[EVENTO] Marionete Cósmica!

Tentei me aproximar de Meloetta para entender melhor o que estava acontecendo, mas então as coisas começaram a mudar repentinamente. Todo aquele clima colorido, feliz, cheio de fantasia em um castelo encantado agora tomava tons obscuros, macabros e medonhos. A aldeia estava completamente destruída, o castelo não tinha mais seu brilho, o sentimento que antes até encantava e empolgava agora parecia sugar, tragar para dentro de seu núcleo sombrio. O sonho estava se tornando um pesadelo.

Meloetta até mesmo parou de dançar. Ela me fitava e buscava acima de mim uma visão talvez de esperança ou de uma saída para aquela tragédia. Mas ali era somente eu e meus parceiros… não é? Lentamente me virar para trás, a pior decisão para se tomar em um filme de terror. - Pessoal, fiquem atentos! - atentos, ainda mais atentos! Seja lá o que fosse a fonte do distúrbio, estava perto. Muito perto.

Mas o quê?! Um ataque vindo de trás? Não, era o emaranhado de fios, muito semelhantes aos que controlavam o Ventríloquo! Desviar deles foi fácil, visto que eles não nos tinham como alvos. Aqueles fios foram diretos para o corpo de Meloetta! Ela… Droga! Eles a controlam! Forçaram ao movimento, nos desafiando para um combate! Maldito seja!

- Covarde! - rangi os dentes, fechando os punhos com força. Usar de um indefeso, ainda mais com tanta graça e leveza quanto Meloetta, para aquilo?! A troco de quê?! - Basta de jogos, revele-se de uma vez! - gritei, para os quatro cantos, tentando chamar a atenção de quem quer que fosse. Ventríloquo, ou seja lá qual fosse seu nome! - Pelo jeito, vamos ter que lutar, Gal! - Kinney, respondendo ao chamado de Meloetta, coloca-se à frente. Definitivamente não queria lutar, Meloetta parecia ser tão vítima quanto nós ali! Bahlok rosnava e também dava passos à frente - Vamos pegar leve com ela. - e, esticando suas asas, ruge com toda a sua força! Eu balançava a cabeça em negação, ainda tentando achar uma outra saída para aquele impasse, até que vi uma pequena criatura também avançando. Em seu rítimo e falta de jeito de andar em terra, o tímido e bondoso Groen tinha lágrimas nos olhos e um olhar fechado. - Groen… - boquiaberto, tentei chamar por seu nome, mas… - V-você fez… - o pequeno pinípede engasgava, lutando contra sua própria natureza pacífica, e então não se controlou mais - Você fez a Kinney chorar! - nunca tinha visto aquela expressão no rosto dele antes. Sei que Kinney tem uma função importante dentro da equipe, mas constatar isso dessa forma era diferente - Gal. - Ciri se aproxima de mim. Do outro lado, Mirana se aproxima junto de Leona. É isso. Não queria lutar, não mesmo! Mas não havia outra forma, então…

- Meloetta, por favor, nos perdoe! - deveríamos ser rápidos! - Kinney, Taunt, depois Ice Punch! Groen, duplo Water Gun! - então, cruzei os braços à frente do peito. O ódio, o calor da raiva, da injustiça vinda do abuso contra inocentes. Isso faz meu sangue ferver! - Bahlok! DEVASTATING DRAKE!    

A batalha se seguiu do jeito que imaginava. Ou quase isso, já que não esperava um golpe poderoso como aquele vindo de Meloetta. Se minha Weavile não fosse quem era, talvez teria ido a nocaute. Bahlok definiu a disputa, mas mesmo depois do embate ter acabado, Groen ainda soluçava. - Groen, tá tudo bem garoto, já terminou! - assim que me aproximei dele, todos vieram atrás de mim. As bochechas do pinípede estavam inchadas e avermelhadas, e ele nos observou com um semblante triste, como se não quisesse aquilo. E então, um rompante de luz. O corpo dele aumentou de tamanho e tomou mais forma. Era uma evolução! Ao final, Groen, agora uma Dewgong solta um grande rugido!

Todos estávamos chocados! - Groen! - exclamei, chamando sua atenção. Aquele tímido Seel ainda estava lá, mas havia ganhado outros tons, outras linhas - Tô bem Gal, valeu por confiar em mim! - as palavras dele me tocavam fundo! - Olha, até que você ficou bonitão! - Ciri?! - Hehe… ah, p-para Ciri! - haha, é, definitivamente ainda era o nosso Groen!

Mas depois disso, com a Pokémon bailarina caída, tudo voltava a se distorcer. Mais uma vez. Os fios não a controlavam, mas ela ainda estava lá. Só havia uma coisa a se fazer - Va-vamos lá! - tínhamos que seguir até ela, antes que qualquer outra coisa acontecesse! Algo dentro de mim dizia que sim, ela também era uma vítima, então tínhamos que resgatá-la!    

As coisas voltam a ficar confusas, com aquela distorção acontecendo novamente. Mas agora não éramos tragados para o chão. Mas também não estávamos mais na aldeia. Agora, voltamos para os portões do castelo, onde nos encontramos com o Ventríloquo pela primeira vez. E quão grande foi a minha surpresa quando percebi que sua voz ecoava de dentro do castelo? E o meldito conseguia tomar Meloetta consigo, a trancando no castelo! Bem, quase! Por um fio, literalmente, estiquei a mão e segurei firme um dos fios que se ligavam até ele! Bahlok também me ajudava, segurando logo atrás de mim com suas presas!

- Ventríloquo! Você não vai escapar! - não sei o que ele pretendia com esse “pesadelo”, mas estava claro que ele era a fonte do distúrbio. Enquanto isso, a forma do boneco agora se modifica, tomando a forma de uma criatura envolta em um gás verde! - O que quer com Meloetta? O que quer com o Dream World?! - eram as perguntas que precisava fazer, mas algo me dizia que as coisas não iriam terminar de uma forma tranquila. - Todos a frente! Kinney, comece com Taunt, depois Throat Chop! Ciri, duplo Ice Beam! Bahlok, duplo Dragon Claw! Groen, duplo Icy Wind! Leona, duplo Moonblast! Mirana, duplo Struggle Bug!

A batalha foi tão rápida quanto a anterior. Não queria dar nenhuma chance para surpresas, e não ligava nem um pouco em jogar seis contra um. Este “um” tinha controle universal do tempo e espaço, poderia fazer qualquer coisa contra nós e contra Meloetta. Não tive resposta quanto às minhas perguntas sobre o que ele queria alcançar, afinal. Mas pelo visto frustramos seus planos, e agora a bailarina estava livre.

Corri até ela para ver suas condições. - Ei, tá tudo bem com você? Desculpa ter te atacado antes. Está ferida? - poderia me dispor de uma ou duas poções para seus cuidados, caso fosse necessário. Foi então que a voz da professora Fennel surgiu, informando que a anomalia havia cessado. - Bem, acho que isso conclui nossa missão. Bom trabalho, pessoal! - de praxe, repetia a frase que sempre usava como incentivo, mas por algum motivo havia esquecido que meus parceiros agora falavam! - Ah, não foi nada Gal! - Kinney seguia com sua confiança de sempre - É, foi fácil, fácil! - Bahlok continuava - Mas nós também arrasamos, né? - Ciri complementava - De fato! Um trabalho bem feito e ágil! - Mirana colocava mais caldo - Teehee! Bom ver que todos estão com espíritos em alta! - Leona sorria - É só eu ou mais alguém tá morrendo de fome? - Groen?!

Olhei para todos. Caímos na gargalhada! - Nada com o poder de síntese! Sim, também tô faminto, mesmo não tendo certeza se realmente é fome ou só gula! - essa coisa de dimensão dos sonhos e tal… - Meloetta, você ficará aqui? Pode voltar conosco, se quiser! Seria uma honra tê-la conosco para o jantar! - mantinha o ar pomposo da peça na fala com forma de quebrar o clima. Mas a verdade é que, realmente, as artes cênicas podem ser bem interessantes, mas não quando sua vida, ou uma dimensão inteira, está em risco!