Pokémon Mythology RPG
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(010) — hidden springs/call it what you want

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call it what you want


Como se já não bastasse os lapsos envergonhados que eu não-tão-disfarçadamente tentava esconder, quando Daisuke pegou nos meus cabelos para fazer o coque, consegui sentir minhas pernas tremerem por um único segundo... E sabe o que é pior? EU NÃO SEI O PORQUÊ. Não faz sentido, ele estava me ajudando com algo que eu mesma havia pedido, porra. Respirei fundo, revirando os olhos logo em seguida: como alguém pode ser tão estúpida? Ainda mais eu? Sempre mal humorada, irritada, pronta pra brigar. Me permitir estar vulnerável é algo que nunca pratiquei na vida, simplesmente porque nunca tive o luxo de poder fazê-lo. Será que finalmente posso abaixar essa guarda de trezentos Granbull que construí em volta de mim mesma durante todos esses anos?

... Será?

— Obrigada. — balancei o pescoço de um lado para o outro até estalar, virando-me na direção do ruivo assim que consegui — Que cavalheiro. — debochei, abrindo um sorriso travesso logo em seguida e erguendo a cabeça para encará-lo uma vez mais enquanto andávamos na direção da barraca da Madame Tshilaba; tsc, que nome besta — ... — novamente me perdia por alguns milésimos enquanto o fitava; sinceramente? tinha certeza que a tensão naquele momento poderia ser cortada com uma faca — Er... E então, meu cabelo é melhor preso ou solto? — não, caRALHO, não é assim que se muda de assunto, Karinna! — ... — desviei o olhar, parando de andar, envergonhada com a minha própria burrice; abaixei a cabeça, observando a mão esquerda machucada mais uma vez... de verdade, que porcaria, se eu fosse Daisuke já tinha saído correndo — Você... Hm, eu aceito sua ajuda. — respondi a pergunta antes ignorada; quer dizer, queria mudar de assunto, mas eu de verdade precisava de ajuda para minha mão não apodrecer e cair dentro dos próximos dois dias — Podemos fazer isso depois de irmos na barraca? — sinalizei para continuarmos andando — Queria te pedir uma coisa também... Se não for incômodo. SE FOR EU ENTENDO. — eu sei que precisava de fisioterapia e, bom, Daisuke era um lutador, nada melhor do que treinar enquanto melhorava a mão, né? preciso melhorar meus socos para poder acertá-lo também — Depois eu falo.

Odeio pedir coisas pros outros. O-d-e-i-o, com todas as minhas forças. Se existe um ranking de pessoas orgulhosas no mundo, estou, no mínimo, no top dez. Grande parte dessa aversão à ajuda de terceiros vem do meu próprio subconsciente; bom, para quem cresceu nas ruas e só tinha a si mesma para contar, não é de me admirar que isso ficou encravado dentro do meu íntimo. Precisava de um tempo para processar a informação na minha cabeça e buscar a bravura necessária dentro de mim para sequer pedir a ajuda de Daisuke em mais uma coisa que não conseguia fazer sozinha. Parece imbecil, mas, mais uma vez, é assim que minha desparafusada cabeça funciona. Como se não bastasse essa batalha interna, tampouco conseguiria falar agora, ainda mais já que um rapaz parecia nos recepcionar na entrada da barraca.

— ... — perder dinheiro? não é comigo MESMO... se bem que estamos aqui para nos divertir, né? — ... Primeira vez aqui sim. — respondi em um tom baixo, escondendo a mão esquerda atrás das costas; não queria que mais uma pessoa reparasse na quantidade de pontos ou na sujeira que estava ali — Aff. — bufei, dando uma leve risadinha e fitando Daisuke quando o funcionário mencionou a palavra "encontro"; tá, a essa altura, já havia aceitado que isso era mesmo um encontro e ponto final — Ei... você quer ir? Eu pago as duas entradas. Sei que vocês Rangers não tem nem o da passagem. — dei uma risada; ok, agora estava esquisito demais! eu, dando dinheiro assim, de graça? devo estar maluca mesmo — Se dizer que não é mais um soco para contag- — PERAÍ, o garoto falou tesouro??? — AH, VAMOS SIM, MOÇO! — sorri, já buscando com certa dificuldade o dinheiro na bolsa para depositar na caixinha-cofre; estava tão extasiada com a possibilidade de conseguir algo valioso que sequer percebi minha mão saudável buscando a de Daisuke e puxando-o junto comigo para que o parecia ser a direção certa para encontrar a tal Madame Tshilaba — É por aqui, né? — disse, parando por um momento para olhar para trás e perguntar para o funcionário se, bom, estávamos indo para o lugar certo; com um sorriso ganancioso estampado no rosto, percebi o que tinha feito involuntariamente e voltei minha atenção para o Ranger — Desculpa, me emocionei um pouco. — ri, soltando a mão do ruivo; ah, quer saber? foda-se — Vamos, você é maior do que eu mas é lerdo demais. — brinquei, dando uma desculpa esfarrapada para segurar a mão dele de novo e puxá-lo na direção orientada pelo recepcionista da barraca — Vem!

Estava tão focada em saber se ganharia algum tesouro que sequer prestei atenção que se tratava de uma leitura de tarô...

É, Karinna, o que será que te aguarda?


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Bônus:
- Especialista II Psychic;
- Gestora Rocket:
- Skill Rocket: Queimando a Largada! (+3 Atk; +3 Sp. Atk para Pokémon em batalhas);
- Skill Rocket: Aprendizado Prático. (20% a mais de EXP em batalhas durante uma Missão Rocket);




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Depois de fazer o coque em Karinna, ela fazia algumas piadas, zoando a "gentileza" que eu havia feito. Mas eu já estava acostumado. Apenas revirava os olhos e sorria de leve, imaginando o que poderia ter naquela tenda, mas acho que o breve silêncio foi incomodo. É claro, Daisuke. Você ta num encontro com a garota e vai ficar reparando na porra da tenda com pisca-pisca? Acorda pra vida, anta. O que eu não esperava era sua pergunta. Assim que ela a fazia, eu direcionava meus olhos para ela.

- Eu não consigo me decidir qual dos dois lhe cai melhor. Se quer saber, pra mim, você fica incrivelmente linda dos dois jeitos. - Dizia e então sorria para a garota, e não demorou muitos passos para retomarmos um assunto que eu havia levantado antes. Ela falava que aceitaria a minha ajuda, e me deixava claramente mais aliviado. - Certo. Depois da barraca a gente procura um lugar pra eu mudar o curativo. - Falava, e depois a loira fazia um pedido, algo até então diferente. - Contanto que não seja um rim, pode ficar a vontade. Ah, um pulmão também não, preciso deles. - Entoava brincadeira para disfarçar a curiosidade repentina. Afinal, o que ela poderia querer de mim?

Enfim, continuamos a caminhar na direção da barraca e quando chegamos lá, um cara distinto no abordava. Como Karinna se prestava a responder as perguntas, eu só assistia inicialmente ela respondê-lo, mas quando ele pontuou o encontro e Bley não falava nada, meu amigo, eu tinha de comemorar. - Ei, espera, então você não discorda que seja um encontro? - Falava, logo depois de ela entoar seu "aff", com um nítido sorriso na face. Eu nunca tentei disfarçar que tinha... uma queda, digamos assim, por Karinna, mas a resistência dela me fazia hesitar as vezes. Você nunca sabe o que esperar, mas sei lá, com ela parecia especialmente complicado. Vai ver, eu tenho mais do que só uma queda por ela...

- Parece legal. Eu não sei muito bem como funcionam essas coisas, sabe? Mas imagino que o lance com cartas possa ser divertido. - Dizia para ela, mas assim que ela falava que ia pagar as entradas, eu ia reclamar, mas infelizmente foi em vão, já que logo que o homem falou no tesouro, Karinna me puxava barraca adentro pela mão. - Com emoção é mais legal. - Falava, dando de ombros, mas logo em seguida, a garota pegava na minha mão e me arrastava de novo, me fazendo rir. - Seria mais fácil se você não fingisse que não quer pegar na minha mão e só falar pra onde ta indo. - Falava entre risos.

O fato é, eu sou direto, mas muito cauteloso com certas... aproximações. Eu tinha que admitir uma coisa: eu tinha medo, sim, de Karinna. Mas não dela como pessoa, mas sim como ela poderia reagir diante uma investida mais... ousada? Mas... que inferno, Daisuke! Para de pensar tanto! Apenas...

...curta o momento.

Feebas Egg - 38/40


Aventura no parque ft. Karinna

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By: KB lindo & perfeito <3


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Não há melhor momento que este para pontuar quão desgraçado é o fato de que a ganância nada mais é do que um maldito pecado capital - e ouso afirmar que extrema é a infelicidade da jovem criminosa nativa de Johto neste caso, pois em momento algum seus pais optaram por se mudar ao interior para evitar que seu rebento tivesse de lidar com tais pedrinhas de sapato em uma vida futura que, naquele exato momento, a encaminhava para desvendar profundos significados.

...Bem, talvez não. Deveria deixar as divagações aos personagens, certo? Perdão minha intromissão.

Enfim, era difícil dizer se por algum palpite de sorte ou mera intuição certeira do "recepcionista" (se é que se podia dizer assim) da tenda de Madame Tshilaba, mas o fato era que sua simples menção à possibilidade de conquista de tesouros foi mais que suficiente para atrair a atenção de Bley e, como um carro cujo nitro foi repentinamente ativado, a especialista tratou de recuperar seu passageiro pela mão e arrastá-lo para o interior da tenda, logo após enfiar de qualquer jeito o dinheiro dentro do cofre apontado pelo rapaz.

"É só seguir o caminho!", disse ele, enquanto a dupla se aventurava na direção das entranhas do céu noturno. Uma fileira dupla de antigos biombos japoneses era responsável não só pela privacidade de quem estava lá dentro, como também por conceder um clima quase claustrofóbico, apertado, que felizmente nenhum dos dois precisava se espremer para passar - não somente isso; Também é válido mencionar a escuridão que rondava o ambiente, suficiente somente para que nenhum dos dois saísse se batendo pelos cantos até que descobrissem a direção pela qual deveriam ir.

Não foi um caminho interminável, porém. Após uma, duas, três curvas, a passagem se abriu para uma área simples, de um cômodo só, que fedia (ou cheirava, dependendo do gosto) incenso amadeirado. Um vapor suave enchia o ambiente, e uma mulher - nem jovem, nem velha - jazia pacientemente sentada na frente de uma mesa coberta por um belíssimo tecido decorado por uma mandala de cores frias. Seus cabelos se escondiam por baixo de um lenço colorido em tons púrpura, a pele morena contrastando com o dourado dos grandes brincos de argola e do colar exagerado que pendia do pescoço.

— ...Ah! — Disse, a voz rouca ecoando quando os penetrantes olhos âmbar encontraram a imagem do jovem casal. — Bom dia, meninos. — Cumprimentou, exibindo um sorriso discreto para ambos os treinadores, os dedos tamborilando com paciência sobre a mesa, as unhas compridas batendo em um quase irritante barulho de "tec, tec, tec" — ... ... — Um momento de silêncio, e as pálpebras se estreitaram com delicadeza na direção dos dois. — Oh. Primeira parada? Isso é novidade. — Comentou, de repente - como saberia? Isso é assunto para outra hora. — Normalmente as pessoas evitam passar aqui antes de ir na tal tenda das capturas, sabe como é... — Deu uma risada relaxada, se recostando sobre a cadeira, o busto exageradamente grande (e caído!) oculto por detrás das roupas ciganas azul-marinho.

— Sabe, eu não gosto de ir direto ao ponto... — Comentou, afastando as mãos da mesa com tranquilidade e voltando a atenção para o teto da tenda, de onde uma figura de lua estava cuidadosamente tingida no centro. — Mas vejo que você... — Emendou, as pupilas se voltando imediatamente para a loira que tomava a dianteira. — Talvez não tenha paciência de esperar. — Acrescentou, balançando a cabeça com tranquilidade. — Vejam, eu tenho dois tipos de leitura. Uma de três, outra de cinco cartas. Gosto de dar a liberdade que escolham qual preferem, e devem imaginar que uma normalmente é mais profunda que a outra. — Explicou, indicando com a cabeça as cadeiras vazias do outro lado do móvel. — Podem se acomodar. Quem de vocês quer ir primeiro, hmm?

Direito ao ponto, direto ao ponto.
Inteligente - mas, por vontade de se livrar logo da companhia, ou por alguma intuição de que a impaciente criminosa acabasse pulando no seu pescoço caso as coisas se prolongassem demais?
Vai saber.

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O amanhã é efeito de seus atos. Se você se arrepender de tudo que fez hoje, como viverá o amanhã?
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Cara narradora, por favor, não se contenha em divagar sobre os ocorridos de minha relação com Karinna, por favor. São as divagações que tornam tudo muito mais vivo e a explosão da quarta parede parece um ato simples, belo e simplório.

O recepcionista não tardou em gritar para seguirmos o caminho, e, bem, assim seguimos. Fizemos algumas curvas aqui e ali enquanto fingia ser arrastado por Karinna pelo corredor, e na verdade, o simples ato de passar por alguns poucos metros sozinho com a loira me deixava meio nervoso. Eu não sou um robo, okay? Eu tinha, sim, muita vontade de tomar iniciativa. Parar a loira ali e beijá-la era minha primeira e única vontade por ali, eu acho que havia deixado isso nítido...

...ou não? Enfim, eu não sei ficar quieto. Procurei algum assunto para que o silêncio não se estendesse muito. - E então... o que acha que é o tesouro que o cara lá na frente ta falando? - Perguntava entonando naturalidade na fala. Eu realmente não queria transparecer nervosismo perto da garota, já que por vezes suas provocações consistiam em tentar me deixar sem graça. Imaginava que ela me testava, em meio aos nossos diálogos. Mas eu tinha certeza que ainda estava muito cedo para tirar minhas próprias conclusões sobre isso.

Ao adentrar o cômodo, eu sentia o cheiro de incenso no ar. Não era incomodo, então só ignorei, e a própria figura da mulher não me chamava muita atenção. Madame Tshilaba tinha uma voz rouca, e calma. Ela mesma divagava muito e por vezes parecia estar lendo a gente antes de sequer falarmos alguma coisa. Eu não tinha qualquer opinião sobre isso, estava ali por mera curiosidade da experiência, então eu simplesmente respondia a mulher, sem saber exatamente o que poderia esperar daquilo. - Ah, bom dia, madame. - A cumprimentava. - Sim... primeira parada. Sua tenda é muito grande, chamou nossa atenção na hora. - Falava entre risos. - E também não temos muita ideia do que nos aguarda no resto do parque, sabe? Então aqui foi literalmente nosso primeiro tiro.

E enquanto eu conversava com a tal Madame Tshilaba, ela sentia certa impaciência de nós, eu não sabia dizer de quem, mas eu de fato estava meio ansioso com a possível... leitura? Não sei o nome, mas acho que sim, nunca tinha feito uma. E assim que ela apresentava sua forma de trabalho, eu me sentava numa das cadeiras, do lado oposto de onde a Tshilaba estava e me virava para Karinna. - Quer ir primeiro? - Perguntava da forma mais educada que conseguia. - Eu estou curioso, mas posso esperar sem problemas. - Sorria em seguida. - Até porque, seria muito mais interessante pra mim descobrir o que se passa nessa sua cabecinha antes de você me julgar pelo meu meio neurônio numa análise completa. - Ria em seguida.

Feebas Egg - 39/40


Aventura no parque ft. Karinna

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Sem quebra da quarta parede aqui, hein? KB já custa para não me deixar tomar conta, assim fica fácil demais e quem escreve por mim entra em surto com as duas personalidades.

O comentário de Daisuke sobre fingir que eu não queria segurar a mão dele até que passava despercebido; quer dizer, não é como se eu tivesse disfarçado de verdade, qualquer um perceberia, por mais que eu estivesse eufórica com a ideia de encontrar um tesouro, que eu queria segurá-la há um tempinho já. Para completar, ao passarmos pelo estreito e escuro corredor, senti meus dedos apertarem contra os dele, involuntariamente entrelaçando nossos dígitos no processo.

Já disse que sou uma pessoa que se engatilha por qualquer coisa? Não é muito minha culpa, né? Já sofri demais em diversas situações diferentes e um local escuro era de fato algo que me deixava receosa... E se isso fosse uma armadilha? Ia ficar PUTA se tivesse gastado dinheiro só pra me ferrar. Aproveitando a deixa, deitei minha cabeça sobre o ombro de Daisuke enquanto caminhávamos; sabia que ele não estava esperando isso, o que fez com que eu abrisse um breve meio sorriso sem que ele o visse. Talvez, e somente talvez, eu esteja gostando dessas provocações bobas que fazemos um com o outro.

— Não sei... espero que seja algo valioso. — disse, com a voz um pouco baixa, talvez para combinar com o ambiente em que estávamos inseridos — Quer dizer, é o que se espera quando dizem "tesouro", né? — disfarcei minha quase-palpável ganância com uma leve risada — ...

O cômodo de Madame Tshilaba não era muito diferente do que imaginei. Para alguém que esperava ser recebida com pedras e algum Pokémon pronto para me matar — oras, em breve não conseguirei contar no dedos quantas vezes isso já me aconteceu — o exagerado cheiro amadeirado era até agradável.

— Oi, vie-

Suspendi minha própria voz quando a mulher começou a falar; sua imponência era algo que até me assustou em um primeiro momento. Não sei se por suas vestes, seu tom de voz ou o local onde estava inserida, mas deixei que falasse sem interrompê-la em momento algum. O que me irritou, brevemente, foi a Madame tirar conclusões precipitadas sobre mim. Se eu sou impaciente? Claro que sou, mas não era ela que ia me falar verdades assim, a troco de nada. Bufei, observando Daisuke tomar a dianteira ao responder a mulher.

Tive minha cota de coisas sobrenaturais nesse mundo, algo que me fez aprender, na marra, a respeitá-las ao máximo. Como ser descrente dessas coisas se, bom, vi Arceus diante de mim, visitei o umbral e quase fui assassinada por fantasmas e zumbis presos dentro de uma ruína esquecida pelo tempo?

Difícil.

— É... Eu posso ir primeiro. — engoli seco, soltando a mão direita da esquerda de Daisuke, sentando-me em uma das cadeiras com os braços rentes ao corpo — Cuidado com o que vai falar, Madame. — ameacei, abrindo um sorriso tão falso para a mulher que qualquer pessoa veria por trás dos dentes que a ameaça era, bom, verdadeira; para ser sincera, meu maior medo não era que a mulher revelasse algo sobre os Rockets ou sobre tudo que já tive que fazer para sobreviver na frente do ruivo... o medo crescente que conseguia sentir subindo pela minha espinha era o de ter que lidar com mais fantasmas do passado, esses que tentei colocar um ponto final ainda no Mausoléu de Arceus — ... — com a brincadeira do Ranger, virei o tronco na sua direção, dando um leve sorriso — Acho que você não vai gostar de saber o que tem dentro da minha cabeça. — suspirei; era verdade, né? Bastava a mulher falar algo para me engatilhar que meu âmago entraria em parafuso ali mesmo, algo que não queria que Daisuke tivesse que lidar, não agora — ... Cinco cartas. — me ajeitei na cadeira, voltando o tronco para a frente; virei a cabeça brevemente para fitar o ruivo uma última vez antes da leitura — Ei. — ergui a mão direita, colocando-a com a palma para o alto em cima da mesa, balançando levemente os dedos em convite para os do ruivo encontrarem os meus novamente; agora, pelo menos agora, não sentia nenhuma vergonha em fazê-lo — ... — tornei a olhar para a frente, focando no rosto da mística mulher — Taca pro inferno.


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Foi com um olhar incisivo que a senhora respondeu, sem vocalizar uma única palavra, a ameaça velada da especialista em psíquicos. Em momento algum pareceu preocupada - em realidade, muito pelo contrário! Um sorriso de intenções incertar se retratou em seus lábios, finos como duas linhas de tecido, enquanto sua dona esticava a mão para baixo da mesa e, dali, um barulho rangido de madeira ecoou, suave, antes que Madame retirasse dali um grosso deque de cartas altas, de belíssimos padrões amarronzados.

— Eu não vou falar absolutamente nada, menina. — Respondeu, deixando escapar uma risada contida, tão áfona quanto a própria voz. — Quem vai dizer é você. — Acrescentou, desencostando da cadeira para que pudesse embaralhar, sem pressa, o bolo de papel que trazia em mãos - as unhas roçavam pelas bordas dos objetos, separando-os e juntando-os em ordens aleatórias e sem sentido, independente se horizontal ou verticalmente. — Você já deve saber, eu imagino... — Confabulou, os orbes âmbar passeando pelo deque que brincava com os dígitos. — Todos nós temos uma energia, sabe? — Disse, antes de interromper o trabalho com as cartas, inclinando-se um pouco sobre a mesa coberta.

— Essa energia, ela urra. — Explicou, enquanto distribuía pacientemente as cartas sobre a toalha. — Ela mistura todas as sensações, todos os segredos íntimos de seu ser. Ela sussurra, guia, condena. — Continuou, sem pressa, pausando por um rápido instante e encarando fixamente o entrelaçar dos dedos dos jovens sobre a mesa, até que eles se sentissem obrigados a retirá-las dali. — Ninguém para pra pensar sobre isso. Alguns, simplesmente falam que é consciência. Não é uma maneira tão errada de ver, na minha opinião. — Sorriu, finalmente terminando de distribuir as cartas, movimentando tranquilamente os ombros e arrastando os braços para a borda da mesa, com a mesma paciência de sempre.

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Não existem números nas cartas. Eu os coloquei para que ficasse mais simples para que vocês escolhessem.

— Bem, agora é com você. — Disse, o olhar pairando sobre a imagem da criminosa à frente. — Escolha cinco cartas, nessa exata ordem, um, dois, três, quatro, cinco. — Instruiu, apontando com o queixo para as cartas. — Não as desvire. Só aponte. — Acrescentou, balançando a cabeça com delicadeza. — Pense antes de escolher, não pense, tanto faz. Faça como você quiser. — Deu a liberdade, aguardando pelas decisões da moça. — E então nós veremos o que tem para nos dizer.

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O amanhã é efeito de seus atos. Se você se arrepender de tudo que fez hoje, como viverá o amanhã?
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— Entendi. — sempre culpei minha consciência pelas minhas atitudes... será que estive acusando eternamente a parte errada dentro de mim? — Tudo bem.

Observar a mulher espalhar as cartas cuidadosamente me deixava um pouco receosa. Não sabia exatamente como a leitura funcionava, mesmo após a explicação da Madame, então, decidi que as escolheria aleatoriamente. Mas... Mas e seu escolhesse errado? Assim, Tshilaba comentou algo sobre energias e a minha já deve estar para lá de baixa, se é que ainda existe. Será que isso interferiria em alguma coisa?

Que tensão.

Algo sobre toda essa situação me deixava inquieta; não é sempre que me permito abaixar a guarda ao ponto de deixar uma estranha ler ou falar sobre minha vida. Não que a mulher precise disso, já que bastou eu adentrar a sala que falou sobre uma das características mais intrínsecas à mim, mas sei lá. É estranho demais pra mim. Com os olhos focados nas cartas — belíssimas, diga-se de passagem; devem valer uma grana no mercado clandestino — levantei brevemente a livre e machucada mão esquerda para escolher cinco das opções. Tive um certo receio, pausando-a no meio do caminho para que a mulher não reparasse nos pontos mal-feitos e na sujeira, mas logo desisti. Ha, acredito que Madame Tshilaba deve até saber se minha mão cairá no futuro ou não... Duvido que se importe com algo assim.

— Essas... — se tivessem números, selecionaria a 10, 3, 15, 6 e 21, nessa ordem — ... — apertei com bastante força a mão de Daisuke que estava entrelaçada à minha; não sabia o porquê de estar tensa, mas ao menos estava feliz por não estar ali sozinha — Aqui.

Bom, não tinha muito o que fazer, certo?

Agora me restava saber no que havia nos metido.


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A medida que prosseguimos anteriormente sobre o corredor, senti Karinna apertar minha mão com mais força. Não entendia o porquê, honestamente, e nem sabia se deveria lhe questionar da razão, mas logo ela se pôs ao meu lado e apoiava sua cabeça em meu ombro, me deixando levemente vermelho. Se antes eu parecia inseguro, agora eu não conseguia esconder. Felizmente, não houve provocação verbal, ou eu entraria em choque com certeza.

...

Agora na sala da então Madame, Bley aceitava de bom grado ir primeiro, mas afirmava que eu provavelmente não iria querer saber o que se passa em sua cabeça, e diante essa afirmação eu só consegui sorrir. - Eu duvido muito, na verdade, eu adoraria saber. - Falava, o sorriso ainda desenhado na face. Pouco tempo depois, a insegurança de Karinna diante das cartas ficou nítida quando ela pediu para que eu segurasse sua mão, num gesto silencioso. Assim o fiz, sem muito pestanejar, na verdade, o fazia com certa satisfação e prestava atenção na explicação de Tshilaba sobre como funcionaria o esquema com as cartas.

Eu observava, atento enquanto Karinna escolhia suas cartas, e sobre todo aquele papo de energia? Meu irmão, todo aquele suspense com as cartas e os significados me deixava meio "pistola", e se minha energia realmente falasse alguma coisa, tenho certeza que estava se projetando numa figura humanoide pra estapear e apressar a senhora, quer dizer, olha só como a Karinna tava, era quase como se ela sentisse que a mulher fosse, sei lá, ...

...revelar seus segredos mais íntimos?

Feebas Egg - 40/40 posts


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Com paciência infindável a Madame se permitiu carregar todo o processo de embaralhar, espalhar e aguardar as decisões de Karinna acerca de quais cartas seriam as escolhidas daquela sessão - munida à ela, e também ao silêncio estarrecedor, Tshilaba estendeu as mãos macias na direção de todo o resto do baralho, retirando-o pouco a pouco, até que só restassem aqueles retângulos que com tanto temor foram apontados pela hesitante Rocket. Chegava a ser engraçada, a maneira como um simples deque era capaz de impor tamanha tensão nos ombros da moça mas, oh, eis aí a dualidade da qual falávamos anteriormente: Afinal, bem é possível que uma explosiva existência tenha seu amargo momento de fraqueza.

Ouso dizer que esse nem era o pior deles.

— Muito bem. — Madame sorriu, e respirou fundo enquanto observava o verso das cartas estendidas por sobre a mesa, enquanto empilhava as excedentes em uma de suas bordas. — Sabe, existem... Muitas maneiras de se interpretar as cartas. — Comentou, observando com tranquilidade as cinco escolhidas por Karinna. — Alguns usam o significado mais bruto, por assim dizer... — Então, tranquilamente, foi organizando os objetos sobre a mesa. Imagine uma cruz; A primeira carta, posicionada ao centro. A segunda, ao oeste - a terceira, ao leste. A quarta carta foi repousada ao topo e, por fim, a quinta, que logo obteve seu lugar na parte baixa da figura. — ...Outros, gostam de se aprofundar um pouco mais a respeito de cada uma, em busca de um sentido mais amplo para cada uma das tiradas. — Acrescentou, observando cautelosamente a organização feita por si mesma. — Eu gosto de ambas as formas. — Disse, erguendo o olhar âmbar para o dupla, sorrindo tranquilamente diante das tensões que emanavam de seus corações. — Eu acredito que, às vezes, algumas pessoas são capazes de ouvir mais que outras, ou que merecem a chance de uma melhor compreensão. Claro que, tudo depende de hora, lugar... — Um breve olhar de canto na direção do ruivo ao lado da moça. — ...e até companhia, em certos casos. — Deu de ombros, antes de enfim repousar a mão sobre a carta central, a primeira de todas. — Mas não acho que queiram ouvir esses detalhes bobos de mim, certo? — Riu, balançando a outra mão como quem diz para deixar para lá. — Tenho certeza que tem algo bem mais interessante aqui embaixo que você possa querer ouvir, Karinna. — Tshilaba sorriu, o âmbar de seus orbes se chocando contra a maresia agitada dos alheios - mas, espere, quando exatamente haviam se apresentado para a mulher?

...

— ...Essa carta, — Prosseguiu, usando a ponta da unha para bater no verso da primeira escolhida pela coordenadora. — ela é basicamente um resumo da sua situação atual, se quiser colocar desse jeito. Ela é o problema que você tem que lidar, a questão que te atormenta e que você precisa resolver. — Disse, respirando com tranquilidade, antes que os dedos se prendessem à borda da carta, virando-a sobre a mesa.

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— Ah, essa é interessante. — A mulher comentou, inclinando-se com suavidade sobre a mesa, os olhos correndo pelos traços rústicos do retrato. — Deixe-me apresentá-la; Esse é O Papa, ou o Grande Sacerdote, como preferir. — Disse, apoiando com delicadeza o indicador no centro da figura. — Aqui, ele representa um conflito em relação à crenças pessoais e religiosas, ao sagrado, à instituições maiores - que não necessariamente fazem parte da mesma coisa. — Madame percorreu o olhar sobre a imagem de Karinna, estreitando-o com delicadeza. — Ele diz que há toda uma necessidade de reavaliação das crenças, de como você enxerga o todo ao seu redor. — Continuou, afastando um pouco o dedo da carta. — Pode ser que não seja a primeira vez que eu diga isso, mas é preciso se ter cuidado com ela. — Aconselhou, balançando a cabeça com discrição. — É possível que, ao ser muito exposta à certas ideias a respeito de religiões ou simplesmente organizações maiores, você se apegue em demasia em coisas ultrapassadas, errôneas, e não se permite mais enxergar um mesmo ser, ou causa, por um outro ponto de vista, outro ângulo, e você pode entrar em uma espiral de amargura. — Explicou, balançando a cabeça em negativa. — Essa carta, Karinna, ela te pede paciência. Ela grita pela sua necessidade de esperar, pela necessidade de uma visão mais ampla e menos drástica de tudo que você acredita, independente do motivo pelo qual acredita. — Disse, paciente, antes de volver a atenção para a segunda carta, aquela posicionada à esquerda da cruz.

— Essa carta, — Prosseguiu, apontando na direção da dita cuja. — Ela representa a influência que o seu passado possui em relação à questão atual. — Explicou, enquanto os dedos já se preparavam para virar a carta de cabeça pra cima. — É algo que se ancorou em seu espírito, sua energia, e você arrasta até hoje essas correntes, por assim dizer. — Disse, antes de finalmente virar o retângulo amarronzado.

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— Oh! Esse, meus senhores, é O Mundo. — Apresentou, acomodando-se um pouco melhor na cadeira. — Aqui, ele aponta um apego de algo que há muito já se perdeu - um fantasma, que te persegue pela sua própria negação de não deixá-lo ir. — Explicou, tomando um tempo para uma respiração profunda que, inevitavelmente, puxava para os pulmões o odor agradável do incenso. — Isso me diz que você teve bons momentos no passado, me diz que houve um tempo em que realmente se sentia parte de algo mas, então... — Um estalar de dedos. — Esse algo se perdeu, dissolvendo como pó na água. E então, você ficou tão presa à esses momentos, que simplesmente se encontra incapaz de seguir em frente. E dessas amarras, só você pode aceitar se libertar, ou de nada adiantará. — Desenvolveu, antes de passar para a terceira carta, que se acomodava tranquilamente na ponta oposta à atual.

— A terceira carta, ela revela as tendências ao futuro próximo. — Disse, alternando o âmbar entre a loira e o ruivo. — Mas não entenda errado: Não estou aqui fazendo uma previsão que você nunca vai poder se desviar, independente do que faça, nem nada do tipo. — Acrescentou, as pupilas firmando-se na imagem da especialista. — Tudo depende exclusivamente de suas decisões, de suas atitudes. Muita gente acredita que uma leitura de tarô é algo que vai resolver todos os seus problemas num passe de mágica, vai te entregar tudo de bandeja e você simplesmente pode só seguir a onda e parar no tempo. — Comentou, balançando a cabeça num gesto vago. — Então, independente de como for, me sinto na obrigação de lembrar que não é assim que acontece. — Bateu na tecla, sem hesitar. — A leitura é um guia para as pessoas que se perdem, para as que precisam de um direcionamento no meio do caminho. Quem garante ou não o que vai acontecer, porém, é exclusivamente você, Karinna. — Foram suas últimas palavras, antes de enfim revelar a carta que esperava.

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— ...O Mago, huh. — Tshilaba sorriu, roçando a ponta dos dedos pela borda desgastada da superfície do objeto. — Curiosamente, esse aqui é um que costuma aparecer bastante na minha mesa. Claro, é só coincidência, mas eu sempre acho divertido de pensar a respeito. — Deu de ombros, deixando escapar um suspiro relaxado antes de volver a atenção para a monotreinadora. — O Mago aparece para dizer que é hora de agir, minha menina. — Explicou, enfim, com um "quê" carinhoso que beirava um tom absurdamente maternal. — Ele diz que é hora de tomar as rédeas de sua situação e parar de se deixar levar por uma correnteza incerta. Felizmente, como eu dizia, essa carta representa o que tende a acontecer em um futuro próximo. — Ela piscou, puxando ar pelo nariz. — As chances que você precisa para moldar uma realidade ruim em algo bom, elas serão acompanhadas pela energia do Mago. Você precisa encontrar e lidar com as forças do seu interior para poder deixar para trás os temores, as inseguranças, auto-sabotagens, as crenças, o que for; Já existe essa energia dentro de você, minha jovem. Tudo que precisa fazer para que ela encontre a luz que pulsa na tu'alma, é tua própria confiança nela. — Desenvolveu, pousando as mãos sobre a mesa. — Mas lembre-se, que também é importante saber distinguir quando o silêncio, a compreensão e a passividade são necessários. Nem sempre uma explosão de adrenalina, ou fazer tudo de uma vez, é a melhor coisa que se pode acontecer. — Ela acrescentou, enquanto estendia a mão para a quarta carta. — Lembre-se bem disso. Se você já tem a competência de transformar as coisas que toca, tudo o que precisa fazer é canalizar por seu melhor.

A cigana, então, se deu ao luxo de parar um instante: Não só para que pudesse respirar, mas também para permitir que as informações ditas até então se assentassem com mais tranquilidade na cabeça e no coração da dupla, mas principalmente no ser da especialista em psíquicos, visto que era ela a fonte de energia vital daquela breve leitura de tarô. Sem que achasse necessário uma única palavra a mais, se recostou na cadeira, analisando pacientemente a expressão da moça por alguns instantes. Tinha consciência de que nem sempre as pessoas estavam preparadas para (ou tinham desejo de) ouvir todas aquelas coisas, mesmo que elas próprias fossem responsáveis por adentrar a belíssima tenda mística que dava as boas-vindas para todo e qualquer visitante do parque de diversões.

...

O silêncio não poderia perdurar para sempre, porém.

— O que nos leva, então, à quarta carta. — Continuou, com um sorriso tranquilo no rosto. — Para falar a verdade, ela tem uma rede de significados um pouco... Maior, por assim dizer. Mas, de maneira geral, eu a interpreto como aquilo que nós não queremos enxergar. — Disse, endireitando a coluna e se inclinando um pouco para a frente. — Algo que, no fundo, você sabe o que é, ou pode até ter uma noção, mas esconde por detrás de alguma máscara torta, seja sua ou de outra pessoa, até coisa, quem sabe; O fato é que se evita admitir, seja por medo ou negação. Não importa exatamente o motivo, em realidade. — Comentou, enquanto pousava a mão sobre a carta do topo da cruz. — Talvez seja um tanto quanto confuso no começo, mas é um pouco mais fácil se acostumar com a ideia quando se ouve o que o baralho diz. — Concluiu, antes de mais uma vez fazer o trabalho de virar a carta por sobre a mesa.

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— ...Ora! — Madame exclamou, deixando escapar um riso gostoso da garganta, balançando a cabeça quando observou a figura estampada no retângulo de papel. — Bem, não sei dizer se isso representa uma surpresa ou não, mas... — Ela sorriu, tamborilando com paciência os dedos por sobre a mesa. — Esses, senhores, são Os Enamorados. — Apresentou, apontando-a com uma das mãos. — E, como devem imaginar, ela representa o amor. Em realidade, essa carta envolve tanto sentimentos românticos, quanto os sexuais. — Disse, o olhar passeando serenamente de um ao outro. — Acredito que o que eu melhor possa dizer é que, bem, possa existir a possibilidade de um amor que, de certa forma, você tenta aceitar como outra coisa, pelo simples fato de não aceitá-lo. — Comentou, enquanto direcionava a mão para a última carta sobre a mesa. — Mas eu acredito que não precise me prolongar nesse assunto, não é? — Questionou, oferecendo aos dois um breve sorriso antes que a atenção volvesse para o quinto retângulo amarronzado.

— Aqui, eu trago para você uma possível solução para o problema inicial. — Explicou, apontando com o mindinho na direção da carta central, logo acima da última. — Mas não entenda errado: É só uma possível solução. Não quer dizer que é garantido, não quer dizer que é a única. Tudo bem? — Perguntou antes de, enfim, virar a carta de cabeça para cima.

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— ...Estava demorando para essa aparecer. — Tshilaba murmurou, com um riso rouco que ecoou abafado pela tenda. — Ela também costuma vir bastante, se quiser saber. É A Morte. — Apresentou, enquanto se encostava devagar contra as costas da cadeira, coçando a bochecha com a ponta de uma das longas unhas pintadas de vermelho. — Mas, não leve ao pé da letra. — Acrescentou, sem pressa, balançando a cabeça com gentileza. — Morte não significa a morte, propriamente dita. — Disse, se endireitando na cadeira. — Morte é a carta que representa a transformação, a passagem de um estágio para o outro. Ela retrata o final de um ciclo desgastado, para que um novo e firme possa resplandecer no seu horizonte. — Desenvolveu, esticando uma das mãos para apontar a donzela de madeixas douradas. — Essa carta diz que você precisa deixar o seu passado para trás, Karinna, e se entregar ao novo, se permitir que as novas experiências transformem sua vida e limpem os tormentos que sussurram na sua alma. — Pontuou, com convicção.

— ...Pois é assim, e só assim, que você pode verdadeiramente superar e tomar as rédeas da balbúrdia psicológica que urra no seu âmago. — Acrescentou, apoiando a mão com delicadeza sobre a ferida da moça, a suavidade do toque malmente podendo ser percebida por sua vítima. — ...Você sente, não é? Ela grita. — Disse, em baixo tom, quase como se segredasse para a própria consciência da criminosa. — Sua essência grita, Karinna Bley. — Reafirmou, incisiva.

— ...E você precisa deixá-la se libertar.

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O amanhã é efeito de seus atos. Se você se arrepender de tudo que fez hoje, como viverá o amanhã?
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E, então, começou.

O estômago, agora já embrulhado, servia como previsão para a tempestade que se formava dentro de mim, com suas nuvens escurecidas expandindo-se conforme cada palavra saía da boca da mística mulher. Conseguia sentir suas pesadas camadas percorrendo minhas veias e dançando junto às súbitas injeções de adrenalina e cortisol, formando uma percussão que abaixava minha pressão a cada segundo que se passava. Uma hipérbole, é claro, mas minha existência naquele minuto se resumia inteiramente a isso: o exagero das emoções, sempre tão mal controladas por mim, turbilhoando meu consciente diante de, bom, algo tão simples quanto uma leitura de tarô. Os dedos, entrelaçados aos do Ranger, tremiam, por mais que eu tentasse impedi-los de fazê-lo para que ele não percebesse. Meus inquietos pés batiam levemente arrítmicos contra o chão, segurando em suas pontas a urge que minha cabeça tinha de simplesmente levar dali e sair correndo. Não me entenda mal, eu mesma me coloquei nessa situação, mas era difícil escutar — o que eu considerava — verdades sobre mim.

Primeira carta.

Tinha certeza que uma hora ou outra algo sobre esse assunto viria à tona. Brigar e travar uma guerra com o Etéreo era recente, mas sempre maldizia e culpava Arceus em toda oportunidade que tinha. Encontrá-lo em seu próprio umbral, honestamente, magnificou ainda mais esse ódio dentro de mim... Que tipo de ser sádico faz tudo aquilo que ele fez com a minha vida?

"Espiral de amargura". Ha! Eu sou a personificação da amargura, Madame Tshilaba. Que outro caminho eu poderia ter seguido se não esse? Onde tudo que eu amo é tirado de mim em algum ponto da minha vida? Natalie só voltou porque não morreu, como achei que tinha acontecido antes de vê-la na Battle Tower; quer dizer, quando sua família inteira morre de uma vez e sua melhor amiga desaparece por anos sem deixar rastros, o único pensamento que uma criança/adolescente consegue ter é que de todo mundo que se aproxima dela acaba sendo levado embora, de um jeito ou de outro, certo? "Deus" tirou minha infância, minha adolescência e, bom, agora também a idade adulta de mim, arrancando das minhas calejadas mãos a chance de ser feliz uma única vez na vida. Percebi, também, que a carta parecia ter correlação com outras coisas maiores que eu, como a organização que faço parte. Veja bem como uma coisa está relacionada a outra: se não fosse pelo desgraçado que dizem reger o mundo, eu não estaria nessa situação. Se só posso ser aceita onde outras almas perdidas se reúnem, que seja. Os olhos uma vez mais fitaram Daisuke tentando traduzir o que as cordas vocais jamais teriam coragem de deixar a boca explicitar: sou uma Rocket e não tem para onde correr, mesmo que isso eventualmente entre no caminho de algo que, talvez e somente talvez, possa me fazer feliz.

Segunda carta.

Se antes a breve memória da minha mãe e da minha avó já me incomodava, a segunda leitura fez meus olhos marejarem imediatamente. "Dissolvendo como pó na água" foi como um soco profundo no estômago: o uso das palavras perfeitamente ilustrava a forma como a perda mais importante da minha vida aconteceu. Eu tinha e, repentinamente, perdidas em meio ao oceano, já não tinha mais. Engoli seco, respirando fundo em seguida; apertei mais a mão do ruivo, agora levantando-as com os dígitos entrelaçados e colocando-as sobre minha coxa, trazendo o dorso da grande mão do Ranger e pressionando-a contra meu estômago. Sabe-se lá o porquê de ter feito isso, mas, de alguma forma, me tranquilizou. Conseguia sentir duas únicas lágrimas conseguirem escapar da prisão aquosa que se formou em ambos olhos, escorrendo pelas bochechas e ficando presas uma vez mais, agora no queixo.

Me diz como me libertar da única época onde fui feliz de verdade? Como deixar a memória das duas pessoas mais importantes da minha vida para trás? Tem dias que eu não consigo lembrar o tom de voz da minha avó... Alguém sabe o que é isso? Lutar para que a lembrança não se perca com o tempo e se culpar por ter esquecido uma única característica dela?

...

Como deixar esse fantasma ir?

Terceira carta.


Essa eu demorei um pouco para entender. Sempre tomei as rédeas da minha vida, certo? Sempre precisei. O problema está especialmente em deixar para trás os medos, a auto-sabotagem... Ha, se tem alguém que se auto-sabota, essa pessoa sou eu. Alguns minutos atrás eu queria desmarcar tudo e simplesmente fugir, né? Não dá nem para fingir que não.

A pausa de Tshilaba foi mais do que essencial para eu tentar colocar minha cabeça no lugar. Muita informação combinada com a guerra que a cabeça travava consigo mesma era demais para mim. Suspirei, erguendo a cabeça brevemente e observando o teto da tenda por alguns segundos: como deixar de ser essa explosão de adrenalina que sou? Quer dizer, saber controlar as emoções é o mínimo que eu deveria saber fazer, né?

Quarta carta.

Durante a leitura, os olhos voltaram-se imediatamente para Daisuke e encontraram as janelas alaranjadas me encarando de volta. Céus, já disse que me derreto inteira toda vez que isso acontece? E sabe o melhor? Agora já não mais me envergonhava em fazê-lo. Não aceitar meus sentimentos é uma realidade quase que palpável, já que acredito veemente que todos que se aproximam de mim se machucam, mas... Será que esse garoto é maluco o suficiente para pagar para ver? Quem em sã consciência faria isso?

Ainda mais... Por mim.

Um sorriso despontou do meu rosto e os olhos apertaram-se vagarosamente em uma longa piscadela. Apertei mais forte a mão do ruivo, ajeitando meu corpo na cadeira de forma que trouxesse a minha para mais perto da dele — quase fazendo a cadeira tombar, inclusive, mas não precisamos falar sobre isso — tudo para poder deitar minha cabeça sobre seu ombro, voltando minha atenção para Tshilaba e dando uma leve risada quando disse que não precisava se prolongar no assunto.

De fato, nada mais precisava ser dito, né?

Quinta e última carta.

A morte.

Claaaaro que tinha que ser a morte. Por mais que a carta não tivesse o significado literal da palavra, era quase que irônica ela surgir dentre tantas opções, ainda mais que nos últimos meses tudo que queria era encontrá-la de uma vez por todas. E, no final das contas, quase consegui.

As palavras que Madame dizia ecoavam na minha cabeça... Deixar o passado para trás. Mas como? Nunca soube deixar nada para trás. Tudo sempre se acumulou no meu âmago, como uma cama de gato onde não importa o que eu fizesse, jamais conseguiria ajeitá-la. Sei que agora tenho minha irmã de volta, alguns amigos que se importam comigo e... Daisuke — eu acho. Mas ainda assim, sequer sei por onde começar. Um recomeço era tudo que eu precisava. Que merda, há tanto tempo não sei o que é me sentir esperançosa que sequer sei como lidar com isso.

— Obrigada. — foi tudo que consegui dizer com a voz quebrada na direção da mística mulher; a cabeça, ainda deitada sobre o ombro do Ranger, virou-se levemente de forma com que conseguisse olhá-lo uma vez mais — ...  — os rostos, agora tão próximos, tinha certeza que tornavam possível o ruivo sentir minha respiração ofegante batendo em seu fronte — Er... — as quatro orbes conectadas como se fossem uma só, mesclando meu cintilante azul com seu crepúsculo laranja; lembra que eu disse os olhos do Ranger me lembravam o horizonte? era exatamente isso que nossos olhares combinados formavam, um horizonte onde o nascer da tranquila estrela central abraçava o caótico e infinito oceano — ... Eu disse que você não ia gostar de saber. — sorri, voltando minha atenção para a mesa de Madame Tshilaba — Sua vez, implicantezinho.

Por fim, sabia que teria que sair daquela leitura direto para terapia, mas agora era hora de saber...

O que será que Daisuke tinha escondido dentro do peito?


bronzor: 23/40
pichu: 08/30



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Bônus:
- Especialista II Psychic;
- Gestora Rocket:
- Skill Rocket: Queimando a Largada! (+3 Atk; +3 Sp. Atk para Pokémon em batalhas);
- Skill Rocket: Aprendizado Prático. (20% a mais de EXP em batalhas durante uma Missão Rocket);




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