#Cinnabar - Pleiteando um estágio!

  As voltas que Jirachi davam me assustavam pela imprevisibilidade. O Pokémon não tinha uma linha comum de raciocínio e longe de mim em criticá-lo por isso, afinal, essas variáveis são humanas e ele estava longe de ser humano. Tinha muitas perguntas, várias de ordem científicas, mas eu não conseguiria respostas, já que isso parecia excluir a parte mais humana de conhecer o lendário: a admiração! Sim! Aceitava todas as dúvidas que poderiam existir para poder apenas admirar o que eu vivi com ele, no fundo do oceano ou no alto de um píer.

O pedido de retorno era negado, sob o mimo de ter um Power Lens. Claro que eu não conseguia enxergar nada com aquilo, o que me deixava desconfortável, mas eu entendia o sentido e me pus a rir. Acenei para ele enquanto ele se tornava aquela estrela de novo no alto. Ele iria voltar? Não sei! Ele iria estar ali no próximo dia... Também não sei! Permiti-me em ficar ali apreciando o alto por alguns minutos, até a voz do dr Roger ecoar minha mente. Isso sim me fez despertar do transe de admiração para poder correr pro Centro Pokémon.

- Swampert, retorne.

O desespero era um pouco alto, já que eu tinha muita coisa para fazer. Passaria na tenda das batalhas para deixar o pin e pedir desculpas pela minha ausência. Não saberia dizer se tinha perdido por WO, mas era provável que sim. Depois, seguiria para o Centro Pokémon. Daria para ler quantos artigos? Escolheria aquele que parecesse mais basilar para o me estágio e assim seguiria.

  Como o café me foi cortado, eu logo pude deixar de ter ajuda do néctar dos deuses para o meu estudo. Ia ser tudo na base da força do ódio e comida, isso sim, tinha ali! Eu comprei mais cachorro-quente e espetinho, enquanto voltava para o Centro Pokémon sem saber o que fazer com o pin cinzento. Deixei na mochila, bem guardado. Não pude deixar de retirar as incubadoras da bolsa e deixar Litwick cuidando deles. Era uma má ideia? Era, mas Swampert parecia bem responsável.

Tomei um banho mais gelado. O objetivo não era relaxar não, era justamente dar um choque de realidade no corpo, colocando-me em pé para poder estudar. Sai do banco em uma tremedeira só, onde segui correndo para uma roupa mais confortável, um short cinzento e uma blusa vermelha sem mangas. Sentei na cama e comecei a mexer nos papeis, enquanto Litwick declarava seu amor por ovos e Swampert ficava do lado da cama, bocejando.

Confesso que demorei mais para filtrar os artigos do que para poder, de fato, começar a ler. Acho que só daria para ler um artigo, então, teria que ser o artigo que me daria respostas. Sei que o Dr Roger não me cobraria conhecimentos aprofundados daquilo, mas o que eu queria fazer era não ser uma completa decepção. Pior que eu já era, né? Estarei lendo um artigo só por desencargo de consciência, não nego.

Não iria me forçar a ficar acordado por muito mais tempo. Pior do que um estagiário que não sabe nada, é um estagiário que não sabe nada e chega com cara de cansaço. Ainda bem que evitei as bebidas alcoólicas do dia. E vamo de Ayzen na força do ódio! Pelo menos, depois disso, deveria apagar quase que instantaneamente pra um novo dia.

 Foi como esperado. Uma leitura vagabunda de um artigo, pequenos grifes e muitos bocejos que saiam sem que eu notasse. Esta foi a realidade que parecia martirizante. Quer saber? É hora de ir na base do improviso... Certamente não tinha muita base pro improviso, mas aprenderia rápido. Desliguei a luz do quarto quando deu e pus a deitar, fazendo com que Swampert agradecesse por não precisar desenvolver mais seu trabalho de guarda-ovos. Todos dormiriam ali.

Feliz era o meu relógio biológico, que dificilmente se reprogramaria. Acordei cedo, antes do amanhecer, mas escolheria alguns minutos na cama para poder aproveitar aquela preguiça matinal, algo que raramente me dava de recompensa. Acomodei-me de dia enquanto Swampert roncava baixinho no chão. Litwick parecia quietinho e os ovos bem aquecidos. Não demorou para que eu começasse a aprontar pra um novo dia, o dia do estágio.

No decorrer do processo, os monstrinhos iam se despertando. Primeiro Swampert, com seu corpanzil em um quarto pequeno, que ele tinha que se adaptar. Litwick não tinha desta limitação, muito pelo contrário. O Pequeno fantasma conseguia entrar e sair de debaixo da cama com muita maestria, enquanto me entregava uma meia que eu pedi e eu me arrumava, assim como o quarto.

Recolhi os dois e decidi só tomar um café preto antes de sair. O movimento em Cinnabar era constante, logo cedo, principalmente no prédio de pesquisa Pokémon. Isso porque vários pestinhas, digo, crianças estavam por ali. Possivelmente iriam para uma excursão ali. Eu, por outro lado, iria até a recepcionista, atrás da minha da minha chave de passagem.

- Bom dia!- sorriria, já que meus olhos estariam escondidos detrás dos óculos-escuros. As olheiras não iriam ser reveladas agora. - Sou o Ayzen, o novo estagiário de Dr Roger. A senhora me disse que teria um crachá de acesso pra mim hoje...- começava, como quem tentava lembra-la do “delírio” de mais um estagiário para o Dr. Roger... Ainda teria que passar no segundo andar para acessar o Storage, já que ele me pediu para ir reforçados. Uma velinha e quatros ovos só traria um café-da-manhã reforçado, não um time...

Crianças eram adoráveis, mas tinham os seus limites. A quantidade aumentada de monstrinhos ali era surpreendente, ao ponto de deixar qualquer um preocupado. Eu não julgava o mal humor da recepcionista, ou do cientista que teria a grande tarefa de guia-las pelo instituto. Se bem que este último parecia não tão preocupado quanto deveria, mas, enfim... Antes de receber meu cartão-chave, um arrepio percorreu o meu corpo de tal forma que me deixou um pouco constrangido. Arregalei os olhos para tentar saber o que era aquilo, como se tivesse alguém na fila esperando ser atendido e eu só atrapalhava...

Olhei ao redor, por cima dos ombros, enquanto eu procurava uma solução, possivelmente, foi quando eu notei a presença da menina, que na última noite estava comigo no píer e desapareceu no episódio de Jirachi. Ela me reconheceu de longe e assim acenava para mim. De forma alegre e caricata, acenava de volta e piscava um olho (embora ela não visse, claro). Voltei pra meus afazeres.

Despedindo-me com um bom dia, que tinha um tom de boa sorte no meio, passei pela catraca e fui caminhando até o elevado. Por já ter vindo aqui ontem, sabia (mais ou menos) por onde começar meu tour. Primeiro, vamos até o Storage! A máquina ali no corredor fazia ligação direta com o laboratório de Pallet, onde os funcionários do prof Oak conseguiam com maestria mandar de volta alguns Pokémons meus.

Segundo, eu voltava para o andar do dr Roger.”Fim do corredor, a direita!”, repetia comigo para poder voltar para a atenção daquela temporada em Cinnabar. Foi neste caminho que eu me enchia de empolgação por finalmente conseguir um pouco mais de atenção na área de estudo, principalmente porque depois da última noite, queria entender mais o mundo Pokémon, e isso incluía os lendários, como Jirachi.

Ah, claro, se tivesse cafézim no corredor, disponível para os pobres mortais estagiários, eu pegaria um copim (não aquele pequeno, um de água de 200 ml mesmo).

 
Café é amor. Café é vida. Com meu copinho de plástico nada seguro em minhas mãos, eu saia pelos corredores até a sala do prof. Roger, antes, parando para ver as letras garrafais da porta do Prof Xeno, que era um conhecedor de habitas pokémons, pelo o que eu vi. Dei um leve sorriso até conseguir chegar à sala destino, onde uma musiquinha tocava logo cedo. Bem, ao menos sr Roger tinha bom gosto e ficava de bom humor logo cedo.

Dei aquela famosa três batidinhas ali na porta pra denunciar a presença ali na frente, onde eu apenas começava a entrar. - Bom dia, doutor! – dizia tentando finalizar mais um gole no café, pra poder ficar disponível para poder trabalhar duro. O que um estagiário de um prof em Evolução fazia? Eu iria entregar papel no primeiro dia? Possivelmente, mas não me importava muito, já que eu estava inserido naquele meio e só de tá ali, eu já iria aprender muito.