Lerenjes e benenes

09h30min  
"Sol forte, poucas nuvens . 26ºC"

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Ai, ai. Nada acalma mais um fofoqueiro do que uma fofoca. Ele pode tá PUTO, mas se falar alguma coisinha do interesse, ele já desarma todo para ouvir o que tinha a dizer. Já Kátia, ora, ela era corretora, não mentirosa. A arte dela era manipular as informações, não alterá-las. Mas instável, do jeito que a mulher andava, era possível que ela soltasse a informação, sem nenhum filtro. E foi assim que ela fez.

- Ora, eu compreendo que estamos atolados... Houve um corte de financiamento do governo na universidade, a fim de investir nos cursos que mais rendem para eles, que são as outras engenharias básicas, medicina e direito. Dessa forma, a parte da criação, boa parte na verdade, que vem de subsídio governamental está sofrendo ajustes.

Dramaticamente, ela se erguia, ficando de costas para Kiki, tipo em filme. Ela caminhava até a janela onde se tinha uma ampla visão para os campos ao longe da universidade. Seu olhar saudosista criava um clima bem deprê, mas sobre financiamento e dinheiro, Kiki sabia bem que poderia só sair merda dali. - Primeiro cortamos de materiais de consumo. Quanto menos gastarmos nesta área, melhor. Depois a reitoria pediu para cortar de pessoal. Eu to sozinha para tentar gerir este setor. Além de manejar um baixo orçamento, pedir desculpas aos criadores, tenho que dar um jeito de achar, literalmente, um investidor pra nossa área. Mas parece que ninguém quer investir no básico, quando estamos em um mundo totalmente repleto de tecnologias. - lamentava.

09h40min  
"Sol forte, poucas nuvens . 26ºC"

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- É isso! - dizia a corretora ao ouvir cada palavra da menina, com tamanho entusiasmo, com cada vírgula e apoiando a ira controlada da menina. - É isso que eu to falando para todo mundo. Reitor, governadores e investidores. E sobre o valor que você paga, é bem a quem do que é de mercado. Faz parte do programa “Minha terra, minha vida”. Sem este programa, não teria como financiar o valor acessível, promovendo renda e produção de todos os criadores, não só de Tohjo, mas de todo mundo Pokémon. Sem o investimento público e privado, não teríamos decâmetros e mais decâmetros de terra, transporte e manutenção. O valor cobrado é bem irrisório, perante o gasto de investimento dos outros setores.- explicava melhor. Afinal, quem é que compra um pedaço de terra e construí uma casa por Pk5,000 hoje em dia?

- Mesmo assim, reconheço o meu erro e tentativa frustrada de tentar resolver isso tudo sozinha. Mas sabe do que eu preciso?- fazia mais uma pausa dramática - Preciso desta paixão que você tem! Esta visão! - dizia apontando bem para o centro dos olhos de Kiki. - Uma coisa é uma corretora que só sabe de números. E cá entre nós, os grandes homens não se importam com números, só depois de conhecer a boa convicção que tem por trás. Talvez a gente consiga convencer mais gente, trazer de volta verba para manter as terras dos atuais criadores e expandir para os novos.

Um tom de esperança era restaurado na fala de Kátia, isso após a demonstração convicta de Kiki ao relatar que a criação era muito mais do que um programa de fim de semana. - Kiki, você estaria disposta a me ajudar a restaurar a hegemonia dos Criadores em nossa sociedade, antes que tudo seja desmontado? - os olhos dela brilhavam, enquanto erguia as mãos em posição de prece.

09h40min  
"Sol forte, poucas nuvens . 26ºC"

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O não de Kiki caia como um balde de água fria na cara de Kátia. De esperançosa, a mulher ficava temerosa pelo futuro de seu emprego. Não só do seu emprego, mas também da qualidade do serviço oferecido para a comunidade. Kiki não era a moça que a mulher procurava. - Não, não. Eu não preciso que você me ajude na burocracia. Só quero que seja testemunha viva, falar o que falou para mim, mostrar esta paixão que mostrou pra mim. - dizia, em uma última insistência naquele pedido. Mas a criadora precisava era de seus kits caros.

Bem, sem a cooperação de Kiki para mostrar sua visão apaixonante, a corretora não iria insistir mais. Correu para seu lugar na poltrona de frente da morena, sentou-se ali, abriu o tablet mais uma vez. - Suas coisas estão no almoxarifado. É, posso pedir alguém pra levar até você quando tiver disponível ou você pode passar lá pra pegar. Qualquer coisa, peço que repense. Os departamentos, colegiados, RH segue o fluxo que o orçamento dispõe: Estão todos arrasados pelos cortes, mas se foi cortado, a gente se adapta ou tenta ir atrás. Eu amo o que faço e irei até o fim para tentar conseguir retomar a época de ouro. É muito fácil abrir estes programas. Manter é complicado.  - dizia em tom fúnebre. Até ela estava vendo que estava ultrapassando no drama naquele momento. Desespero que se chama ~q

09h40min  
"Sol forte, poucas nuvens . 26ºC"

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Com a nova oportunidade que Kiki abria para Kátia, a mulher logo se recuperava do semblante caído e sem esperança, para uma pessoa que ver uma nova oportunidade diante de si. Corria até Kiki, que não deixou a sala ainda, e quase que ia empurrando a menina para perto da janela. A criadora sempre soube que a corretora era sonhadora, mas com desvio de personalidade, talvez seja a primeira vez que tivesse notado isso.

- Como eu disse, eu preciso de um representante da classe. Ou uma representante, para atrair investidores para o programa de criação da universidade. Não precisa se preocupar com burocracias e números chatos. Pra isso que eu sirvo! Você servirá pra nos ajudar em alguns assuntos de... imagem! - mais uma vez, palavras não tão exatas. A mulher empurrava a menina até a janela que dava de frente para os longos pedaços de terra ao redor da universidade, até o alto da colina.

Tudo o que se esperava ver era o mato verde e muita oportunidade de cultivo. O que Kiki e Kátia viam? Seus próprios reflexos! A mulher não estava saudosista em nenhum momento com as terras, mas estava, o tento todo, se vendo e vendo Kiki. Ela girava a menina para que olhasse para ela, abrindo o sorriso branco, mantendo ambas as mãos no ombro da morena.

- Se quer que eu seja clara, a proposta é o seguinte: nós duas iriamos conversar com algumas pessoas de grande posse, você fala como a criação Pokémon mudou sua vida, eu falo como ela é lucrativa. Conseguimos alguns milhões, mudamos algumas ações e assim todo mundo sai ganhando: você terá sua terra bem cuidada por muito tempo, além do terreno ao redor dela, que influencia diretamente ou não na produtividade dela. Eu terei meu emprego. A universidade continuará ofertando a união de moradia e educação. A sociedade terá técnicos qualificados. Bingo! Felicidade, alegria e muita diversão.

Aos poucos na fala da mulher, a velocidade da fala crescia. Seu lábio superior tremia. Kátia estava extremamente ansiosa e estressada, desesperada. Talvez até estivesse apostando tudo de sua carreira em Kiki.

09h57min  
"Sol forte, poucas nuvens . 26ºC"

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Uma reflexão e um estado de ambivalência: Kiki se via entre o que era sonho e o que era realidade. O que era compromisso, e o que era aventura. Tinha os dois lados dentro dela e naquele momento de duvidar do próprio curso escolhido soava como uma afronta. Como ela, que parecia não querer mais a criação, defenderia a criação? Kátia não estava muito se importando com isso. Foi no primeiro tom de dúvida e de que cederia aos caprichos da corretora, que Kátia soltou um gritinho agudo de vitória.

- AAAH, ótimo! – dizia erguendo os punhos e os balançado continuamente, enquanto ia para detrás das costas de Kiki e a empurrava dali, como se tivesse medo de que a menina mudasse de ideia. - Você vai adorar! Você vai conhecer gente nova, que pode até patrocinar a sua carreira, pesquisa, projeto, seja lá o que foi. Você pode escrever um discurso? Você poderia escrever sobre isso, só para garantir sua fala. Não precisa ser totalmente sincera, sabe, pode omitir algumas coisas que não soaria legal, ou coisa parecia, adicionar algo que pode causar drama, mas manter a atenção de nossos investidores...

Kátia começava a falar, não querendo dar abertura para Nakeisha mostrar algo a favor ou contra. Ela ia empurrando a menina da sua sala para a antessala, enquanto a tirava de perto do seu departamento, pequeno, reduzido, mas parecia ser o único que iria lutar com mais força naquela sociedade. - Com certeza vou te ligar assim que eu conseguir ligar pra algumas pessoas. Não se preocupe, vai dar tudo certo!!! Obrigada.- e sim, ela fechava a porta, dando a entender que do outro lado ela comemorava em um “yes!” e dancinha da vitória. A esperança voltava com força para a mulher e ela não deixaria que nada desce errado dali pra frente. Até mandava mensagem para alguém capitar as ervas daninhas ao redor da fazenda de Kiki. Quando iam fazer? I don’t know!