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When the bonds are good, the rest don't matter

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Pela primeira vez desde que Koji surgiu, o felino azulado decidiu que era seguro sair de perto de Yoshiro. A menina provavelmente teria verbalizado um “auhn”  decepcionado por não poder mais levá-lo nos braços, se ainda não estivesse tão desnorteada com tudo que vimos e ouvimos nos últimos minutos. Por sorte, ela escondia bem: não deixou a criança notar a gravidade da situação em que estávamos, e apenas respondeu com um sorriso aos doces dizeres dela, acenando a cabeça em confirmação.

Com a pequena comitiva de busca e resgate formada, o morador do Dreamy Lake fez questão de lembrar-nos que não podíamos continuar ali por mais tempo. Um breve aceno de sua estrela cor-de-rosa foi convite mais que suficiente: logo estávamos todos andando por uma trilha que, admito, não me era tão familiar assim. Provavelmente não viemos desse rumo da primeira vez… ah, mas isso não importa. É impossível nos perdermos com o dono da casa guiando o cortejo, não? Por isso, durante o começo do trajeto, meu único foco foi dar atenção à nossa pequena e risonha acompanhante.

As gotas congeladas caíam sobre o solo, desfazendo-se em pequenos brilhos. Nada grandioso - um juiz de Contest certamente infartaria de desgosto -, porém era suficiente para fazê-la gargalhar em pura alegria e encantamento. Aplaudia-me e pedia para que eu repetisse o truque, e logo outro Ice Beam era lançado aos céus. Brincando, eu fazia uma reverência toda vez que a menina começava a bater palmas, e às vezes me exibia com uma ou outra acrobacia, as quais eram recebidas com igual entusiasmo. Em pouco tempo, eu já estava rindo também, deixei-me levar tanto pelo jeito divertido da criança que quase me esqueci dos arredores.

Até ouvir os humanos mais velhos começando a conversar, alguns metros atrás de nós.

Há três semanas… ela não precisava disso…? Descuidei-me em uma das aterrissagens, minhas patas escorregaram no gelo que eu mesmo tinha formado e isso quase me levou ao chão. Por sorte, consegui recuperar o equilíbrio antes de passar alguma vergonha maior, mas já não era isso que me preocupava. Está me dizendo que há tão pouco tempo essa garotinha conseguia respirar sem as máquinas? Então… como ela piorou assim?

Forcei-me a continuar parecendo descontraído, no entanto, as brincadeiras eram a última coisa na minha mente. Era difícil fingir que as palavras de Koji não me alcançavam os ouvidos. Mais difícil ainda era acreditar nelas. Vez ou outra minhas patas ameaçavam vacilar, e eu tinha que lutar contra o impulso de correr até os adolescentes e garantir que estava ouvindo a história direito. Duas semanas... Isso é tudo o que essa criança tem?

O pesar na voz do menino foi uma confirmação irrefutável. Olhei para Yuki, que ainda ria com todo o entusiasmo que alguém da sua idade pode ter. Ela parecia… feliz. Apesar do desafio que cada passo lhe impunha, apesar de mal conseguir respirar sozinha. Apesar de estar com os dias contados. Parecia-me tão, tão errado pensar que, daqui a alguns míseros dias, aquela risada nunca mais seria ouvida por alguém…

- Eu sinto muito, Koji… - Foi a primeira coisa que ouvi minha humana dizer. Arrisquei um discreto olhar para trás, e vi que Yoshiro estava com a cabeça baixa. Suas mãos, fechadas com força, tremiam, mostrando que também estava tendo dificuldade em aceitar aquela frígida revelação. E se é chocante para nós, que acabamos de conhecê-la… não consigo imaginar como está sendo para aquele humano. - Perdão por ter te dito aquelas coisas… você não merecia ouvir aquilo.

O leãozinho cutucou-me, dizendo que eu não deveria dar atenção àquilo. Era difícil, depois de ter mais uma amostra do quão dura a realidade é, porém fiz meu melhor para continuar entretendo a garotinha. Nesse momento, acho que isso é tudo que posso fazer por ela, não é?

- Eu sempre acreditei nele, sim… mas não consigo entender porque faria uma crueldade dessas. - Balançou a cabeça negativamente, suspirando antes de erguer os olhos ao céu, da mesma forma que Koji havia convidado-a a fazer. Eu não podia olhar a face do rapaz sem me virar mais do que devia, contudo, sua voz denunciava o quão quebrado ele estava. Pela primeira vez, me arrependi por tê-lo tratado mal.

- Isso é… tão injusto. Eu entendo porque você fez aquilo, Koji… se foi errado ou não, não importa agora. Vamos consertar tudo, e depois ainda realizaremos o desejo dela.- Enquanto falava, a menina esperou que ele descruzasse os braços e segurou gentilmente uma das mãos do rapaz, entrelaçando seus dedos nos dele. - A Yuki é um amor de menina… tenho certeza de que algum gatinho desses vai querer acompanhá-la. Posso ajudá-los a encontrar um. E, depois disso… vamos todos dar a ela o melhor dia que já teve, certo? - Conseguiu forçar um sorriso fraco, e notei que ela estava se incluindo nisso. Talvez não pudéssemos fazer nada demais, contudo, dava para ver que Yoshiro realmente queria ajudar e que não deixaria tudo sobre as costas de Koji. Enquanto esperava alguma resposta do garoto, volveu seus olhos para a criança que ainda se divertia conosco. Alheia à conversa que ocorria tão próxima. Alheia ao seu próprio tempo, o qual vorazmente se esgotava.  - É o mínimo que ela merece de nós.

Um outro cutucão do felino foi suficiente para eu notar que já estava encarando demais. Antes que Yuki estranhasse, fingi que estava apenas me preparando para um outro salto: dessa vez, um mortal para trás. Se eu sei fazer algo assim? É claro que não. Mas ela tem seis anos, posso fazer qualquer coisa e fingir que foi um mortal, duvido que vá notar a diferença.

Ao fim da minha pseudo-acrobacia, acabei caindo de frente a um arco coberto por vinhas. Demorei um par de segundos para reconhecê-lo. Ele não era assim antes… nem essas árvores, que agora pendem tão pálidas e murchas. Era um lugar tão bonito, tão… mágico. Agora, é como se a própria magia estivesse enfraquecida pela dor da perda, ainda lamentando por ter tido uma parte de si arrancada.

- Este lugar… - Yoshiro não se deu o trabalho de completar a frase; tão abismada quanto eu. Seu olhar ia de um canto ao outro, inquieto, procurando por qualquer traço de esperança em meio àquele local desolado. Não encontrou nenhum. Mordendo o lábio inferior, ela baixou a cabeça e indicou a Koji e Yuki que deveríamos atravessar o portal. Foi na frente, sem se atrever a erguer os olhos. Hesitei um pouco antes de segui-la. Se o tão belo corredor de antes está assim… eu realmente tenho medo de ver como o resto do lago está.


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Última edição por Hanakko em Dom Nov 22 2020, 23:37, editado 1 vez(es)

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the rest don't matter
Sem vida.

Duas únicas palavras, onde uma anula completamente o grande significado por trás de outra, tirando todo seu brilho, majestosidade e imponência. Tal qual um temporal devora dias ensolarados, Dreamy Lake estava ali, diante de todos como somente uma sombra do que era poucas horas atrás. O templo de Hatterene estava destruído em fúria, com suas rochas e pergaminhos reduzidos à pequenos fragmentos que, de tão miúdos, passeavam como feno pela gélida brisa que passava, ora leste, ora oeste. A chuva mantinha-se fina, dançando quase que em horizontal, quase tão tristes quanto o panorama aquoso que inerte como uma pintura lamuriosa jazia à frente de Yoshiro. Na beira d'água o já conhecido barco de madeira, intacto, idêntico ao que a treinadora desbravou seus medos junto com Ren; a unica diferença sendo uma enorme barreira translúcida, que brilhava por conta das gotículas que caíam sobre sua redoma, revelando sua presença.

— Nossa. — Yuki finalmente parava de andar, soltando seu carrinho de oxigênio e voltando seu olhar para Koji e Yoshiro; Shinx abaixava suas orelhas e seu semblante, mal reconhecendo o lugar onde vivia — Parece que está triste, né? — mesmo com toda dificuldade que possuía, a debilitada criança agachava, fazendo carinho na fraca grama — Tá tudo bem... — sussurrou, abrindo um leve sorriso; assim que se levantou de novo, utilizou sua máscara para respirar — ... Vai ficar tudo bem! — tornou a olhar para o par de morenos, mais especificamente para Yoshiro —Meu irmão sempre diz isso e eu sempre acredito, então, deve tirar um pouco da tristeza o lago também, né?

Koji engoliu seco, abrindo um leve sorriso para a irmã. Juntou ambas as mãos rente ao corpo, consentindo com a cabeça e voltando seu sorriso para a treinadora, como se agradecesse pela gentileza de concordar com Yuki. O pequenino elétrico parecia inconsolável, mas parecia estranhar alguma coisa. Sinalizou para que Sapphire o acompanhasse na frente e, após se aproximar do barco, deu um único pulo para trás em susto. Duas sombras arroxeadas começavam a rastejar pelo solo; por sorte, revelaram-se rapidamente em dois monstrinhos já conhecidos, Tico e Teco. O casal de Sableye acenava para Mudkip, comentando em seu idioma ininteligível que Naomi já havia entrado para dentro da redoma, deixando os dois ali para avisar Yoshiro e não deixar ninguém além deles passar.

— E-eu causei tudo isso? — Koji sussurrou para Yoshiro, abaixando a cabeça — Mas o Shinx já está de volta aqui, não era para tudo estar de volta ao normal? — caminhou na frente, erguendo sua mão e aproximando-a da barreira invisível — Se-

O moreno interrompeu a própria fala, já que assim que ousou tocar a redoma translúcida, parte dela se desfez em arco, grande o suficiente para todos adentrarem-na. Koji fitou o barco por alguns momentos, até olhar para Yoshiro de volta; respirou fundo, pegando o carrinho de oxigênio de Yuki com um braço e a pequena no colo com a outra.

— Se importa de ajudar rapidinho? É só manter o barco estável enquanto eu coloco ela dentro. — perguntou para a treinadora, com um sorriso desconfortável no rosto — Se é para eu pagar pelo que fiz, eu pagarei. — disse em alto e bom som, com Yuki não entendendo muito bem, mas que já sentada na embarcação, esticava seus bracinhos para ajudar Sapphire e Shinx a entrarem; não que eles precisassem, mas quem negaria sua simpática ajuda? — Vamos.

A barreira translúcida se fechava atrás de nossos heróis assim que todos subiam no barco, com os fantasmas acenando em despedida para todos, retornando para o solo, imperceptíveis como dois tímidos guardiões. Agora do lado de dentro, Dreamy Lake ainda possuía algumas similaridades com o que Yoshiro conhecera, mas passando bem longe de toda magia que emanava de suas águas, estas com um tom cor-de-rosa tão fraco que quase não era perceptível para diferenciá-la de um lago comum. A névoa cobria parte do norte que Koji remava; abrindo-se aos poucos conforme o barco a encostava. Nada aconteceu por uns bons minutos e, quando acreditavam estar perdidos, uma leve música começou a ecoar das águas, ficando cada vez mais alta conforme seguiam. Os olhos de Yuki se arregalavam em surpresa, abraçando Sapphire e Shinx no processo, mas logo a pequena se acostumava e abria um sorriso de orelha a orelha, como se relaxasse ao ouvir o ecoar daquela melodia.

Mais alguns minutos seguindo o crescer da melodia e a névoa se dissipou por completa diante de todos curiosos olhos. Onde antes não havia sinal de nada além de água, era revelada a ilhota antes visitada por Yoshiro e Ren. Sua grama, árvore e folhas tinham o mesmo aspecto murcho e entristecido da entrada, com uma clareira formada pelo grande capim já praticamente morto. A surpresa vinha a seguir: em seu centro estava Naomi, de costas, debruçada e de joelhos sobre o que parecia ser Sra. Lee, deitada sobre o solo. Em sua volta, dezenas e mais dezenas pessoas translúcidas, uma mais do que outras, mas bem semelhantes as que Yoshiro vira quando em contato com seu passado e futuro; inclusive, ao lado direito e com a cabeça baixa, estavam ambas memórias da morena, com a pequenina Yoshiro abraçada com o gigante Swampert. A futura Yoshiro, ao perceber a presença de sua versão do presente, somente consentiu com a cabeça, limpando uma lágrima que escorria de seu rosto e abrindo um sorriso agridoce. Ao lado de todas aquelas dezenas e mais dezenas de pessoas estavam também os pequenos monstrinhos nativos, bem como Hatterene, que desolada, encostava sua única mão-chapéu sobre o ombro de Naomi. Shinx rapidamente correu até seus conterrâneos, sentando-se e abaixando a cabeça em respeito.

A responsável pela atração de espelhos voltou seu olhar para trás, somente para mostrar seu rosto, rubro e completamente coberto por lágrimas. Suspirou, estendendo uma das mãos na direção de Yoshiro, Koji e Yuki. O garoto estava estático com tudo aquilo, mas a criança em um único salto assim que o barco atracou, deixou seu oxigênio para trás e correu até Sra. Lee e Naomi, sentando-se ao lado da senhora.

Dreamy Lake não estava irritado.

...

Todo esse tempo, Dreamy Lake estava de luto.



Progresso da Rota :




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Bônus:
- Especialista II Psychic;
- Gestora Rocket:
- Skill Rocket: Queimando a Largada! (+3 Atk; +3 Sp. Atk para Pokémon em batalhas);
- Skill Rocket: Aprendizado Prático. (20% a mais de EXP em batalhas durante uma Missão Rocket);




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Seguindo o exemplo da minha treinadora, atravessei o portal de cabeça baixa, sem saber se estava pronto para encarar o que nos aguardava do outro lado. As gotas de chuva caíam sobre mim em um ritmo moroso e triste, como se quisessem avisar-me que não, eu não estava. Forcei-me a erguer o olhar, apenas para encontrar algo ainda mais devastador do que eu esperava. Jamais conseguiria imaginar o Dreamy Lake, que há poucas horas vi tão majestoso e pleno de vida, arruinado daquela forma.

Yoshiro recuou alguns passos, o espanto em suas feições parcialmente escondido pelos fios negros que caíam sobre o rosto, balançados pela mesma brisa a qual carregava os restos do templo. Era assustador ver a imponente construção em ruínas, sem nenhum sinal da sua guardiã. - Não pode ser… - A menina virou-se em direção ao lago, cujas águas pálidas e abatidas em nada lembravam o rosa deslumbrante que vimos da primeira vez. Se o Dreamy Lake parecera saído de um sonho, aquela nova face era mais perturbadora que qualquer pesadelo. Apenas a canoa continuava ali, inalterada - uma lembrança tão familiar que chegava a ser dolorosa.

A melancolia daquele lugar afetou até mesmo a pequena Yuki, que abaixou-se para tentar consolar a grama. Suas palavras eram doces e esperançosas, porém soavam igualmente tristes depois da conversa que ouvi. Yoshiro tentou seu melhor para forçar um sorriso e, embora não tenha tido tanto sucesso, concordou com os dizeres da criança com um aceno de cabeça. Quando Koji sorriu-lhe em agradecimento, a atenção da menina já havia se voltado ao lago, encarando-o com um semblante tão triste que me fez temer que ela começasse a chorar de novo, bem ali. Se para mim é difícil ver esse lugar assim, para a humana deve ser ainda mais.

Yoshiro não era a única inconsolável ali. Shinx - foi assim que Koji o chamou? - parecia ainda pior. No entanto, o leãozinho também foi o primeiro a notar a presença de dois fantasmas bem camaradas no barco. Acenei de volta para Tico e Teco, ouvindo com atenção enquanto eles me explicavam que Naomi já tinha ido na frente. Isso, aliás, me traz uma dúvida de volta à mente. Se aquela mulher tem dois fantasmas mega-evoluídos e muito mais fortes do que qualquer Pokémon que Yoshiro carrega consigo… então pra que diabos ela precisa da nossa ajuda?

Não faz muito sentido… bem, não que eu vá reclamar. Após tudo que vivemos aqui, sinto que é nosso dever ajudar o Dreamy Lake a se recuperar. E, se isso implica acalmar uma divindade em fúria e provavelmente super-poderosa… então faremos isso, de um jeito ou de outro. Com um mísero toque, parte da barreira se abriu, então supus que estávamos autorizados a entrar. Observei enquanto os adolescentes colocavam Yuki com cuidado dentro da canoa, e logo em seguida aceitei o gentil convite de ajuda que ela me deu. Mesmo em um momento tão caótico, aquela menina ainda conseguiu trazer um breve sorriso ao meu rosto.

- Te fazer pagar…? - Com todos já dentro da canoa, Yoshiro repetiu as palavras do rapaz, sem tirar os olhos da água. Eu não conseguia ler sua expressão, e o silêncio que perdurou por alguns minutos após aquilo já estava me deixando preocupado. Por fim, a garota suspirou e voltou sua face para Koji, abrindo um sorriso sincero pela primeira vez desde que atravessamos aquele portal. - Não, o lago não é assim. - Pronunciou com uma certeza surpreendente, considerando que ela própria não sabia tanto assim sobre o Dreamy Lake. Contudo, era mesmo difícil de acreditar que os Pokémons que vimos ali queriam vingança…

A fruta que minha dona carrega deve ser a maior prova da benevolência deles, não?

Dentro da barreira, a magia aos poucos voltava, ainda fraca e hesitante. Uma música começou a ecoar pelo ambiente, dando um susto em Yuki e fazendo-me soltar um riso fraco. Bem-vinda ao Dreamy Lake, pequena. A névoa também me era familiar - dispersava-se aos poucos, como se escondesse um segredo e só pudesse revelá-lo na hora certa. Yoshiro me puxou para o seu colo, apertando-me com força quando o nevoeiro enfim sumiu, dando lugar à mesma ilha que encontramos antes. Como Ren não estava ali, fiz o papel de trocar um olhar preocupado com a menina diante da cena que se desenrolava à nossa frente.

Certo… algo está indiscutivelmente errado aqui… alguém pode me explicar que comoção é essa? Quem raios são eles?

- Sapphire… e-elas são…? - Minha treinadora não conseguiu nem terminar a frase, e não posso tirar dela a razão. Bem ali, em meio a uma infinidade de pessoas - ou… memórias? -, consegui identificar duas figuras que nunca pensei que encontraria de novo. A primeira que vi foi a mais nova, abraçada ao meu “futuro eu” (francamente, o que foi que eu comi pra ficar desse tamanho?). Foi inevitável sorrir de alegria e alívio, tê-la ali me trazia tamanho conforto que por um instante esqueci de todo o resto. Estava prestes a correr até ela, quando o sorriso agridoce da versão mais velha desfez toda a minha bolha de esperança. Aquilo me fez notar o que já era óbvio: aquela não era uma reunião comum. E, ao contrário do que Yuki disse, não ficou tudo bem. Nada ficou bem.

Yoshiro não conseguiu responder à sua maior com nada além de um aceno hesitante e um olhar assustado. Por mais que quisesse ter mais tempo com ela - foi da sua versão futura que a menina mais relutou em se separar -,  aquele não era o momento certo. Bem no centro da clareira, encontramos Naomi. Era ao redor dela que todos os seres daquele lago, humanos e Pokémons, haviam se reunido. Na verdade, não exatamente ao redor dela... mas sim da senhora que jazia deitada no chão, com a loira de joelhos e curvada sobre ela.

Shinx correu para o lado dos outros Pokémons, e até Yuki pareceu esquecer-se da sua fraqueza para correr e sentar-se perto da mulher. A sacerdotisa estava lá, tentando dar algum conforto à treinadora dos fantasmas. Koji estava travado, sem saber como reagir. Já eu e Yoshiro lutávamos contra as peças daquele quebra-cabeça, as quais, mesmo se encaixando perfeitamente, formavam uma imagem que nenhum de nós dois queria aceitar. Não era real. Não poderia ser real.

Sra. Lee… por quê?

Quando a conhecemos (ah, parece que um ano se passou desde então), ela parecia tão cheia de vida. Carregava uma aura que nem sequer a passagem dos anos conseguiu enfraquecer. Como a mesma humana capaz de lançar tão profundo encantamento poderia perecer assim, de uma hora para a outra…? Saí daquele barco ainda sem acreditar nisso. Minhas patas cambaleavam, e mais de uma vez tive que me apoiar nas pernas de Yoshiro. Elas também não estavam nada seguras, mas eram tudo o que eu tinha no momento.

A expressão de Naomi ao nos olhar apunhalou o que restava da minha esperança. Corri para o lado da senhora, deixando minha treinadora paralisada um pouco atrás. Eu precisava vê-la… não conseguiria acreditar nisso de outra forma. E ver as feições gentis da idosa humana, agora sem vida, foi suficiente para fazer minhas patas perderem as forças. Caí sentado ao lado de Naomi, ainda em choque e incapaz de tentar consolar a mulher. Eu deveria fazer algo… ela deve ser a que mais está sofrendo com isso…

Sem dizer uma única palavra, Yoshiro andou até nós em passos hesitantes. Eu não estava com cabeça para analisar o estado dela, só creio que não era nada bom também. Sempre se apegou muito rápido aos outros, essa minha humana… especialmente àqueles que dão a ela tanto carinho e gentileza. Vi minha dona cair de joelhos bem ao meu lado, sem condições nem para tentar reprimir o choro que outra vez vinha à tona. Ela levou uma mão ao ombro de Naomi, olhando para a mais velha com tristeza, porém ao mesmo tempo tentando trazer-lhe algum conforto.

Depois daquilo, desisti de olhar o que a garota estava fazendo. Forçando meu corpo a obedecer, baixei minha cabeça até quase encostá-la no solo. A Sra. Lee foi a única no mundo para quem já fiz isso. A única que já julguei merecedora. E, naquele momento, jurei a mim mesmo que jamais me curvaria a qualquer outro humano.



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Última edição por Hanakko em Dom Nov 29 2020, 20:09, editado 1 vez(es)

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Imensurável é o tamanho da dor sentida ao vermos alguém indo embora. Velho ou novo, dizem as boas línguas que não importa o tamanho de sua jornada, mas sim o impacto deixado na vida de outras pessoas. Com Sra. Lee não era diferente. A grande comoção de memórias e monstrinhos que ali havia demonstrava o que qualquer um que a encontrasse sabia de imediato: aquela mulher havia marcado a vida de todos que conhecera. Dreamy Lake estava de luto, tomado pela fúria de perder alguém que amava e respeitava, mas agora consciente que, infelizmente, não há porquê lutar contra o destino. Não há nada mais triste que assistir mágica se reduzir a quase nada por conta da dor e tristeza que consumia seu âmago.

Naomi sentia a mão de Yoshiro em seu ombro, puxando-a quase que automaticamente para um abraço apertado. Cerrou suas janelas arroxeadas, deitando a cabeça no ombro da treinadora e debulhando-se em lágrimas e altos soluços que mais pareciam pedidos de socorro, completamente repletos de pesar. Yuki arrastou-se de joelhos até as duas, abraçando-as também. Koji, que finalmente saía de seu transe por conta de tudo que acontecia, pegava o aparelho respiratório de sua irmã mais nova, correndo até as quatro. Permaneceu em pé por alguns segundos sem saber exatamente o que dizer ou fazer, mas acabou abraçando todas em um grande abraço grupal.

Assim permaneceram por um bom tempo, até que um leve barulho cintilante começou a ecoar pelo lago. Imediatamente, todas as memórias e monstrinhos abaixaram a cabeça e reverenciavam o que estava por vir. Um feixe esverdeado passou rapidamente pelo céu pelos menos umas três vezes, até parar acima de todos presentes e revelar-se o pequenino Pokémon que Yoshiro encontrara logo após sua memória infantil. Apesar de um tanto quanto desconfiado, a atenção do lendário estava toda focada em Sra. Lee, descendo devagar até encostar sua testa na dela. Era possível agora Yoshiro prestar bastante atenção na fisionomia do gramíneo, que deixou uma única lágrima cair ao cerrar suas orbes cerúleas; a salgada gotícula d'água despencou sobre o sereno rosto da senhora, escorrendo por suas bochechas até encontrar o chão. No primeiro contato com a terra, parecia trazer de volta, gradualmente, toda a mágica que havia deixado Dreamy Lake, expandindo a cor-de-rosa que tornava vivo tudo que havia coloração fraca. Celebi abriu um leve sorriso, voando agora até Hatterene e agora encostando sua testa com a dela, como se dissesse que estava tudo bem.

Yuki observava tudo aquilo com brilhos nos olhos. E não era para menos: assistir um cemitério sem vida tornar-se um reino dos sonhos era, de fato, mágico, na mais pura forma da palavra. O lendário afastou-se da fada, somente para voltar seu olhar para Naomi, Yuki, Koji e Yoshiro, mais especificamente para a pequena, tornando a abrir um sereno sorriso, agora em sua direção. A infante suspirou, sorrindo de volta para ele, estendendo sua mão, a qual fora recebida pela do gramíneo. Permaneceram assim por alguns segundos, como se o Pokémon contasse algo a ela somente pelo seu olhar.

— ... Posso mesmo? — Celebi consentiu à pergunta de Yuki, a pequena voltava sua atenção para o irmão — Onii-san... — juntou ambas as mãos rente ao corpo — Ta-talvez esteja na hora de eu ir.

Bastou aquelas palavras serem ditas para Koji compreender do que se tratava. Os olhos do rapaz encheram-se de lágrimas, fazendo-o cair de joelhos sobre o chão, desolado. O moreno puxou a criança pelo braço, abraçando-a com força, repetindo diversos "não" que aumentavam de volume gradualmente. Presa pelos braços do irmão, a criança fitava Yoshiro por cima dos ombros que a segurava, dando um leve sorriso.

— Tá tudo bem. Olha, aqui eu não preciso desse aparelho bobo. — Yuki inspirou e expirou diversas vezes, algo impossível de fazer sem seu tanque de oxigênio; deitou a cabeça no ombro do rapaz — Você, mamãe e papai finalmente vão poder parar de sofrer. — seus olhos marejaram; enquanto isso, o lendário sorria afetuosamente, aproveitando para acenar para Sapphire, que o encarava — O Pokémon disse que posso ficar aqui quanto tempo eu quiser, até meu espírito estar pronto para seguir em frente. — finalmente a infante abraçava Koji de volta, o qual soluçava de tanto chorar dentre os diversos "não" que gritava — Eu sei que você roubou o leãozinho... Você acha que eu sou boba? — tornou a olhar para Yoshiro — Eu sei que ela não é sua amiga. Se você tivesse uma amiga bonita assim você teria me contado. — deu uma risada — E eu... — se afastou um pouco de Koji, agora que os braços do rapaz perdiam um pouco de força — Eu tô bem cansada de sofrer, sabe? Não conseguir nem trocar de roupa sozinha. — Yuki segurou o rosto do irmão pelas duas bochechas com a palma das mãos — Melhor aqui que na cama daquele hospital feioso, né? — a pequena abraçou o irmão uma última vez — Te amo, Onii-san. Lembra sempre de mim. Cuida do papai e da mamãe.

Naomi observava tudo aquilo com um olhar de compaixão estampado em seu rosto. Levou sua mão até a de Yoshiro, segurando-a bem forte e consentindo com a cabeça, como se dissesse, sem precisar vocalizar, que estava ali por ela. Koji caía de quatro no chão, apertando a pequena grama cor-de-rosa com toda força que tinha dentro de si, erguendo a cabeça logo em seguida:

— T-Também te-te amo. Você não merece sofrer ma-mais.— soluçou mais alguma vezes dentre seu choro profundo — Não esquece de mim, tá? — Koji sentou no chão, voltando seu olhar para Yoshiro e abraçando-a repentinamente, completamente desolado — ...

Yuki sorria, acenando para Yoshiro e Sapphire em despedida, esticando sua mão para que o lendário a segurasse novamente. Assim que o lendário assim o fez, um leve instrumental começou a ecoar por todo Dreamy Lake, não demorando muito para que todas memórias e espíritos ali presentes começassem a iniciar um coro de vozes magníficas, entoando uma belíssima canção sobre perda e memórias. Koji soluçava deitado no ombro de Yoshiro, com Naomi abraçando os dois também em prantos por conta de toda carga emocional que ali teve lugar. Uma energia cor-de-rosa começava a envolver a pequena Yuki, que deitava no chão aos poucos, mas nunca sem tirar o sorriso de seu rosto. Livre, liberta, desacorrentada. Todos sinônimos, mas que para a pequena, que teve sua vida mudada em um piscar de olhos, todas elas significavam coisas diferentes; um sentimento maior que o outro de, finalmente, poder voltar a ser somente uma criança normal, mesmo que em outro plano espiritual.

O que é um filhote sem poder correr e se divertir, não é, Sapphire?

Uma leve brisa tratava de levar diversas as folhas cor-de-rosa revitalizadas por todo o local, com as nuvens no céu abrindo-se em uma clareira de raios solares para que a estrela central iluminasse somente aquele espaço onde Yuki e Sra. Lee estavam deitadas. Aos poucos um pequeno brilho formava-se ao lado do lendário, juntando-se em duas figuras diferentes, a criança e a senhora, agora em forma espiritual. De mãos dadas, Lee acenava para Yoshiro e Naomi, consentindo com a cabeça, como se dissesse que estava tudo bem, abrindo um sorriso de gratidão. Yuki fazia o mesmo, abraçando as coxas da senhora, que dava uma leve risada; viraram de costas e, ainda de mãos dadas, começaram a caminhar para dentro do bosque cor-de-rosa, desaparecendo à visão dos quatro que não pertenciam ao Dreamy Lake.

"How does a moment last forever?
How can a story never die?
It is love we must hold onto
Never easy, but we try
Sometimes our happiness is captured
Somehow, our time and place stand still
Love lives on inside our hearts and always will"


Progresso da Rota :




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Bônus:
- Especialista II Psychic;
- Gestora Rocket:
- Skill Rocket: Queimando a Largada! (+3 Atk; +3 Sp. Atk para Pokémon em batalhas);
- Skill Rocket: Aprendizado Prático. (20% a mais de EXP em batalhas durante uma Missão Rocket);




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Mesmo com o passar dos minutos, não me atrevi a erguer a cabeça. A grama morta sob minhas patas não era nenhum consolo, contudo, fixar meus olhos nela ao menos me impedia de ver as feições inertes da idosa. Dizem que uma mentira repetida mil vezes se torna uma verdade, não é? Sempre achei isso pura falácia… no entanto, peguei-me na esperança de ver a vida voltar ao  corpo da Sra. Lee, se eu negasse sua morte por tempo suficiente.

Conseguia ouvir o choro desesperado de Naomi, apenas um pouco abafado, o que me fez supor que ela tinha se agarrado a Yoshiro em busca de qualquer conforto. Não parei para olhá-las, e não era necessário. Minha humana de certo estava cuidando da loira como podia, mesmo ainda em choque com aquela situação. Ora, o que eu poderia fazer? Me intrometer no abraço delas? Isso não mudaria nada… os pergaminhos da sacerdotisa agora me parecem uma grande ironia. “Você constrói sua própria narrativa”… não sei para quem essas palavras foram feitas, contudo, não creio que tenha sido para mim.

Encontrei tantas histórias hoje - tristes, injustas, tão dignas de um final diferente daquele o destino reservou a elas. O poder para mudar o futuro… foi esse o desejo que fiz. E se nem sequer a mais genuína magia conseguiu realizá-lo, diga-me, o que poderá? No fim, eu não fui capaz de mudar nada. Não pude proteger a Sra. Lee, Aoi, Choco. Não tenho poder para resgatar os passados de Yoshiro e Ren, tampouco para salvar a vida de Yuki. Então, afinal… qual o meu propósito em estar aqui?

Mal reparei quando as lágrimas começaram a escorrer pelo rosto. Também não me importava. Eu não tinha como bancar o valente ali, sendo que precisei de toda a minha coragem simplesmente para ousar erguer a cabeça. Contemplei com pesar a senhora deitada à minha frente, e logo depois levei meu olhar aos outros visitantes. Os quatro estavam abraçados, com as duas humanas mais velhas ainda aos prantos. Yoshiro parecia muito mais preocupada em acolher Naomi do que em conter o próprio choro, por isso tremia quase tanto quanto a loira, embora esta fosse de longe a que mais estava sofrendo com aquilo. Nenhum de nós conhecia a Sra. Lee tão bem e há tanto tempo quanto ela…

Enquanto os observava, o tempo pareceu parar ali. Como se, de repente, não houvesse mais nada além das fronteiras do lago, e até mesmo os relógios tivessem parado de correr diante daquela tão indesejada despedida. Todavia, não demorou muito até um tilintar leve alcançar meus ouvidos, mostrando que eu estava errado. O mundo ainda girava. Em algum lugar não muito distante, as pessoas brincavam e se divertiam como se nada estivesse acontecendo. Tal percepção me fez abrir um sorriso amargo, cumprimentando com um leve aceno de cabeça o guardião que havia acabado de chegar.

Todos os demais Pokémons e memórias curvaram-se em respeito, e, mesmo se não tivessem, eu ainda saberia que estava diante da realeza. Apesar de pequeno e da aparência frágil, o poder que ele emanava era maior que tudo que eu já havia sentido. Com o derramar de uma única lágrima, trouxe de volta ao Dreamy Lake toda a magia que o luto lhe tirara. Yuki pareceu radiante com a transformação, e acabou caindo nas boas graças do psíquico. Ele se aproximou dela, unindo suas mãos e transmitindo alguma mensagem que nenhum de nós conseguiu entender. Nenhum, exceto a própria menina.

Yuki vai ficar aqui…? Por um momento, achei que não tivesse ouvido as palavras dela direito. Até Yoshiro conseguiu conter o choro e apenas lançou um olhar confuso à criança. Para nós, aquilo não fez muito sentido… Koji, por outro lado, pareceu entender perfeitamente. O rapaz prendeu a irmã em um abraço, gritando ao vento negativas que ele próprio sabia que seriam vãs. Yuki não hesitou nem por um instante, estava decidida a aceitar o convite. E a certeza de que iria perdê-la reduziu o irmão a um estado de desespero que nunca vi em um humano. Ele parecia… destruído… ainda pior do que o lago estivera, até alguns minutos atrás.

Eu não sabia como reagir àquilo tudo. Meus olhos vagavam entre a Sra. Lee, os irmãos e o lendário, mas nem sequer fui capaz de retribuir o aceno que este último dirigiu a mim. Minha visão embaçou-se, e não fiz qualquer esforço para impedir meu corpo de cair em prantos, a carga emocional daquele lugar já havia se tornado pesada demais para suportar. Foi entre lágrimas e soluços que assisti à despedida dos dois humanos, com Yuki logo em seguida estendendo sua mão para o guardião do lago. Assim que ele a tocou, uma outra melodia ecoou pelo ambiente, seguida pelo magnífico coro das memórias ali presentes.

Yoshiro abraçava firmemente o desolado Koji, e logo Naomi se juntou a eles. Nenhuma das duas estava melhor que eu. A pequena Yuki deitou-se ao lado da Sra. Lee, com um sorriso tão genuíno que me trouxe algum alívio. Enfim, estava livre… não teria mais que sofrer, o tempo não conseguiria mais arrancar-lhe um pouco de vida a cada dia. Vá lá, Yuki… você vai ficar bem. Pela primeira vez, poderá brincar e ser feliz como qualquer filhote.

...Talvez tenha sido melhor assim, não?

Até o céu pareceu concordar, abrindo-se por um momento para recebê-las. Ao lado do lendário, uma luz formou-se, aos poucos revelando as formas de duas humanas, uma senhora e uma criança. Ao vê-las, Yoshiro apertou Koji e Naomi com mais força contra si, sorrindo fracamente para os espíritos antes de o sorriso desmanchar-se em outra cascata de lágrimas. Nenhum de nós questionava o quão impossível aquilo era - tal conceito não existia ali dentro. Tudo o que importava é que elas estavam ali. Não nos deixaram... apenas precisaram ir para onde nossos olhos não eram capazes de enxergá-las. E lá ficariam, ainda próximas de nossos corações, até que chegasse a nossa vez de ir ao encontro delas.

Assim que as duas sumiram de vista, corri até os três humanos restantes, saltando para o ombro do menino e secando suas lágrimas em minhas barbatanas. Deitei-me ali, com minha cabeça encostada gentilmente à dele, e esperei que seus soluços diminuíssem. Yoshiro tocou sua testa na minha, como se agradecesse, e percebi que ela não estava em condições de falar. Não conseguia pronunciar palavra alguma, mesmo tentando, então restringia-se a mostrar naquele abraço que estava ali por eles. Não deixaria Koji ou Naomi sozinhos.

Lancei um último olhar às árvores por onde os dois espíritos sumiram. Ah, Sra. Lee… quando nos encontrarmos de novo, já terei muitas histórias para lhe contar. Aquele desejo que lhe fiz, encontrarei uma forma de realizá-lo. Um dia, ainda lhe deixarei orgulhosa… eu prometo.



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Última edição por Hanakko em Dom Nov 29 2020, 20:10, editado 1 vez(es)

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when the bonds are good
the rest don't matter
A tristeza que ali jazia, entrelaçada nos braços de Yoshiro, Naomi, Koji e Sapphire era tão grande que se tornava quase palpável. O coro se encerrava gradualmente, com todas as memórias e espíritos se afastando aos poucos, até os próprios desaparecem em meio à vegetação cor-de-rosa. Duas eram as exceções, as versões da treinadora, que antes vira em sua primeira visita em Dreamy Lake. A menor, montada no gigante anfíbio, descia um tanto quanto atrapalhada, somente para acariciar a cabeça de Yoshiro. Por outro lado, a mais velha se aproximava, sorrindo para Sapphire com certa ternura, como se suas orbes levemente translúcidas transmitissem a saudade da pureza que tudo aquilo representava para ela: mais uma indicação que, infelizmente, era provável que algumas águas turbulentas estivessem para vir no percurso de suas vidas presentes. Ambas sorriram e deram as mãos; Swampert se aproximou, encarando Sapphire com um leve sorriso estampado em seu rosto, mas logo todos seguiram para o bosque, desaparecendo em seus campos de visão.

— Vamos, t-tá tudo bem. — agora os quatro encontravam-se ali sozinhos, com Naomi tomando a dianteira para dizer algo; a loira afastou-se do abraço, limpando um pouco de suas lágrimas e logo depois erguendo o rosto de Yoshiro e limpando as dela — As duas estão em um lugar melhor, vocês não acham? Que lugar melhor para passar a eternidade do que aqui? — lutou contra seus próprios soluços chorosos para dizer a frase inteira sem gaguejar; suas janelas púrpuras, pesadas e inchadas, transmitiam segurança para cada uma das palavras que deixavam sua boca. Naomi estava triste, mas se preocupava também com Koji e Yoshiro — Achei lindo da sua parte, rapaz. Desculpa por ter brigado com você mais cedo. Você foi muito corajoso. — Koji continuava deitado no ombro da morena, mas finalmente levantou sua cabeça para consentir e aceitar o pedido de desculpas; seu rosto estava também inchado de tanto chorar, com parte de seu cabelo cobrindo seus olhos — Vem, vamos levantar.

A treinadora de fantasmas se levantava rapidamente, esticando ambas as mãos para ajudar Yoshiro e Koji a se levantarem. O rapaz se levantava e suspirava, voltando seu olhar para onde Sra. Lee e Yuki estavam deitadas, um lugar onde não havia mais nada além de vegetação curta, um tanto quanto diferente da que cresceu das lágrimas do lendário. Inclusive, o psíquico flutuou um pouco pelos céus de Dreamy Lake, desaparecendo à vista assim que os três se levantaram. Silencioso, era como se a inteira ilhota estivesse de luto em respeito às duas almas que seguiram para outro plano espiritual.

— ... — o moreno erguia a cabeça para os céus, onde as nuvens tornavam a tomar conta da pequena abertura que concretizou a despedida de sua irmã — Parte de- — lutou para não continuar chorando, mas era impossível; suas orbes já vermelhas demonstravam que o rapaz já sequer se importava em esconder as lágrimas que escorriam pelo seu rosto — Parte de mim queria ter impedido ela de ir embora. — secou os olhos com a manga de seu casaco; em vão, já que tornaram a ficar molhados quando mais lágrimas escorreram por seu rosto — Por que não fui egoísta? Por que não pensei em mim? Nos meus pais? — soluçou, voltando seu olhar para Yoshiro — Você tem a resposta pra isso, Yoshiro? Porque eu não sei.

Koji ouviu a resposta da treinadora, dando um leve sorriso, talvez um dos únicos que qualquer pessoa presenciaria o rapaz esboçar por muito, muito tempo a vir. Abraçou Yoshiro uma vez mais, agradecendo-a com um "obrigado" quase inaudível antes de se afastar novamente. Parou de frente para a entrada do bosque, abaixando sua cabeça e reverenciando o majestoso lugar. "Que você cuide e sare a minha irmã de uma forma que nunca fui capaz de fazer. E você, Yuki, eu te amo. Para sempre. Que você brinque com todos os leãozinhos que encontrar por aí." foram as palavras que escaparam de sua quebrada voz, marejada pela emoção da despedida. Koji respirou fundo, finalmente cessando seu choro; buscou o carrinho de oxigênio de sua irmã e, com força, o jogou dentro d'água. Não era a melhor das soluções, mas acredito que Dreamy Lake deu esse crédito para o rapaz.

— Acho que podemos ir. — Naomi colocou a mão sobre o ombro de Yoshiro, dando um leve sorriso e buscando seu PokéGear dentro de seu top, checando as horas — O festival já está para acabar e agora tenho duas barracas para cuidar e desmontar. — fitou o céu por alguns segundos, consentindo com a cabeça — Pode deixar que vou cuidar do seu filho venenoso, minha grande amiga. Que sua energia, que sempre foi grandiosa demais para esse plano, se expanda no cosmos que a aguarda. Você sempre foi grande demais para tudo isso aqui. Te amo e obrigada por todas as vezes que me salvou de mim mesma.

Uma última lágrima escorreu do rosto da treinadora de fantasmas, que abriu um sorriso de orelha a orelha, como se o silêncio fosse exatamente a resposta que esperava. Virou as costas, caminhando até barco e sinalizando para que Yoshiro e Koji fizessem o mesmo. O rapaz posicionou sua mão sobre o ombro da morena, apertando-o de leve; desceu seus dígitos por seu braço até encontrar sua mão. Segurou-a de leve, com a mais das inocentes intenções, consentindo com a cabeça. Começou a caminhar na direção do barco, ajeitando-se em seu meio e deixando uma das extremidades para Yoshiro e Sapphire.

O garoto começou a remar, onde quase que de imediato a chuva tornou a cair, agora gelada, mas em pingos um pouco mais grossos e constantes. Koji e Naomi fecharam seus olhos em direção ao céu, deixando que as gotículas d'água terminassem de lavar suas almas. Um último instrumental e cantarolar começava a ecoar pelas agora vivas rosáceas águas de Dreamy Lake enquanto se aproximavam da costa e se despediam do lago mais uma vez. A água começava a mudar de tom e perdia sua cor característica, assim como a música ficava cada vez mais distante. Olhando para trás, a pequena ilha desaparecia diante de seus próprios olhos, assim como a redoma que tomara conta de tudo.

— Descansem em paz. — Naomi acenava para a ilhota que desaparecia, aproveitando para, alguns segundos depois, atracar a pequena embarcação no chão; Tico e Teco rapidamente surgiam, abraçando sua treinadora — Tá tudo bem, meninos. Sra. Lee está em paz. — sorriu, pegando ambos monstrinhos no colo — Obrigada, vocês dois. Yoshiro, espero que nos encontremos por aí, viu? — sorriu — Você e seu pequeno. — agachou para acariciar a cabeça de Sapphire — Agora preciso lidar com mais algumas fortes emoções, mas preciso fazer isso sozinha. — provavelmente se referia dar a notícia ao Pokémon da senhora — Fiquem bem e se cuidem.

Dito isso, a loira se despedia dos três ali presentes, virando suas costas e seguindo para mais um triste momento em seu dia. Koji acenava de volta, agora voltando sua atenção para o lago uma última vez. Respirou fundo, deixando a chuva lavar um pouco mais de seu rosto e cabelos. Disse um "eu te amo" inaudível e abriu um leve sorriso, voltando sua atenção para Yoshiro.

— ... Posso te pagar um sorvete? — manteve o sorriso, mas logo olhou para Sapphire — P-pra vocês dois, digo. — coçou a nuca, sem graça — Acho que preciso de açúcar no sangue antes de contar pros meus pais o que acabou de acontecer. Por sorte eles acreditam bastante no místico da vida. — ergueu o cotovelo, como se indicasse para que Yoshiro segurasse nele antes de começarem a caminhar — Obrigado, Yoshiro... Por tudo. — seu tom de voz era sério, com suas janelas cerúleas fitando as da treinadora — Se você não estivesse aqui acho que não sei como teria lidado com tudo. — suspirou — E desculpa por ter encharcado sua roupa com minhas lágrimas. Posso pagar para lavá-las se quiser.



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Yoshiro fechou os olhos quando sua versão menor veio afagar-lhe a cabeça, grata pelo carinho que, em um momento como aquele, não poderia ser mais bem-vindo. Sorri brevemente pela cena, até minha atenção ser fisgada pela mais velha. Outra vez vi-me paralisado diante dela, tentando decifrar em suas orbes marinhas os caminhos que o futuro nos reservava. A melancolia que elas me passavam não parecia bom presságio… no entanto, a ternura nas feições da mulher me trouxe algum conforto. Era um alívio saber que, apesar de tudo, eu conseguiria levar minha treinadora sã e salva até a fase adulta…

Meus olhos então voltaram-se ao enorme anfíbio. Ele sorria, fitando-me com os mesmos olhos acastanhados que eu via a cada vez que olhava meu reflexo. Foi uma das poucas semelhanças que encontrei. Diferente da humana, bem mais semelhante às suas duas versões, eu mal me reconhecia ao olhar para ele. Minha Yoshiro ficará bem, sim… mas a qual preço? Será que eu… estou mesmo disposto a mudar assim por ela? Honestamente, não sei dizer…

Os três não ficaram muito tempo conosco. A criança e a mulher deram as mãos, ainda sorrindo para nós, antes de seguirem para dentro do bosque, acompanhadas de perto pelo aquático. Yoshiro acenou uma despedida, conseguindo murmurar um fraco “obrigada” e seguindo-os com os olhos até desaparecerem, assim como as outras memórias haviam feito. Mesmo assim, continuou encarando aquele ponto, triste por saber que provavelmente nunca veria aquelas duas de novo. Mais uma despedida indesejada para a lista do dia.

Naomi foi a primeira a conseguir falar direito. Como é forte, essa mulher… mesmo com o coração em pedaços, preocupou-se com os outros dois mais do que consigo mesma. Secou as próprias lágrimas, logo em seguida fazendo o mesmo com as da minha treinadora, e tentou acalmá-los. Suas palavras carregavam uma firmeza que me impressionou, e fizeram-me olhar para os corpos de Yuki e da Sra. Lee com um pouco mais de esperança. Se suas almas continuarão aqui, sob os cuidados do Dreamy Lake e de seu guardião, atrevo-me a dizer que elas estão melhores que nós agora. Um mundo mágico e de tantos encantos… parece realmente preferível à frieza e crueldade do universo que nos aguarda lá fora.

Quando Koji e Yoshiro se levantaram, desci do ombro do rapaz e observei enquanto o pequeno psíquico desaparecia. O silêncio perdurou pelos minutos seguintes, só sendo cortado pelas frases que o menino a duras custas conseguiu pronunciar. Era a primeira vez que dizia algo, desde a partida da sua irmãzinha. Voltou seu olhar à minha dona, lançando-lhe uma pergunta que eu pensei que ela não conseguiria responder.

- Porque você a ama… - Disse sem muita hesitação, provavelmente sem reparar que só estava falando o óbvio. Suspirou, tentando impedir sua voz de falhar, e segurou com gentileza a mão do maior. - Nem todo mundo conseguiria fazer o que você fez, Koji. Por mais difícil que seja aceitar, você salvou a Yuki de um destino muito pior… e eu tenho certeza de que ela ficou grata por isso. - A menina abriu um sorriso débil quando ele lhe agradeceu, retribuindo o abraço, e sussurrou-lhe mais algumas palavras. - Yuki vai ficar bem agora… vai poder brincar e se divertir como toda criança. A Sra. Lee e os outros vão tomar conta dela.

Após eles se separarem, cada um dos humanos mais velhos fez sua despedida ao ente querido que ali deixava, e Yoshiro, sem saber o que dizer, fez apenas uma última reverência. Curvou-se não apenas para a idosa e a criança que jaziam sobre a grama, mas também para o próprio Dreamy Lake, cerrando os olhos tristemente em uma súplica silenciosa para que as duas fossem bem cuidadas ali. Permaneceu com a cabeça abaixada até ouvir a voz de Naomi, chamando-os para ir embora. Yoshiro acenou para mim, e rapidamente segui-a até o barco.

Um cantarolar acompanhou-nos por todo o percurso sobre as águas rosáceas, entoando uma melodia triste e saudosa. Lancei um último olhar à ilha antes de ela desaparecer, perguntando-me se aquela música era a despedida que o Dreamy Lake nos dava. Nosso tempo ali tinha acabado. Perceber isso foi como sentir algo apunhalando meu peito - não queria dar as costas àquele lugar, mesmo sabendo que era necessário. Por mais belo e mágico que fosse aquele mundo, ele não nos pertencia. Deveríamos seguir nosso próprio rumo, até, quem saber, ter a chance de adentrar suas fronteiras novamente.

Foi apenas quando a água perdeu por completo sua cor característica que aquela doce música deixou de ser ouvida. Estávamos de volta ao festival. Tico e Teco foram os primeiros a nos receber, pulando para os braços de sua treinadora assim que a canoa atracou. Depois de acalmá-los, Naomi voltou-se para nós, se despedindo. O pobre venenoso que vimos antes ainda precisava receber a notícia. Aceitei de bom grado o carinho da mulher, sorrindo-lhe afetuosamente. Já Yoshiro parecia bem triste em dar adeus a ela.

- Até… muito obrigada por tudo. Não vou esquecer vocês. - Curvou a cabeça em agradecimento, e ao erguê-la acenou para os dois fantasmas. - Também espero te ver de novo. Da próxima vez, longe de alçapões, ok? - Ainda conseguiu brincar, retribuindo o sorriso da mulher e parecendo um tantinho mais feliz pela expectativa de poder reencontrá-la, algum dia. - Entendemos, vá lá… Boa sorte, Naomi. E por favor, fique bem...

Acenou para o trio, até eles sumirem de vista. Deixou um suspiro tristonho escapar, encarando o chão por alguns instantes, mas logo foi trazida de volta à realidade por Koji. Mesmo depois de tudo o que passou, ele estava conseguindo reagir melhor do que eu esperava. Pelo menos ali, naquele momento… não sei qual tipo de tormenta o aguarda, e isso me preocupa. Só espero que, algum dia, esse menino consiga ser feliz de novo…

- Um sorvete seria ótimo, obrigada. - Sorriu de volta para ele, e eu acenei com a cabeça, só pra enfatizar que queria também. - Não fiz nada demais… você foi muito corajoso, Koji, de verdade. Eu não conseguiria fazer o mesmo, no seu lugar. - Sustentou o olhar do treinador, até ele fazer outro comentário. - Ah, isto aqui? - Olhou para as próprias vestes, rindo brevemente. - Não se preocupe, não é a primeira vez que me encharco hoje.

Acho que Koji ficaria surpreso em saber o quão acostumada ela está a andar molhada por aí. Balancei a cabeça negativamente, lembrando-me que quase todas as desventuras que passamos envolviam água, de uma forma ou de outra. Àquela altura do dia, Yoshiro já nem se importava mais com o estado da sua roupa ou do seu cabelo - deixava a chuva escorrer livremente, talvez na esperança de lavar a alma de toda a tristeza que aquele dia carregou.

- Estou aqui para o que precisar, ok? - Murmurou, estendendo a mão para segurar no braço que o rapaz havia oferecido. Apenas deixou que Koji guiasse o caminho, afinal, nenhum de nós fazia ideia de onde encontrar uma tenda que vendesse sorvete por ali.


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De braços dados e deixando o mágico lugar para trás, Yoshiro, Koji e Sapphire caminhavam pelo parque que já possuía algumas de suas barracas desmontadas. Por alguns segundos o silêncio reinou, com o rapaz fitando o céu a maioria do percurso, talvez pensando em sua pequena irmã enquanto a leve garoa caía de suas acinzentadas nuvens.

Sem se dar conta por conta dos devaneios, todos acabaram pegando um caminho diferente, passando pela praça de alimentação que Yoshiro e Ren avistaram assim que entraram no Doll Fanfest. Infelizmente, a barraca de Aoi e Choco já não estava mais no local, bem como a maioria das demais, sendo duas únicas exceções um pequeno carrinho de picolés e uma tendinha de doces e pirulitos. Os transeuntes, agora poucos, se direcionavam para a saída, com alguns dos funcionários limpando o chão e catando lixo que fora jogado nos canteiros das árvores.

— ... Ali! — Koji despertou ao ver o carrinho, apertando o passo na direção do mesmo; balançou levemente sua cabeça, provavelmente para tirar um pouco da água que umidificava suas negras madeixas — Com licença? — acenou para o vendedor que parecia guardar parte de sua mercadoria em um compartimento abaixo da geladeira que havia em cima de seu carrinho retangular; talvez um freezer? — Será que você pode nos vender alguns? — o senhor consentiu, abrindo o vidro do carrinho e mostrando algumas das opções restantes: Razz, Bluk e Nanab Berry — Eu quero um de Razz Berry. E vocês? — aguardou Yoshiro e Sapphire escolherem, pagando o vendedor logo em seguida — E então...

Koji parou, abrindo seu picolé e fitando a dupla por alguns segundos. Deu uma leve risada, ajeitando seu cabelo com a mão livre:

— Estranha a forma como o destino funciona, né? — deu uma leve mordida no seu picolé — Se o Shinx não tivesse fugido de mim e te encontrado, nada disso teria acontecido. — segurou no ombro de Yoshiro, abrindo um sorriso — Como uma única pessoa pode mudar tudo. Você deve ser bem especial, Yoshiro. — deu uma leve risada — E depois daqui? Qual seu destino? — sua expressão era curiosa, com seus pés caminhando aos poucos até o portão de saída do festival — Eu tenho que dar a pior notícia do mundo pros meus pais, então, acho que seria legal pelo menos saber sobre seus planos alegres e divertidos. — brincou, mas aquela frase parecia ter tido um efeito bem forte em seu consciente, fazendo-o coçar a garganta de leve antes de continuar — ... Espero que se divirta, seja lá onde for. Talvez a gente se esbarre por aí, não? — um tanto quanto sem graça e sem jeito, Koji abriu seus braços, caminhando na direção de Yoshiro para um abraço apertado — Já vou porque tenho um trem para pegar. Acho que nem todos os obrigado do mundo são suficientes pelo que você fez por mim hoje. — soltou do abraço, abaixando para acariciar a cabeça de Sapphire — Se cuidem!

Bastou atravessarem os portões e Koji se afastar o suficiente para uma pesada brisa passar por Yoshiro e Sapphire. E juro que, talvez e somente talvez, junto com o vento era possível escutar uma leve canção, tão mágica quanto o fatídico lago cor-de-rosa, despedindo-se da dupla uma última vez.

Pode ir, Yoshiro...

Dreamy Lake sempre estará com você.



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O festival chegava ao fim e, com ele, a imensidão de barracas e pessoas que antes ocupavam o parque. Era um pouco estranho, vê-lo quieto daquela forma… contudo, naquele momento, a calmaria parecia-me mais adequada. Após tudo o que aconteceu, seria uma ironia cruel encontrar o National Park ainda no auge de sua comemoração, alheio à perda que vivenciamos não muito longe dali. Não encontrar a barraquinha de Aoi e Choco foi um pouco triste, mas talvez tenha sido melhor assim… não sei se conseguiríamos forçar um sorriso para eles agora.

Por sorte, ainda tinha um carrinho de sorvetes por perto. Não com muitas opções, contudo, Yoshiro pareceu satisfeita com um picolé de Bluk Berry. Justamente a mais doce das três… por que não estou surpreso? De qualquer modo, escolhi o mesmo sabor também. Yoshiro abriu o pacote para mim e estendeu o doce acima de seu ombro, segurando-o para que eu pudesse comer. Um dos privilégios de ter mãos, né? Toquei meu rosto com delicadeza no dela, agradecendo-a, e dei algumas mordidas no picolé.

- Muito obrigada. - Sorriu para o rapaz, grata pela gentileza. Yoshiro não tinha muitas moedas no bolso, e como o sorveteiro não parecia disposto a receber pedrinhas coloridas, provavelmente ficaríamos sem sorvete algum se Koji não tivesse se oferecido para pagar. Minha treinadora começou a comer seu doce, parando um pouco para ouvir o que o garoto estava dizendo. Com um sorriso meio melancólico, balançou a cabeça negativamente quando Koji tentou dizer-lhe que havia algo especial nela. - Eu não tenho nada demais… você que deve ser especial, Koji. Foi graças a você que o destino se fiou desse modo. Eu só estava no caminho. - Acompanhou os passos do menino, sem prestar muita atenção para onde estavam indo.

- Ah, não tenho muita coisa planejada… Acho que só vou voltar para Hoenn e tentar… bem… fazer as coisas que todo treinador faz? - Tradução: “não tenho a mínima ideia do que vou fazer da vida agora”. Yoshiro franziu as sobrancelhas, incerta, como se até agora não tivesse parado para pensar no assunto. - Quero conhecer melhor os meus Pokémons, eles estão comigo há pouco tempo. E alguns eu nem pude conhecer ainda. - Parou de andar por um momento e abriu sua mochila, mostrando a Koji os dois ovinhos que estavam cuidadosamente embrulhados lá dentro.

Durante o resto do percurso, Yoshiro tentou distrair o rapaz contando uma ou outra história sobre as cômicas trapalhadas que os bebês do time faziam. Qualquer coisa que pudesse desviar os pensamentos dele, mesmo que só um pouco, da dura missão que tinha pela frente. Chegando ao portão, os treinadores se despediram com um abraço apertado, e agradecimentos de ambos os lados. Yoshiro não queria dar adeus, mas não havia jeito, nós também tínhamos um trem para pegar. Acenou para o garoto até ele sumir de vista, e depois lançou um último olhar à entrada do National Park.

- Temos que ir também… - Murmurou em tom triste, mais para si mesma do que para mim. No entanto, antes que pudesse dar as costas ao lugar onde vivemos tão tocantes momentos, uma forte brisa passou por nós. Trazia consigo uma melodia distante, tão encantadora quanto o lago onde ela teve origem, e que foi capaz de trazer ao rosto da minha dona um dos sorrisos mais genuínos e puros que já vi. A certeza de que o Dreamy Lake estava nos dando uma última despedida aqueceu nossos corações, e, por fim, estávamos prontos para seguir em frente…

...Ou foi o que pensamos. Mal demos cinco passos quando uma movimentação na mochila se fez notar. A garota rapidamente desfez o zíper, e de lá saiu uma pequena vela, olhando curiosa para a humana. Espere aí… esse Pokémon… não pode ser… Casty!?

- Awn, você finalmente nasceu! Bem-vindo, meu neném! - Yoshiro tentou abraçar o filhote, contudo, seus braços atravessaram-no como se não houvesse nada ali. - Ah sim… fantasma, né? - Riu bobamente de si mesma, e o recém-nascido acompanhou-a em uma risadinha travessa, com uma das mãos sobre a boca. Sua chama brilhou com mais força e ele estendeu um bracinho para tocar na menina, mostrando que podia assumir forma física se quisesse. Deixou que Yoshiro o pegasse no colo, e lá ficou recebendo os mimos da sua nova treinadora, enquanto eu ainda o encarava na mais absoluta descrença.

E-ei, Yoshiro... você tá de brincadeira, né?” Depois de tudo o que passamos naquele labirinto… como é que ela arranja um ovo logo dessa espécie para criar!?

- Ele não é uma gracinha? - Exibiu-o para mim, e o pequeno acenou, com seu único olho visível brilhando inocentemente sob a luz do fogo. - Aquela Litwick que encontramos na Trick House era uma encrenqueira… mas era tão linda. Eu queria muito ter um desses. - Voltou o rosto para a vela, fazendo uma vozinha de bebê que quase fez o sorvete embrulhar no meu estômago. - E meu Atsui vai ser um bom menino, né? Vai se comportar direitinho? - Ele confirmou alegremente com a cabeça, estendendo ambos os braços para acariciar o rosto da humana.

Atsui…? Ele já tem até nome!? Estou sentindo que isso não vai prestar… ah, mas talvez eu esteja sendo preconceituoso com o coitado, não? É só um bebê, não posso culpá-lo por algum parente distante dele ter quase nos matado. Com isso em mente, forcei um sorriso e fui cumprimentá-lo direito.

Bem-vindo, Atsui.” Cerrei os olhos, tentando esconder minha vontade de jogá-lo longe com um Water Gun, e forcei-me a fazer uma expressão amigável. Permaneci assim, até que um forte calafrio percorreu o meu corpo, fazendo meu coração disparar. As pálpebras se abriram pelo susto, e por um momento pensei ter visto uma ânsia predatória naquela orbe dourada, repleta de um sadismo que criança nenhuma deveria carregar. Frações de um instante - a sensação não durou mais que isso. Pisquei, e tudo o que minha vista encontrou desta vez foi um filhotinho sorrindo docemente e batendo palmas para as gracinhas que Yoshiro lhe fazia. O que… o que diabos foi isso…?

Não tive tempo para refletir a respeito, pois o outro ovo escolheu logo aquele momento para chocar. Em questão de segundos, estávamos diantes de uma ursinha chorosa que, sem a menor cerimônia, abriu um berreiro antes mesmo que Yoshiro pudesse recepcioná-la. Parecia até estar chateada por ter nascido.

- E-ei, bebê, o que foi!? Tá doendo em algum lugar? - Colocando Atsui gentilmente no chão, Yoshiro tentou acalentar a ursinha, mas esta parecia bem determinada a continuar dando escândalo. - S-Sapphire! O que eu faço? O que ela tem? - Desesperada, Yoshiro analisava a pequena de cima a baixo, procurando por qualquer machucado ou outra coisa que poderia justificar aquele choro todo.

E eu vou saber? A mãe aqui é você.” Suspirei, exasperado e já sem muita paciência. Tentei me aproximar da recém-nascida e convencê-la a chorar um pouco mais baixo, mas ela nem me notou. Só conseguimos acalmá-la quando Yoshiro tirou seu headphone da mochila e colocou-o sobre as orelhas da chorona, já com alguma música tocando. Por mais estranho que pareça, funcionou como mágica. Ela parou de dar escândalo, restringindo-se a apenas alguns soluços, e fechou seus olhinhos para apreciar a melodia. Minha humana sorriu, aliviada, e enfim pôde falar com ela.

- Está melhor agora? - Acariciou a cabeça da ursinha, e com a outra mão fazia o mesmo com a vela. - Vocês nasceram quase ao mesmo tempo… são como gêmeos! - Não, Yoshiro, eles definitivamente não são. - Seja legal com a sua irmãzinha, ok, Atsui? E pequena, seu nome vai ser… - Foi interrompida por ela, que com um forte espirro jogou gosma gelada na minha cara. Eca… - É, vai ser Atchoo. - Ao invés de me acudir, Yoshiro preferiu rir da situação, dando um último abraço nos dois filhotes antes de guardá-los em suas Pokébolas.

Não querendo interromper um encontro de família tão feliz… mas dá pra me ajudar aqui?” Fiquei sacudindo a cabeça pra me livrar daquela gosma, até Yoshiro vir com um lenço umedecido e tirar todo vestígio de catarro de urso. Não era assim que eu esperava terminar o dia. Isso tudo foi tão anticlimático...

- Bebês são trabalhosos às vezes, né? - Comentou, lançando-me um sorriso amarelo que mais parecia um pedido de desculpas. Restringi-me a confirmar com a cabeça, e aceitei o convite que a menina me fez para subir no seu ombro. - Quer ouvir também? - Assenti, e Yoshiro deu-me o fone. Uma melodia tranquila, porém um tanto triste acompanhava um coro de belas vozes, entoando palavras que eu não conseguia entender... Mesmo assim, parecia algo quase… místico. Minha humana cantarolava baixinho, já conhecendo o ritmo de cor, e começou a caminhar para longe do parque.

- ...Não consigo entender, Sapphi... eu tinha certeza de que iríamos salvá-las. - Foi apenas ao fim da música que Yoshiro se atreveu a dizer qualquer coisa. Foi um comentário solto, mas eu soube de quem ela estava falando. - Queria que tivesse algo especial em mim, como o Koji disse… queria ter conseguido mudar o destino deles. - Deixou escapar um suspiro triste ao guardar o fone de volta na mochila, balançando a cabeça negativamente em um gesto frustrado.

"Nem todos podem ser salvos, Yo... o mundo não funciona assim." Sabendo que ela não me entenderia, levei uma pata ao seu rosto, tentando confortá-la. Essa menina sempre foi... sonhadora demais. Sempre acreditando que terminaria tudo bem, que as coisas foram feitas para dar certo... talvez, apenas talvez, a melancolia que vi nos olhos de sua versão mais velha viesse justamente da quebra dessa ilusão. Mas, até lá, minha humana ainda tem muito o que aprender.

- Puxa, eu não faço ideia de como vou contar isso tudo pro Ren. - Forçou uma risada, e apertou o passo ao notar que já estava ficando tarde. Ainda teremos muito tempo para pensar em tudo o que aconteceu hoje... mas suspeito que o trem não tenha tanto tempo assim para ficar nos esperando. É bom se apressar, Yoshiro...

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Com muito pesar, @Hanakko liberada!

Pode prosseguir! <3

+2 BCs para @Ren por concluir uma rota que tenha entre 6(seis) páginas completas e 9(nove) páginas completas.
+2 BCs para @Hanakko por concluir uma rota que tenha entre 6(seis) páginas completas e 9(nove) páginas completas.

_________________
Bônus:
- Especialista II Psychic;
- Gestora Rocket:
- Skill Rocket: Queimando a Largada! (+3 Atk; +3 Sp. Atk para Pokémon em batalhas);
- Skill Rocket: Aprendizado Prático. (20% a mais de EXP em batalhas durante uma Missão Rocket);




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