[Akai Ito] – Doll Fanfest –

Maldito Diabo Ofegante, tomando de mim aquilo que nunca me pertenceu.

...

Enfim, veja, haviam muitas perguntas a serem feitas naquele momento - tipo, uh... Por que e como Lisanna tinha conseguido simplesmente enfiar a companheira quase que totalmente debaixo da terra, dado no pé sem ninguém perceber, e simplesmente abandonado a outra lá? Que tipo de interação aquelas duas estavam tendo no parque, se parte do tempo juntas envolvia largar a outra na arqueologia e se mandar? Que tipo de jogo a dona de loja estava planejando apresentar para a albina? Essas e outras perguntas só poderão ser respondidas num futuro próximo, provavelmente no Poke Repórter da sexta, então é melhor nem pensar muito nelas ou acabaria só atiçando uma curiosidade desnecessária que simplesmente não teria resolução.

— Ela... Te enterrou? — Ei, Dona Chase, você não está obedecendo as regras do jogo! Assim não tem graça, tem? Ugh, sua teimosa. — Por quê? — Pronto. Tá feliz agora, que perguntou? Sua banana. Espero que não consiga a resposta, pra deixar de ser tonga. Enfim, o fato é: As sobrancelhas franzidas eram a menor das preocupações naquele momento e, bem, logo um funcionário apareceu para apressar a Tesourinho (?) a sair da atração, considerando que não era mais sua vez. A ruiva, então, trocou um breve olhar com seu Cryogonal, que manteve-se passivo a maior parte da situação; Os orbes acinzentados também acabaram encontrando os de Drac, e a treinadora se dispôs a secar o rosto e limpá-lo uma última vez antes de se dar ao luxo de começar a seguir a outra, os passos atrasando-se em alguns segundos para que se mantivessem ao lado do moreno. — ...Você acha que... — Fungou, ainda um pouco afetada pela pequena crise de outrora. — ...Que elas brigaram? — Ponderou, meio sem jeito e em baixo tom, na esperança de que Flora não ouvisse. Não só isso; A moça se permitiu encostar o rosto com delicadeza no braço do unoviano, em busca de um ninho e conforto discretos para que o próprio coração pudesse se acalmar após aquela cena quase digna de novela. Ugh...

— Tá tudo bem com você, Flora? Tá machucada? — Quis, então, saber. Era fato que estava meio sem jeito na frente da garota - tanto pelo receio do choro ser perceptível, quanto pelo fato de que era simplesmente a primeira vez que se encontravam -, mas não custava nada perguntar, né? — Seu pokémon não tá com você? Ele não podia te ajudar? — Acrescentou, devagar, com cuidado nas palavras. Particularmente, não queria que a atenção da outra acabasse recaindo em si e nos possíveis olhos vermelhos/marejados, então logo tratou de trabalhar para evitar que isso acontecesse: — Olha, tem um tiro ao alvo ali. Não quer descontar a raiva? A gente vai junto. — Ofereceu, deixando escapar um sorriso desajeitado. Não tinha perguntado ao rapaz se ele desejaria ir, mas... Não acreditava que ele se oporia, até porque: Era um parque de diversões, ué!

Não tinha problema se divertir.
Né?

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...Certamente, aquele não era o tipo de história que esperaria receber de um simples, singelo e tranquilo (?) dia de parque.

Os orbes acinzentados de Chase se mantinham sobre Flora, e as sobrancelhas se erguiam e franziam em reação correspondente ao relato da irmã de Torres, e a moça se questionou a respeito de quanto tempo elas pretendiam ficar nessa brincadeira esquisita de "dar o troco" considerando que, huh, aparentemente esse lance todo já tinha passado um pouco longe de ser saudável - mas, óbvio, não ousou dar um único pio a respeito, pois não tinha certeza se a fúria da outra poderia acabar se alastrando e abatendo também sobre si, que absolutamente nada tinha a ver com aquela história toda.

— Então... Ela simplesmente te esqueceu aí, ou foi de propósito? — Ainda não tinha entendido bem aquela parte, mas tinha a sensação que somente Lisanna poderia verdadeiramente responder essa pergunta... Sua questão acabou sem resposta, no fim das contas, pois finalmente a moça pareceu se dar conta de que estava sem seu companheiro(a) de aventuras e que, por incrível que parecesse, a menininha do Togepi aparentemente tinha o encontrado e levado de prêmio da atração de arqueologia. A ruiva piscou quando Flora se afastou para tentar reaver seu pokémon, e acabou deixando escapar um riso meio nervoso, balançando a cabeça em negativa: — Acho que essas duas tão tendo uma tarde bem mais agitada que a nossa, né? — Comentou com o moreno, um sorriso breve pintando o rosto - as memórias desenterradas dentro da atração pré-histórica finalmente parecendo se acalmar, as preocupações dissipando-se de seu coração atormentado, mesmo que temporariamente. — Será que elas são sempre assim? É meio estranho ver por esse ângulo, ao invés de só uma conversa no Pokézap... — Disse, apoiando a bochecha no braço do maior, um suspiro calmo escapando da garganta enquanto as costas dos dedos afagavam com gentileza o dorso de sua mão.

Não muito tempo depois, a dona de comércio voltou, felizmente com sua Cubone em mãos, quase tão suja de terra quanto a própria dona. Sabe, estava começando a pensar que aquela garotinha com o filhote de Cupid tinha alguma importância a mais do que poderia imaginar, considerando que esbarravam nela praticamente o tempo todo... Ou será que seria só caraminholas de sua cabeça? Fosse como fosse, duvidava que teria sua resposta por agora, então também deixou o assunto de lado por ora.

— Que tal você dar uma ajuda pra gente? — Sugeriu, dando um passo à frente e apoiando com delicadeza a mão sobre o ombro da outra, com uma hesitação tímida - afinal, não tinha tanta intimidade com a mulher e sequer ideia se ela gostava de contato físico mas, oras, vamos lá... — Assim, você se distrai um pouco disso tudo. Vem, com certeza adoraríamos um pouco de companhia. — Disse, gentil, franzindo com suavidade a ponte do nariz e a encaminhando para a barraca, trocando um breve olhar ameno com Valassa; Bem, não acreditava que a perda de "privacidade" seria drástica por uma única atração, então não imaginou que ele se incomodaria... Esperava estar certa, pelo menos. — Como que funciona isso aqui? — Perguntou, ao finalmente parar em frente do tiro ao alvo. Será que era o tipo de brinquedo que dava uma pelúcia grandona se você acertasse as coisas? Enfim...

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Se sentia obrigada a concordar com Luch - de fato, se havia uma palavra para descrever toda a situação narrada por Flora, loucura certamente deveria ser a melhor de todas. A moça riu, não só pela excentricidade da situação, mas também ao se deparar com o cenho franzidíssimo do companheiro; Quando ele riu, porém, a própria risada acabou se esfacelando ao vento, os orbes acinzentados passeando por sua expressão enquanto o sorriso desenhava-se no rosto, sereno, recordando mais uma vez quão aquecido o seu coração ficava ao testemunhar o riso tranquilo do companheiro, o jeitinho suave que sua expressão se torcia em graça - percebeu, mais uma vez, um dos tantos motivos pelos quais tinha se...

...Apaixonado?

...

A cabeça se balançou, suave, e a moça limpou o rosto com as costas da mão pela última vez, suprimindo definitivamente a represa que há pouco estourara durante a atividade de escavação. Ouviu os comentários do moreno a respeito do lance de vitória e, ainda que silenciosamente, concordou sem pestanejar a respeito da falta do tal flerte para consigo; Entretanto, a atenção logo volveu para o projeto de risada maléfica interpretada pelo unoviano diante da possibilidade de "sair por cima" e, diante disso, a ruiva se dignou a estender os dedos e apertar com gentileza a bochecha do companheiro, num gesto de graça que arrancou-lhe um riso bobo, principalmente com a piscadela que recebeu a seguir.

— Nem me fala de sorte. Mas olha, até que a gente não tá tão mal... — Comentou, tranquila, enquanto seguia a irmã de Tyrant na direção da barraca de tiro (ainda que, tecnicamente, a moça parecesse perdida num primeiro momento). Felizmente, o caminho não foi tão longo assim - e a primeira surpresa foi que a garota logo se dispôs a pagar por suas "entradas", fosse por uma iluminação de bom coração ou simplesmente para agilizar o processo. — Que isso! Não precisa não, Flora... — Encolheu os ombros, discreta, trocando um brevíssimo olhar com Valassa. — Mas, hmm, obrigada...? — Disse, após breve hesitação.

...E então, bem, uma cena digna de novela.

Chase observou sem saber ao certo se deveria ou não se meter enquanto o homem da barraca praticamente ralhava com a morena pela confusão protagonizada anteriormente e, mais importante, a relembrava que ela agora estava banida de participar da atração. A ruiva ponderou consolá-la e talvez até deixar a brincadeira pra lá quando a coitada simplesmente se arremessou no chão e agiu como se houvesse perdido algum tipo de prêmio escandaloso para aceitar um mísero centavo em alguma tenda de troca-surda (?) mas, huh, acabou que bastou um "mas você pode acompanhar" que a comerciante saltou e se dispôs a instrui-los a respeito de todo o funcionamento do tiro-ao-alvo.

— ...ãããã... — Deixou escapar, balançando brevemente a cabeça ao finalmente colocar as ideias no lugar. — Eu... Acho que posso ir? — Disse, sem jeito, remexendo os dedos e trocando mais uma vez um olhar hesitante com Drac antes de tomar a dianteira e pegar a arma com uma das mãos, apertando o gatilho com sutileza para poder testar a pressão antes de observar as caixas dispostas à frente. De cara descartou as menores, pois não sabia se conseguiria acertar o alvo em cheio; Mirou uma média pra maior, verdinha, que encontrou um pouco mais do lado direito, apertando uma das pálpebras e mirando na tentativa de acertá-la com o jato d'água.

Não sabia se teria sorte...
Mas sabia que em breve teria de passar a vez para Luch, então...

Vejamos.

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