, eu presumo — exprimiu o louro, volteando-se rapidamente ao canídeo; o monstrinho apenas balançava sua cabeça afirmativamente, sempre jubiloso. — Se Clefable foi levada há pouco tempo, talvez tenha o seu cheiro impregnado nela e podemos rastreá-la com a ajuda de Mightyena. Mas, se tiver qualquer item que ela usava, é melhor ainda.

Depois de, enfim, retirar mais um coelho da cartola, Nicholas aguardaria os próximos dizeres de Sofya para que avançassem ordenadamente — isto é, se o canídeo fosse capaz de rastreá-la com seu exímio faro, mesmo naquele emaranhado de odores que somente florestas proporcionavam.

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Era inteligente. Mas sinceramente, não esperava menos do jovem Nicholas. Era um dos poucos treinadores que preferia levar em consideração todos os possíveis pontos e rumos que poderia tomar, e costumava sempre dar caminho à razão. Nota-se, mundo afora, a presença de muitos jovens que, no calor de seus atos, tomam ações precipitadas...

E muitas vezes, pagam caro por isso.

É interessante, observar um tão único treinador como Nico. E muito mais empolgante, também, confesso eu. O loiro preferia não arriscar, tomando a atitude mais neutra e passível que passava por sua inquieta mente. Compreensível, de fato. Contudo, um questionamento: será que o próprio Halstenberg não tem um preço a pagar, por tamanho raciocínio calculista?

Tudo possui seus prós e contras. Certamente, também é uma regra para este caso. Assim sendo... O que será que Nicholas deixava de ter...? Imagino que não venha de mim, a resposta. Provavelmente, é algo que o próprio terá que descobrir por si mesmo, ao decorrer do seu caminho pelas terras equidistantes. Ainda que a inconsistência da mudança e do inesperado possam mudar bastante coisa.

De qualquer forma, o primeiro companheiro pokémon que veio a capturar por mérito próprio era lançado em campo. Apesar da aparência intimidadora; era dócil e carismático — o contrário do treinador, em certos aspectos, se me permite pontuar. De fato, o avançado olfato do canino poderia ser uma ajuda bem requisitada.

Ainda assim, já deve imaginar: as coisas não são simples assim, tal como Sofya viria a indicar. — Eu não tenho nada que pertença a Clefable, mas... — ela começou a dizer, parando, como se lembrasse de algo. — Ela costuma usar um laço que era meu, mas dei pra ela há muitos anos atrás. Talvez ainda tenha o meu cheiro, mas imagino que esteja muito fraco. Seu pokémon poderia acabar se confundindo com algo.





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Apesar de sentir-se desgostoso com os ditos pela criança, quiçá arruinando aquilo que planejava, o treinador não mudava a sua feição — sempre sisuda. Balançou a cabeça poucas vezes, levando a mão canhota às madeixas em sua testa, escorridas espalhafatosamente. Com um movimento brusco, jogava o projeto de “franja” para trás — de nada adiantava, afinal, liso como era, volvia a desfazer-se sobre sua face. Um tique, e só.

Naquele momento, os orbes cerúleos ziguezagueavam por todo o redor. Como se esperar de uma densa mata, sua vista focava nas quatro árvores mais próximas — mais especificamente nas mais próximas, tanto à frente quanto atrás. Repentinamente, pressionou sua muleta direita com mais força ao chão, desenhando duas retas concorrentes sobre o chão no formato da letra X. Parecia deveras aleatório, de fato; contudo, Nicholas tinha uma saída em mente para não andar na floresta a esmo.

Pensava que, naquelas poucas interações com Sofya, chutava que a mesma e Clefable, por serem íntimas, possivelmente viviam apegadas à outra; o suficiente para deixar um rastro de seu odor na fada. Seria a partir daquele ínfimo aroma que a criança emanava que o canídeo guiaria o trio pela inóspita floresta. As falas de que o canídeo podia ser confundido ressoavam em sua mente, claro; todavia, não via saída melhor do que ser guiado por Mightyena na inexplorada rota cento e quinze.

Volvia sua atenção à hiena, enfim. Mightyena colocava-se em prontidão, receptivo às ordens que viriam de Nicholas.

— Deixe uma marca nas árvores ao nosso redor, mas tome cuidado com qualquer criatura que esteja por aqui — a seguir, fitava Natu. — Preste bem atenção ao nosso redor: na marca que fiz no chão e nos rastros que Mightyena deixará nas árvores. Quando nos sentirmos perdidos, vou avisá-lo, e você nos teleportará de volta para exatamente aqui, entendeu? — sem delongas, volvia atenção às duas, posicionadas nas suas costas. — Mightyena tentará seguir seu cheiro pela floresta, e se nos perdemos, voltaremos exatamente para cá. Cada passo que dermos, marcaremos na floresta para sabermos onde fomos. Caso aconteça qualquer coisa, fiquem perto de mim e segurem em qualquer parte minha, já que Natu vai nos teleportar de volta para cá. Entenderam?

Rapidamente, conseguiu pensar em uma saída partindo de seu plano original: seguir o cheiro de Sofya pela mata. Ponderando seus ditos sobre estarem perdidos, restava confiar a Natu que o teleporte fosse bem sucedido e os levasse à estaca zero — onde fizera algumas marcações. Mas, claro, somente se o plano de seguir Mightyena e seu olfato desse errado.

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Ah sim, Nico não demorava muito para formar não só um plano; mas também uma rota alternativa a ser considerada, em emergências. Não estava contente com o desenrolar das coisas, dando sempre errado, quase como se houvesse uma força superior jogando todos os pesares contra ele.

Uma floresta densa e fechada era, definitivamente, a última coisa que ele queria no momento. Mas bem, se a intenção era ter um dia alegre e ensolarado na praia, o treinador provavelmente havia tomado o caminho errado, junto de sua namorada. Umas férias em Slateport parecem fechar esse pacote paradisíaco de forma muito mais adequada.

Certamente, encontrar um jeito de transpor a mata eficientemente era bastante interessante, assim como saber guiar-se minimamente por através dela. E de fato, a proposta do rapaz parecia bastante eficiente. Emma, contudo, franziu o cenho.

Não acha que seria muito desgastante para Natu, levar todos nós? — perguntou ela, ainda que com um tom estranho em sua voz. Depois, ficou ligeiramente avermelhada. — Bem, não é como se eu estivesse esperando por algo do tipo para poder ajudar, mas já que estamos aqui...

Com isso, ela levava a mão até seus bolsos, tirando de lá uma esfera bicolor minimizada. Com um aceno rápido, esta logo foi jogada ao ar, aumentando de tamanho, e abrindo-se com um raio rubro. Dela, saiu uma peculiar figura, baixinha e esverdeada. Emma parecia satisfeita com sua performance.

Ralts pode ajudar com o teleporte, para que seu Pokémon não se canse. Falam que duas cabeças pensam melhor que uma, não? — continuou ela, segurando nervosamente a barra de sua blusa. — Espero que isso também conte para com poderes mentais... — concluiu por fim, acariciando seu monstrinho.

Bem, independentemente de como Nicholas reagiria àquilo, eles seriam capazes de seguir adiante. Mightyena farejou delicadamente os longos cabelos de Sofya, e então apontou seu focinho para o chão, tentando encontrar algo semelhante. Felizmente, ele começou a andar em meio às árvores não muito depois, indicando que havia encontrado algo.

O progresso, entretanto, não era dos mais rápidos. A luz solar era intensa na região — prova disso era a mata fechada onde tentavam abrir caminho. Curioso pensar em como a vegetação havia se desenvolvido ali, com arbustos verdejantes, cipós vistosos e árvores grandes. O verde por ali era bastante intenso; e o vento produzia uma agradável melodia ao recochitear as folhas de árvores.

Acabou que o canídeo de Nico fazia as marcações na mata apenas para conseguir passar. Eles perambularam por algum tempo, suando e espremendo-se por entre aquilo tudo. Sofya parecia gostar, de alguma forma. Certamente, Lumiose nunca tivera tanta vida para oferecer, e a menina provavelmente nunca nem imaginaria estar em lugares como aquele, outrora tão acostumada com a capital moderna.

O emaranhado de folhas cobria o céu diurno, deixando o lugar um tanto quanto escuro, também. Natu percorria seus globos pela paisagem, em uma frenética movimentação incessante. Quando parecia que não encontrariam mais nada e estavam enfim perdidos, Mightyena parou e latiu, apontando com seu focinho para um arbusto próximo.

O pássaro psíquico pareceu notar uma presença estranha, também. Arregalou ainda mais seus olhos, e permaneceu encarando a planta. Emma tomou a mão da garota que os seguia silenciosamente, colocando a outra sobre o ombro do namorado. O arbusto farfalhou. Todos pareciam apreensivos.

E então uma forma pequena e quase que redonda saiu dele, passando rapidamente por debaixo das pernas de Nico. Tinha uma forma rosa presa na cabeça, mas passou veloz demais para que se pudesse identificar o que era. Em um piscar de olhos, correu até outro arbusto próximo e ali desapareceu. — O que foi isso? — perguntou a loira, alarmada, sem parecer ter entendido nada.

E alguém havia entendido algo, afinal?

Aparentemente, sim. — Aquele... Aquele era o laço de Clefable! — gritou Sofya subitamente, ao notar o acessório. Como ela havia conseguido distingui-lo, não sei. Mas bem, parecia que aquela... coisa era importante. Ou ao menos, tinha algo importante. Bem, o que fariam agora?





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