[This is NOT a drill] – Mossdeep City –

A batalha não estava ruim. Quer dizer, sonos e paredes são bem chatas, mas não são "ruins" ao ponto de acabar com minha Jellicent. O que eu tinha era uma gama de golpes potencialmente perigosos, mas que por hora não me preocupavam. Por isso (e apenas por isso) dei mais uma olhadinha para o lado, no intuito de me distrair um bocado. Dessa vez, eu não avaliei a batalha das menina e sim "as meninas" em si.

Como já dito anteriormente, não quero ficar vendo esse tipo de amor passando bem do meu lado em uma missão Rocket. Acho injusto, então só voltei a cabeça de modo perpendicular as duas garotas e voltei a prestar atenção. Nada contra amor, sério, mas elas vão ficar nesse lero-lero até quando? Ai ai, desculpem, mas é que to precisando de um chamego também.

Vou ter que por Loki na minha box hoje a noite.

Enfim, né... Freya não serve pra isso, mas Frey pode me ajudar...

... quer dizer. Foda-se, vamo só terminar isso logo pra eu ir pra casa chorar, pelo amor de deus?????
- Ta, ta, Freya, Hex no Hypno. Se não der certo, tente de novo, caso contrário, foca seu Scald no Swoobat. Frey, Buzzy Buzz no Swoobat e depois Scald nesse morcego de penas ai...

Um jato de água gelado me tirou de toda uma vertigem de pensamentos. Num susto, baqueei para trás até entender quem fora o responsável por isso. Claro que, inevitavelmente, olhei para Frey, mas não fora ele o culpado. A voz de Natalie me guiou para a direção certa e eu, retirando o excesso de água com a barra da blusa, ouvi o esporro com atenção. Balthazar parecia me zanzando mas eu não sabia muito bem porque, apenas levei uma ou outra cutucada confusa até cogitar que aquilo era uma tentativa de fazer "cócegas".

Tal Esther tal Natalie. Seria muita surpresa a minha se Natalie me deixasse beber livremente com Karinna sem nenhum tipo de regulamentação. Não por conhecer a garota, mas por conhecer sua narradora e por saber do aspecto superprotetor que a ruiva tem com a loirinha, por isso, dei um joinha tímido e respondi:
- Podêxá - Um sorriso meio torto tomou minha face -  A gente não vai beber MUITO... - Nesse exato momento eu abri um pouco mais o sorriso e preparei a boa piada de tiozão - Muito pouco, né!

Nesse exato momento eu tentei ficar séria. Eu sei muito bem que uma boa piada fica ainda melhor quando o comediante neutraliza a cara dele, tentando passar certa normalidade no dito, mas eu não consegui. Foi tão ridículo que uma risada-cuspida saiu da minha boca e eu comecei a gargalhar. Depois de alguns segundos eu reparei a cena ridícula que eu estava fazendo e isso me deu mais vontade de rir. No fim, sentei no chão e tentei recuperar o ar, ainda dando gargalhadas menores.

Sabe quando você ri tanto que acha que vai, literalmente, morrer de rir? Sabe, ficar sem ar e panz. Então, eu precisei sentar porque eu já tava ficando preocupada. Tirei minha mochila das costas, botei no meio das minhas pernas e a abracei, na tentativa de pressionar meu diafragma e fazê-lo parará-lo na base do ódio. Quando o fiz, senti um pequeno furo entre duas das costelas esquerda e "puff", minha cara foi de vermelha de rir para levemente preocupada.

Uma mudança tão drástica que eu pude sentir meu sangue indo embora da face e minha testa ficando gelada de uma hora pra outra. Afastei a mochila de perto da minha barrica e levei-a até um campo de visão mais privilegiado. Examinando por fora reparei que havia um pequeno espinho preso nela. Fiz uma pinça com o indicador e o polegar e tentei puxá-lo, mas nada se desprendeu. Um pouco confusa, abri o zíper e tentei ver por dentro do tecido e acabei dando uma outra gargalhada...

... era o meu Pincurchin que nascera em algum momento, gente! Acreditam nisso?! Ele tava lá, com os espinhos empalando uma grande quantidade de cascas-de-ovo, além de rasgando o forro interno todo da minha mochila. Com um certo cuidado, comecei a "desempalar" o tecido de seus espinhos e comecei a traçar uma estratégia para tirá-lo dali sem me ferir (muito). Talvez, para isso, seja melhor eu verificar a Pokédex.

Peguei o dispositivo e olhei para frente, vendo Freya encarando-me já estressada. Por um instante eu havia esquecido da batalha:
- Meu Deus, foi mal... - Respirei fundo, me certificando de que o ar ainda entrava bem em meus pulmões super cansados - Ta, Hex no Swoobat, ele deve cair. Depois disso, Scald no Oranguru. Frey, Scald no Oranguru e Helping Hand.

Quando Natalie falou do meu avô, eu já estava gargalhando demais para responder. Aqui eu perdi uma deixa ótima de falar que meu avô morreu em um acidente de fórmula um ou coisa do tipo, mas bem... parece difícil constranger Natalie então não sei se ia funcionar. Só t omei uma TAMPADA NA CABEÇA e reclamei com um "ai amistoso":
- Eu já tinha parado de rir! - Reclamei, dando mais um risinho.

Ai ela jogou uma esfera pra mim e eu tive a brilhante ideia de liberar Pincurchim pela força do ódio... ou da lava... ou se... sei lá. A força de algo. No fundo da bolsa estava a pokébola fervente de Laverta né?! Se eu materializasse Larvesta em baixo do Pincurchin.... hum, ele iria subir, né?! Olha só, duas coisas importantes: primeiro que dois corpos não ocupam o mesmo espaço, segundo que (e essa KB pode me dar um joinha de confirmação), esse echinodermata aqui não tem espinhos onde fica a boca dele. Então ta tudo bem, né?!

Passei a mão com cuidado por dentro da mochila, apertei o botão central do Larvestra e puff...

... vi a merda acontecer.

Pincurchin retalhou minha bolsa toda. Parabéns pra mim... mas saiu:
- Tsk, preciso de uma bolsa nova - Disse, ouvindo bem lá no fundo a voz de Miss B nos parabenizando e eu tenho certeza que ela tava sendo irônica, então só ri de volta de nervoso e dei um joinha com a mão. Hoje to cheia de joinhas - Ah, vai lá, a gente mandou bem...

Minha última frase foi seguida de uma devolução de Natalie. Re-apertei o botão central da esfera de Larvestra, antes que ele queimasse minha bolsa-de-retalhos e joguei a esfera para a guria, tentando acertá-la na cabeça tal qual ela fez.

Consegui? Provavelmente não, sou péssima de mira, deve ter batido na parede, mas não importa, o importante é que tínhamos que sai. Levantei rapidamente, peguei a mochila rasgada e "coloquei nas costas", me certificando que os itens pequenos ficassem no meu bolso, e que os grandes não vazassem. Fui começando a caminhar para sair e Karinna cai igual uma jaca no chão. O meio de transporte Navi estava ocupado e... bem, estranhamente, Freya se ofereceu para levitar com Karinna para fora dali. Tirei seu Power Item para deixá-la mais rápida e fomos para fora.

Repentinamente, um pensamento me veio a cabeça:
- A gente nunca vai poder desafiar o ginásio de Mossdeep. Os líderes e todos os aprendizes viram nossa cara... - Eu devia ter usado uma máscara. E ainda me protegia da COVID 19...

Enfim, sebo nas canelas: rumo Hospital.