off :
PRINCESAAAAAAAAAAAAA
Não seja bobo: Lixo dá pra vender, recicla e não podemos simplesmente dar um chute em um lixo e deixar ele lá, largado, pra poluir a natureza, ok? Principalmente se relacionado à água, um
habitat que tão bem deliciava-se com simplória ideia de sequer se aproximar.
Talvez tenha sido essa mísera informação, também, que a atrapalhara no processo de seguir com a pescaria naquele momento. Quer dizer: Claramente não é nada em relação à demora da pessoa responsável por essa rota, claro que não. O fato é que... Ao retirar o objeto metálico do anzol, num processo vagaroso e até meio frustrado, admito que levou algum tempo a mais encarando o rótulo rosado, namorando aquela cor vívida e movimentando-a de maneira torpe entre os dígitos, a frieza e a umidade do mar deslizando do objeto em gotas salitres, acumulando-se por sua palma e reclamando em silêncio repulsivo de sabe-se lá quem havia arremessado aquela poluição industrial em suas curvas aquosas.
Vê, o oceano é um belo mistério. Não só o é, como também o guarda.
De vez em quando, ele resolve cuspir uma informação inesperada ao coração de quem para para ouvi-lo em silêncio, para qualquer um que se digne a verdadeiramente prestar atenção.
Uma descoberta curiosa, então, era que a voz do oceano, em realidade, era a de uma mulher.
Oceana?
"...Natalie?"...Parecia um pensamento bobo.
Provavelmente o era, em realidade - mas cá entre nós, só se deu conta disso quando os orbes acinzentados escaparam das letras garrafais ilustradas no plástico, as pupilas focando ao horizonte e sobre as ondas que iam pra lá e cá em silêncio mudo, as pálpebras estreitando com delicadeza enquanto buscavam uma explicação justificável para o timbre, percebeu, confuso que se ergueu da camada salitre para alcançar-lhe a alma.
Foi quando percebeu que, em realidade, não tinha se erguido
dali.
Eu não sei te dizer se a percepção veio por conta própria, se por algum fragmento da consciência tivesse tomado para si a responsabilidade de debochar da ideia, ou se pela visão periférica ter reparado na canguru companheira voltando-se para as próprias costas, focando em um ponto específico que não tinha alcance daquela posição. Independente do motivo, eu devo te dizer que a inevitável reação se resumiu em um torcer delicado de pescoço, a franja escorrendo em lateral e ocultando quase que totalmente o único orbe que alcançou a imagem acomodada em um banco relativamente próximo.
— ... ... ...Winnie. — Simples constatação, sussurrada entre os próprios dentes. Admito que o que realmente chamou sua atenção talvez tenha sido a maneira com a qual a moça cutucava seu eletrônico de maneira quase duvidosa, um jeito relativamente estranho de se reagir quando levamos em consideração que, de certa forma, ela quem a havia chamado.
...
Em um movimento de pulso sutil, a vara em mãos retorceu-se, dobrou e retraiu em uma pequena vareta portátil. A latinha em mãos se perdeu em um dos bolsos qualquer da mochila e, então, foi aí que os pés realmente trabalharam para que pudesse volver-se na direção da ruiva e observá-la com mais atenção. Admito aqui que, em primeiro instante, não chegou a se aproximar; Observou-a em silêncio, dos pés à cabeça, os fios cereja pendendo sobre os olhos e servindo como uma cortina para onde o foco mirava.
Freda havia sido uma questão constante, mesmo que de
background, durante sua atuação no Mt.Silver. Não só pelas informações gerais recebidas, mas também pela ideia de que aquela figura tão suave pudesse estar metida, pés entre mãos, em uma organização como aquela.
Não entenda mal: Não era como se estivesse julgando. A própria ruiva tinha suas razões de estar ali e, cá entre nós, não era como se houvesse se inserido naquele ambiente por puro prazer e vontade de querer estar entre criminosos.
Não sabia qual era a razão sobre os ombros de Freda.
...mesmo assim, por algum motivo, aquele ar que a rodeava era tão...
...Familiar....Os pés se arrastaram, devagar, em sua direção. Quase preguiçosos, de certa forma relaxados. Não era uma distância tão grande que demorasse eras para chegar, mas admito que talvez tenha levado um pouco mais do que se houvesse se dado ao luxo de passos normais.
— ...você- — ...uma pausa. A cabeça pendeu de leve para o lado, freando quando já estavam naquela distância-quase-íntima de conversa de pé-sentada, a respiração indo e vindo com suavidade.
— ...acho que você é quem mais destoa de todos os outros agentes que eu já tive que lidar. — Isso, eu preciso pontuar, não era uma crítica. Creio que o próprio tom já denunciava o fato - de qualquer maneira, o comentário estava ali. Simples, assertivo e, mesmo que a única prova eram as evidências no Silver, certo de que Winnie não estava ali simplesmente por
estar.
...uma apresentação muda, talvez.
Quem sabe.
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O amanhã é efeito de seus atos. Se você se arrepender de tudo que fez hoje, como viverá o amanhã?