Pokémon Mythology RPG
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Ato 05 — Nostalgia.

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off. :


Nostalgia. É uma palavra que vem do grego, uma junção entre a expressão nostos (que significa “reencontro”) e álgos (“dor” ou “sofrimento”). Corriqueiramente, nos remete às saudades do passado: pessoas, experiências, texturas, sabores ou infindáveis coisas que poderia citar aqui. Quiçá, um sinônimo para saudade; uma idealização desse sentimento, que traz um emaranhado paradoxal de esperanças e melancolias de algo que passou à frente de nossas vistas, e por forças maiores, tiveram de ser deixadas para trás. Para alguns, uma ruína; para outros, incentivo e expectativas. Em apenas nove letras, pode-se constituir um microuniverso dentro de cada ser vivo que constitui todo um planeta, que é apenas mais um no meio de um infinito universo.

Um desses universos sentia essa sinestesia desordenada que percorria cada músculo e sentimento — isto é, se ele transparecesse. A nostalgia de sua terra natal percorria cada célula do corpo de Nicholas como uma corrente elétrica passa por um circuito em sua velocidade esplêndida, que fê-lo repensar até mesmo todos os planos que traçara desde que retornou de Johto com Emma. A loura ficara por Mauville por ter os seus motivos, e Nico, claro, tinha de regressar ao continente que abraçava seu corpo e consciência com sua atmosfera saudosa e sempre tão cálida ao seu âmago.

Gostaria de regressar à Pallet, contudo, desviaria na direção de Lavender, a cidade fantasma de Kanto, conhecida por sua torre ritualística às almas que deixaram seus corpos. A Sienna Co., responsável pela reconstrução de Tohjo — benditos sejam! — acabou por ter problemas no carregamento de algumas espécies de outro continente, e caso a ocorrência não fosse resolvida, acarretaria em problemas infinitos para a população local — em casos mais graves, a extinção de espécimes daquele local ou a migração para outro ambiente, alterando toda a dinâmica anteriormente já estabelecida.

Mas, oh, apenas de colocar os seus sapatos sobre a terra que sempre lhe fora tão aprazível satisfaria a lancinada e perturbada alma do louro. Era o suficiente; bastava-lhe apenas recordar de todas as suas experiências durante sua infância — queria esquecer, de todo o modo, os momentos finais de Kanto antes de partir para Hoenn.

Estava em Mauville ainda, prestes a pegar o avião que o levaria de volta a Kanto. Antes de poder embarcar, a mão destra, vagarosa, buscou a esfera bicolor de seu inicial reptiliano, materializando seu ás ao seu lado, o monstrinho cujo derramava toda a sua confiança; mesmo com personalidades e características díspares, ainda funcionavam como um só — explique-me, ciência, os mistérios desse universo tão único que são os sentimentos. Charmeleon coçava suas pálpebras, como se despertasse de seu sono. Acostumado a ser liberto em situações melindrosas em que requeria sua força, olhou, confuso, para lá e para cá; achara apenas um pacato ambiente urbano, que fez os olhinhos repousarem sobre o cenho sisudo de seu mestre. O lagarto estava um pouco confuso.

— Não se preocupe, não é nada demais — murmurou, brando, dando alguns passos à frente com a passagem em sua mão esquerda. — Só quero que me acompanhe na viagem. Já faz um bom tempo que não fazemos nada juntos — um sorriso discreto tingia os finos lábios do kantoniano. — Você também me faz lembrar de tantas coisas boas, sabe, Charmeleon? A gente tá voltando pra minha terra natal, que é onde, normalmente, encontram-se os outros da sua espécie.

A fila andava e o louro seguia o percurso. Charmeleon apenas coçava a sua nuca sem entender porra nenhuma; enigmático — quiçá, louco —, os orbes olhavam para o teto, com as falanges de uma mão tocando as da outra — estava contando nos dedos? Matutava acerca das palavras do kantoniano que, até então, não faziam sentido. E delongou um bom tempo até que, com o punho direito cerrado, bateu contra o outro membro aberto: a mensagem era mais simples do que parecia, ora. Estava regressando à sua terra de origem e ao continente natal de seu estimado treinador — cujo réptil, em apenas pouco tempo, passara a respeitar e admirar demasiadamente.

Ao voltar para frente, viu Nicholas carimbando a sua passagem e estava prestes a adentrar o avião. Em ímpeto e passos trôpegos, Charmeleon açodara na direção do louro para que não se separassem por um ínfimo descuido.

Os dois adentraram, por fim, no avião, acomodando sobre os assentos marcados previamente no ticket. Charmeleon bocejava, dando alguns tapinhas em sua bocarra além daquele soído espalhafatoso de que estava bocejando. Seu mestre voltou para ele, claramente desgostoso da maneira que seu monstrinho se portava. O inicial coçava a sua nuca e ria, desajeitado, como se pedisse desculpas a Nicholas por suas trapalhadas. Aumentou em poder, tamanho, mas ainda tinha aquele coração tão ingênuo e uma personalidade tão alva como de quando era um Charmander.

Abençoada seja essa união excêntrica do destino.

Partiram. Era um até breve pela terra que acolheu aquela pequena alma refugiada, sempre mergulhada em melancolia ao ver a tempestade avassalar seu lar que tanto lhe era terno. Entretanto, não me leve a mal: a mudança de ares conseguira levantar o astral do louro, mesmo que por pouca coisa. Quem diria que aquele garoto ia encontrar alguém que estivesse disposto a dar a vida depois de um único encontro, em que as almas se conectaram de modo ímpar. Claro, ainda haviam pendências do passado que o kantoniano tinha de resolver: laços a reconstruir, separados pela distância, e onde seus pais estavam, ainda lhe era incógnito.

Permitiu esquecer-se desses detalhes tão cruciais apenas para aproveitar o momento. O reencontro do lar com a alma.

Não delongou até que chegassem ao destino: a cidade de Lavender. Com sua atmosfera ritualística e sepulcral, a cidade de Kanto era atraída por fantasmas — existem relatos de que estes até mesmo interagem com os moradores. Não muito distante, a rota dez era um dos recintos em que a multinacional pedia ajuda às entidades para conter o avanço das espécies estrangeiras. Ali era onde seria o paradeiro do treinador.

Oh, não esqueçamos que, antes de calcorrearem até o real destino, aconteceu algumas coisas repentinas com a dupla, não é?

Nico já conhecia a reputação da cidade, então não temia às aparições feéricas súbitas em sua frente; e, não obstante, teve de enfrentar um Gengar controlado por uma entidade misteriosa que por pouco não lhe ceifou seu fôlego divino. Por outro lado, Charmeleon, ao seu lado, dava alguns saltos, pávido, com as travessuras dos inocentes fantasmas. Vez ou outra, o réptil esbravejava com o ar, e algumas pessoas fitavam-no com olhar de juiz; seu treinador achava graça daquilo. O monstrinho passou a andar agarrado às calças do kantoniano enquanto seguiam na direção do real destino por trás de toda aquela viagem.

Estavam, enfim, na rota dez.

De um lado, o sempre majestoso mar saudava aos transeuntes com os sons harmônicos das ondas quebrando, sempre aprazível aos ouvidos alheios. Um tapete de areia que se estendia horizontalmente até onde as vistas de Nicholas não alcançava estava a praia, e do lado oposto, uma densa mata com árvores próximas umas da outras; uma aquarela de biomas, e em cada um desses locais, estavam humanos acompanhados de seus apetrechos ou monstrinhos a desbravar. Se havia algum mistério por trás de cada um dos ambientes — tal como a história de Lavender —, ficarei devendo a você. Não é de meu conhecimento.

A brisa marítima invadia as narinas do louro. Como é corriqueiro, seu casaco verde flamulava tal sua gravata amarrada espalhafatosamente em seu traje escolar antigo. Cerrou os olhos, inspirando fundo, deixando o ar circular até os seus pulmões. Apesar de ser um elemento físico, o seu corpo respondia-lhe com uma satisfação imaterial: lembra-se da nostalgia?

Nicholas deu alguns passos até pouco antes de adentrar a praia propriamente dita. Um minúsculo patamar separava o pavimento do tapete de areia. Sentou-se, deixando seus pés livres ao se apoiar na mureta — se é que assim posso chamar —; Charmeleon acompanhava-o, sentado também, apenas observando o infinito colosso de água.

— Isso daqui me lembra muito de Pallet, sabia? — comentou, manso, ainda com os orbes cerúleos fixados na figura titânica que se estendia até muito longe. — E com você do meu lado, eu tenho ainda mais memórias. Eu me pergunto se eles estão bem até hoje — ergueu a cabeça, olhando de relance para o firmamento, volvendo a fitar o mar.

Pallet é uma cidade interiorana que se encontra bem afastada dos grandes centros urbanos de Kanto, tendo como única atração o laboratório de Oak. Ao sul da cidade, o mar, figura sempre tão presente na vida do louro que aquele simples ar mais carregado levava-o para tempos atrás em sinestesia tão aprazível. O mundo físico transportava sua alma e consciência para o imaterial; o corpo relaxava, singelo, e um sorriso adornava o seu cenho que sempre fora tão sisudo.

Retornemos à Pallet.

Uma tarde corriqueira, como todos os outros dias se passavam no interior da cidade. Hendo — um amigo de infância de Nico — estugava por entre o chão de terra batida na direção de uma singela residência próxima ao centro geométrico da cidade. Chegou à frente da casa, esbaforido, arqueando o seu tronco e apoiando suas mãos em seu joelho, retomando o ar depois de uma maratona desde sua residência até a de seu amigo. Retomou o fôlego, batendo na madeira, e o soído atraía uma presença humana que abria a porta, recebendo-o com um sorriso. De pele alva e madeixas douradas, trajava um vestido simples com um avental amarrado em seu pescoço: a mão de Nicholas saudava a Henderson.

— Oi, tia — saudou-a James, com um sorriso desconcertado; respirou por mais alguns segundos. — O Nico tá em casa? Eu vi um negócio muito legal e tenho que mostrar pra ele, é rápido.

— Ele tá lá no quarto dele, disse que ia jogar xadrez — riu a mulher. — Você sabe como ele é, né? Gosta de fazer essas coisas mais... diferentes. Se você quiser ir chamar ele, fica à vontade.

— Tá bom, tia. Obrigado! — Henderson aproveitou uma ligeira brecha para adentrar a residência. Na sala de estar, passava por um homem corpulento de madeixas castanha-claras carregando uma marmita amarrada em um pano com um Machop ao seu lado: o pai de Nicholas estava se preparando para ir ao trabalho. — Oi, tio! — saudou-o, mal dando tempo de o homem respondê-lo; Hendo corria pela casa como uma flecha.

A porta do quarto de Nicholas estava fechada. Lá dentro, o garoto — por volta de seus nove anos — fitava atentamente as peças esparsas pelo tabuleiro. Sua mão destra apoiava em seu queixo, a respiração era mais longa para que se concentrasse melhor. Respirou mais fundo, tomando o cavalo em suas mãos com um sorriso convencido: ora, estava prestes a dominar a jogada que tanto almejava. Levantou-a, e prestes a movê-la...

POFT!

James abria a porta do quarto com tudo, sem nem ao menos bater. Inesperado, Nicholas assustou-se, batendo a peça que tinha em sua mão contra mais algumas outras espalhadas ao longo do tabuleiro, derrubando-as no chão — e desarrumando todo o campo como estava montado outrora. O louro volveu seu pescoço para trás, colérico, enquanto Hendo coçava a sua nuca, desconcertado com a reação de seu amigo.

— O que você pensa que tá fazendo pra entrar no meu quarto assim com tudo, seu animal?! Será que você não tem um único neurônio funcionando nessa sua cabeçona, hein?! — bramiu, mexendo seus braços espalhafatosamente.

— Foi mal, Nico, mas você tem que ver um negócio — riu Hendo, e um brilho em seus olhos passou a cintilar, com o louro ficando confuso com aquilo. — Vamo entrar na área que o Oak deixa os pokémons dos treinadores. Eu passei hoje por lá, e vi um Charizard e um Blastoise que são bem maneiros! — exclamou, cerrando os punhos. — É só a gente dar uma frutinha pra eles que a gente consegue até voar nas costas do Charizard e nadar nas costas do Blastoise. Vamo logo!

Nicholas fitou-o, confuso.

— Isso é... sério?

Com toda a empolgação daquele mundo infinito, Hendo balançou a cabeça positivamente. Nicholas disparou, seguindo o moreno por toda a casa para ir ver os monstrinhos que seu amigo havia lhe dito.

— Papai, mamãe, mais tarde eu volto, tá? — inferiu enquanto corria, e agora as duas pequenas flechas disparavam para fora da casa.

Seguiram, até chegar à cerca que separava aquele lado especial do laboratório do renomado cientista com o restante da cidade. Os dois jovens entreolharam-se, concordando em seguir para dentro com um punhado de oran berrys na mão, açodando por meio da ínfima floresta que tinha logo após ao cercado de madeira. Não delongara a chegar em um campo aberto, onde os dois pokémons volveram na direção das crianças, curiosos com a visita incomum. Ao lado direito, o lagarto alado, último estágio evolutivo de Charmander e do lado esquerdo a tartaruga azulada ostentando dois enormes canhões em seu casco, a derradeira evolução de Squirtle.

Os dois monstrinhos saudaram os garotos, que avançaram na direção dos mesmos, entregando-lhes as frutas. Blastoise e Charizard saboreavam os presentes, e logo volviam-se para Nicholas e Hendo em um amical sorriso, apontando paras as costas dos mesmos.

Passaram o restante da tarde ali, com aquelas duas criaturas que apesar de enormes e intimidadores, foram tão aprazíveis e se sentiam acalentadas com a presença juvenil. Alçaram voos com Charizard, nadaram com Blastoise até chegar próximo ao crepúsculo, horário que tinham de voltar às suas casas. Não sei se isso explicaria a ligação atual do louro com Charmeleon, chuto que é apenas uma hipótese minha, um mero narrador.

Assim como volveu ao passado em um passe de mágica com o singelo sibilo do vento marítimo, retornou ao mundo real. Os orbes cerúleos encaravam o horizonte, quiçá mais esperançosos que outrora, apenas com aquele ínfimo lapso de memória que tivera.

Nicholas sentia-se nostálgico. Regressar a Kanto significava muito mais do que capturar espécies novas e melhorar os seus monstrinhos; significava que sua alma finalmente podia descansar, e todas aquelas memórias horripilantes que tivera das últimas ondas varrendo os casebres em Pallet poderiam ser sepultadas nos confins de seu intrínseco.

Ah, nostalgia...

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Off escreveu:
Olá, narrador ou narradora! Essa será minha rota em dupla com o @Nico' e como Nicholas e Karinna são dois esquentadinhos, espere bastante briga, discussão e implicância entre eles, apesar dos dois estarem meio melancólicos nesse começo.

Que você se divirta tanto quanto a gente! E também gostaria de um Slowpokezinho, se possível. <3

P.S.: Tomei a liberdade de narrar que está de noite para encaixar com meu plot, espero que esteja tudo bem.



nostalgia

A ironia do destino, uma vez mais, conseguia atingir o meu íntimo. Kanto, o continente tão próximo de Johto, o qual passei quase toda minha vida, estava diante dos meus olhos cerúleos. A noite já caía sobre Lavender e sempre gostei muito de viajar, mas ainda assim um gosto amargo tocou minha língua assim que saí do trem e os saltos tocaram o frio chão da levemente tumultuada estação de trem. Quando criança foram inúmeros os sonhos em visitar esse lugar, mas sempre imaginei que estaria com minha mãe e minha avó quando o fizesse. Como um caleidoscópio de memórias, pude assistir-me nitidamente muitos anos atrás, espiando a televisão do vizinho quando os comerciais sobre as praias de Kanto passavam: "quando eu crescer e tiver dinheiro, vou levar todo mundo para conhecer", eu dizia na minha cabeça, ficando triste muitas das vezes porque os vizinhos dormiam cedo e eu não tinha uma televisão.

Pena que o destino decidiu que não seria muito bem assim, certo?

Nuka me observava um tanto quanto curiosa, bocejando após a longa soneca que tirara desde Rinshin até aqui. Ficou em dúvida se algo havia acontecido enquanto dormia, já que saí de Hoenn com um humor completamente diferente do que estava agora; acariciei sua cabeça, abrindo um leve sorriso agridoce enquanto ajeitava meus pertences nas costas. Não queria inteirá-la sobre minha triste história de vida agora, apesar de que acredito que ela já soubesse por ter passado um tempo comigo no passado, não me recordo muito bem. A dragão sorriu de volta, fazendo uma leve careta que me arrancou uma gargalhada tão espontânea que, por um único momento, consegui esquecer a tristeza que assolava meu âmago.

Era para eu estar feliz, não era? Estou apaixonada, é recíproco e acabei de passar dois dias incríveis ao lado da pessoa que gosto. Mas ainda assim, sempre que meu consciente decide trazer de volta a lamúria da perda dos maiores amores da minha vida, não consigo não ficar desse jeito. Chateada, triste, culpabilizando na minha mente o Etéreo ser que tanto me prega sádicas peças ano após ano. Com ajuda de um elástico que descansava em meu pulso direito, prendi minhas longas madeixas em um alto e longo rabo-de-cavalo enquanto passava por Lavender e me dirigia até a Rota 10, com passos rápidos e olhar desatento, perdida dentre as memórias que me assolavam.

A aberta e livre vista da costa de sílica que introduzia aquele desconhecido caminho mesclava-se à minha íris. As orbes cerúleas perderam-se em meio aquela imensidão rasa e azul e, por um único segundo, foi como se dançassem juntos, no ritmo da brisa que formava pequenas ondas sobre a linha d'água. Engoli seco quase que involuntariamente, lutando contra o consciente que insistia em trazer à tona lágrimas de tristeza e saudade. Os dígitos direitos, também involuntários, procuraram o braço de Nuka e apertaram-no em um silencioso pedido de socorro. A dragão, em conforto, gentilmente encostou sua cabeça em meu ombro, fitando-me como se dissesse que estava tudo bem sem precisar vocalizar uma única palavra. Outro sorriso agridoce se formou no meu rosto, mas despontando tão rápido quanto surgiu. Os pés tornaram a caminhar, agora em direção a uma extensa e larga ponte de madeira, talvez responsável por ligar uma cidade à outra, mas vai saber?

Os transeuntes não eram muitos e, sinceramente, pouco me importava se percebessem meu lamurio semblante. Meus passos eram apressados e determinados, com um único objetivo em mente naquele momento: encontrar um lugar vazio o suficiente para conseguir tocar meu violino em paz. Isto é, se eu conseguir já que a mão esquerda ainda estava um pouco injuriada, mas essa era menor das minhas preocupações. Respirei fundo, vendo à distância uma leve extensão da ponte que funcionava como um píer, onde por sorte não havia ninguém a vista. Talvez por já estar de noite, não eram muitos os que se aventuravam em um lugar escuro e à beira do mar, não importando o quão raso e cheio de raros Pokémon seja.

Suspirei, sinalizando com a mão para que Nuka caminhasse comigo até a ponta do píer, onde nos sentamos e observamos as diversas estrelas por alguns minutos. O céu que iluminava Kanto era quase que melancólico, com diversas nuvens lutando para tentar esconder o brilho das centenas esferas de plasma que se espalhavam ao redor do cheio satélite natural que tudo iluminava com extrema facilidade.

Retirei meus saltos, colocando-os dentro da bolsa e pendurando as pernas para fora da madeira enquanto buscava meu violino e meu PokéNav. Quando pedi para Lisanna, minha "cunhadinha" — como ela gosta de ser chamada — fazer alguns arranjos no piano pra mim, era exatamente momentos como esse que tinha em mente. Ajeitei o aparelho eletrônico ao lado da minha coxa direita, colocando a queixeira do instrumento em seu devido lugar. Apertei o "play" no media player, deixando que o silêncio se perdesse em meio ao talentoso dedilhar da grisalha que ecoava pelo alto-falante. Comecei a tocar o violino enquanto uma gélida e leve brisa passava e levava minhas presas madeixas junto consigo. Cerrei os olhos e, quando estava próximo da última estrofe da música, parei de tocá-lo abruptamente.

Ergui a cabeça e as janelas abriram-se, fitando o céu enquanto colocava o instrumento e seu arco em meu colo. Comecei a cantar em voz alta já que não havia ninguém por perto, com Nuka sentada ao meu lado e encantando-se com o tom de minha voz. Sim, além de uma excelente violinista, também sou uma ótima intérprete em segredo. A pequena me acompanhava e perdia seu olhar em meio às estrelas, suspirando com tranquilidade enquanto minha voz e o instrumental de Lisanna ressoavam pelas águas da rota dez, estas refletidas pelas minúsculas poças que formavam-se em meus olhos ao lembrar de como era ter um lar. E, mais uma vez, a falta que elas me fazem.

Mamãe e vovó, espero que estejam orgulhosas de mim.

"Please just tell me you're alright
Are you way up in the sky?
Laughing, smiling, looking down
Saying, "One day we'll meet in the clouds"
Up in the clouds
Up in…"


Egg escreveu:

Eevee — 15/40
Spiritomb — 01/40



SWARM

_________________
Bônus:
- Especialista II Psychic;
- Gestora Rocket:
- Skill Rocket: Queimando a Largada! (+3 Atk; +3 Sp. Atk para Pokémon em batalhas);
- Skill Rocket: Aprendizado Prático. (20% a mais de EXP em batalhas durante uma Missão Rocket);




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Era noite. No firmamento, em um canto remoto, o satélite natural da terra banhava a cidade de Lavender e as proximidades da rota dez com seus esplendores. Ainda que algumas estrelas teimavam em sair da cobertura das nuvens ao céu, ademais, os pequenos pontos cintilantes eram barrados — em sua maioria — pela mistura de água e gelo esparsa ao longo da atmosfera. A brisa noturna corria da terra ao mar, flamulando o casaco verde do louro e fazendo a chama na cauda de Charmeleon bailar, caótica; uma luz em meio à escuridão parcial do pavimento dos arredores da cidade fantasma.

Não muito ao longe, uma figura feminina com suas longas madeixas douradas presas calcorreava pela ponte de madeira junto de uma silhueta dracônica. Apenas com o canto dos olhos, Nicholas olhou de relance, não dando importância alguma — o fim do dia era o momento propício para estar sozinho, saboreando algumas memórias afetivas, não? Os pés tateavam, delicados pelo píer até sentarem na ponta com os pés pendendo à água.

Charmeleon encarava-as, curioso. Os cabelos que apesar de presos dançavam com o sibilo da brisa marítima fê-lo lembrar, em nuances, de Emma — era deveras apegado com a garota e sua maneira meiga, quiçá considerando-a como uma figura materna. Um sorriso sucinto cresceu no canto de seus lábios, saboreando as memórias daquela soneca ainda na rota cento e um no colo da loura. Hesitou em dar alguns passos na direção do píer ao fitar o louro, ainda pensativo, encarando o lúgubre céu de Kanto.

O único som audível era o sibilar do vento, gentil. Os cabelos dourados e seu blazer verde dançavam conforme o ritmo natural da corrente de ar que passava pela praia da rota dez. Os olhos cerúleos quase que estáticos continuavam a fitar a lua, em sinestesia jubilosa com suas memórias afetivas da cidade de Pallet, agora reconstruída.

E jazeu assim, em silêncio, nem ao menos se importando com a única — pelo menos, visível — companhia próxima à dupla.

Tão repentino quanto um sopro um pouco mais forte do vento, um agora som tão melancólico rasgava os ares vindo de onde a loura jazia com seu monstrinho. Os acordes sorumbáticos do violino chegavam até os tímpanos de Nicholas, e aquela nostalgia que lhe trazia sentimentos tão ternos, pareciam mudar quase que instantaneamente; como se um barco à deriva no mar fosse assaltado por uma colossal onda que varreria a toda a tripulação e, quiçá, o próprio barco. Em silêncio, baixou a sua fronte, passando a encarar a estática areia abaixo de seus pés.

Não sei se você se lembra sobre a dualidade acerca do sentimento que a nostalgia possa causar a alguém. E galgou de um extremo, ao outro, em poucas notas entoadas pela talentosa violinista acompanhada de seu Druddigon.

Como outrora, o cenário é, mais uma vez, a cidade de Pallet, no interior de Kanto.

Todos os dias, os céus eram escuros e a tempestade teimava em nunca cessar. O acúmulo de nuvens impedia que as luzes suntuosas, seja do sol ou da lua, chegassem aos mortais singelos da cidade interiorana de Kanto. A torrente evocada pelo surgimento da lendária fera Kyogre castigava todo o continente, e na vila costeira não era diferente. Apenas algumas pessoas ainda não haviam partido de Pallet e o motivo era muito simples: não tinham o valor monetário o suficiente para partirem até Hoenn, as tropicais terra que cingia os refugiados das terras assoladas.

A pequena família simples da cidade arrumava as suas últimas coisas para tomarem uma embarcação rumo à uma cidade qualquer da terra ainda livre. A mãe de Nicholas penteava suas madeixas uma última vez antes de tomar a sua mala junto com seu Mr Mime. A mulher fitava a sua casa, assolada pelas constantes chuvas e ventanias, sorumbática, deixando uma última lágrima escorrer por seu alvo rosto; o psíquico que estava ao seu lado limpava aquela única partícula de água, que tinha o um pesar proporcionar aos mares que circundavam Pallet. O palhaço buscava, em meio a grunhidos pouco felizes dizer que estava tudo bem. A matriarca assentiu, mesmo ainda carregando todo aquele pesar em seu âmago.

Próximo à porta, o pai de Nicholas e o próprio — agora, já em idade madura — aguardavam a moça para que partissem até o píer da cidade, onde uma pequena embarcação os aguardava. Vestiram suas capas de chuvas e tomavam, cada um, os seus respectivos monstrinhos — Mime andava com um guarda-chuva em passos espalhafatosos, a moça levava Growlithe em seu colo e o patriarca andava junto ao seu fiel auxiliar de serviços braçais, um Machop. Uma fila não muito grande jazia diante dos olhos dos retirantes.

Passaram-se alguns minutos até que chegasse a vez da família — por coincidência, os últimos da fila. A mãe e seu palhaço foram os primeiros, seguido do homem e seu Machop. Deram alguns passos à frente e volveram para trás, reparando, de imediato, na relutância de Nicholas em não subir no pequeno barco.

— Filho, tá na hora, a gente tem que ir — soprou gentil a mulher, ainda de dentro do barco. — Vamos achar um lugar legal pra gente ficar em Hoenn e reconstruir a nossa vida.

— Sinto muito, mamãe — a voz de Nicholas parecia falha e trôpega. Sua respiração começou a se descompassar em relação ao funcionamento de todo o seu corpo, e como um rio, lágrimas começaram a transbordar do oceano cerúleo que o louro carregava consigo. —, mas eu só comprei a passagem pra vocês dois.

— Como assim, moleque?! Entra logo nesse barco e vam’bora! — bradou o pai, em uma mescla de irritação com incredulidade. Quando ousou avançar, o segurança à frente da rampa entrou em sua frente, como um obstáculo, lançando a ele olhares sorumbáticos, lamentando o garoto não poder entrar também. — Sai da minha frente, caralho! É o meu filho! Nós não vamos partir sem o meu filho!

— ZARPAR! — uma voz masculina rasgou os ares próximos ao leme do barco. A tripulação entrava em posição de partida, dando alguns empurrões para que o barco partisse conforme a correnteza.

A distância entre a terra firme e o barco começava a aumentar gradualmente; já não era possível os progenitores alcançarem o seu filho, que se mantinha teso, na costa, apenas com a sua capa de chuva e um rosto visivelmente melancólico de estar se separando de seus pais. Nico resolvera ser um mártir: deixou aqueles que tudo lhe deram viver em troca de sua própria vida. Seus pais, de dentro do barco, começavam a se debater e debulharem-se em lágrimas — pela primeira vez, o garoto viu seu pai chorar —; os monstrinhos começavam a grunhir em desespero e lamúria por verem o pequenino que auxiliaram a criar ficar para trás.

— Papai, mamãe... E-e-e-eu... — reunira todas as forças possíveis para que as lágrimas não fossem obstáculo à sua última frase antes que seus pais desaparecessem no horizontal infinito de água. — Eu prometo que irei encontrar vocês, e quando isso acontecer, eu vou ser forte o suficiente para que não aconteça mais nada com a gente! — o bramido de sua alma era misturado à toda a sua angustia e força de vontade, e agora, todas as lágrimas que acumularam nesses seus anos de vida, começavam a transbordar de seus olhos anis.

Estavam longe o suficiente para que não fosse possível o garoto entrar no barco. Sua mãe ainda apareceu subitamente à proa do barco; mesmo a uma distância considerável, era possível ver os olhos cerúleos da mulher vermelhos, mergulhados em melancolia e choque.

— Nico! — foi o que ouvira de sua mãe, com o grito se perdendo conforme a embarcação seguia seu caminho, a voz falhando aos poucos. O patriarca, em choque, não conseguia nem ao menos abrir a sua boca por mais que tentasse; uma lamúria infinita estava presa em sua garganta e não conseguia liberá-la. O oceano não era nada diante daquela despedida aos mais velhos.

Foi um dos últimos a ficar em Pallet, e graças à sorte — ou Arceus? —, o garoto ainda conseguira chegar às terras tropicais de Hoenn graças a alguns acontecimentos que não pôde matutar acerca, afinal, uma voz tão doce e aprazível de se ouvir o despertava do universo onírico.

Alguns poucos versos eram entoados pela garota à beira do píer e sua Druddigon, e Nicholas pudera ouvir com clareza toda a melancolia transpassada naquela canção apenas próximo ao final — ora, suas memórias o prenderam no mundo de Morpheus por algum tempo. Uma voz doce, mansa, que formava um par único com todo o ambiente ao redor daquelas duas únicas almas na rota dez.

Jazeu taciturno.

O último verso fora entoado pela artista, e o louro desviou o seu olhar por um ínfimo tempo, volvendo a encarar — com uma melancolia ímpar pincelando seu cenho — o tapete de areia que se estendia até a fronteira com o mar. Resolveu olhar para Charmeleon em seu lado, e notou depois de todo esse tempo que o mesmo não estava ali.

Espreitou alguns obstáculos mínimos para chegar até mais ou menos no meio da ponte de madeira. Uma cor destoante com todo o recinto noturno e uma brasa que insistia em se manter acesa apesar dos ventos denunciavam a posição de onde estava o monstrinho. Em passos calmos e um semblante estupefato — para não dizer, bobo —, encantado com os acordes do violino e a voz angelical da artista, o pequeno dava sinais de que gostaria de ouvir as canções de mais perto.

Não contava, com tudo, de que seu treinador o repreenderia no meio do trajeto.

— Charmeleon, volte — a voz do louro soara imponente, e o ígneo volvia na direção do louro, assustado. Em meio a grunhidos e gestos, dizia que queria ouvir ou ver de mais perto o que mais perto o que a artista de douradas madeixas o fazia, afinal, se encantara desde a primeira nota entoara, seja no violino ou com sua própria voz. — Eu não vou dizer de novo.

O lagarto respirou fundo, decepcionado. Sorriu, por fim na direção da loura e seu dragão, acenando com a mão destra na direção das mesmas, expressando júbilo ao ouvir aquela apresentação ínfima.

Mas, pobre Charmeleon; sua ingenuidade ainda não dava ao mesmo o discernimento entre quem é bom ou mau. Ou seria apenas mais umas das paranoias do kantoniano que, após tudo o que ocorreu, resolveu reconstruir toda aquela barreira que Emma custara a derrubar?

A vida e os seus mistérios.

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nostalgia

Perdida em meio a devaneios e o timbre de minha própria voz que ecoava para o infinito cerúleo diante dos olhos, encerrei a música com um leve sorriso estampado de orelha a orelha, reconhecendo que talvez, e somente talvez, a breve e gélida brisa que se alastrava naquela noite era uma resposta das duas estrelas que me observavam lá de cima.

Guardei o violino em sua case, somente para despertar para realidade e observar Nuka fitando algo em nossas costas com um olhar curioso. A princípio senti um frio percorrer minha espinha: muitas foram as vezes que estava sozinha à noite e alguma merda muito grande acontecia. Depois de inúmeras experiências desagradáveis e ser basicamente um imã gigante para problemas, não sei se deveria me preparar para um sequestro, tentativa de assassinato ou culto satânico. Inclinei a cabeça, somente para ajeitar meu tronco e ver com meus próprios olhos sobre o que se tratava. A expressão estampada em meu rosto não era lá das mais amigáveis, mas assim que percebi se tratar de um gentil e curioso lagarto de fogo, o semblante se desfez naquele exato momento, dando lugar a um leve e simpático sorriso para criaturinha.

— ... Oi, rapazinho. Ou mocinha, não sei. — levei o indicador direito até o queixo — Hm... Mas você é bem grande, parece ser um menino. — falei com a voz suave, alta o suficiente para que ele escutasse; quando forcei os olhos para tentar enxergar além do ígneo, percebi também uma figura masculina um pouco mais distante, muito provavelmente seu treinador — ...

Talvez pelo silêncio ensurdecedor pairar naquele exato momento, pude escutar perfeitamente o garoto em tom ríspido ordenar que Charmeleon voltasse e não interagisse conosco. Em qualquer outra situação aquilo seria ignorado e muito provavelmente eu viraria de costas novamente e continuaria fitando as estrelas junto da dragão, mas o pequeno parecia tão animado para fazer novas amizades que não pude deixar passar. Vai que o garoto achou que ele fosse me incomodar? Não sei.

— Tá tudo bem, ele não está me incomodando. — apesar de saber que o garoto estava ali, naquela distância era impossível sequer identificar muito bem o seu rosto ou suas vestimentas; levantei-me e comecei a caminhar, descalça e em passos lentos, até os dois — ... Posso?

Estendi a mão direita na direção da cabeça do ígneo, voltando meu olhar para seu treinador, pedindo autorização para acariciar a cabeça do Pokémon. Alto e com olhos tão cerúleos quanto os meus, estes um pouco escondidos por sua franja loira desgrenhada, o rapaz não parecia feliz por ter que interagir comigo. Sua expressão não era nada amigável, o que acabou me deixando um pouco receosa, mas já estava ali, não é? Não tinha muito o que fazer. Suas vestes, semelhantes a um antigo uniforme de colegial, me diziam que certamente estética pessoal não era sua prioridade.

— Você também gosta de música, mocinho? — abri um sorriso de orelha a orelha para Charmeleon enquanto o ígneo se deleitava em meu carinho; ao meu lado estava Nuka, que acenava para os dois um pouco tímida — Essa é a Nuka, uma das minhas filhas. Ela também gosta bastante! Vocês já podem ser amigos por terem algo em comum, olha que legal! — cocei a garganta, desfazendo a voz infantil que fizera para me comunicar com o Pokémon; voltei minha atenção para o treinador — Me chamo Karinna. Tudo bem? — ajeitei o moletom cor-de-rosa que vestia, tirando um pouco das dobras que formaram-se no pesado tecido enquanto estava sentada; aproveitei para bater também na barra da curta saia colegial quadriculada, limpando um pouco de areia que instalou-se em sua costura após a forte brisa que passara minutos atrás — Algo me diz que você não está lá muito feliz por ter que falar comigo, mas seu pequeno parece querer fazer novas amizades. Seria legal desamarrar um pouco essa cara, não acha? Ou pelo menos não maltratar ele por ser curioso. — meu tom não foi ríspido, mas a frase por si só era; oras, só sei ser simpática de verdade com Pokémon... não é minha culpa — Que mal uma garota de um e setenta e cinco poderia fazer pra vocês? — muito se testassem minha paciência, mas não era o caso; puxei o elástico que prendia meu cabelo, soltando as longas e loiras madeixas ao vento — Se estiverem com fome, tenho alguns sanduíches na minha bolsa. — apontei com a mão esquerda para a ponta do píer onde estavam meus pertences, somente para me lembrar da cicatriz recém adquirida; insegura, engoli seco quase que de imediato, abaixando a mão e cobrindo-a com a direita, sem graça — Er- — tossi, suspirando logo em seguida — E, então, vai deixar ele se divertir um pouco ou vai continuar com essa cara?

Cabelos loiros, olhos azuis, expressão antipática...

Onde será que já vi alguém assim?

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Quase um dèjá-vu. Alguns nuances minuciosos pincelavam o primeiro encontro do louro na rota cento e um com aquela garota que, por mais excêntrico que fosse, já passava a partilhar de sua vida nos dias atuais. A violinista volveu-se na direção do curioso ígneo, de início fuzilando-o com os orbes cerúleos que refletiam com a luz lunar, e abrindo sua feição em um sorriso inocente pouco a pouco. Saudou-o, fazendo os grandes olhos de Charmeleon cintilar em júbilo — santa inocência.

Prestes a se volver para retornar onde jazia sentado o seu mestre, a voz suave rasgou os ares na direção de Nicholas. O kantoniano semicerrou os olhos, passando a fitar a garota com o típico olhar inexpressivo e de juíz, e por incrível que pareça, a mesma pouco ligava. Apenas inferia que Charmeleon não a incomodava — contudo, era o treinador quem gostaria de se isolar, e para tal, há um ambiente melhor que uma gélida noite nublada nas proximidades da cidade fantasma?

A artista projetou o seu tronco para cima, levantando-se, súbita. No meio da penumbra com apenas algumas luzes esparsas pelo píer de Lavender, seu moletom róseo se destacava em meio aos raios alvos vindo de postes ou do próprio satélite. Em passos morosos, a loura se achegou do pequeno lagarto, que a saudava com um riso infantil e ainda maior que o de outrora. A mão direita da garota viajava até a cabeça de Charmeleon, hesitante, e aquele olhar frio de Nico apenas se intensificava; era o seu primeiro, aquele que tinha ciência de todas as suas lamúrias. Não deixaria de maneira alguma algo acontecer ao mesmo.

Quando a delicada mão alva encostou sobre a cabeça do réptil, o membro canhoto de Nicholas rapidamente viajava até o seu bolso, deixando de fácil acesso a esfera bicolor de seu pássaro psíquico — um contra-ataque súbito e em alta velocidade, possivelmente o que planejara. Talvez o kantoniano estivesse paranoico demais, e relaxou a sua postura ao ver que seu lagarto apenas grunhia jubiloso com o chamego que recebia da artista desconhecida.

Um contato amical era estabelecido entre os dois, com a garota indagando sobre seu gosto musical. Tal uma criança de seus quatro anos de idade, o ígneo balançava a sua cabeça com os olhos cerrados em alegria; em sua cauda, a chama bailava ainda com mais intensidade e o rabinho mexia para lá e para cá, como um Lillipup jocoso no retorno de seu dono. A Druddigon ainda relutava em se aproximar do dócil monstrinho mesmo depois de devidamente apresentada ao réptil. Charmeleon, indiscreto e inocente como é, deu alguns passos — que mais pareciam uns pulinhos empolgados — até se achegar do dragão, batendo uma palma e mostrando as suas mãos — um convite para brincar de adoleta?

Tinha uma visão mais clara, enfim, da garota. De aparência jovial e ostentando suas longas madeixas presas, a artista de nome Karinna carregava uma ímpar beleza — que coincidência com os acontecimentos anteriores, não é mesmo? Isso é, havia algumas discrepâncias quando nos tratamos de personalidade: se uma era dona de meigo caráter, a outra disparava certa rispidez em suas palavras — por mais que seu tom não o transparecesse. E bom, “que mal alguma garota de um e setenta e cinco pode fazer?”, claro que aquilo fazia um sorriso irônico despertar o cenho inexpressivo do louro.

Ergueu-se, com o corpo teso, em pé, finalmente. Colocou as suas mãos no bolso, caminhando na direção do píer; sua expressão ainda não se abria por completo.

— Hmpf... Que besteira — murmurou, enquanto calcorreava, em passos morosos, aproximando-se dos três. Olhou apenas de relance para Karinna, volvendo os orbes cerúleos na direção do lagarto, que pulava de um lado para o outro por ter, enfim, alguém para brincar desde os eventos na rota nos arredores de Rustboro. Respirou fundo.

A loura apontou sua mão esquerda na direção do píer, oferecendo alguns sanduíches, soltando seus longos fios dourados do elástico que os contia outrora. E, claro, cada um se comportou de uma maneira diferente: pela reação de Karinna, o kantoniano torceu o nariz e passou a observar melhor a alva mão da artista, que carregava uma cicatriz exacerbada, fazendo-a recolher o membro com vergonha; a barriga do lagarto apenas roncava alto, enquanto ele fitava o seu mestre lançando um olhar inocente, como se pedisse perdão por suas trapalhadas.

Mas que dupla mais excêntrica, não?

Nicholas dava alguns passos na direção do píer — ainda mantendo sua postura inexpressiva e suas mãos no bolso.

— Nicholas — apresentou-se, ainda passando ao lado da loura com seu moletom rosa. Lançou um aprazível aos dois monstrinhos que pareciam absortos em sua diversão, até ouvir as palavras da garota se deixaria Charmeleon brincar ou continuaria com aquele mesmo cenho antipático; ignorou. — Esse seu ferimento na mão não é nada normal. Com quem você andou se metendo nesse tempo? — indagou, em passos calmos até o píer. — Ficar sozinha à noite justo aqui e fazer todo esse som também não é nada seguro — e volveu a calcorrear na direção da extremidade da ponta, com os orbes cerúleos mirando o mar em seus harmoniosos balanços.

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nostalgia

Com a curta e grossa resposta do rapaz, naquele exato momento descobri que ele não me faria mal. Tudo bem, ainda existe a possibilidade de sairmos no soco se Nicholas continuar com essa ignorância toda, mas a princípio o louro era inofensivo. Depois de inúmeras experiências onde fui ameaçada e fiquei à beira da morte, um adolescente mal humorado não é nada demais, né? Fácil de se lidar, até por me lembrar um pouco de mim mesma há alguns meses atrás. Ajeitei minhas madeixas colocando-as à frente do meu ombro direito, apertando levemente o passo para alcançar o loiro que começara a caminhar sem mais e nem menos.

Um pouco mais atrás e caminhando em passos lentos e atrapalhados enquanto brincavam, Nuka e Charmeleon se divertiam imensamente um com o outro, sendo possível ver o brilho nos olhos no ígneo, que parecia não fazer isso há algum tempinho. Com uma piscadela para eles, mandei um beijinho na direção dos dois, com a dracônica abrindo um enorme sorriso para a demonstração de afeto.

— Viu? Vai morrer por que seu amigo está se divertindo um pouco? — provoquei, dando uma leve risada daquela expressão carrancuda que não despontava do rosto do loiro — ... Hm, i-isso aqui? — a voz quebrou um pouco, com as pesadas memórias de Shimmer Ruins inundando o consciente por uma fração de segundo — Se eu te contasse, você não acreditaria. — ergui a mão esquerda na frente do corpo para que Nicholas conseguisse observá-la também — Isso aqui, ó, como pode ver, são marcas de dente. — a cicatriz formava um "u" sobre o dorso da mão, encaixe perfeito para a arcada dentária de um ser humano — Fui com minha melhor amiga para o deserto e encontramos uma civilização perdida há mais de 2 mil anos... Só aconteceu merda atrás de merda e esse foi o prêmio que recebi por ser curiosa demais. — não ia dizer que era porque estava obcecada pelos tesouros, né? — Pelo menos não perdi a mão, poderia ter sido pior. — suspirei enquanto alcançávamos a ponta do píer — Ah, não é seguro, mas sei me virar, como pode ver bem. Já passei por tanta coisa e tô aqui inteira. Ou quase. — abaixei a mão, sinalizando para que nos sentássemos; provavelmente o garoto titubearia para aceitar, mas não era eu que ficaria insistindo — Vamos ver se até depois de alimentado com um dos melhores sanduíches do mundo você sustenta essa cara irritadiça, Nicholas.

Não queria ser intrometida, mas, de fato, a curiosidade é algo gritante em mim: o pisar das pernas do rapaz era algo que me chamou atenção desde quando deu seu primeiro passo. Algo sobre seu andar parecia desigual, como se uma de suas pernas estivesse bem machucada. Sentei na madeira e coloquei as minhas para fora do píer, balançando-as no ar enquanto buscava minha bolsa e retirava os sanduíches, um para cada um.

— E sua perna? — perguntei, entregando um sanduíche para cada; Nuka e Charmeleon também se sentavam no píer, parecendo conversar entre si em seu idioma ininteligível — Caiu e se machucou? Câimbra? Briga de rua? Faca? Tiro? — ergui uma das sobrancelhas — Já presenciei de tudo nesse mundo, não me admiraria se fosse uma das últimas opções. E você não é lá a pessoa mais simpática do mundo. — desembrulhei e dei uma mordida no meu sanduíche — Então deve ter bastante gente que não gosta de você por aí. Acredite, eu sei porque sou assim também. — levei a mão esquerda até o pingente do cordão, segurando-o de leve — Sorte sua que me encontrou em um bom momento ou a gente já tinha saído no soco. Você é maior do que eu, mas não é dois. — dei uma leve gargalhada, colocando o sanduíche em meu colo e empurrando de leve o ombro direito de Nicholas — Desfaz essa cara, porra. Ninguém aqui vai te fazer mal. — revirei os olhos, fitando-o logo em seguida — O que te traz até aqui? Veio atrás dos Pokémon?

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As suspeitas iniciais do louro caíram por terra diante daquela aproximação amistosa da violinista. Iniciou o trajeto até a extremidade da ponta de madeira, enquanto os dois monstrinhos continuavam a se divertir. Karinna volveu-se para trás, piscando e mandando um beijinho para ambos; o dragão se derreteu com a demonstração afetuosa, e o ígneo balançava seus exíguos braços mais uma vez com um aprazível saudação e agradecimento por ter convencido o kantoniano sempre reservado.

Karinna provocou o louro, que a encarou de volta apenas com o canto de seus orbes anis. Emitiu apenas um tsc, claramente audível à loura, apenas para ignorar, por fim, o tom galhofeiro com que se dirigira a ele. Mas a partir dali, o princípio de uma aproximação amical dava alguns sinais no momento em que a artista passava a falar sobre sua visível cicatriz, colocando sua mão à frente de seu corpo, mostrando a Nicholas.

As marcas que sua alva mão carregava era o sinal de algum ataque inesperado, e o que fez Nico erguer a sua sobrancelha foi com o formato que a cicatriz tinha: uma arcada dentária humana. Ora, como uma pessoa conseguira fazer aquilo apenas se utilizando dos dentes? Força sobre humana, alguma criatura abençoada por Arceus; era completamente fora do que o louro pudera cogitar. Karinna dera detalhes de que lancinara seu membro a visitar com sua amiga as ruínas de uma civilização com dois mil anos de idade, levando o machucado como um prêmio por sua indiscrição em demasia. A violinista, que ostentava cintilantes fios dourados ainda tinha a pachorra de dizer que poderia a ter perdido.

Nicholas suspirou, sorrindo com o canto dos lábios — quiçá, em tom pouco zombeteiro diante da última afirmação. Logo se recompôs com seu cenho sisudo e passando a fitar Karinna que andava lado a lado até a ponta do píer.

— Se era só uma ruína de uma civilização antiga e você estava com sua amiga, eu duvido que foi ela quem fez esse machucado em você — ponderou, olhando de relance para a lancinada mão da loura, volvendo a olhar para frente. — Deveriam ter só alguns documentos ou pinturas que ajudassem a estudar a civilização, ou alguns pokémons que cresceram lá, sei lá. Só falta você falar que o imperador daquilo reviveu só pra morder a sua mão — um riso despontou no canto dos lábios de Nicholas que, rapidamente, volvia a fitar o colosso oceânico pouco mais à frente.

Enquanto isso, o pequeno lagarto descia até um pouco atrás do píer, buscando um amontado de pedras, levando-os até Nuka. Em seus grunhidos ininteligíveis com o auxílio de sua mímica, sugeria uma brincadeira para sua mais nova amiga: arremessar os pequenos cascalhos no mar para ver se quicavam. Com sua cabeça, sinalizava para que Druddigon o acompanhasse até onde a dupla que acabara de se conhecer se assentava.

Nicholas assentou-se, deixando seus pés, tal os de Karinna, pender às águas. A exímia violinista — e cantora — passava a indagar sobre a sua perna, distribuindo os sanduíches a todos os presentes; o louro segurou um deles com sua mão esquerda. As hipóteses que a loura levantava iam de um mais inocente até algo atroz — e por incrível que pareça, era justamente a última que ocorrera. E como as aparências enganavam: para alguém de aparência tão jovial, afirmara que tinha vivência o suficiente sobre o tanto de coisas que poderiam acontecer no mundo — e não podia deixar de jogar a sua última farpa, não é?

Nicholas apenas encarou-a, fuzilando com o canto de seus orbes cerúleos.

Charmeleon, ao receber um de seus sanduíches, cutucava seu treinador em seu blazer verde, entregando em sua mão destra uma das pedras que coletara; fitou Nuka com alguns sinais mímicos: o louro mostraria como seria.

— Foi só um acidente, nada demais. Ela vai ficar boa logo, logo — inferiu, arremessando a pedra contra o mar, que quicava três meses até afundar no corpo colossal de água salgada.

Começou a desembrulhar o sanduíche, apenas para que Karinna empurrasse de leve o seu ombro esquerdo, lançando alguns gracejos sobre terem de se enfrentar fisicamente; apenas riu, mordendo o sanduíche, lançando mais uma pedra contra o mar junto ao pequeno lagarto, que incentivava Nuka a fazê-lo. Era excêntrico o modo como a loura implicava com o sisudo semblante que o kantoniano ostentava — e cômico também.

— Será que dá pra parar de ser um saco? — indagou, balançando a cabeça negativamente, em um riso abafado, arremessando mais uma pedra ao ouvir atentamente as indagações de Karinna. — Também, mas eu queria ver com meus próprios olhos como aqui ficou depois de tudo o que aconteceu. Não mudou muito desde de... aquilo. Presumo que você veio aqui só pra capturar alguns, não é? Ou é algum tipo de repertório que você tá trabalhando, sei lá.

O lagarto cutucava a garota agora, oferecendo-lhe mais uma pedra e apontando para Nicholas: um convite para fazê-lo assim como o louro fizera algumas vezes?

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A dupla cerulea se divertia à maneira daqueles que tinham a astúcia e desconfiança como seu brasão. Zombar vez ou outra um do outro antes de revelar um pouco mais sobre o passado de cada um parecia ser a melhor forma que dois estranhos conectados por um misterioso destino tinham para aprofundar um vínculo que até aquela noite, inexistia. Ambos os treinadores de olhos cerúleos faziam uma dança sutil e muito estratégica com suas palavras e cada um ia pouco a pouco compreendendo melhor sobre sua contraparte loira dentro das possibilidades que uma única conversa curta tinha.

Entre um sanduíche e outro, mais palavras eram ditas e maiores informações compartilhadas, porém a intimidade conquistada através da zombaria tinha um custo. Ambos estavam unidos pelo brilho do luar e conversavam como iguais tentando vez ou outra provar algo a mais para o outro fosse com um conselho ou advertência sobre as histórias que eram partilhadas  (Como KB pediu inicialmente, o início será à noite). Por conta disso, não tinham mais a mesma leveza inocente que Charmeleon e Nula demonstraram brincando um com o outro. Ambos os pequenos riam, se divertiam e Charmeleon até ousava trazer um novo elemento a cena para que todos se divertissem: que pokémon!

Nico Arremessou a primeira pedra com graça e assim ela buscou seu caminho até o fundo do lago. Nuka e Charmeleon seguiram a mesma lógica e conseguiram replicar só esboçando sorrisos largos em suas faces enquanto a cada nova pedra quicante a brincadeira se enchia de graça. Karina jogou uma das pedras com a mão sem cicatriz e foi pega pela contagiante alegria da brincadeira que a princípio não tinha utilidade alguma além de desestressar aqueles que arremessavam as pequenas rochas. Depois do primeiro arremesso feito com sucesso, o conteúdo da conversa parecia ser mais agradável do que a pequena dose de dopamina recebia a cada arremesso, então os treinadores deixaram que suas crianças seguissem com a diversão.

Foi quando…

Uma dupla de slowpokes com traços loiros em suas cabeças (Coincidências?) havia decidido fazer uma pausa em suas vidas para apreciar a luz da lua de um local privilegiado. Talvez fosse a música que tivesse atraído ambos os pokémons que sorrateiramente saíram do lago para mirar o lindo satélite. Foi quando um giolito potente e desmedido (Bala perdida mata galera) atingiu em cheio a cabeça do primeiro rosado que emergiu. O segundo pokémon estava tomado por nada mais nada menos que uma raiva justificada de ver sua noite ser arruinada e antes que a próxima pedra fosse arremessada o rosado reagiu lançando um jato de água na direção do agressor original.

Graças a forte pressão da técnica, Nico e Karinna eram pegos na área do jato só que com menos estragos que seus pokémons brincalhões (Meramente cutscene, nenhum pokémon foi ferido durante a produção desta cena). A dupla de olhar ceruleano deduziu rapidamente os fatos, mas havia algo a mais naquela situação. Como Nico escreveu muito bem sobre: Nostalgia pode ser interpretada como um reencontro com dores advindas do passado. Aquele jato afrontoso diante da primeira noite agradável na jornada da dupla era quase uma afronta à nova história que estavam tentando escrever em Kanto. Nico já não tinha as melhores memórias do mundo quando água era envolvida e aquele jato incomodou a veia criativa de Karina que estava aos poucos começado a ter sucesso em desvendar mais sobre o misterioso lobo noturno.

O slowpoke seguiu para a proteção e conforto da água novamente e logo que a dupla chegou a beirada viram um domo colorido com diversas cores em tons claros, mas os principais aspectos da técnica em questão eram representados pela cor rosa choque e tons de lilás claro.

Um senhor já com certa idade e seus 50 anos de idade se aproximou da dupla após a cena oferecendo ajuda.Ele trazia com sigo um kit de pesca e um pequeno estojo transparente onde era possível ver algumas iscas.

- Pelos céus! Achamos que já haviam recolhido todos estes pokémons de outras regiões! Vocês estão bem crianças? A aquela Sienna Co. que ideia de jerico foi essa de repovoar Kanto com novos pokémons.

O Senhor apontou para uma esquina enquanto fazia um gesto enquanto curvava a ponta  dos dedos para a esquerda.

- Para a sorte de vocês tem uma hospedaria aqui pertinho. Podem ir lá trocar essa roupa e comer algo quente. Vou informar as autoridades que ainda tem alguns soltos por essa região.

A dupla poderia ter um objetivo em comum agora. Ir atrás do zombador e empatar o placar ou simplesmente ignorar aquilo que aconteceu e seguirem suas vidas. Seja lá o que escolherem, seria bom estarem com roupas secas…

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Off escreveu:
Oi, Rafinha! Espero que se divirta tanto quanto a gente! <3



nostalgia

— Você vai achar que eu sou maluca, mas... — bufei, dando uma risada sem graça enquanto voltava ao assunto anterior — Zumbis, sabe? No melhor estilo daqueles programas de tevê. Uma delas foi a que fez isso. — passei os dígitos da mão direita sobre a cicatriz — Sou uma especialista em psíquicos, mas a energia daquele lugar era de outro universo. Provavelmente um dos piores lugares que já passei. — ergui ambas sobrancelhas, consentindo com a cabeça — Imperador foi o de menos, mas já ouviu falar no Regirock? Um dos lendários de Hoenn? Pois é. — dei uma leve risada, jogando meus cabelos para trás dos ombros — Meus pequenos não me deixam mentir. Foi horrível.

Não era do meu feitio contar sobre minhas experiências para um garoto que conheço a míseros minutos, mas algo me dizia que Nicholas também teve sua dose de más experiências. Seu semblante irritadiço e desconfiado... Sei que já comentei sobre isso, mas me lembrava demais como eu agia poucos meses atrás. E ainda ajo, para ser bem sincera, mas a última semana talvez tenha me deixado, hm, mole demais, sabe? Abobalhada, tosca, despreparada. O loiro poderia muito bem ser um ladrão ou membro de algum culto satânico e não tinha Daisuke certo pra me salvar nesse lugar escuro e vazio.

— Um acidente? Você não me parece uma pessoa que sofra "acidentes". — ironizei a última palavra utilizando as mãos para sinalizar as aspas — Se vai sarar logo logo, acho que você não se importa se eu der um soco na sua perna, né? — brinquei, dando uma leve gargalhada logo enquanto o observava jogar a pedra na água — Ha, eu sou mestre nisso! Nasci e fui criada em cidades litorâneas, esse era meu passatempo. — peguei a pedrinha que Charmeleon me entregou, aproveitando para acariciar um pouquinho a cabeça do pequeno, que claramente adora afagos do tipo — Ó... Um, dois, três. — joguei a pedra sobre a água, que quicou somente uma vez e afundou — Ah, não valeu! Essa sua cara amarrada me desestabilizou. — cruzei os braços e cutuquei o braço de Nicholas com o cotovelo, irritada enquanto observava as pedras dos monstrinhos também quicarem pelo menos umas três vezes; Nuka até tentou errar para se compadecer, mas não conseguiu — A culpa é sua, Nicholas!

Tá, competitividade talvez seja um dos problemas que ainda preciso aprender a lidar, mas logo desamarrei o meu semblante e abri um leve sorriso ao ver o ígneo e a dracônica brincando e se divertindo demais com uma brincadeira tão simples. Às vezes, para ser bem sincera, invejo os monstrinhos: incrível como é necessário tão pouco para deixarem seus problemas de lado e rirem de verdade, não somente para mascarar uma situação ainda pior no íntimo. Descruzei os braços e estiquei ambas as mãos na direção do loiro, numa tentativa de segurar seu rosto e puxar seus lábios para um sorriso forçado. A culpa eRA DELE SIM POR EU TER PERDIDO A CONCENTRAÇÃO E ERRADO!

— Eu não sou um saco nada e AGORA VOCÊ VAI ABRIR UM SORRISO SIM! — se esquivando da minha brincadeira com o rosto e seus braços, gargalhei ao ver as tentativas de Nicholas de se desvencilhar das minhas mãos sem me machucar — Você é quase igual um irmão mais novo insuportáv-

Sequer consegui terminar a frase, sentindo dois enormes jatos d'água me ensoparem por inteira. Permaneci estática por alguns milésimos, fitando Nicholas com ambos os braços erguidos no ar. Minhas longas madeixas, que demorei tanto para desembaraçar no trem, agora me dariam ainda mais trabalho por estarem molhadas com água salgada. O sorriso da brincadeira que fazia com o adolescente despontou quase que imediatamente, com meus punhos fechando e socando a base de madeira que estávamos sentados com tanta força que até balançou-a de leve. Nuka, que inicialmente tentava procurar os dito-cujos que nos atacaram, somente olhou para Nicholas e Charmeleon, como se dissesse que não tinha o que fazer a não ser aceitar o leve surto que estava por vir. Tudo por conta do meu cabelo.

— ....... AH NÃO! — levantei, irritada, pegando as outras pedras que Charmeleon pegara para brincar e zunindo todas elas numa tentativa falha de acertar os, agora culpados, Slowpokes — VAMOS NICHOLAS! VOCÊ NÃO VAI ME AJUDAR, NÃO!? — abaixei e peguei uma Pokéball dentro da minha bolsa, mas uma voz um tanto quanto envelhecida ecoava em nossas costas; estava tão cega de ódio que sequer consegui respondê-la, girando o corpo no eixo dos meus próprios pés para ver sobre quem se tratava — CALMA AÍ VOVÔ, EU VOU DAR UMA COÇ- — Nuka me cutucou, balançando sua cabeça negativamente algumas vezes para que me controlasse — O-Obrigada. Vamos sim.

Joguei a esfera bicolor dentro da bolsa de qualquer jeito, extremamente irritada. Juntei as molhadas madeixas com as duas mãos e espremi-as, voltando rapidamente minha atenção para Nicholas e fuzilando-o com os olhos:

— Escuta, nós vamos lá e vamos trocar de roupa e vamos voltar aqui para dar uma lição nesses bichos. — sussurrei a frase inteira sem respirar, revirando os olhos logo em seguida — Nem que eu tenha que secar esse oceano todinho. — abaixei e peguei o restante dos meus pertences com raiva, puxando Nicholas pelo braço enquanto trotava irritada na direção que o senhor indicara; sequer percebi se o loiro deixaria ou não, mas não estava nem aí — Vamos. — a dracônica parecia conversar com Charmeleon em seu idioma ininteligível, talvez pedindo desculpas em meu nome pelo temperamento explosivo — Que raiva!

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off. :


Foi com desconfiança que as pálpebras se abriram e um cenho de desconfiança estampou a face do louro. Contudo, qual a relação que havia entre o lendário monstro de rocha das terras tropicais que jazeram outrora com zumbis? Foi algum elemento com efeito desconhecido da tabela periódica que fora jogado nas ruínas por Regirock? A especialista comentara acerca de seu conhecimento, fazendo algum paralelo com energia de outro universo. Por mais verídico que fosse, Nicholas não conseguia confiar.

— Deixa eu ver se eu entendi: um Regirock e zumbis em uma ruína de dois mil anos atrás. Mas que porra é essa? É algum tipo de ritual ou alguma magia esquisita? — indagou, incrédulo. — Regirock tem, sim, grandes poderes, mas garanto que um deles é justamente não criar zumbis.

De fato, devo admitir que Karinna estava certa: o louro sabia bem como fugir de imprevistos, entretanto, levar um tiro — que não estava nas possibilidades do louro, dado às circunstâncias em que o projétil o acertara — poderia ser considerado um acidente, isto é, não tão bem calculado como de costume. Apenas pigarreou, embrulhando o papel com a mão canhota, repousando-a gentilmente ao seu lado, volvendo-se na direção da loura com uma sobrancelha erguida diante de sua última frase. Puta merda, será que essa garota tá treinando pra algum evento de MMA e tudo tem que envolver porrada ou é simplesmente mais uma maluca, pensara Nicholas.

E nesse mísero milissegundo, passara alguns lampejos de como o kantoniano era um ímã de gente excêntrica: um que se dizia líder de uma sociedade andava nas ruas parecendo um palhaço e ainda tem a pachorra de dizer que fez de refém o líder dos Aqua, mesmo com aqueles trajes espalhafatosos; o outro que se dizia presidente mais parecia um bobo alegre; o seu próprio inicial era um inconsequente que, na primeira oportunidade, estava sorrindo para alguém que nem ao menos conhecera. E matutou por ínfimo tempo: seria ele o esquisito ou todos ao seu redor que o eram?

O único ricochete da pedra que a violinista arremessara foi quem despertou-o de seus pensamentos frívolos, e o cascalho afundara no titã aquático. E tão repentino quanto o lançamento da pedra por parte da loura, fora a sua reclamação. Por Arceus, quem é que coloca a culpa em outrem por um semblante inexpressivo que já lhe era corriqueiro. Tocara, mansa, com o cotovelo no braço do treinador, culpando-o por seu projétil não conseguir quicar como o dos outros monstrinhos — e do próprio Nicholas — fizeram.

— Da próxima vez, a gente joga essas pedras dentro de um circo, em que vai tá todo mundo bem feliz. Quem sabe ela não quique só duas vezes, e você ainda continue perdendo pra mim, resmungona — em ímpeto, Nicholas deixara apenas seu indicador e médio tesos, avançando, manso, contra a testa da especialista, empurrando-a de leve com o membro superior simultâneo ao movimento em arco e cíclico na horizontal em negação.

Quiçá, Karinna realmente acreditava naquilo. Em ímpeto, tentava se aproximar em meio a alguns risos do rosto do louro na tentativa de abrir um sorriso, deslizando os exíguos dedos sobre o rosto do kantoniano. Nico, por sua vez, apenas ergueu ambos os antebraços, formando um ângulo aproximado de noventa graus entre o membro teso e o levantado para obstruir as tentativas da loura de achegar de sua face; vez ou outra alguns movimentos para trás e rearranjo da posição dos braços para que a tentativa da especialista em psíquicos fosse falha.

Ela falhara, contudo, alguns Slowpokes selvagens tinham êxito ao lançar seus jatos d’água contra a dupla excêntrica sentadas na ponta do píer.

Uma mudança súbita de humor irrompeu do âmago da loura ao ser atingida — Nicholas convivera com Emma, uma menina vaidosa em demasia, e sabia da importância e do excesso de cuidado com as madeixas; isso explicaria o surto repentino — pelo lançamento dos aquáticos. Cerrou os punhos, golpeando a ponte, irritadiça, causando alguns microtremores no material que fora feito o píer. Druddigon que a acompanhava apenas pedia calma: não havia como controlá-la. Isso aumentava ainda mais as suspeitas de Nicholas acerca de Karinna: era mesmo uma doida varrida.

Ela ergueu-se, abrupta em meio a brados coléricos, arremessando as pedras contra as arrebitadas criaturas selvagens, pedindo o auxílio do louro em atingi-las. Nicholas pegou uma única pedra ao seu lado e cruzou os braços, observando a cena calmamente. Quando o último cascalho partiu da mão de Karinna, habilmente, o kantoniano apoiou o projétil entre seu polegar e lançou-o contra o pequeno pedregulho que a especialista mirou nos selvagens agora dentro d’água, interceptando-o muito antes de chegar ao seu destino.

Mais uma vez, o dia foi salvo pela calma de Nuka em conter aquela fera que Karinna despertara por uma irritação trivial — Nico o pensou por ser um garoto, possivelmente, afinal, não é ele quem passa horas penteando ou desembaraçando as madeixas.

Karinna disparava inúmeras palavras de furor enquanto o kantoniano fitava com um sorriso no canto dos finos lábios rosáceos: era uma mescla de desdém com um divertimento ao ver aquela mudança tão abrupta de humor que deixou seu consciente entrar em modo de repouso, passando a operar em um modo completamente oposto. Encharcado, o louro apenas respirou fundo, passando a mão destra por entre os dourados fios que escorriam por sua testa.

E em meio a todo aquele furor, a especialista passou a puxá-lo pelo braço direito, guiando-o a todo vapor para a direção da hospedaria em que o pescador recém-chegado os indicou. E Druddigon iniciara a conversar com Charmeleon, em tom de lamentação pelo temperamento de Karinna em meio à ocasião. O ígneo, apenas observando a situação, pedia desculpas pelas reações a seguir de seu mestre e que Nuka observasse.

Próximo ao meio do píer, em um movimento horizontal do braço que estava sendo puxado, abrupto, Nicholas desvencilhava-se das mãos de Karinna. Rapidamente, as duas mãos pousaram sobre os ombros da especialista, aproximando-se dele, chacoalhando-a.

— Escuta aqui — fixou os olhos naquele mar tão claro que repousava na íris de Karinna. — e como é que você vai fazer isso? Vai colocar outra roupa e tentar jogar um monte de pedra só pra eles aparecerem e te molharem de novo? Ou colocar um traje de banho e sair nadando igual uma doida achando que vai pegar eles na porrada embaixo d’água? — os orbes cerúleos do kantoniano eram penetrantes, e em momento algum se desviavam. — Se você quer enfrentá-los, pense, para de querer fazer as coisas na emoção que vai dar merda. Se olhar com calma, vai sempre ter uma saída pra tudo. Olha, acho que tenho um plano — gentil, soltou-a, volvendo-se na direção do mar. — A gente deve ter um equipamento de pesca, e vamo aproveitar que o tiozinho deve manjar do que tá fazendo, ele já ajuda a gente. E melhor ainda, eu tenho um voador que pode ficar voando baixo mais ou menos onde os Slowpokes tavam e vamos jogar a isca, e enquanto isso, no mar, um outro aquático meu pode tentar puxar eles pra essa isca. Então, a gente pega eles e traz pra lutar aqui em terra firme onde a vantagem é nossa. Entendeu? — desse modo, passou a calcorrear na direção da hospedaria. — Se continuar desse jeito, a sua outra mão pode acabar indo pro saco depois de socar tudo o que ver, maluca.

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