Missão de Aprendiz 3: O Dragão De Hoen em minhas mãos!

Blanca ouvia a resposta de sua pergunta, mas não demonstrava aceitá-la completamente, como se na cabeça dela ainda não fosse o suficiente pra explicar a cratera lá embaixo. Já Jarbas estranhava as suposições de Katakuri, julgando que alguma informação pudesse ter se perdido no caminho.

– Achei que ela tivesse encontrado essa pequena caverna aí com base no cheiro. Você deu a amostra pra elas antes de subirmos, afinal. E, bem, é como Blanca disse, por ali passa um Bagon. Por mais que não tenha um ninho aqui do lado de fora.

O que quer que a mulher estivesse pensando em dizer, guardaria para si pois o ruivo decidia realmente agir. Com outra dragoa em campo, a ordem agora era que aquele pequeno espaço fosse aberto para que pudessem explorar melhor seu interior.

– Nossa... Bruto, confirmado! – disse com grande surpresa.

– Bem... Tome cuidado, a gente nunca sabe o que vai sair daí. Mas acho que a montanha aguenta. – ainda assim ele parecia apreensivo e se direcionava para mais perto de Sindra.

No fim nem foi preciso tanto esforço ou drama naquele procedimento. Claro que Alex precisou usar o movimento por mais de duas vezes, mas quando a parede enfim cedeu eles se viram diante da saída estreita de uma caverna, cujo piso descia e se abria para algo mais largo lá embaixo. Era como se aquele mísero buraco fosse, sei lá, um furinho no topo de um ovo.

– Pelas deusas, eu não imaginava que tinha uma caverna aqui! Se bem que pode não ser uma. Pode ser só uma toca...

Blanca foi a primeira a dar uns passos para frente para olhar, estreitando os olhos e se inclinando para ver um pouco mais o fundo. Só que ela não contava que o impacto dos golpes de Alex tivessem deixado as proximidades da área mais sensíveis, por isso acabou se desequilibrando...

Sabe aquela cena que roda em câmera lenta, onde a pessoa fica agitando os braços loucamente para os lados tentando recuperar o equilíbrio ou simplesmente achar um ponto de apoio? Ela estava desse jeito! Bem, na pior das hipóteses poderia se deixar cair, queria ver o fundo né?! -sqn

Katakuri – Bagon?! Nunca nem vi – Meteor Falls

A imprudência de Blanca por pouco não terminou em tragédia. Primeiro graças ao seu próprio equilíbrio que a permitiu retardar a queda pela fração de segundos necessária para que as dragoas de Katakuri pudessem socorrê-la.

Alex estava mais próxima depois de abrir o rombo ali no topo, por isso logo apanhou Blanca de um lado, segurando a moça pela camisa com as garras. Já Visenya veio depressa terminando de agarrar a garota pelo outro lado e depois de erguê-la alguns centímetros no ar, pousou com ela ao lado de Katakuri, num ponto seguro.

– Que merda! – foi a primeira coisa que ela disse, ofegante e nervosa, pondo uma das mãos nos joelhos e outra agarrando forte no braço do ruivo em busca de segurança e pra recuperar o fôlego.

– Você tá bem? – Jarbas logo veio se debruçar em cima da mulher também.

– Não, né?! Mas vou ficar... – se esforçava para respirar fundo – Graças ao garotão aqui.

– Vou te arrumar um pouco d'água. – ele revirava a mochila atrás de uma garrafa; seria aquela com água coletada com lasca de merda na caverna? Espero que não.

– Obrigada... Será que já posso me considerar uma princesa clássica, do tipo que precisa ser salva? – seu sorriso era meio sem graça, ainda se recuperando do nervosismo, mas ela também não largava o braço do especialista.

Bem, acidentes à parte, não podiam se esquecer de tentar explorar o buraco que acabaram de descobrir. Se até os conhecedores daquela área desconheciam que aquela montanha possuía uma caverna indo até o topo, é sinal de que há coisa ainda não desvendada por lá!

Katakuri – Bagon?! Nunca nem vi – Meteor Falls

Jarbas reduzia sua reação a um revirar de olhos que finalizava com uma expressão de leve incredulidade. No fundo ele pensava algo tipo "tudo isso só pra impressionar a garota?!", aí guardava sua garrafa de volta na mochila. Já Blanca apenas ria da situação e aceitava a água ofertada pelo ruivo.

Foi só na hora que Katakuri saiu na frente para descer pela abertura é que a moça se deu conta de ter estado todo aquele tempo segurando no braço dele. Daria pra ver ela ficar um pouco corada de vergonha, mas uma vez que Dawn já se adiantava na frente de todos, fazendo a "linha de frente", ninguém veria esse pequeno momento de constrangimento dela.

– Vai com calma, rapaz. A gente realmente não sabe o que tem por aí... – o pesquisador soava bastante apreensivo, sacando seu telefone moderno e vivo para registrar esse novo lugar em seu banco de dados.

A exploradora, ao contrário, não dizia nada e já convocava seu Pokémon com um assovio e partia atrás de Katakuri. Ela era mais corajosa e doidinha do que parecia. Não atoa nunca se fixou em nenhum ramo da ciência em si, preferindo explorar o que lhe dava na telha e pronto.

Apesar de descerem voando, havia uma trilha de rochas bem íngremes, quase formando degraus, subindo até onde antes havia apenas um pequeno buraco. Isso justificaria a forma que qualquer Pokémon tenha ido até lá em cima antes. Além disso, conforme desciam o espaço se alargava até formar uma câmara bem definida, toda feita de rochas irregulares encaixadas, o que seria uma grande dificuldade para humanos caminharem.

O cocô de morcego e os próprios morcegos (Zubat) amontoados em alguns cantos deixariam claro que ali antes era um espaço muito mal iluminado, mas que graças ao buraco feito por Alex, agora a luz do sol penetrava com mais força do que gostariam. A lanterna ainda seria muito útil pra ver cantos escuros e descobrir, por misteriosos olhos brilhantes, que outras coisas também viviam por ali.

– É um tipo de refúgio. Interessante!

Nenhuma criatura soava agressiva, apenas tímida e cautelosa principalmente na presença das ameaças que eram os dragões de Katakuri. E, bem, ao que parecia naquela penumbra tinham chegado num ponto onde não havia mais nenhuma passagem óbvia à vista. Seria esse um beco sem saída? Talvez devessem explorar mais um pouco pra descobrir...

Katakuri – Bagon?! Nunca nem vi – Meteor Falls

Óbvio que os exploradores ficavam impressionados com a descoberta, principalmente porque estariam sendo os primeiros a registrarem aquela nova caverna. Por isso, Jarbas tomava nota de tudo em seu dispositivo e assim que Katakuri pousou ele se sentiu seguro de fazer o mesmo. O homem escolheu uma rocha grande que julgou estável e que poderia compartilhar com Sindragosa, que por sua vez se comunicava com os selvagens do local. Dali mesmo Jarbas abria sua mochila e tirava um kit para sair coletando amostras de tudo que ele alcançava, até mais cocô.

Já Blanca era o tipo observadora e, ao invés de coletar tudo, só se mantinha olhando tudo de perto com ajuda da iluminação de seu Rotom Phone, que também sussurrava com ela sempre que registrava uma informação nova ou relembrava uma antiga. Aertodactyl parecia muito experiente num ambiente daqueles. Ao invés de pousar, só saltava e planava de uma rocha a outra com a dona firme em suas costas. Assim a mantinha segura e em movimento acessando até as paredes!

– Acho que fizemos bobagem. Essa caverna não vê luz há eras. – soava um pouco preocupada.

– E algo me diz que há Pokémon inteligentes e poderosos por aqui. Algumas rochas não me parecem ter sido modificadas só pela ação natural do tempo.

Com os exploradores averiguando cada pequeno detalhe da área, sobrava para Katakuri ser o detentor da praticidade de quem quer descobrir quem vive ali e qual a saída mais próxima. Ele conseguiria pelo menos uma das respostas, e ainda nem tão completa quanto desejava. Sua lanterninha detectaria um contorno curioso de coisas que se moviam: a Lua (?). Não, não tô falando do queridinho de Alola, mas de Lunatones mesmo. Eles se moviam sempre que a luz os encontrava, indo se esconder precariamente na sombra mais próxima produzida pelas rochas intrincadas.

Numa dessas movimentações uma outra criatura se mostrou brevemente. Era pequena e refletia um brilho dourado, e quando se moveu produziu um tilintar muito parecido com guizos, que ecoou pela caverna. Chingling também fugiu para a sombra mais próxima entre as rochas, mas o curioso é que ele simplesmente sumiu ao cruzar a penumbra. Contudo, seu som ainda pôde ser ouvido seguindo para cada vez mais distante... Os exploradores se entreolhavam enquanto suas mentes trabalhavam em hipóteses e explicações.

Katakuri – Bagon?! Nunca nem vi – Meteor Falls

Mas é claro que Katakuri não pensaria duas vezes antes de seguir o Chingling pra onde quer que ele tenha ido e sem nem mesmo se questionar se era seguro ou prudente. Ele era um mestre de dragões poderosos afinal de contas, tinha que ter medo de que?!

– Jarbas, amigo, depois me passe o contato do garotão aí. Às vezes preciso de gente ansiosa pra me ajudar a explorar... Certos lugares. – comentava com dois suspiros e um meio sorriso, mescla de diversão e preocupação.

– Ah ele é todo seu! Prefiro os mais tranquilos e obedientes. – dava uma gargalhada leve e nervosa, enquanto considerava se seguiria ou não o especialista.

No fim, Jarbas ficou sem muitas escolhas porque Sindra e Blanca estavam prestes a deixá-lo para trás. Em outra situação talvez ele tivesse ficado com sua pesquisa minuciosa, mas em terreno desconhecido e sem estar com os apetrechos necessários, era mais prudente se manter com o grupo.

Katakuri só foi descobrir o que aconteceu com Chingling ao se aproximar do ponto em que o bicho sumiu. O arranjo entre as pedras escondia uma fenda na parede, mais ou menos a um metro do chão. Era uma passagem irregular entre as pedras mas tinha tamanho e largura suficientes para um humano da altura daqueles homens passarem de lado.

É claro que acabariam por entrar numa câmara totalmente escura agora, e que ainda dava a sensação de que seguiam descendo pela montanha. Ali não tinha sequer por onde entrar o sol da área anterior, então apenas as lanternas dariam visão lá, projetando mais e mais sombras nas paredes.

O piso aqui era um pouco mais regular, do tipo que Blanca poderia caminhar sem precisar do Pokémon - que seria guardado pra ela passar na fenda afinal. Mas precisavam de muito cuidado, porque pisar em falso significava risco de torcer o pé e cair de cara nas pedras maiores.

Bem, tudo era novidade então era difícil escolher por onde começar a explorar. Porém, o som de Chingling ainda estava por ali em algum lugar no alto, ecoando naquele salão imenso. Tinham pedras tão altas que mais pareciam pilares, já outras serviriam só como um obstáculo incômodo.


*Mapinha pra ajudar
Pedras amarelas são menores, obstáculos. Cinzas são maiores, não dá pra passar.

Katakuri – Bagon?! Nunca nem vi – Meteor Falls