#Cinnabar - Pleiteando um estágio!

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– Ah! Foi ao festival então, suponho que tenha sido produtivo! E que bom que mencionou aprender na prática porque eu acho que é o que vai acontecer hoje.

Okay, as arrumações nas caixas tinham se encerrado, então Roger só pegou sua xícara e o pires nas mãos para terminar de beber. Ao fim, largou as louças ali na mesa, pegou as caixinhas menores e deu duas batidinhas sobre a uma terceira, que deixou para Ayzen, claro. Não nem grande e nem pesada, então não seria problema algum para o Ranger levar dessa vez.

– Vamos lá! Só estava esperando sua chegada e já que preciso levar isso ao laboratório, gostaria de me ajudar?! Aproveitamos e já te apresento todo o nosso espaço. É bom que estamos bem no horário! Ainda não é tarde... – foi se dirigindo para a porta a fim de sair para os corredores, enquanto continuava a conversa – Chegou a ver alguma das atrações ou participar de algo ontem a noite? Deu uma olhada naquele material?

Veio aí a famigerada pergunta. Não tinha nenhum tom de cobrança, é verdade; tava mais pra uma curiosidade casual. E enquanto caminhassem pelo corredor principal em direção aos elevadores, Roger acenaria autorizando que Ayzen pegasse mais um café na copa dos professores, se assim desejasse "fique à vontade", o mais velho diria com um sorriso.

Ayzen – De Capitão à Estagiário – Cinnabar

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Roger fazia uma cara caricata de dúvida enquanto Ayzen fazia seu relato. Algumas fichas demoraram a cair na cabecinha objetiva do doutor. Quer dizer, disse que se empolgou e que participou de um torneio de batalhas, mas mesmo empolgado perdeu por W.O.?! E essa empolgação durou tanto que o fez perder o torneio & o horário?! Isso só pode significar...

– Aaah! Sim, claro. A juventude... Hahahaha. – gargalhava quando as peças se encaixaram em sua compreensão – Estava mesmo fazendo uma bela noite ontem. Inclusive levei minha senhora para um bom passeio no mar depois de darmos uma volta pelo evento. Os romances são sempre muito bons. Mas desfrute-os com prudência!

Então essa foi a conclusão do professor, que Ayzen tinha aproveitado a noite para um romance. É claro, ele não tinha nem como sequer cogitar que estava muito distante da verdade, já que a ideia de um encontro com Jirachi ao invés de um par romântico seria incrivelmente mais surreal para o homem, tamanha era a raridade de um evento como esse acontecer. E, bem, mesmo que ele chegasse a cogitar aceitar a hipótese desse encontro com o mítico, ainda teria que ser muito mente aberta pra entender a complexidade do que aconteceu e que levou toda a noite de Kitshomo.

– Se te conforta, acho que suas chances no torneio não estão completamente perdidas. Vou ao evento todos os anos e sempre na primeira noite há só uma fase de batalhas. As demais vão acontecendo ao longo da semana. Mas confesso que eles podem ter mudado e não sei, desculpe. Por isso vou deixar essa possibilidade em aberto pra que te anime.

Estavam parados de frente para os elevadores agora. É claro que um deles sequer pararia naquele andar, completamente "alugado" para transportar crianças para cima e para baixo no prédio. O outro demoraria um pouco, mas estava prestes a parar por ali.

– Pegue seu cartão, por favor. Bom dia, Elifas! – cumprimentou o único homem que estava no elevador – Encoste o cartão ali naquele dispositivo perto do painel e aperte o primeiro botão em vermelho, da staff, sim?! – orientava Ayzen.

O elevador subia, o que significava que teriam que fazer uma viagem até o último andar antes de descerem lá para onde desejavam ir, as áreas restritas!

– Sobre os estudo, é aquela coisa. Você não está em uma prova, então não precisa se aplicar a nada na decoreba. Porém, quanto mais informação prévia tiver, melhor pra compreender as coisas que veremos por aqui. Eu posso acabar me esquecendo de um detalhe ou outro, hehehe. Ainda assim, não se acanhe e fique à vontade para perguntar qualquer coisa. Lembre-se que nenhuma pergunta é boba, todas são sempre muito importantes!

Ayzen – De Capitão à Estagiário – Cinnabar

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Só tinha mais um andar acima daquele, e era para lá que o elevador ia e, consequentemente, onde Elifas, o outro membro ali dentro, desceria. Só de olhar dali já dava impressão de que aquele andar era importante pelo piso preto lustroso, paredes ornadas com arte, além de não ser tão longo quanto os demais, abaixo. Tinha cara de ser onde decisões importantes eram tomadas em prol da ciência!

– O objetivo...? Ah, sim, é claro. Na correria de ontem eu ouvi mais de você do que falei de mim, então vamos lá. – Roger arrumava as caixas entre os braços e ajustava os óculos no nariz – Eu sempre me interessei em estudar Pokémon. Habitats, hábitos, fisiologia, morfologia, história natural. Com o tempo a academia vai nos exigindo que nos tornemos mais especializados num assunto ao invés de tantos, então eu me encontrei sobre o muro tendo que escolher entre estudar EtnoPokémonologia, que é a relação entre humanos e Pokémon, ou Evolução, nesse caso num sentido mais contemporâneo, que é a evolução que conhecemos e não aquela desde os antepassados das criaturas atuais.

Passavam direto pelo quarto andar pois não havia ninguém para subir ali. Então se encaminhavam para o terceiro, que até então Ayzen não havia explorado ainda. Este era bastante parecido com o anterior, dos professores, exceto pelo fato de que num lado do corredor havia apenas um par de grandes portas, ambas fechadas, com uma placa que dizia "Coleção".

Do lado oposto sim, inúmeras portas e, claro, inúmeras crianças também, pois elas visitavam aquele andar. Mas, por sorte, ninguém subiu ali também, apesar de as portas terem aberto.

– Mais ou menos na mesma época o Professor Rowan, de Sinnoh, meio que inaugurava suas descobertas sobre Mega Evolução. Então foi aí que eu achei meu nicho. Me tornei especialista em evolução condicionada. Um dos artigos que lhe dei fala melhor disso, mas de forma resumida eu me dediquei todos esses anos a estudar Pokémon que evoluem em condições especiais. Dos mais simples, como as pedras evolutivas, até situações mais complexas como hora do dia, locais específicos e, sobretudo, a relação entre Pokémon e treinador. Se você conhece Togepis e Riolus, fará alguma ideia do que eu falo.

Passariam finalmente pelo segundo andar, que o loiro já conhecia como sendo o da secretaria e biblioteca. Dali para o primeiro: lanchonete, Storage e outras conveniências. Seguiam para o térreo, mas obviamente não era lá que desceriam.

– Com o tempo o campo foi só evoluindo, é óbvio. Hoje em dia algumas vertentes da ciência ainda consideram Mega Evoluções e os eventos de Dynamax como uma evolução condicionada. Isso porque, você deve concluir, o Pokémon muda sua forma, seu potencial e até habilidades, com base em condições muito específicas. Então, meus objetivos no momento são estes: entender as condições que servem de gatilho pra que isso aconteça; se há pré requisitos da natureza, quais são eles, como e porquê; e o que acontece com os Pokémon durante e após esses eventos. Quer dizer, hoje eu posso juntar as duas coisas: evolução e a relação entre Pokémon e Humano, e como as duas se complementam! – sorria com um leve ar de orgulho pelo histórico que apresentou; estavam enfim no primeiro andar do subsolo quando as portas se abriram – Seja bem vindo ao nosso setor de laboratórios!

Seria necessário um tempo para absorver a visão do lugar onde a ciência em si acontecia. Um corredor amplo, acarpetado em verde, com largas portas de vidro onde era possível ver movimentação dentro dos espaços. Cada um deles era bem espaçado do outro, deixando claro que se tratavam de ambientes muito grandes. Óbvio que mais e mais corredores se ramificavam a partir deste.

Não seria impossível que tudo aquilo ocupasse um quarteirão inteiro ou mais, bem debaixo de Cinnabar!

Ayzen – De Capitão à Estagiário – Cinnabar

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– Eevees! Certamente são um ótimo modelo pra estudo. Tem de tudo um pouco. Usamos muito na nossa área. Você começou muito bem, parabéns. – liberava uma das mãos para dar uns tapinhas no ombro de Ayzen – E não se acanhe, você já fez ciência. Um professor numa sala de aula é um cientista diariamente, tanto quanto nós. O que nos separa, além dos campos, claro, é ter acesso a alguns recursos adicionais. Você verá.

Tinham tido esses últimos instantes de conversa já do lado de fora do elevador, que por sua vez tinha partido. Daí sim Roger se pôs a andar pelo corredor principal. Aqui ele não teve rodeios. Parou diante da primeira porta de vidro, cuja placa na parede ao lado dizia "Laboratório de Ecologia".

Lá dentro era um universo à parte. Sala ampla, bem iluminada, com várias bancadas no centro cheias de equipamentos, além dos que estavam dispostos por outros cantos da sala. Tinha cada coisa que Ayzen nem imaginaria o porquê de estar ali: tonéis, redes, até uma maca! Numa prateleira na parede vários e vários vidros de tamanhos distintos contendo tanto plantas quanto coisas do mar, tipo esponjas, cada um em seu lugar.

Numa redoma de vidro num canto, um Magby se divertia com um rapaz de cabelos levemente azulados. Ah, sim, esqueci de comentar que a sala estava até que bastante cheia, com pelo menos umas cinco pessoas trajando jalecos. Ninguém ali devia ter mais que 35 anos. Mas, também, nenhum parecia ser o professor da área.

– Laboratório do Professor Kettleburn, Ecologia de Cinnabar e arquipélagos adjacentes. Bom dia pessoal! – Roger cumprimentou os alunos, que lhe responderam com educação igual antes dele fechar a porta e voltar para o corredor com Ayzen – Ah, os laboratórios são todos comunitários, por assim dizer. Então você pode chegar sem precisar bater e fazer muitas cerimônias. Isso aqui é de todos nós. Mas, claro, áreas afins tem laboratórios só seus. Chegaremos ao nosso em breve.

Aquilo se repetiu por algumas vezes conforme passavam por outros espaços. Por dentro, cada um era completamente diferente do outro. Desde a disposição de mesas e bancadas até os equipamentos. Os que lidavam com Pokémon e plantas tinham o povo mais animado, como em ambos os de Anatomia e Fisiologia.

Já os mais quietos e calmos geralmente eram os de áreas em que a concentração era imprescindível. Molecular, Genética, Bioquímica. Até o de Paleontologia e Arqueologia também estava quieto hoje, mas isso porque a equipe se debruçava sobre uma enorme lasca de rocha vulcânica. Ali, a propósito havia uma professora, uma senhora chamada Aurora. Ela falava num tom tão claro e objetivo que dava até vontade de parar pra assistir a aula.

– Ah, o nosso! – com um sorriso largo Roger abria a porta de seu destino, finalmente!

O laboratório de estudos evolutivos tinha um visual incrivelmente moderno comparado a alguns outros. Além de ter uma organização tão bem estruturada que dava até um alívio visual de admirar. Bancadas tinham computadores de telas imensas e às vezes múltiplas, lupas, microscópios. Paredes tinham equipamentos que não dava nem pra imaginar o que faziam. Muita coisa para se familiarizar e explorar!

Vale dizer que os caminhos não eram fáceis pelos corredores, e como eram tantos, o professor fez o favor de em alguns apenas apontar e resumir quais laboratórios ficavam por ali. Afinal, estavam separados em blocos pelo que estudavam. Assim, o de evolução ficava no setor exclusivo da Zoologia.

– Seja bem vindo! – foi entrando, levando suas caixas até a bancada mais próxima.

Ayzen – De Capitão à Estagiário – Cinnabar

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Ayzen se impressionada com toda modernidade daquelas instalações. E olha que esse laboratório de Cinnabar havia muito tinha perdido parte de sua glória no meio por conta de Sienna! Mas, claro, o casal de cientistas, empresárias e líderes tinha uma política própria de incentivo que acabava agraciando este grupo aqui também, enfim.

Ao contrário do que podia parecer à primeira vista eles não estavam à sós pois havia um rapaz dormindo debruçado nos próprios braços, de frente para um dos computadores. provavelmente foi seu jaleco branco cobrindo parte da cabeça, de cabelos castanhos e curtos, que camuflou o dorminhoco.

– Bom dia, Pedro! Esse parece ter tido uma noite mais agitada que a sua, hehehe – comentou o professor com humor, fazendo o garoto erguer o rosto amassado e os olhos pesados, antes de voltar a dormir – Bem, deixe ele aí. Onde estávamos? Ah, sim, os outros... Os outros devem estar lá embaixo, no último andar. Iremos para lá em breve. Ainda não é tarde. – finalizou olhando o relógio de bolso e, de forma automática, apalpando o Klefki barulhento no outro bolso.

Deixando as caixas por ali e vendo que Ayzen já se antecipava nos preparativos, Roger foi até um dos armários que ficava bem próximo da porta de entrada. Dali ele revirou uns cabides e retirou um par de jalecos. Um era seu próprio, dava pra ver pelo nome no bolso ao peito. O outro era neutro e que ele julgava caber no Ranger.

– Vou começar te apresentando alguns equipamentos e nós vamos juntos já preparando você pra etapa seguinte, ok?! – caminhava com objetividade ali dentro, se dirigindo até um equipamento que parecia uma cápsula gigante, mas na base havia espaço exato para seis esferas [imagem ilustrativa] – Trouxe seu time, eu suponho?! Se sim, coloque as Pokébolas ali e vamos dar uma olhadinha neles. – ligava o computador, cuja tela era imensa, mais próximo da máquina.

Ayzen – De Capitão à Estagiário – Cinnabar