[EVENTO] Marionete Cósmica!

Nem me lembro ao certo quando viajei de avião pela última vez. Só sei que estar em uma caixa de metal acima das nuvens era uma sensação completamente diferente de estar sobre Bahlok ou Paarthurnax. Era… um tanto claustrofóbico. E por mais que tenha noção das estatísticas sobre segurança no voo, ainda era um incômodo. Chame do que quiser, não ligo.

Chegando a Unova, que lugar esplêndido! A parte que mais me distraiu no voo definitivamente foi a vista. Mal posso esperar pela oportunidade de voltar aqui com mais tempo! Mas antes disso, negócios. Falando nisso, um pedido um tanto quanto estranho da base Ranger. Nos apresentarmos à professora responsável pelo laboratório local para auxiliar em uma questão que, bem, ainda não se sabe! Bom, se era uma missão prioritária, restava confiar no alto escalão. A cidade era bem simpática, as pessoas também, e eu e minha equipe estávamos famintos! Uma bela refeição no Centro Pokémon local e um breve descanso e pronto! Energias restauradas, era hora de conhecermos essa professora e saber do que se trata. - Boa tarde! Por gentileza, a professora... - busquei seu nome no Rotom Phone - Fennel, se encontra?            

Unova era incrível do alto, de fato! Como disse, me restava apenas a mais pura vontade de voltar aqui com mais tempo para explorá-la!

Mas vamos ao trabalho, o que viemos fazer aqui. Ao entrar no ambiente, meu olfato foi completamente tomado por um aroma inconfundível de incenso, forte, e outras substâncias aromáticas as quais não era nada familiar. Não só isso, mas a tradicional luz branca, provavelmente a primeira escolha para qualquer local de ambiente convencional, dava lugar para um tom de rosa bem peculiar e… bom, peculiar é um adjetivo bem sucinto.

- Er.. - é, perdi a fala por um momento diante daquele cenário nada ortodoxo - Recebi um pedido de ajuda para uma questão envolvendo problemas no “Dream World”, ou algo do tipo. Sou o Cadete Vitale, dos Rangers de Hoenn. - introdução padrão protocolar para qualquer interação, fosse em missões oficial ou não. Kinney, obviamente, estava ao meu lado, e também estranhando tudo aquilo.          

Abri um sorriso simpático e agradeci pela gentileza da moça que me recebeu. Uma vez dentro do prédio, percebi enfim as características bem marcantes de um centro científico. Aparelhos, telas com dados e programas em execução. Um ambiente muito tecnológico com um punhado de maquinários aos quais não faço ideia como operam! Outra coisa que me surpreendeu fora toda a preocupação do ambiente com a acessibilidade do local. Ponto para a direção! Seguindo por aquela escada rolando, logo alcançamos o segundo andar, e mais maquinários!

- É um prazer conhecê-la, Dra. Fennel! - estendi a mão para enfim cumprimentar a responsável pelo chamado e comecei a tomar as primeiras informações sobre o pedido de ajuda. - Perdão? Como…? - mundo dos sonhos? Não fazia ideia do que era aquilo! Aparentemente deveria “entrar” nesse mundo para investigar um tipo de anomalia que estava ocorrendo. Fora isso havia o tal Mu, o grande Pokémon róseo que nunca tinha visto antes. Era bem interessante de fato, seria nativo da região. - Certo, então tudo que tenho que fazer era entrar e investigar? - veja bem, em outra situação pediria uma explicação que fosse para onde diabos estaria indo, mas já que seria monitorado pela equipe do laboratório, de certo teria suporte para realizar a missão. E o que ela quer dizer com “instável”? Enfim, se a base Ranger confia no solicitante, não cabe a mim questionar. - Querida, é só por um instante, tudo bem? - disse para minha Weavile, àquela que sempre estava comigo e não era muito fã de ficar dentro da Pokébola. Mas assim como eu, ela também compreendia as responsabilidades e protocolos. - Certo, eis aqui tudo que preciso. - coloquei dentro da caixa as pokebolas, o Rotom Phone, Ranger Pad, meu canivete e um cantil. Que foi? - Podemos começar então. Estou em suas mãos, Mu! - dizia também para o Pokémom a fim de criar algum vínculo, mesmo que breve.            

Acenei com a cabeça para indicar que estava tudo bem, e aos poucos minha consciência foi tomada por um torpor incomum, como uma anestesia geral bem forte. Tentei resistir por um momento, mas não havia como. Morfeu estava me chamando, já disseram os poetas. Algum tempo depois despertei, não sabendo ao certo de quanto tempo se tratava, e a visão que obtive era bem confusa na verdade: o laboratório ficou para trás, estava agora em um tipo de mundo encantado estranho com nuvens, arco-íris e um grande castelo. “Mundo dos Sonhos” que fala né?

Todos estavam à minha volta, fora de suas pokébolas, o que facilitiva um pouco a vida, admito. - Bem equipe, estamos aqui e… - espera, que? Tem mais alguém comigo aqui? Não, não havia ninguém. Mas eu ouvi uma voz, certeza. Espera… - K-Kinney? - QUÊ? AQUELA VOZ ERA DE MINHA WEAVILE? Estava ficando louco ou o quê?

- Sim, Gal? - um sorriso tenro e tranquilo, de quem sempre me respondeu mas eu JAMAIS havia compreendido no bom português - Por onde começamos? - ela repetiu a mesmíssima coisa! Estava abismado, boquiaberto e estranhamente empolgado! - V.você tá falando? - incredulidade, pura e simples. Minha felina gélida apenas sorriu, ergueu uma sobrancelha e tombou a cabeça - Como assim, Gal? Eu sempre falei! - era a resposta mais óbvia, visto que sempre nos comunicamos muito bem. Mas até aquele momento… - Sim? M-mas agora eu tô te entendendo na minha língua? - EXATO! Antes era somente eu compreendendo as palavras dela pelos grunhidos e formas de falar, mas agora ELA ESTAVA FALANDO PORTUGUÊS!

Nós sete nos entreolhamos. Kinney levou as garras até a boca. - Espera… - Ciri?! - Então quer dizer que… - Leona?! - A gente tá… - Bahlok?! - FALANDO COMO HUMANOS?? - OS SETE AO MESMO TEMPO!

Silêncio. Depois daquele grito em uníssono, o silêncio reinou por exatos dois segundos! - Gal, rápido! Ice Punch! - Kinney voltava a falar, agora ela tava me dando um comando?! - Comassim? Eu não sei executar o Ice Punch! - dei de ombros, com olhos esbugalhados e boca escancarada! - Ele me entendeu! - Kinney vibrou! Era um teste! Uma comoção generalizada se firmou. - E-ei, eu não tô entendendo ainda! - Groen, meu tímido parceiro aquático, estava mais perdido que tudo! - Pelo visto nosso mestre nos compreende perfeitamente! - Mirana tratou de explicar a situação da melhor forma possível Ela sempre foi polida assim? - É, é isso que tá acontecendo, Groen! Eu agora entendo vocês como se fossem humanos falando! - olhava para o pequeno leão marinho, que aos poucos foi se corando - E-eu não sei como é minha voz como humano! - mas olha só, temos um pequeno gélidozinho corado! Claramente todos nós rimos com aquela fofura, e eu fiz um carinho nele para acalmá-lo!

- Então estamos realmente aqui… - Leona, enfim, falava de algo sobre o entorno onde estávamos - Aqui onde exatamente, Leona? - perguntei a ela, talvez ela tivesse alguma noção do lugar que estávamos. Com toda a graciosidade de seu ser, a fada juntou suas mãos e sorriu - Teehee! No mundo dos sonhos, mestre! Uma parte dele, na verdade! - Hum… então será que… - Hm… é um tipo de dimensão compartilhada ou algo do tipo? - estava tentando entender o que era aquele lugar - Sim! Algo próximo a isso, mestre! - ela respondia, assentindo com a cabeça. Estava começando a entender o que era aquilo tudo, mas algo me incomodou - Ei, você sempre me chamou de mestre? Você também, Mirana? - olhei para as duas, que se entreolharam. Leona deu um leve sorriso e a Frosmoth parecia corada também - Muitos de nós o chamamos assim! - disse a inseto, recebendo apoio de Leona - Na verdade, as única exceções são Kinney que te chama de “Gal”, Paarthurnax que te chama de “Papai” e o Bahlok… - Ciri tomava a fala de uma jeito bem direto e calmo, teria ela uma personalidade mais assertiva? Enfim, antes que ela pudesse terminar, Bahlok chegou com seu jeito tradicional de ser: fofo e carinhoso sem muita noção da força que tem! - Você é meu irmaõzão! - tá, acho que faz sentido! Kinney me conhece desde o começo, deve ter aprendido meu apelido com meu pai e os outros. Paarthurnax teve como primeira visão assim que saiu do ovo eu, então deve ter feito essa associação. Quanto a Bahlok, digamos que nosso encontro não foi nada ortodoxo! - Haha, entendi! Olha, taí uma oportunidade! Somos um time, e não tem um “eu” numa equipe! Se quiserem me chamar de “mestre” não vou me opor, mas me vou me sentir melhor se me chamarem de “Gal” a partir de agora! - dei uma piscada para Kinney, que retribuiu da mesma forma. Todos desenhavam um sorriso no rosto. - Certo, Gal! - Ciri puxou a fila - V-vai ser meio estranho, mas irie me esforçar mes-digo, Gal! - Mirana dava seus primeiros passos - Teehee! Tudo bem por mim, Gal! - Leona seguia - O-ok… G-Gal! - Ah, Groen, seu fofo! - Ir-mão-zão! - tá Bahlok, tudo bem!

- Certo time, parece que já sabemos para onde ir… - depois da diversão, o trabalho. Todos encaramos o castelo com o semblante sério. Olhei para os seis, que retribuíram da mesma forma - Equipe Galvanis, ao resgate! - Kinney, você sempre disse isso???            

Tomamos o caminho para o castelo, enfim. Kinney ia na frente, de olhos atentos a tudo ao redor, como sempre fazia. Na verdade, todos estavam atuando como sempre costumavam fazer, mas para mim era tudo muito novo! Era, de fato, como um sonho! Um daqueles bem viajados que costumamos ter quando dormimos de barriga cheia, mas um sonho!

Depois dos grandes portões, há um jardim imenso e esplendoroso. - Lindas, não são Leo? - Mirana comenta com a fada, que retribui com um aceno de concordância - Olhos atentos, pessoal! - Kinney toma a fala e mostra todo o seu lado comandante mandona! - Hee, você sempre age dessa forma? - sobre a parte do tudo ser novo? Então… - Até parece que você não é igualzinho, Gal! - Ciri? Desde quando você é direta e irônica assim? - AHEM! - cocei a garganta, legitimamente corado com o comentário. A raposa da neve apenas riu. Agora mais essa, sofrendo bullying dos meus próprios Pokémon! - O ar daqui é diferente. Parece real, mas… - Bahlok tem uma estranha conexão com os céus, tanto que seu rugido fora capaz de fazer o tempo ficar fechado e começar uma chuva suave. Não é um Rain Dance, por isso um mistério. - Tudo aqui parece estranhamente real, mas ao mesmo tempo não. Por isso devemos manter os olhos atentos, pessoal! - endossei o discurso de Kinney enquanto lançava um olhar para Ciri, que entendeu perfeitamente e novamente caiu na risada! Eu mereço…

E então, estávamos no castelo. O caminho todo fora estranhamente solitário. Éramos nós as únicas almas vivas (ou existenciais) à vista. Muito estranho, se tratando do Dream World. Esse lugar não deveria estar repleto de Pokémon sonhando? Talvez o castelo estivesse povoado… e de fato estava, por uma única criatura. Ele se denominava de “Ventriloquo”, mas mais parecia uma marionete! Principalmente com o detalhe que Bahlok nos indicou, um detalhe do alto: mãos gigantes controlavam o Ventríloquo através de finas cordas que se ligavam por todo o seu corpo. Estranho demais. E suspeito. - É, bom, é um prazer conhecê-lo Ventríloquo! Infelizmente não encontramos nenhuma bilheteria no caminho. É possível adquirir os bilhetes agora com você? - é aquilo, se a loucura for o normativo, sejamos todos loucos!