Re: Cold Shield - O campeão, a sacerdotisa e o patrulheiro

por **Ayzen** Sáb Dez 11 2021, 23:18

Pronto. Pronto. Podem voltar para seus afazeres. Confesso que Mega Evoluir um Pokémon no meio da “vila” chamava a atenção, mas não poderia perder aquela emoção, ainda mais com Gyarados. Luara veio logo ver o que acontecia e, com um olhar científico, reparava na minha Pokémon. Não pude deixar de notar a forma como ela agia, lembrando de algo do passado e em seguida deixando a empolgação, por conta de um olhar saudosista. Steven parecia não entender. Eu não me sentia preparado para lidar com tais sentimentos, ainda mais com a lembrança da filha ali, no meio de tudo isso. Se uma mega evolução causou isso na sacerdotisa, quem dirá o que um presente da filha abandonada poderia causar?

– Er.. Bem, eu estive em Cinnabar há alguns meses... Bem.. Será que poderemos conversar em particular?- tentava criar um clima mais amigável. Era difícil conter a empolgação diante de um assunto bem delicado. Sorri sem jeito para Gyarados e a retornava pelo raio vermelho que a distorcia. Lucario ficava do lado, também sério. Era um pokémon sensitivo!

por **Koi** Dom Dez 12 2021, 13:42

– Claro, claro. – a mulher concordava, dando um aceno positivo com a cabeça e começando a caminhar – Vamos dar uma volta então. – chamou, ao passo que também acenou para as outras pessoas ali da vila, sinalizando que estava tudo bem e que podiam voltar aos seus afazeres – Ah, Cinnabar... Imagino que esteja sentindo falta do calor de lá. Principalmente vestido deste jeito, se me permite dizer: é algo que usaríamos para uma caminhada na praia numa manhã mais fresca em Cinnabar. Porém, aqui... Precisa de um agasalho? – oferecia com gentileza seu próprio manto felpudo e pesado.

Luara conduziria Ayzen por uma caminhada em ritmo leve, fácil de acompanhar, arrastando seu vestido e longo manto brancos pela neve. No começo, só seguiriam se afastando da pequena aldeia, sem nenhuma trilha específica a seguir. Lucario, obviamente, seguiria de perto, empático com aquele mix de emoções dos humanos: apreensão, empolgação, receios, nervosismo, frio, ou qualquer coisa similar a isso.

– A propósito, se não for incomodo, seria agradável, pra mim, saber com quem estou falando.

Ice Path – Tarde | -15ºC – Ayzen

por **Ayzen** Dom Dez 12 2021, 14:07

MEGA GYARADOS. Era o que ecoava em minha mente. Talvez fosse hora de me dedicar a minha carreira fraca de treinador Pokémon. Ora, eu era um bom ranger e um bom empresário. Já pesquisador e treinador? Nem tanto! Não bastava ter Pokémon fortes. Gyarados era forte, mas se eu usasse essa força certa, iríamos conseguir alcançar grandes posições no mundo Pokémon. Mas não era o foco agora. FOCO, AYZEN!

Luara decidia caminhar comigo, enquanto poderia ofertar os cumprimentos de sua família e partir dali. Estava meio nelvoso em me meter em situações de família e se não fosse a promessa feita com a feliz coincidência de cruzar o caminho com Steven, eu certamente não invadiria a privacidade de alguém assim. Ao menos, a sacerdotisa era gentil.

- Na verdade, Cinnabar está mais calor.. Acho difícil usar qualquer roupa que não seja regata lá. hehe- dizia abrindo a mochila, enquanto a cabeça de Larvesta vinha pra fora. - Larvesta produz muito calor. Alguns pesquisadores juram ter captado temperaturas sobre-humanas. Ainda bem que esse aqui não me esquenta muito. Mesmo assim, é frio aqui pra caramba.- dizia soltando aquele vapor pela boca. - Me chamo Ayzen. Ayzen Kitshomo.

Mais alguns passos e eu retirava o colar que Luna me dera. Era um orbe azulado curioso, mas que trazia o peso da responsabilidade de mandar notícias. Um suspiro era deixado escapar naquele momento. - Er... Eu estive estagiando em Cinnabar, na verdade. Prof Roger. Talvez conheça. - sim, ela conhece, foi só pra tentar ser gentil – Também conheci Luna e Henrique. Eles me falaram de uma sacerdotisa que poderia me ajudar a achar um parceiro pra que eu me torne um Guardião do Sol e essas coisas que eu não entendo, mas, sobretudo, Luna queria mandar isso pra você e mandar lembranças. É uma menina incrível. Ela e o pai sentem saudades. – dizia, aproximando o orbe pra ela. Esperando que ela pegasse.

por **Koi** Dom Dez 12 2021, 16:48

Ela pegou a orbe, girou na mão, analisando, e suspirou com o olhar distante, mas vidrados no objeto azul, até sussurrar um sutil – Ela se lembra... – num tom indecifrável. Ficava difícil dizer se aquilo tinha um efeito positivo ou negativo na mulher, e o longo minuto de silêncio que pairou no ar não ajudou a amenizar a tensão.

– Juro que tentei negar que esse objeto tivesse me encontrado, depois de tantos anos. Um sinal que eu não quis admitir, mas preciso. – a caminhada seguia, Luara aproximava o orbe do peito e olhava fixo para a cordilheira gelada a sua frente – É difícil admitir. Eu tentei por tanto tempo negar esse destino, e agora Luna tendendo a segui-lo também. Não era o que eu desejava pra ela, mas... – sua voz morria temporariamente, até que olhasse para o lado e relembrasse que Ayzen ainda estava ali, ouvindo um desabafo quase sem sentido vindo dela – Luna disse isso: que você é um Guardião do Sol? Ela o viu batalhar, então? – eram perguntas objetivas que, de certo modo, a ajudavam a se distanciar um pouco do fluxo de reflexões maternas que inundavam sua cabeça, o que ficava visível pela forma como segurava a esfera ainda junta ao peito, sem relaxar.

Ice Path – Tarde | -15ºC – Ayzen

por **Ayzen** Dom Dez 12 2021, 17:28

Luara parecia reflexiva. Preocupada? Talvez. Engoli em seco enquanto ela soltava seus pensamentos, meio desconexos para mim, porém com alto teor de profundida. Pisquei os olhos, divaguei procurando uma solução óbvia aos lados. Ledo engano. Até Lucario me encarava com uma sobrancelha (?) arqueada para mim, como se estivesse tão perdido quanto eu. Eu não sabia o que dizer sobre este drama familiar...

- Bem... foi o que ela disse. Parece que o pai dela também é... E sim, ela me viu batalhar algumas vezes no torneio do Festival do Fogo. Aí ela ficou com isso na cabeça, enfim... Isso significa alguma coisa? – confesso que ignorei essa parte de historinha pra criança por um tempo, mas Luara não parece uma mulher que vive em contos de fadas. Ela era notoriamente madura, com seus olhos negros, parecia penetrar a alma de qualquer um.

por **Koi** Dom Dez 12 2021, 22:06

– Digamos que signifique o suficiente. – um suspiro razoavelmente pesado pontuou a resposta da dama – Não o culpo por não fazer tanto caso ao que Luna lhe disse. Principalmente por ela ser quem é: uma criança, especial. – como ela chegou àquela conclusão? Talvez isso permanecesse no mistério inerente à mulher – Este mundo está, há muito tempo, tomado pela descrença e pela desconfiança. Eu mesma cedi a isso por um tempo, mas... Parece que o destino sempre me encontra. Sempre... – seus olhos pousaram brevemente na esfera azul em sua mão, depois viajaram até o azul do céu, em direção ao sol.

Se havia alguma coisa da objetividade científica em Luara, isso tinha sido domado em parte pela subjetividade do esotérico. Suas palavras podiam fazer total sentido, ou sentido nenhum, e só a interpretação de Ayzen é que dirá até onde ele as compreende. Em todo caso, o papo aqui precisa ir um pouco mais além disso...

– Agora você faz parte disso, de certo modo. Então, agradeço por ter trazido a mensagem até mim, aqui tão distante; por me dizer que minha família está bem, também sou grata. Mas, não posso simplesmente lhe entregar o segredo que Luna lhe prometeu. O julgamento dela ainda não é experiente o suficiente pra selecionar os dignos. – Luara parou e, enfim, se posicionou de frente para Ayzen – Não peço que acredite ou tenha fé em nossas crenças. Elas são muitas em uma e estou longe de querer converter alguém do dia pra noite. Não, isso requer tempo e, sobretudo, abnegação de outras coisas. Eu posso mesmo lhe ajudar a encontrar um parceiro tão à altura e digno quanto o seu destino. Ah, Henrique sabe quão longe ele foi, como Ranger, por conta de tal encontro... Enfim, posso lhe dar uma direção, mas você vai precisar provar para mim que é digno, assim como Luna acredita que provou a ela. Isso não requer crença, apenas confiança. Não em mim. Mas em si próprio e em seus Pokémon. – pontuou, com seus olhos profundos e negros fixamente direcionados aos de Ayzen, como Lucario fazia às vezes. "Os olhos são as janelas da alma", já dizia o ditado.

Ice Path – Tarde | -15ºC – Ayzen

por **Ayzen** Dom Dez 12 2021, 22:40

Uou, uou, uou! Exista mesmo o tão Pokémon digno? Confesso que adorava Luna. Era uma criança única, de pureza sem igual. Mas nunca levei tão a sério as histórias dela. Claro que com Luara contando, com sua imponência de adulta e com seriedade, ela se tornava mais forte. Eu não era o mesmo rapaz que foi atrás de estágio há alguns meses. Eu tinha vivenciado tanta coisa sobrenatural, que fazia o misticismo me acompanhar, seja em uma floresta em viagem ao tempo, seja na viagem no mar com um gênio perverso. Mas nunca considerei verdade as palavras da menina!

O mundo Pokémon era repleto de lendas, mas eu tive que aprender a ser objetivo, como ranger e como pesquisador. Como treinador? Bem, treinadores são sonhadores, viajam o mundo e conseguem se tornar muito mais do que uma pessoa comum. Eu tinha perdido esta vertente há anos. Dediquei-me muito ao trabalho, o que agora me parece pouco, diante do que eu poderia sonhar. Mas confesso que entender Luara era difícil, mesmo abrindo a mente o suficiente.

Lucario era um Pokémon empolgado. Foi só falar em “provar com seus pokémon” que o canino cerrava o pulso frente ao seu peito e respondia com um latido animado. Ao menos, ele era mais inteligente do que eu, pois não tinha entendido o que Luara tinha dito e muito menos o que significava este parceiro.

- Desculpe-me senhora Luara. Mas não sei onde a senhora quer chegar... Tenho tentado abrir minha mente... Bem, digamos que os últimos acontecimento a escancarou. Mas não estou acompanhando...

por **Koi** Ter Dez 14 2021, 00:24

O olhar analítico da sacerdotisa esboçava confusão agora. Não num mal sentido, ela só também não entendia o que Ayzen queria dizer com "mente aberta" e "últimos acontecimentos". Mas isso não era um impasse para que as coisas pudessem seguir.

– O que quero dizer, de modo resumido, é que existem duas formas de você conseguir a informação que deseja: na primeira, você senta conosco e estuda toda nossa crença, até que enxergue para além do óbvio do mundo e, enfim, encontre seu caminho; na segunda, você encontra uma pessoa que já passou por esse processo, no caso eu, e a convence de seu mérito. – aí um sutil sorriso se desenhou no canto do lábio da mulher, mas ela tentou ocultá-lo virando rapidamente o corpo e retomando a caminhada – Se Luna estiver certa, você é um filho do sol, por isso imagino que tenda à segunda opção.

A essa altura de caminhada + papo, já estavam praticamente entrando num trecho estreito entre duas montanhas altas. A aldeia tinha ficado para trás e não havia sinal nem de gente nem de Pokémon ali por onde estavam indo. Se era um caminho proposital, não dá pra dizer. Mas verdade é que nem trilha tem pra se guiar.

– Veja, Luna deve ter lhe contado sobre a lenda dos filhos do sol e da lua. Se sim, ela deve ter lhe dito que os filhos do sol tendem a ser grandes guerreiros, que se provam muito fisicamente, em batalhas ou tarefas mais árduas, físicas. Disse que ela chegou a conclusão de que você era assim após lhe ver batalhar, não foi?! Então, naquele momento você a convenceu de que era alguém digno de tal honra. Agora, estou pedindo que faça o mesmo para mim: me convença de que é digno de encontrar tal Pokémon especial pra você. Eu só preciso que você aceite. Seu teste será, obviamente, uma batalha. Compreende?

Ice Path – Tarde | -15ºC – Ayzen

por **Ayzen** Ter Dez 14 2021, 20:37

Ok, ficar ali entendendo uma cultura nova, diferente da minha, apenas baseado na fé de que vai dar bom não estava dentro de um fato cotável. Eu adorava conhecer novas culturas, novos povos, mas estudar isso enquanto tenho tanta coisa pra estudar em casa, parecia um pouco demais pra mim. Nada contra, Luara, mas não era minha praia. Ficava como forma de admiração mesmo! Mas havia uma segunda opção, esta, mais empolgante e mais dinâmico. Sem falar de mais rápido!

Agora parecia que as coisas se encaixavam melhor. Alguns flashs das minhas lutas em Cinnabar aparecia naquele frio gélido que congelava meus cabelos e sobrancelhas ao pouco, enquanto o centro do meu corpo não parecia tão drástico. Já longe da vila, e com a impressão de ver um riso de satisfação daquela mulher alta, eu entendia que a sacerdotisa estava me chamando para uma batalha Pokémon.

- AAAAAAAAAh!

Ok, este rostinho bonito é um pouco lento. Ou era Luara que não era clara o suficiente, pois divagava demais. Quando tentava entender o inicio da conversa, perdia-me no final. - Eu topo! Já vim até aqui, não é!- dizia cerrando os punhos. Lucario cerrava também, do meu lado, como uma sombra, um pouco menor. - Tem alguma especificação para isso? Inclusive, seria possível Larvesta aprender também? Ele precisa de treino também hehe - dizia abrindo o zíper da mochila na minha barriga, enquanto o Pokémon saia com a cabeça pro lado de fora, piscando levemente com o frio que estava ali fora. Claro que ele voltou pra dentro...

por **Koi** Qua Dez 15 2021, 00:13

É como dizem, né: quem vê cara não vê cérebro. Mas, longe de mim reforçar estereótipos sobre o intelecto dos loirinhos. Nam! Vamos pro que interessa. Ayzen compreendeu o que Luara queria dizer, em tempo de terminarem de cruzar aquele trecho entre montanhas e se depararem num novo cenário. Uma área muito ampla e limpa, cercada pela própria cordilheira.

Ali podia ter sido um imenso lago, julgando pela forma mais ou menos uniforme que o chão congelado tinha, agora coberto por uma fina camada de neve. Soma-se a isso a imagem bela e peculiar lá na outra extremidade, que se parecia em muito com uma cachoeira também congelada. Pelo menos, ao que parecia dava para caminhar por aqui. [imagem ilustrativa]

Enfim, Luara teve seus segundos ponderando o pedido de envolver Larvesta naquilo. Veja bem, a mulher não lhe deu um convite para um passeio com crossfit gelado. Ela lhe fez um desafio de batalha! Então, a questão era no mínimo ousada. Mas, no fim, a sacerdotisa mirou bem aqueles olhinhos saltados da larva e concluiu, dando de ombros:

– Tudo bem. Não vejo porque não exigir que dê tudo de si. Desde que não morra de frio quando Larvesta sair do seu peito... – dando passos mais largos, Luara caminhou pela imensidão congelada e deu um assovio monocórdico e longo – Preparem-se. Seu desafio começa agora. Eis um adversário a altura.

De algum lugar numa das montanhas próximas, um par de aves voou. Novamente, dois Delibirds. Um deles passou reto acima da cabeça de Ayzen. O outro, pousou ao lado da sacerdotisa. Ele batalharia, aparentemente.

Cold Shield - O campeão, a sacerdotisa e o patrulheiro - Página 5 Delibird

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