Ah, se os ares não soubessem que tudo aquilo seria passageiro... O paladino da razão, natural de Pallet se via, pouco a pouco, refém daquelas emoções que sempre suprimiu em virtude de seu desenvolvimento consciente. Ao menos, naquele momento, os sentimentos mais ternos afloravam daquele terreno tão pedregoso e ácido com um único toque — vindo de palavras de seu querubim de madeixas douradas. Um prazer inenarrável, brando, único.
Se dizem que Arceus escreve certo por linhas tortas, quiçá uma evidência estivesse amostra naqueles dois. Emma encontrara seu mundo vazio, sem vida, como dito em Gênesis, capítulo 1, versículo 1. Contudo, estamos falando de um outro livro, e a sentença proferida pela moça era diferente: “eu te amo”. Bastou uma frase composta por apenas três palavras, metafórica e coincidentemente conforme o livro sagrado do cristianismo. Aquela energia tão cálida e serena preenchia a casca alva e moribunda vista pela primeira vez sob uma árvore na rota cento e um, acompanhado de um meigo Charmander. Esse mundo agora garrido saboreava um pouco da sensação tão prazerosa de quando ainda era um garoto; flashes nostálgicos, em sinestesia aprazível e mansa, acalentando o intrínseco lancinado aos poucos.
Não é necessário dizer que aquela dupla não queria se encontrar, mas sim se perder: nos braços do outro, desfrutando de beijos, abraços, carícias e declarações como cada um bem entende. Trazendo à tona os seus romances da parte de Emma, ou algumas de suas nerdices e teorias que Nicholas tanto valorizou. Enquanto para a loura estava materializada a figura de Romeu em seu par, para o louro, estava a peça do rei de xadrez; a mais importante, que deve ser protegida a todo o custo — como o mesmo dissera, não seria esforço algum, não é?
Ainda assim, estavam em uma floresta. Mais precisamente, na rota cento e quinze, ao norte de Rustboro, auxiliando uma garotinha absorta em seus próprios demônios, que transbordaram assim que se deram conta de que sua fada, Clefable, escudeira e amiga mais fiéis, havia sumido. Até o momento, foram conduzidos à uma cerimônia fúnebre, carregada de emoções e melancolia, trazendo à tona todos aqueles pesadelos o qual Nico tanto buscou fugir e, mais uma vez, enlaçaram-no. Durante o rito de passagem do lenho aos pós vida, uma excêntrica sombra tocara o peitoral do já falecido Shiftry, que se esfacelou em corpúsculos cintilantes e se dispersaram pelos arredores daquelas pequenas sementes arredondadas. Algum odor, pouco tempo atrás, fora detectado pelo canídeo cinzento.
E não obstante, não há como se esquecer de Seedot. Aquele único curioso se juntava ao trio na cruzada em busca de Clefable, agora sobre os ombros da loura, com os orbes sempre inquietos, dançando sobre aquela silhueta esguia com a perna debilitada; curioso pensar que fora na figura do treinador que o gramíneo buscara refúgio depois de Shiftry partir. Tecendo o destino como um roteirista díspar e, quiçá, excêntrico, o Alpha do universo o fez como um porto seguro em um momento lúgubre como aquela despedida.
As incertezas do destino, não é? Ora, se nem mesmo os mais renomados teóricos com formações ínclitas e respeitadas em todo o globo terrestre ousavam prever, com exatidão, o que aconteceria a seguir, quem somos nós para o fazermos.
Resolutos e determinados, agora com um novo ar ao redor daquele trio, seguiram guiados pelo faro do quadrúpede noturno na direção dos confins da floresta. Nicholas fazia questão de marcar com sua memória por cada canto que passavam, afinal, às vezes é necessário se dar um passo atrás para se dar dois à frente — desta vez, não exatamente como aqueles checkpoints posteriores; ficava registrado claro apenas em sua memória o caminho para retornar se fosse o caso.
Em determinado ponto, Mightyena projetava sua face para cima em um local indistinto daquele emaranhado de árvores e relva, estampando confusão em sua feição. Em movimentos repetidos na horizontal, os olhos do lupino com a maior inocência indicavam o que já estava óbvio: perdera o rastro. Até o momento, o noturno sempre fora um rastreador exímio, que os guiou até um ponto chave diante de toda aquela trama, contudo, naquela ocasião, tão específica, acabara falhando.
— Você já fez muito, obrigado. Quando for necessário, te chamarei novamente — manso, exprimira Nicholas ao canídeo. A mão destra do treinador buscava a esfera bicolor do monstrinho, evocando o feixe de luz vermelho-sangue que envolvia o corpo do mamífero, recolhendo-o de volta para o apetrecho.
As pálpebras de Nico se cerravam por breves segundos. Sua mente agora exibia tudo o que gravara daquela cerimônia ao lígneo que pudesse aproveitar ainda naquela ocasião — com a razão a todo vapor, afugentava eximiamente todas aquelas memórias agourentas. A cena em que despertara com a reação súbita de Natu fez-se mais clara, enfim. Célere e misteriosa, uma sombra, disforme, tocava ao peito do lenho falecido, acarretando todo aquele acúmulo de energia alva e posterior dissipação, tal o vento faz com algumas espécies de flores para polinizá-las.
“E se aquela situação não fora a mesma ocorrida com Clefable?”, pensara. Até o momento, Nicholas só podia desconfiar daquela única manifestação sobrenatural diante de seus próprios olhos. Se a fada fora raptada por aquilo, provavelmente, teria sido arrebatada daquele mesmo modo.
— Natu, acha que consegue rastrear aquela sombra? — soprou ao pássaro em seu ombro, audível apenas a ele.
Não é necessário nem dizer que, se ele fosse capaz de fazê-lo, se guiariam a partir dos instintos paranormais do psíquico, correto? Sendo capaz de controlar energias místicas, o pássaro poderia ter um instinto muito mais aguçado que três humanos simplesmente andando a esmo na rota cento e quinze. Ainda assim, o louro se aproximaria de Seedot e inquiriria, audível apenas a ele — e Emma, já que estava em seu ombro — se o mesmo havia visto Clefable, descrevendo minuciosamente esta para que a semente tivesse algum lampejo de suas memórias.
De alguma maneira ou de outra, precisaria, prosseguir, nem que recuassem para o local de onde partiram há pouquíssimos metros dali — entenda como a lápide figurativa de Shiftry.
Se dizem que Arceus escreve certo por linhas tortas, quiçá uma evidência estivesse amostra naqueles dois. Emma encontrara seu mundo vazio, sem vida, como dito em Gênesis, capítulo 1, versículo 1. Contudo, estamos falando de um outro livro, e a sentença proferida pela moça era diferente: “eu te amo”. Bastou uma frase composta por apenas três palavras, metafórica e coincidentemente conforme o livro sagrado do cristianismo. Aquela energia tão cálida e serena preenchia a casca alva e moribunda vista pela primeira vez sob uma árvore na rota cento e um, acompanhado de um meigo Charmander. Esse mundo agora garrido saboreava um pouco da sensação tão prazerosa de quando ainda era um garoto; flashes nostálgicos, em sinestesia aprazível e mansa, acalentando o intrínseco lancinado aos poucos.
Não é necessário dizer que aquela dupla não queria se encontrar, mas sim se perder: nos braços do outro, desfrutando de beijos, abraços, carícias e declarações como cada um bem entende. Trazendo à tona os seus romances da parte de Emma, ou algumas de suas nerdices e teorias que Nicholas tanto valorizou. Enquanto para a loura estava materializada a figura de Romeu em seu par, para o louro, estava a peça do rei de xadrez; a mais importante, que deve ser protegida a todo o custo — como o mesmo dissera, não seria esforço algum, não é?
Ainda assim, estavam em uma floresta. Mais precisamente, na rota cento e quinze, ao norte de Rustboro, auxiliando uma garotinha absorta em seus próprios demônios, que transbordaram assim que se deram conta de que sua fada, Clefable, escudeira e amiga mais fiéis, havia sumido. Até o momento, foram conduzidos à uma cerimônia fúnebre, carregada de emoções e melancolia, trazendo à tona todos aqueles pesadelos o qual Nico tanto buscou fugir e, mais uma vez, enlaçaram-no. Durante o rito de passagem do lenho aos pós vida, uma excêntrica sombra tocara o peitoral do já falecido Shiftry, que se esfacelou em corpúsculos cintilantes e se dispersaram pelos arredores daquelas pequenas sementes arredondadas. Algum odor, pouco tempo atrás, fora detectado pelo canídeo cinzento.
E não obstante, não há como se esquecer de Seedot. Aquele único curioso se juntava ao trio na cruzada em busca de Clefable, agora sobre os ombros da loura, com os orbes sempre inquietos, dançando sobre aquela silhueta esguia com a perna debilitada; curioso pensar que fora na figura do treinador que o gramíneo buscara refúgio depois de Shiftry partir. Tecendo o destino como um roteirista díspar e, quiçá, excêntrico, o Alpha do universo o fez como um porto seguro em um momento lúgubre como aquela despedida.
As incertezas do destino, não é? Ora, se nem mesmo os mais renomados teóricos com formações ínclitas e respeitadas em todo o globo terrestre ousavam prever, com exatidão, o que aconteceria a seguir, quem somos nós para o fazermos.
Resolutos e determinados, agora com um novo ar ao redor daquele trio, seguiram guiados pelo faro do quadrúpede noturno na direção dos confins da floresta. Nicholas fazia questão de marcar com sua memória por cada canto que passavam, afinal, às vezes é necessário se dar um passo atrás para se dar dois à frente — desta vez, não exatamente como aqueles checkpoints posteriores; ficava registrado claro apenas em sua memória o caminho para retornar se fosse o caso.
Em determinado ponto, Mightyena projetava sua face para cima em um local indistinto daquele emaranhado de árvores e relva, estampando confusão em sua feição. Em movimentos repetidos na horizontal, os olhos do lupino com a maior inocência indicavam o que já estava óbvio: perdera o rastro. Até o momento, o noturno sempre fora um rastreador exímio, que os guiou até um ponto chave diante de toda aquela trama, contudo, naquela ocasião, tão específica, acabara falhando.
— Você já fez muito, obrigado. Quando for necessário, te chamarei novamente — manso, exprimira Nicholas ao canídeo. A mão destra do treinador buscava a esfera bicolor do monstrinho, evocando o feixe de luz vermelho-sangue que envolvia o corpo do mamífero, recolhendo-o de volta para o apetrecho.
As pálpebras de Nico se cerravam por breves segundos. Sua mente agora exibia tudo o que gravara daquela cerimônia ao lígneo que pudesse aproveitar ainda naquela ocasião — com a razão a todo vapor, afugentava eximiamente todas aquelas memórias agourentas. A cena em que despertara com a reação súbita de Natu fez-se mais clara, enfim. Célere e misteriosa, uma sombra, disforme, tocava ao peito do lenho falecido, acarretando todo aquele acúmulo de energia alva e posterior dissipação, tal o vento faz com algumas espécies de flores para polinizá-las.
“E se aquela situação não fora a mesma ocorrida com Clefable?”, pensara. Até o momento, Nicholas só podia desconfiar daquela única manifestação sobrenatural diante de seus próprios olhos. Se a fada fora raptada por aquilo, provavelmente, teria sido arrebatada daquele mesmo modo.
— Natu, acha que consegue rastrear aquela sombra? — soprou ao pássaro em seu ombro, audível apenas a ele.
Não é necessário nem dizer que, se ele fosse capaz de fazê-lo, se guiariam a partir dos instintos paranormais do psíquico, correto? Sendo capaz de controlar energias místicas, o pássaro poderia ter um instinto muito mais aguçado que três humanos simplesmente andando a esmo na rota cento e quinze. Ainda assim, o louro se aproximaria de Seedot e inquiriria, audível apenas a ele — e Emma, já que estava em seu ombro — se o mesmo havia visto Clefable, descrevendo minuciosamente esta para que a semente tivesse algum lampejo de suas memórias.
De alguma maneira ou de outra, precisaria, prosseguir, nem que recuassem para o local de onde partiram há pouquíssimos metros dali — entenda como a lápide figurativa de Shiftry.