[Gym Battle] Vs. Lisia #06

Quão avassaladora é a sensação de sentir, lado a lado, a discrepância violenta entre um passado rural e uma capital desenvolvida?

Quer dizer, claro; Se olhasse com cuidado suficiente, ainda seria possível passar os olhos pelo Safari próprio da urbe e ter a falsa sensação de transição saudável entre um e outro cenário, mas é de fato complicado manter uma boa competição entre simplórios pau a pique e exuberantes arranha-céus - ou, no caso específico do ginásio, com um projeto de casa de shows inundada por holofotes que certamente seriam suficientes para cegar com facilidade quaisquer passantes desavisados.

...você era desavisada, minha senhora?

Seja como for, independente do fato, há outro desaviso que tratarei de atualizá-la nesse exato instante: Ao adentrar o ginásio, fosse por azar ou qualquer coisa do tipo, não havia ninguém na recepção. Muito pelo contrário: A cadeira vazia, abandonada ao léu em meio a tantas luzes quase fulminantes, apresentava-se como o fim de um ciclo diário que apresentou-se antecipadamente, restando para que a solidão a acompanhasse e absolutamente nada mais - por isso que é solitário, mas não creio que você pare para pensar por tanto tempo a respeito dos sentimentos de abandono de um móvel inocente.

Contrastando com o pobre e abandonado móvel, ao fim de um dos tantos corredores, era possível ouvir uma trilha sonora alta ecoando entre os ladrinhos de porcelanato, além de um show de cores que cintilava rodopiando por praticamente todo o círculo cromático - o que poderia ser tanto uma baladinha, quanto um evento, ou qualquer outra coisa que viesse à sua cabeça. Até mesmo um bloquinho de carnaval, e eu nem sei se tem isso aqui, se quiser saber minha humilde opinião.

Levando isso em consideração, você pode...
Esperar..........
........ou ser uma fofoqueirinha do bem.

Não sei, você quem decide. Eu sou só uma singela observadora esperando pra te dar Miss.

Sendo bem sincera, entrar naquele ambiente já me doía dos olhos a nuca, num misto de enxaqueca com estress. Não era incomum ver ginásios se transformarem em coisas completamente novas, mas deixar de ser um ginásio? Esta era, meus queridos, a primeira vez.

Tive dificuldade ao entrar, tapando o excesso de luz com as mãos e pedindo socorro a Arceus para que aquilo não me cegasse por mais de alguns minutos. Quando entrei, a situação não era muito melhor: uma batida dilacerante junto de um vazio na recepção. Minha resposta imediata não foi por fofoca ou curiosidade, foi por cólera:
- Aloo, alguém ai? - Gritei, de forma não estridente ou ignorante. Minha voz ecoou de modo inconsequente.

Sem esperar resposta, invadi os corredores e fui atrás do som. Nem que fosse parar reclamar um bocado ou para ser atendida.

Já lidei com péssimas recepções, mas lidar com a inexistência delas era a primeira vez.

... eu oficialmente não estaria tão irritada se estivesse com um time confortável, mas não era o caso. Tendo a possibilidade de perder, eu não precisava ser humilhada duas vezes, precisava?

...eu posso estar enganada, mas acho que o que falta mesmo é vergonha na cara.

Mas, sim, compreendo a frustração dos holofotes brilhando na tua fuça. Eu mesma iria de óculos escuros - sabe, a culpa não foi minha, descreveram assim e só estou seguindo um roteirinho básico da estrutura do lugar. Você pode processar quem postou o ginásio, mas talvez a Winnie não tenha conhecimento suficiente do mundo 4D pra mandar uma dessas.

Apesar de ser por cólera e não por fofoquinha, foi possível ultrapassar o corredor em direção ao projeto de "festa" que rolava lá pra frente. Inclusive, ao chegar lá, também era possível perceber que não era festa ou bloquinho coisa nenhuma - mas se tratava justamente da senhorita Líder com um pequeno grupinho de pokémons, em um lugar em que seria a arena (ou palco?) do ginásio. A mudança de cores se dava por três holofotes que piscavam em tons diferentes, constantemente, sem nunca se cansarem.

— Não, não, gente! Eu já falei: Menos... TZIUMM... — Disse a moça de madeixas azuladas, lançando os braços pra cima em um "BOOM" figurado. — E mais TCHÁAAAA! — Explicou de um jeito não muito bem explicado - ou, pelo menos, não deveria ser para quem acabou de chegar. A moça se dirigia para três pequenos Spritzees e dois Brionnes - um destes, inclusive, responsável por se atentar quando a invasora apareceu, apontando para a porta com um dos bracinhos e emitindo um ÒÒÒHN, ÒÒÒHN.... ou algo do tipo.

Mas, sim, o que importa é que a atenção foi suficiente.

— ...Não! Já disse, é pr- Ah? — E então, finalmente a Srta.Lísia volveu a atenção para a... não-convidada. As sobrancelhas se ergueram de leve em surpresa, e ela mirou um controle para desligar os holofotes coloridos - o que eu imagino que tenha sido um alívio para nossa bela aprendiz Dark. Gosta de escuro, né? Acontece, acontece. — Ah, oi! Posso te ajudar? — Cumprimentou, um sorriso caloroso nos lábios. Os passarinhos, que de bobos não tinham nada, foram escapando pra sentar na arquibancada e... Preguiçar de seja lá o que que estavam fazendo anteriormente.

Acho que poucas coisas na vida são capazes de apaziguar cólera do mesmo jeito que pegar um adulto no meio do tempo falando TZIUMMMMMMMMM, é verdade. Quer dizer, pelo menos quando se tem certeza que ele não é um pirado maluco que pode a qualquer momento virar no ônibus com um tapa aleatório na tua cara - pera, acho que isso aqui tá ficando específico demais, então vamo deixar quieto antes que comecem a perguntar se tá tudo bem.

Acredito que seja necessário explicitar que a música ouvida anteriormente parou junto com as luzes assim que a líder tomou a dianteira de pausá-las - e devo dizer que a impressão de sua sonoridade mais alta do que o normal certamente se deu por conta do eco dos corredores vazios, pois o negocio estava bem diferente ao se adentrar o ambiente da qual ela se originava.

— ...AAAH! Ok, ok, isso faz 100% de sentido! — Deixou escapar um riso relaxado, antes de colocar as mãos na cintura, olhando os pokémons que... Viraram a cabeça curiosamente de ladinho, assobiando como sequer estivessem sendo mencionados. — Olha, eu bem que adoraria, mas os bonitos aí tão mais preguiçosos que um Snorlax! — Reclamou, balançando a cabeça em negativa e voltando a atenção para a desafiante. — Você é aaaaaaa......? — Quis saber, mexendo nos cabelos e jogando-os um pouquinho para trás - ouso acrescentar que aquela era uma das raras vezes que as madeixas da senhorita se encontravam soltas, escorregando à altura da cintura.

— Aliás, tinha alguém na recepção? Não chegou nenhum aviso aqui... — Quis saber, inclinando brevemente a cabeça enquanto se encaminhava na direção de uma bancada com vários acessórios mas, especificamente, algumas pokéballs - as quais a moça começou a remexer, espiando a rosada de canto enquanto... possivelmente ponderava o que é que poderia usar contra a bendita.

— Ah, sim. Não tem problema, não, eu só queria saber se alguém tinha voltado ou se a senhorita tinha vindo de enxeriiiiiiiiiiida — Acusou, inclinando o corpo um pouco pra trás pra espiar a rosada - apesar de poder facilmente soar como uma bronca, o tom era divertido, deixando bem claro que só estava "pegando no pé" da desafiante. Mais uma mexidinha aqui, outra ali, e a coordenadora organizou cinco esferas em um cinto, prendendo-o ao redor da cintura enquanto a última ball era acomodada entre os dedos.

— Lísia, ao seu dispôr, Winnie! — Apresentou-se sem qualquer necessidade, um sorriso gentil e uma reverência completamente exagerada no processo. — Sinto muito a respeito da recepção. Hoje o ginásio está vazio, pra falar a verdade. — Suspirou, jogando a esfera que segurava para o ar e a capturando mais uma vez entre os dedos, ponderando se seria realmente aquela que deveria lançar. — Então, eu não tinha certeza se você teve que ir se virando ou se alguém tinha voltado com alguma coisa. Mas, de verdade, tá tudo bem. — Acrescentou, os dedos enfim se fechando na pokéball antes de pressioná-la, permitindo que o feixe de luz esbranquiçado escapasse de seu interior e começasse a montar forma do monstrinho com o qual planejava iniciar aquele combate.

— Hoje é dia de buscas. — Comentou, apoiando a mão entre as plumagens da belíssima ave que se liberou ao seu redor. — A recepcionista pegou uma folga e só uns aprendizes estavam por aqui, então pedi pra eles irem... procurar alguém. Um dos meus aprendizes, na verdade. — Suspirou, afagando as penas limpinhas e bem cuidadas da fadinha. — ...quer dizer- Já faz um tempo que um deles sumiu, mais ou menos pela época de toda aquela confusão com o tal de Gilatina, você deve saber... — Ei, não devia tar rolando todo esse papo, devia? Bem, mas tecnicamente foi a própria rosada que comentou estar encucada, então talvez ela só quisesse oferecer uma explicação válida - ou simplesmente desabafar, mas aí é você quem decide. — ...e tecnicamente, treinador é assim mesmo, de certa forma. Sai vagando por aí como quer, quando quer... Mas, sabe, ele não é desse tipo, de só sumir sem avisar, sem razão qualquer. Só que não dá pra eu chamar um bando de Rangers e falar de "instinto feminino" nem nada assim, né? — Riu - um pouco sem humor, dessa vez -, balançando os ombros e também a cabeça, dando uma palmadinha leve nas costas do voador que, num pulinho, saltou à frente na arena. — ...então, quando tá com pouco movimento, eu peço pro pessoal ir atrás dele. Não tenho como largar o ginásio do nada, porque se o tio- Quer dizer, o Wallace brotar aqui... — A possibilidade da bronca fê-la estremecer, e um arrepio correu pela coluna no processo. — Ele era... Só um garoto, sabe? — Engoliu saliva, seca. É verdade que a própria líder também o era, de certa forma - mas, ao lidar com tanta pressão constante em inúmeras situações (principalmente no que dizia respeito a liderar um ginásio), talvez não seja mais possível enquadrá-la na mesma categoria. — Ouvi falar que viram pela última vez indo pela 111, mas além disso... — ...outro balanço de cabeça, mais bruto, dessa vez. Talvez havia percebido que estava blábejando demais, talvez não tivesse mais interesse em compartilhar aquele peso secreto com uma desconhecida que tinha adentrado o seu ginásio com a mera vontade de conquistar uma nova insígnia.

— ...mas, tenho certeza que não veio aqui pra ficar falando disso tudo de gente borocoxó! — Revitalizou a expressão, endireitando a coluna e apoiando uma das mãos na cintura. — ...O que quero dizer é, não vamos ter juiz hoje, somos só eu e você. Se não tiver problema pra você, pode mandar brasa! — Convidou, espantando a nuvem sombria que ameaçava aglutinar o ambiente antes mesmo do troca-troca começar.

E ela até tentou - você viu, ela não queria jogar TOOODO o peso da conversa pra cima da aprendiz Dark, claro que não. Quer dizer, até acabou blábejando mais do que deveria, provavelmente (incitada a fazê-lo, de certa forma), mas fez todo o rolê pra deixar o negócio ali no cantinho, escondido, onde ninguém mais poderia ver: O que claramente não adiantou, levando em consideração que todo o papo acabou batendo mais próximo de casa de Freda do que sequer poderia ser previsto.

— Não, nem uma mensagemzinha rápida daquelas de resposta de sugestão, sabe? — Os ombros caíram mais uma vez, um suspiro cansado no processo. Uma das mãos acabou se liberando para massagear de leve a têmpora, as pálpebras se apertando e a cabeça balançando com delicadeza. — Eu entendo que é normal que saíam por aí; Tem alguns que ficam meses sem botar os pés de volta, mas... — Outro balançar de cabeça. — Eu não acho que incompatibilidade seja o problema, porque Poké-Fi tem em praticamente todo lugar, querendo ou não. — Comentou, desviando brevemente o olhar na direção dos filhotes na arquibancada que, pausado o treinamento, se distraíam com corridinhas e brincadeiras bobas entre si. A visão foi suficiente para pelo menos arrancar um sorriso breve, antes que a atenção se voltasse para a desafiante. — ...Ren. Ren Hughes. É difícil passar batido, ele tem o cabelo tão rosa quanto o seu. — ...eis aí. Eis talvez o motivo de toda a conversa ter sido puxada - uma lembrança simples, considerando que ela deveria viver ao redor de rosa, mas...

Sabe quando a coisa simplesmente encaixa no lugar certo?

— Thunder Wave. — Instruiu ao seu pokémon, por fim. Um dos temores de Freda estava corretíssimo: A ave era extremamente veloz, talvez bem mais do que se podia tomar por garantido. Ouso dizer que o pulso estático que percorreu a arena sequer poderia ter sido visto, não fosse o fato de que, de uma hora pra outra, o pobre Bragui botou pra dentro a frutinha que trazia cautelosamente sob suas asas.

A disparidade ficou clara quando, logo após, em um passo bem mais suave, a ave ecoou um canto singelo, uma aura quentinha de poder escapando da vocalização (seria bafo?), flutuando até o topo da arena e originando uma pequena bolotinha de fogo que cresceu e se transformou em um solzinho artificial. Ele mal terminava o ato, porém, e já sentia uma corrente espessa de energia atravessando seus músculos todos, o que o fez retroceder em atordoamento. Até tentou cantar novamente, tal qual instruído por sua treinadora - mas, fosse por ter acabado de usar sua energia ou pelo "golpe" sofrido, simplesmente não foi capaz de fazê-lo.

— Sem pena, Toge: Pode sentar o Air Slash! — Afinal, era o que aquele tipo de pokémon fazia de melhor, não é?

Togekiss: Thunder Wave 2x
Bragui: Sunny Day 2x | 2º Fail

Togekiss, Serene Grace, Lv 48: 140/140 | Wise Glasses | Normal

[Sunny Day: 2/5]

Togekiss (Bragui), Serene Grace, Lv 50: 145/145 | Lum Berry | Paralisado

É difícil dizer o que foi maior: a estranheza da moçoila que controla o ventrículo chamado Winnie ao perceber que o nome do sujeitinho não era "Bruno", ou a minha própria surpresa ao saber que era Ren Rughes...

... um menino que, quando vi, ainda tinha cabelos escuros. Soube por fotos desta mudança, não o via a muito tempo, mas tinha notícias mais recentes sobre ele; um tanto mais recentes que Lísia, se posso dizer.

- ... ah, o Ren... - dei um pequeno suspiro. Eu não podia confirmar que ele tava bem, na verdade, Kathryne sumira com ele a muito tempo, mas eu posso confirmar certas coisas - Ele ta com uma guria que conheço muito bem. Dura na queda. Se mete em muita confusão... - Dei uma risada besta, tentando animar Lísia - Estavam indo para o Shimmer Desert última vez que conversei com Kathryne. Ele, definitivamente, está em boas mãos, conhecendo a garota, é mais provável que tenha passado rapidinho em outra dimensão ao invés de bater as botas.

Ao menos agora, teriam melhor onde procurar, não é?! Fora com esse papo entalado na garganta que eu vi a batalha prosseguir. Sunny Day foi colocado com certa facilidade, mas houve um prejuízo. Eu sabia que, caso eu repetisse o golpe, Bragui estaria fadado a ser eletrocutado, mas isso não me incomodava:
- Tu já fez seu papel, mocinho - Peguei a esfera de Bragui e retirei-o sob protesto do campo. Ele não gosta de sair de lá, a não ser que seja vitorioso e não tenha mais inimigos para derrotar. Apertei a segunda esfera e materializei a canina no campo - Mega, Hati! Depois Flamethrower.

#Pincurchin #Eelektross #Staryu 05

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