Pokémon Mythology RPG
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Ato 03 — Libertação.

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A reação da criança fora súbita, e arrancava um quase-riso do louro, que apenas deixava os lábios deslizarem em um sorriso raso diante da bronca no mesmo. Mas nem ao menos aquela cólera repentina fora duradoura, afinal, após a gargalhada da treinadora ao fundo, até mesmo a pequena Sofya deixava aquela personalidade irritadiça, dando lugar à risonha. Logo em seguida, os pézinhos começavam a forçar o solo arenoso para cima, impulsionando-a em pulos ínfimos com os braços esticados ao máximo na direção da cabeça do louro, explicando como se deveria utilizar aquela pequena concha. Nicholas encarava-a de cima com uma sobrancelha erguida. O garoto não o fazia em Kanto, contudo, tinha um conhecimento singelo sobre como executar aquele artesanato.

Por mais que tentara bancar a durona com o louro, no fim das contas, retesara a postura em dúvida sobre como realmente fazer aquele adorno comum em ambientes litorâneos. Nicholas erguera ainda mais a sua sobrancelha rindo suavemente; seu braço direito era posicionado horizontalmente na linha abaixo do tórax com a mão apoiando o cotovelo esquerdo. Teso, o membro esquerdo forçava contra a sua face, e um riso galhofeiro tingia os lábios pouco volumosos do treinador.

— Então você me dá uma bronca e não lembra direito? Espertinha — projetara o tronco para baixo, com os olhos fixos nos castanhos agora vívidos de Sofya. A concha tendia a cair pela força que o centro da terra exercia sobre a mesma. Habilmente, o louro esticava a sua mão canhota, interpondo-se entre o adorno e o solo arenoso da praia. Com o membro livre, os dedos indicador e médio tesos, dava um “peteleco” na testa da garota. Ao fundo, Emma achegava-se da exígua silhueta, apoiando-se sobre seus ombros, ponderando acerca de como fazer um colar e elogiando-a. Nico, então, com passava as mãos sobre a cabeça, desgrenhando as madeixas da mesma. — É desse jeito mesmo. Se nós formos fazer algum furo, o Ninjask consegue fazê-lo.

Retesara a sua postura, arqueando o tronco para cima, retornando como estava outrora. Os orbes castanhos revelavam confusão, súbita. Balbuciava então o que é que estava acontecendo, e quase simultaneamente, a loura levava sua mão destra próxima à sua boca, presenteando a todos com mais uma terna gargalhada. Ainda que de relance, Nicholas conseguira compreender o motivo dos risos e galhofas. Erguia o seu pescoço para cima, e enfim, os olhos anis do treinador conseguiam foca a imagem pouco acima de sua cabeça.

Sabe-se lá como, Seedot conseguira esgueirar-se por algum espaço que o inseto não esperava, e saltava sobre suas costas, como uma clássica montaria; analogamente, era como um leão tentando montar sobre um grifo. As dimensões destes eram iguais. O inseto alado estava longe de ser um espécime que fosse capaz de carregar peso em suas costas, e a noz tinha altura e peso semelhante à mesma. E, claro: Ninjask começava a se debater de um lado para o outro, pairando no ar, grunhindo pedidos de ajuda em seu idioma inteligível; por outro lado, o gramíneo divertia-se com a excêntrica cena. Era semelhante à algumas atrações de demais regiões, onde alguns homens montavam sobre as costas de bravos Tauros e subsistiam algum tempo.

Distraíra-se com o soído jubiloso que vinha de Emma. Nicholas mudara a sua feição: tornou a parecer um pouco mais sisudo, ensaiando uma bronca sobre o silvestre achar que seu escudeiro era uma montaria. E que pequena noz folgada, diga-se de passagem. Com o que restava da força do inseto somado ao seu excêntrico desespero, arremessara a noz para frente. Apesar dos imóveis orbes de Seedot não denunciarem nada, um bramido agudo partira da mesma antes que se chocasse contra o distraído treinador, ricocheteando contra a cabeça de Nico até que se estatelasse no chão enfim.

Austero, o treinador apenas encarava o inseto acima arfando depois do súbito esforço físico para manter o silvestre sobre suas costas. Erguera sua mão direita até onde Seedot estatelara-se depois daquele soído oco da colisão, afagando-o por alguns segundos. Volvia então a atenção ao gramíneo, debatendo-se contra o chão espalhafatosamente tentando se levantar. Os risos das duas garotas, claro, irrompiam ainda mais depois do pândego ocorrido.

— Ninjask não é montaria — exprimira, desmanchando o semblante sério com um suave riso no canto dos lábios. — Acho que você aprendeu isso sozinho.

Por uma última vez, jogava a sua franja para cima; e, claro: lisas como eram, as madeixas volviam a escorrer por sua testa em desordem. Nicholas encarava as suas duas criaturas absortas com a situação: Ninjask recuperava-se enfim depois de carregar Seedot, esbravejando algumas vezes com a mesma e Natu, sempre tão sereno, a encarar o firmamento; o céu começava a se cobrir de nuvens como já descrito outrora, e o movimento da infinitude branca chamava a atenção do psíquico.

— Ei — chamava a atenção dos dois, materializando o lupino cinzento e seu réptil alaranjado à sua frente. —, por que vocês não vão brincar com as duas?

Ao indagar aos monstrinhos, recostava-se sobre uma pedra próxima. Se estavam todos se divertindo, por que pouparia os seus escudeiros de tal? Altruísta — em partes —, Nicholas acreditava que as suas memórias era um problema que teria de lidar sozinho, mesmo que dividisse agora uma vida com seus pokémons. Tirar proveito daquela aura tão terna e jocosa enquanto observava de longe, degustando os flashes que sua mente lhe mandaria, em vívido silêncio.

Parecia uma boa ideia, não?

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Não havia muito com que se preocupar; no momento. Muito menos, motivo para alguma demora ou enrolação. Ainda assim; o progresso do grupo era um tanto quanto demorado. E confesso que isso é culpa minha. Certamente, Nicholas merecia muito mais atenção e carinho. Bem, não só ele, contudo. Todos ali presentes.

Nisto, incluem-se Emma e Sofya — esta estava com a face avermelhada, visivelmente constrangida com o comentário do louro —, Ninjask e Natu, e é claro, os recém-liberados Charmeleon (eca) e Mightyena. E não pense que eu me esqueci do travesso — ou talvez, apenas atrapalhado — Seedot. Não. Em verdade, o gramíneo agia quase como se fosse parte do grupo, indiferente ao que pensavam dele.

Deleitável.

Eu... Eu não... Ah! Isso é difícil! — foi o que a jovenzinha exclamou, em resposta às pequenas provocações do treinador. Apesar disso, parecia apreciar o momento. E como não, afinal de contas? Principalmente com a presença da pequena noz, que realizava uma pequena sapequice; que no fim, acabava terminando um pouco mal para a mesma.

Ora bem, talvez ele de fato tivesse entendido que o inseto não seria aquele no qual agarraria-se, mas bem; havia mais quatro seres ali, até as dadas circunstâncias. Ele simplesmente chacoalhou-se, mostrando não ser afetado pela queda. Pouco tempo depois, estava batendo sua casca dura nas costas do louro, escalando o mesmo. Parecia determinado a manter-se segurando alguém. Vai saber...

Ao passo disso, a mais nova montaria de Seedot trouxe em campo mais dois de seus pequeninos. Bem, talvez nem tão pequeninos assim; mas deu para entender. Era justo; deixá-los terem seu próprio momento de calmaria. Aproveitar um pouco a vida que têm. Qual o valor desta, se não for de fato vivida, no fim das contas?

Ínfimo, provavelmente.

Assim sendo, os pokémon todos passaram a socializar. Emma deixou seu Jigglypuff brincar também. Bem, mas agora deixemos um pouco as criaturas — e a criança — de lado, momentaneamente. Por falar na moça, esta aproximou-se do parceiro romântico quando notou uma brecha para fazer tal. Com suas delicadas palmas, acariciou o rosto do rapaz, deixando seu indicador parar sobre o fino lábio inferior dele.

Ei — começou, deixando seu rosto ainda mais próximo. Desta vez, encostou sua testa na de Nicholas; fechando os olhos. Em seguida, tomou as mãos do mesmo, interpondo-as entre as suas próprias. — Não acha que deveria interagir um pouco mais também? Carinho não mata, sabe... — como que querendo reafirmar seu dito, selou seus lábios contra os dele, abrindo-se em mais um beijo.

Se não por você mesmo, por nós — concluiu ela, apontando para os pokémon todos; incluindo a si por meio do uso do pronome pluralizado. — Não sabemos quando teremos uma oportunidade de respirar assim novamente.

Emma tinha em sua face um olhar terno. Ela realmente importava-se com o jovem. Para alguém tão decidido a protegê-la, talvez ele nunca tivesse parado para pensar que... Ao fechar-se e arriscar-se, acabasse por machucá-la muito mais do que imaginaria. Bem, talvez fosse melhor dar ao casal algum outro tempo para... conversar.





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Hiperatividade: possivelmente, seria o único substantivo que melhor definia o inconsequente gramíneo silvestre. Erguia-se e chacoalhara-se, mesmo depois daquele soído seco após se estatelar contra o chão arenoso. Em passos tortos e espalhafatosos, a noz dirigia-se agora na direção do louro, recostado sobre uma pedra erguida diante do infinito de areia; arguto, galgava entre alguns patamares pedregosos para poder chegar, enfim, nas costas do treinador, prendendo-se e se mostrara determinado a não soltar.

Até que enfim, todos os monstrinhos dos dois eram libertos. A treinadora de Kalos libertava o balão rosáceo que rapidamente se juntava aos demais, familiarizados com a mesma — e a julgar pela química de seus mestres, ainda viveriam por muito tempo juntos. A atmosfera agora jubilava com a energia emanada pelos corpos das criaturas dos dois treinadores, e claramente, cativavam a pequena Sofya. Depois de não souber responder ao peteleco e aos gracejos proferidos por Nicholas, apenas rendia-se aos risos vívidos daquela atmosfera que reluzia a pureza de um mundo já perdido.

Nicholas erguia o seu pescoço para volver a fitar o céu: metáfora ou literal, o firmamento tinha um significado profundo ao analisarmos o passado do louro. As tormentas de Kanto e Johto, a tempestade que antecedera a queda diante do trio de rockets; as divindades observavam cada passo dado por Nico, e estas sempre habitam uma região inabitável, inalcançável. Prestes a permitir seus devaneios, de soltar as correntes de seus pensamentos e tornar a matutar diante dos episódios desde que saíra de sua terra natal à Hoenn, sentira aquele toque que já lhe era tão terno e aprazível.

Baixara o seu rosto, mergulhando no oceano infinito de ternura que tanto lhe era benquisto: seja por acalentar a eterna tempestade intrínseca nos confins de sua alma ou por seus sentimentos, Emma, sempre tão angelical, achegara-se do mesmo com ambas as mãos sobre o rosto do treinador. Um sorriso no canto dos lábios já lhe adornava a feição, enquanto a loura tateava suas bochechas até repousar o indicador sobre seu lábio inferior. Chamou a sua atenção, posicionando as duas testas juntas gentilmente; cerrar as pálpebras, tocando nas mãos do treinador e juntando-as apenas para que as dela envolvessem-nas em mansa prisão. O calor metafórico conseguia fluir, contudo, de acordo com as leis físicas enunciadas no mundo real: do mais quente ao mais frio.

Soprava uma única pergunta seguido de um protesto; mansa, como aquela brisa marítima balançava as vestes do casal naquela tarde na praia. O que deveria ser um mistério a ser resolvido passava a ser um universo cujo somente os dois faziam parte: para ela, um universo onírico, que existia apenas em seus romances e contos; a ele, impensável, afinal, estivera ocupado por muito tempo semeando toda a sua racionalidade em detrimento do seu emocional — claro que existem ressalvas, e em algum momento em sua vida sem ser o presente, Nicholas abrira suas asas ao amor uma vez (apesar da atual ser tão intensa quanto à chama roubada por Prometeu dos deuses). E como outrora, encontro da carne com a alma era sem-par, selando mais um momento harmonioso com aquele roçagar de lábios. O sol encontrava o oceano em beijo tão caloroso.

Era quase como se estivesse exigindo que o louro participasse daquele tempo de recreação: se não participasse por conta própria, ao menos, pelos demais — ela inclusa. O sorriso outrora raso despontava em um maior; para alguém que gostava de manter a imagem de bad boy, era impossível continuar com aquela postura diante daquela que detinha seu lado mais humano e terno. Aquele inferno tão longevo de dois dias fizera Nicholas beirar a loucura, e, simplesmente tê-la ao seu lado e soprar aquelas palavras tão mansas era o suficiente para que cada tijolo que colocara em seu coração fosse quebrantado.

Anjos e seus mistérios.

As mãos de Nicholas libertavam-se da prisão de carne gentilmente, percorrendo o caminho tão breve até a sua cintura, envolvendo-a com seus dois membros por completo. Suave, trazia o corpo da jovem para próximo do seu, deixando uma distância mínima — na casa dos milímetros, se é que fosse possível. Os olhos passeavam por cada traço do rosto de Emma, até que as pálpebras se cerravam e mais uma vez os lábios se encontravam. Não apenas uma vez, pois ao final do primeiro — duradouro e intenso em relação aos demais —, repetiram-se mais breves selinhos, um atrás do outro; comparemos a uma metralhadora, esta, por sua vez, disparava as flechas do mais nobre sentimento.

Respirara fundo. A mão destra passeava pelas costas da loura até chegar aos fios dourados que tanto faziam Nicholas suspirar. Afagava-os enquanto os orbes cerúleos repousavam sobre a angelical face de Emma. Fizera um curto caminho apenas para passar uma mecha de cabelo para detrás de sua orelha esquerda, volvendo a acariciá-la.

— Sabe, muitas coisas aconteceram desde que vim de Kanto para cá — começou. — Você, seu pai, e agora a Sofya. Alguma vez ou outra, acabo lembrando de que ainda tenho muitas coisas a fazer e se eu não pensar sobre isso, posso perder até mesmo o meu sono. Eu não quero te preocupar e nem nada, e quando for a hora certa, você vai saber de tudo — suspirava, ameno, dando mais um sorriso. — Assim que terminarmos o que temos de fazer aqui, uma roda gigante pra nós e um fliperama pra mim lá no National Park. A cada partida que eu ganhar, eu te dou um beijo e o melhor de tudo: nunca perdi pra ninguém. Depois disso, a gente vai pra Mauville naquela bendita base, maratonamos Senhor dos Anéis, Star Wars e Hobbit, e aí eu penso em assistir com você alguma comédia romântica — mais uma vez, roubava um sucinto beijo da companheira para depois sorrir ainda próximo aos lábios da mesma. — Se quiser voltar para brincar com eles, leve Seedot com você; ou pode ficar aqui comigo dentro de um abraço bem quentinho enquanto aproveitamos a brisa e pensamos sobre o passado ou o futuro.

Esses dois: tão diferentes e conseguem se completar de maneira ímpar. São como as cargas elétricas: as opostas se atraem mutuamente. E não preciso nem continuar de que aquele sempre tão sisudo Nicholas agora estava a abarcar aquele anjo em seus braços, envolvendo-a com as mais ternas e aprazíveis carícias possíveis. Este, caro leitor, é um dos mais belos contrastes que a vida pode nos proporcionar. Excêntrico, Arceus guia aquele yin-yang de modo sem par, colocando um na vida do outro cuidadosamente como grande titereiro. Seria predestinação? Confesso que não acredito em uma força chamada Destino e, para mim, o encontro de Nicholas e Emma fora mera casualidade. Entretanto, a cada palavra em que descrevo a química desses dois, revejo os meus conceitos acerca dessa força motriz tão misteriosa.

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Não era como se eles tivessem muito mais a fazer, afinal. Quer dizer, ao menos até o dado momento. O futuro não nos pertence, e talvez, somente a certeza de que nos veremos no final. Enquanto isso, deleitemo-nos com os pequenos prazeres mundanos. Sim, agarremo-nos aos nossos anjos de plantão. Sei como é difícil; atender todos os pedidos, e que cada prece é mais uma na multidão.

A imensidão celeste era de fato bastante reflexiva. Apesar de única e imparcial por todo o globo; manifesta-se de forma diferente em cada lugar e momento. Apesar de continuar sendo sempre um conjunto de gases acumulados, refletindo a luz; possuía formas e interpretações divergentes. No momento, talvez a mais adequada fosse a mensagem de paz que trazia consigo.

É, esta parecia boa. Talvez não significasse realmente isso; mas era uma forma positiva de ver as coisas. Um descanso, uma quebra no padrão, um tempo para sorrir. Ainda assim; poderia não demorar muito para que voltasse a agitar-se, tal como outrora. mas quem sabe. Talvez continuasse tranquilo, ou passasse a ser nebuloso. Talvez decidisse voltar a se tornar tempestuoso.

Enquanto os ares não decidiam exatamente o que fazer, Nicholas tinha algum pouco tempo. Tempo este para pensar e refletir; para principalmente, sentir. Carícias, beijos, sentimentos estranhos. Fosse o que fosse; não faltava ao loiro oportunidades de sentir. E também, de se abrir. A figura terna e angelical que repousava ao seu lado parecia gostar de quando ele fazia isso.

Como já disse anteriormente, palavras, uma junção específico de códigos e símbolos — e na situação deles, sons — são capazes de fazer muito. De significar muito. E bem, para Emma, o jovem treinador possuía um significado imenso. Cada risada, selo e toque tinha um por quê por trás de si. Às vezes, era questão de apenas saber interpretá-los e apreciá-los.

Acho que então, por enquanto, basta eu saber que eu te amo — disse ela, sentando-se na areia depois de passar as mãos sobre suas calças, como que tirando quaisquer possíveis sujeiras — o que não fazia muito sentido, visto que ela sujaria logo em seguida, mais uma vez. Emma sorria enquanto ouvia os dizeres de seu namorado, e ouvia os pokémon brincando ao fundo.

Eu imagino que não se importe, caso eu deixe a pequena Sofya e os monstrinhos em segundo plano, limitando-me a dizer que eles estavam muito ocupados aproveitando a presença um do outro. É, imagino que isso baste. — Pois então saiba que eu irei cobrar mais tarde, espertinho. Não pense que irá se safar! — respondeu então, quando o treinador disse sobre o parque e os filmes.

A loira dava risadas, que ecoavam brevemente até se dissiparem por completo. Então, tomou a mão de Nicholas, puxando-o para baixo. — Não, você não vai escapar — e com isso, abraçava ele, já dando sua resposta para a última pergunta do louro. Seedot permanecia nas costas do rapaz, mas estava tão imóvel que talvez esquecessem que estivesse ali.

E então, Emma ficou ali, enlaçada nos braços do namorado, mesmo que o tal não quisesse tanto assim. Afinal de contas, fora ele quem oferecera, não? Nico que lute, então. Certo, também não era tão ruim para ele; ter alguém tão bela quanto aquela moça, depositada em no seio de seu ser, acariciando a nuca com as costas da mão.

Livres para ficarem ali, um à mercê do outro. Conversar, discutir, amar. Poderiam fazer o que quisessem, enquanto as ondas batessem contra a areia fofa, perto de onde os monstrinhos brincavam com a garota; e os céus se movessem, trazendo consigo mais nuvens. Permanecer onde estavam, apenas sendo, sentindo, esperando.

...À espera de um milagre, à espera de um sinal; de um beijo do anjo imortal.





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Ah, céus. Confesso que estou até mesmo vomitando arco-íris ao observar essas duas almas em tamanha harmonia, sempre hora ou outra buscando qualquer contato com o outro. Grude, carência, sentimentos há muito tempo reprimidos, um emaranhado de amargura e aquela sensação de cólera que ainda assaltava a mente do treinador. Contudo, acho engraçado também que Nicholas, sempre tão sério e de poucos risos, parecia o estereótipo do bobo apaixonado ao lado de Emma: sorria, não descolava fisicamente da loura e toda aquela austeridade se esvaía com apenas um toque — simbólico ou real.

Foi com ínfima latência no membro inferior que projetara o seu corpo para baixo. Sua perna estava relativamente melhor, todavia, ainda não conseguia mexê-la sem que sentisse um breve ardor; nada demais, enfim. Sentara-se com as pernas espaçadas, abarcando a companheira naquele vão. Os braços envolviam-na por completo e o tronco, levemente curvado para que a semente não fosse sufocada. Os orbes cerúleos pairavam nas figuras dos monstrinhos brincando com a criança alegremente, emanando pureza ímpar. Um sorriso satisfeito tingia os lábios do louro.

Sutil, jogava a sua cabeça para trás para apoiar-se na pedra próxima. Cerrara as pálpebras mais uma vez, sentindo o sibilo do vento tocar aquela união enlaçada pelos braços do garoto. Uma praia deserta se tornava os Elíseos naquele instante, e a mortal alma podia sentir Vênus à sua frente repousando sua cabeça sobre o seu peito; seu âmago jubilava. A mão destra adentrava as madeixas douradas em sua nuca enquanto a restante terminava de envolvê-la por seu abdômen. Enquanto afagava-a, seu intrínseco acaba por cantarolar alto demais.

“Seu sorriso é tão resplandecente que deixou meu coração alegre, me dê a mão pra fugir dessa terrível escuridão. Desde o dia em que te reencontrei, me lembrei daquele lindo lugar, que na minha infância era especial para mim. Quero saber se comigo você quer vir dançar, se me der a mão eu te levarei por um caminho cheio de sombras e de luz. Você pode até não perceber, mas o meu coração se amarrou em você, e precisa de alguém pra te mostrar o amor que o mundo te dá. Meu alegre coração palpita por um universo de esperança, me dê a mão: a magia nos espera. Vou te amar por toda a minha vida, vem comigo por este caminho, me dê a mão pra fugir dessa terrível escuridão.”

Devidamente ritmada, afinal, Nicholas tivera uma boa infância assistindo o clássico Dragon Ball GT. A abertura era tão emblemática que poderia ser até utilizada como uma declaração, mostrando o estado em que a alma já tão lancinada se encontrava. Por mais que apenas entoasse a canção em murmúrios, Emma estava próxima o suficiente para ouvi-la. Puta merda, o Nico virou aquele adolescente apaixonado retardado: o gado.

Inclinou a cabeça para baixo buscando o pescoço da garota. Selava seus lábios contra a mesma serenamente, galgando sua face até a direção da bochecha da companheira, moroso, tateando com sua fronte e sentindo o perfume que Eros a presenteara. Mais uma vez, o delta de um rio figurado do louro encontrava-se com a face angelical da treinadora em beijo estalidado e duradouro. Uniam-se os dois semblantes, com Nicholas fixando seus olhos anis na direção daquela cândida energia que se perpetuava naquela desértica praia.

— O que foi que você fez comigo, hein? Jogou algum tipo de feitiço? Eu nunca pensei que fosse ficar desse jeito. E eu duvido também que você imaginava isso quando me encontrou com aquela cara fechada na rota cento e um — exprimira, brando, com a imagem focando em todos os seus companheiros correndo de lá para cá na companhia da criança de castanhas madeixas. — Eles merecem um pouquinho de descanso depois de tudo o que aconteceu. E a gente também, claro.

Seguiria fitando os monstrinhos mais à frente, aproveitando aquela serenidade sem-par de estar ao lado de sua enamorada. Esses dois pombinhos — pelo amor de Arceus, estou quase vomitando de tanto grude.

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E ali eles permaneceram, aninhados um na alma do outro. Uma química física, estampada e proclamada em versos friamente calculados. Uma mistura plural de interdisciplinaridades, refletida na forma de um amor mutuamente notificado. Alojados em carícias, elogios, promessas. Embora estas últimas sejam um tanto quanto perigosas, não...?

Os céus divinos muito já prometeram, mas em angústia duvidosa; permaneceram incapazes de cumprir. Se mesmo eles —  os quais têm todo o poder sob um estalar de dedos — não podem, quem dirá então nós; pobres mortais, alheios de toda a graça e grandiosidade da vida tão eterna e nada singela?

Prometer é perigoso.

Nicholas poderia até mesmo tentar asseverar seus dizeres; mas não tinha como prever o futuro. Mesmo com este — supostamente — não estando nas mãos de um alguém superior; sempre vigilante, a controlar os passos e interferências no caminho que o louro tracejava, com pesar. Ainda obstante; havia também o membro machucado do mesmo, como se todo o demais não bastasse.

Por mais que o rapaz tentasse manter sua guarda — o que por si só não era tão simples assim, tendo alguém como Emma a sentar em seu colo —, ele era incapaz de premeditar o que aconteceria a seguir. Quer dizer; em pequena escala, talvez até conseguisse. Como por exemplo, o olhar de juiz que sua namorada lançava a ele, claramente incrédula com a música que o tal cantava.

Ou ainda; uma parte da resposta que ela traria a seguir, apesar de a própria ser mais única e nem tanto mediável. Ela sorriu, travessa, e passou o dedo indicador por sob o queixo do namorado, provocando-o. —  Mas é claro que joguei. E nem foi um tão forte... Ainda assim, você demorou bastante para notar — proferiu então, aproximando seus lábios do lóbulo da orelha direita de Nicholas, apenas para cair em risadas mais uma vez.

É, eu acho que isso é bom para todos nós. Obrigada, Nico — sussurrou por fim, apertando o louro mais uma vez, agora ignorando o comentário que o mesmo fizera, mencionando a primeira vez em que se encontraram. Talvez preferisse manter-se focada no momento em que vivia agora; deixando tanto o passado quanto o futuro para depois.

O que o treinador não poderia esperar que acontecesse, no entanto, era que os céus finalmente se fechassem, tornando-se completamente acinzentado, coberto por nuvens. E claro, o ápice: a pequena Sofya parando de brincar subitamente; apenas para então cair no sonoramente sobre a areia praiana, desacordada; como donzela amaldiçoada.

O mais curioso de tudo? Aconteceu no exato mesmo instante em que um raio caía em uma das pequenas ilhas próximas. A faixa de areia branca em meio à água tinha uma única árvore sobre si, e esta agora queimava e fumegava, liberando uma fumaça negra. Natu aproximou-se do treinador, alarmado, e apontou metodicamente para aquele mesmo lugar.

Ah, os desenrolares de uma aventura...





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Deixou se perder naquele infinito de carícias e amores que há tanto tempo não sentia. A sensação era aprazível e mesmo Nicholas sendo determinado a ter de volta tudo o que perdera desde as tragédias de Kanto, permitiu se esquecer diante daqueles ínfimos instantes em que era abarcado com toda a graça que os céus lhe reservaram naquela praia deserta. O sangue corria mais rápido por todo o seu corpo e a excitação carnal e sentimental percorria cada célula do seu corpo ao simples tato e aproximação súbita de Emma. Sua vontade era de se afogar em um mar de toques e beijos, contudo, não poderia fazê-lo; Nico gostaria de se deixar levar pelos feitiços da loura.

Emma gentilmente levava sua cabeça ao seu peito, e o treinador cerrara suas pálpebras apenas para sentir aqueles toques que eram tão profundos, alcançando até mesmo os pontos mais escondidos de sua alma; era uma sinestesia tão acalentadora e terna que poderia ficar ali por uma eternidade. Isto é: se os céus permitissem. As bonanças enamoradas anunciavam seu fim no momento em que as nuvens enegrecidas se emaranhavam no céu outrora anil. Apesar de as mudanças climáticas já estarem anunciadas há alguns tempos atrás, ocorrera coisas ainda mais estranhas e súbitas.

Repentinamente, Sofya estatelava-se no chão arenoso simultâneo ao clarão que atingia uma única árvore que residia em uma trilha de areia alva em direção às ilhotas esparsas em meio ao mar fechado. Logo depois da luz, vem a velocidade do som à tona, anunciando, suntuosamente, o impacto das cargas elétricas sobre aquele solitário corpo lenhoso. A energia era tamanha que as folhas e o caule começavam a fumegar. Nicholas semicerrava as pálpebras, focando-se principalmente nessa pequena ilha não tão longínqua de onde jaziam. Alarmado, Natu dirigia-se ao seu mestre, mirando com suas exíguas asas na direção da planta inflamada.

Nicholas erguia-se rapidamente, batendo em suas roupas para retirar os grãos de sílicas presos em sua roupa. Em passo ligeiro, retornou todos os seus monstrinhos e alertava-os, pedindo atenção caso fossem chamados novamente, deixando apenas o psíquico livre em seu ombro. Projetou-se para baixo e tomou a criança em seus braços, ajeitando-a para que esta transpassasse suas pernas na frente de sua barriga, levando-a nas costas com o auxílio da loura.

Não menos importante: apesar da situação ser melindrosa o suficiente, o treinador buscava refúgio em sua calma corriqueira para tentar lidar com a situação de maneira racional. Sabia que se perder o controle, poderia colocar em risco a segurança de todos os presentes. Taciturno, jazeu por alguns segundos com as vistas fixadas na figura da árvore ardente com as pálpebras semicerradas em tentativa de adivinhar o que acontecia.

“Só pode ser aquilo que atacou na floresta... Mas será que ele tem poder o suficiente para controlar o clima? Se Natu apontou para lá, com certeza não é um evento natural, e seja quem for, é mais poderoso do que se possa imaginar”, matutava para si mesmo, repetindo aquelas palavras para tentar reforçar qualquer teoria sobre quem está por trás daqueles eventos tão misteriosos e excêntricos. Volveu a atenção para Emma ao seu lado.

— Vou avançar na frente com Natu e você me dá cobertura com Ralts. Seja quem for e pelo que anda acontecendo, o sexto sentido deles vai ser a nossa chave — exprimia, já seguindo na direção do corpo lenhoso que ardia em chamas.

É necessário também pontuar a atenção com que Natu estava naquela direção, e claro: avisaria seu treinador sobre qualquer movimento brusco por seja quem for. Nicholas avançava sobre aquela pequena trilha, atencioso a todos os ângulos possíveis para bloquear seja alguma ameaça marítima ou da árvore chamuscada; ora, o mar, apesar de fechado, poderia muito bem ser inóspito. Contava também com o auxílio de Emma e Ralts naquela exígua vereda.

Mas afinal de contas, o que diabos poderia ser aquilo?

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Ora, mas àquela altura, já era de se imaginar que coisa boa não podia sair daquela tão peculiar situação. Nicholas tivera o seu breve momento de despreocupação e deleite, contudo; agora precisava voltar à tarefa que havia prometido cumprir. E adianto que não seria fácil; tampouco simples, ou qualquer outro sinônimo para tais.

Nicholas rapidamente tomou um rumo de ação; enquanto Emma limitou-se a permanecer estática por algum tempo, tentando futilmente compreender o que acontecera, tão rapidamente. Sem sucesso, a loura então seguiu em frente, a fim de ajudar seu aficionado. Ela não fez nenhuma pergunta; sabia que o treinador não teria a mais completa das respostas, e imaginara que questioná-lo apenas deixaria-no mais estressado.

A pequena Sofya —  como muito já enfatizado — era relativamente baixa e macilenta; logo, não foi muito complicado colocá-la sobre as costas do louro; ainda que desacordada. Precisavam apenas seguir em frente, tendo a tal ilha como alvo de seu destino final. Natu parecia enfatizar mais uma vez que havia algo de estranho no lugar, mais ainda parecia incapaz de decifrar o que exatamente seria.

Emma balançou a cabeça efetivamente, concordando com os dizeres de Nico. Por algum motivo, parecia mais determinada que o comum. Bem, até que fazia algum sentido: o que quer que tenha causado aquilo tudo, provavelmente fora também a causa do desaparecimento de Clefable; e posteriormente, do desmaio daquela tão entristecida garotinha.

A loira provavelmente estava incomodada, tendo a noção de que aquele era o motivo pelo qual alguém tão doce quanto Sofya mantinha-se em um quase que perpétuo estado de melancolia. E ainda mais: no instante em que a garota de longos cachos castanhos permitia-se aproveitar a vida que tem em mãos, brincar e se divertir; era então abatida misteriosamente, incapaz de permanecer consciente.

Então levando isso em conta; havia sim um sentimento de querer proteger o que lhes era precioso. Como bem dito; os céus estavam tomados por uma coloração cinzenta, relativamente clara de início, mas que foi escurecendo com o passar do tempo, em um sentindo que tomava o centro da tal ilha como vetor de saída, exprimindo-se para o restante do firmamento ao redor.

Ah sim, a ilha. Como supracitado, não era grande; tampouco florestada. Uma faixa de areia branca sobre a imensidão oceânica, cuja única árvore agora queimava lentamente, liberando um odor incômodo no ar. E bem, sendo um pedaço de terra subcontinental, o grupo precisaria atravessar um pedaço d'água marinha, o que não era lá muito recomendado a se fazer tendo uma criança nas costas; ainda mais quando não se tem o conhecimento de profundidade do mar naquele ponto.

Curiosamente, era quase como se o mar estivesse ajudando-lhes. Em verdade, descobriram por meio de Ralts; enquanto tentavam descobrir uma forma de prosseguir. O pequenino simplesmente colocou seus dois pezinhos sobre a água, dando outro passo, como se não fizesse diferença. E quando Emma notou, gritando em alerta, pôde reparar que... a água sob o pokémon parecia agitar-se, formando uma superfície sólida o bastante.

Sim, certamente, algo de errado estava a acontecer por ali. Mas bem, não poderia ser algo descrito por minha pessoa sem um pouco de misticismo, certo?

O que diabos... — sussurrou a jovem, ao verificar que o mesmo fenômeno ocorria consigo. Bem, o Mundo Pokémon carrega seus próprios mistérios e motivações, não? De qualquer forma, eles não tiveram muitos outros problemas para continuarem seu caminho até a tal ilha, ainda que Natu parecesse um pouco confuso com a água sob o corpo dos treinadores.

A primeira coisa a se notar era o odor. Este já estava sendo carregado pelo vento há muito; mas mesmo assim, era notavelmente mais perceptível ao aproximar-se. O cheiro de madeira queimada, de uma vida esvaindo-se. A ilha, apesar de pequena, conseguia acomodar o grupo com facilidade. Não tinham espaço para fazerem o que bem quisessem, mas eram capazes de ficar sobre ela sem problemas. Aliás, a faixa de terra provavelmente poderia ter sobre si o dobro de pessoas ou monstrinhos.

Bem, pequena sim, mas apenas em comparação com as demais.

E chegando ali, eles puderam também notar um incrível... nada. É, bem, exatamente isso que ouviu — ou melhor, leu. Não parecia haver mais nada naquele pedaço desolado de terra arenosa. Os grãos de sílica, apesar de muito brancos e úmidos, não pareciam ter nada de muito especial. Ademais, a árvore, agora partida ao meio, queimando, não parecia ter nada de muito impressionante.

Eles foram até ali... por nada?

Não, isso não era verdade. Mais um raio iluminou o céu, caindo na água ao longe. O vento tornou-se mais veloz; criando mais e mais ondas. No momento em que uma destas formou-se, dando a impressão de que iria chocar-se contra  a ilha, Ralts olhou para aquela direção. Não só ele, Natu também parecia notar algo estranho, apontando sua pequena asa para o turbilhão de água.

E como era de se imaginar, ela chocou-se contra aquela faixa de areia, molhando os sapatos dos enamorados. E não só isso, trazendo à superfície também uma forma gelatinosa, de coloração levemente rósea. Mas... o que seria aquilo?





PROGRESSO — NICO :


PROGRESSO — EMMA :

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O mundo pokémon carrega consigo inúmeros mistérios, lendas, mitos: crendices populares acerca das criaturas que os rodeiam, “assombrações” e vez ou outra algum fenômeno sobrenatural. Arriscar-se como um andarilho em busca de poder ou reconhecimento era deveras venturoso, afinal, estar à mercê de acontecimentos em que você não tem poder nenhum assola qualquer alma viajante; muitas vezes, ocorre em momentos inesperados, tal como agora, em que o clima era modificado — quiçá — por apenas uma criatura ou conjunto de inúmeras. Atividades paranormais cercavam os aventureiros desde o momento em que pisaram na rota cento e quinze, e por mais claro que as coisas aparentavam ser, mais tornavam-se enigmáticas.

Os orbes cerúleos encaravam a árvore ao longe com as pálpebras semicerradas, perdido em meio a devaneios em vã tentativa de entender quem quer que fosse. O céu enegrecia aos poucos, e a formação de nuvens de tempestade ficara ainda mais evidente, emaranhando-as em meio ao firmamento outrora harmonioso e anil. Ainda mais estranho: uma ilha longínqua dos treinadores era o epicentro dos ocorridos sobrenaturais.

Por mil demônios.

E sobre esse mistério, a maneira cuja os treinadores avançaram era peculiar. Buscando algum modo de prosseguir, o psíquico da treinadora de Kalos colocava seus exíguos pés sobre a água marinha, percebendo uma agitação exacerbada a tal ponto que pudesse andar pela mesma como se não fosse uma superfície aquosa, e sim sólida. Emma, em alerta, bramia para que Ralts recuasse até perceber aquele comportamento excêntrico. Hesitante, resolveu verificar por si só, e o mesmo ocorria consigo. Murmurava algumas palavras em busca de respostas para aquilo, túrbida. No fim das contas, ambos prosseguiam.

Prosseguiram, enfim, até chegar à arvore chamuscada. Conforme se aproximavam, o cheiro das folhas e caule queimados invadiam veementemente as narinas dos treinadores apesar do forte vento espalhar a fumaça em caminhos meândricos por todo o redor. O louro prendia sua respiração suavemente, achegando-se do corpo lenhoso incinerado depois de receber uma absurda carga elétrica sobre si. Os olhos anis ziguezagueavam por toda a sua volta, e ainda assim, notaram apenas nada. Ora, Natu e Ralts reforçaram de que havia algo errado por ali e assim que se aproximam, sinal algum de atividade paranormal. Não obstante, Nicholas não baixara a sua guarda: seja quem for, poderia estar esgueirando-se pela água ou por suas costas; os orbes continuavam inquietos percorrendo o local.

Surpreendendo o treinador, ao longe, mais um raio caía. Súbito, o vento sereno rapidamente começava a sibilar conturbado. O blazer verde escuro e as madeixas douradas do treinador moviam-se na direção dos ares, sacolejando em sentido contrário do raio; sua gravata serpenteava descompassada em seu tronco, dançando conforme a melodia natural entoava seus assobios. E aquele repentino tufão, claro, gerava algumas ondas próximas à ilha, trazendo o corpo aquático para próximo da ilha. Rapidamente, os psíquicos apontavam naquela direção em sinal de alerta. Nico ergueu sua fronte com as pálpebras semicerradas, ensaiando comandos a Natu caso fosse o autor daqueles eventos.

O turbilhão molhava os pés de ambos, e, consigo, arrastava uma forma gelatinosa rosácea. O louro erguia uma de suas sobrancelhas, fitando aquela criatura a seus pés. Torcia para que a criatura estivesse bem, afinal, esta poderia auxiliá-lo naquela cruzada contra o larápio de almas a solto na rota cento e quinze, e, não obstante, com poder suficiente para controlar o clima. Ora, não esqueçamos de que aquele caminho por entre as águas não era nada natural, e, ainda assim, os psíquicos — estes tendo um sexto sentido aguçado como poucos — apontaram na direção da agora planta chamuscada e sem vida há pouco tempo atrás.

— Está tudo bem? — indagava o louro, agachando-se próximo à forma gelatinosa em seus pés.

Se estivesse tudo bem com a mesma, inquiriria acerca daqueles eventos anormais na rota cento e quinze: se saberia quem o estivesse causando, se sentiu algo de diferente por ali e, conhecendo o causador dos problemas, poderia levá-los até o mesmo; se não obtivesse resposta alguma, pediria gentilmente à companheira que derramasse um de seus frascos medicinais sobre o corpo da criatura — não sem antes uma minuciosa observação se esta estava machucada ou não para evitar desperdício de utensílios que seriam muito úteis mais para frente. De todo o modo, Nicholas buscaria a cooperação daquele pokémon aos seus pés da maneira mais amical possível.

Restava que essa não fosse hostil e contrária à sua abordagem.

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The undesirable one
Route 115


Talvez você estivesse esperando por algo grandioso. Ou então, quiçá, inesperado — os chamados mind breaking. Confesso que realmente queria fazê-lo; afinal de contas, você certamente não merece nada menos. Infelizmente, no entanto... Temo que não esteja nas melhores condições a dá-lo o tão incrível mundo por ti é condigno.

Além disso, nosso prazo é curto; aproxima-se a cada instante que passa; esvaindo-se por entre nossas mãos que futilmente tentam segurar todos os segundos por nós criados. O tempo é um conceito puramente humano; não segue nossas regras ou curva-se às nossas ínfimas capacidades cognitivas de compreendê-lo. Ele simplesmente... existe.

Para alguns, isso talvez seja algo desejável. Apenas existir, estar lá, sem preocupações ou indagações; sem existir de verdade. Não precisar perguntar-se a todo o momento os por quês de cada ação: afinal de contas, não há ação; nem mesmo momento. Contudo, também não é algo tão distante assim; da realidade de alguns.

Bem, por mais que pareça, o termo realidade por vezes acaba por não transpassar a idea do real. É relativo, depende dos sentidos; mundo sensitivo. E de fato, às vezes, encontramo-nos em situações em que não conseguimos mais... ser. O simples fato de existir; sentir a si mesmo todos os dias; é cansativo. Então foi mal, leis da física — e também filosofia, imagino eu —, mas não só por que penso, eu existo.

Inclusive, existem também os momentos em que preferiríamos não existir.

Talvez não fosse este o caso; mas tenho certeza de que Nicholas, e até mesmo a sempre tão sorridente Emma; já sentiram tal coisa vez ou outra. Entretanto, não tinham tempo para sentir ou relembrar-se. Tinham assuntos mais urgentes a resolverem. Como por exemplo; Natu pulando e piando, exacerbado, no mesmo instante em que a loura agitou sua bolsa, à procura de uma poção.

Ah, sim.

No mar, agora mais agitado com toda a ventania, uma sombra pôde ser vista à distância. Um borrão levemente mais escuro, precorrendo um caminho direto entre as ondas, assim como uma flecha: precisa e inevitável. E estava indo acertar seu alvo.

Ralts sentiu um arrepio percorrer seu corpo, e escondeu-se atrás de sua treinadora, segurando firmemente as calças desta. Obviamente, não era coisa boa. Quem sabe, o mesmo fenômeno visto por Nicholas na floresta; ainda ao lado do restante dos Seedot. Uma presença não natural àquele plano; evidente apenas pela sensibilidade dos psíquicos.

A forma logo chegou até a ilha, em velocidade impressionante. Era um caçador, um lobo atrás de sua presa; e tal qual esse, não deixaria a outra escapar-lhe as garras. Circundou o feixe arenoso algumas vezes, até por fim aproximar-se da forma rosada anteriormente vista pelo grupo. Avançou com agilidade sobre esta, como que preparando-se para atacar.

E o teria feito, se o pássaro de Nicholas não tivesse teleportado aquela outra figura, ainda inerte, para outro ponto da ilha.

Sem mais explicações, Natu simplesmente olhou para seu treinador, como se pedisse algum auxílio. Emma observava a situação com dificuldade; quase como se não conseguisse ver exatamente o que estava acontecendo ali. Sofya ainda estava desacordada, apoiada sobre a angelical moça; sem ter reações. Parecia respirar mas... não estava ainda bem.

...O dom da visão não é presente em todos, certo? Mas de qualquer forma, ela parecia saber que algo estava acontecendo. Colocou sua mão sobre o ombro do namorado mais uma vez. — O que... O que é isso? — murmurou, apenas para sacudir a cabeça logo em seguida. — Não importa. A pergunta real é outra. O que faremos?

E com isso, mais uma vez devolvo os novelos do suposto destino nas mão do louro. Direto, indelicado, e nem um pouco estável.

...Parecido com o homem, não...?





PROGRESSO — NICO :


PROGRESSO — EMMA :

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