[EVENTO] Nightmare

Foi um estalar de dedos que impediu que a pokébola de Nydon de Ayzen abrisse. O irônico é que ela chegou a abrir, a luz vermelha até ousou se materializar, mas não houve fim no ato: o estalar de dedos castrou por completo o movimento. A esfera semi-aberta ficou assim, por alguns instantes, até imediatamente fechar e fazer um "click", como se a captura tivesse sido bem sucedida:

- Eu falei que tem coisas que você não sabe ainda, jovem - Disse o velhaco, ajeitando seu cabelo grisalho - Talvez te faça bem tirar um tempo para ouvir - Ao final do dito, rodopiou o scroll da RotomDex e decidiu os golpes - Overheat e Rock Slide
- Rock Slide duplo - Completou a moçoila, e a batalha continuou...

Não durou muito mais que um turno, na verdade, arrisco dizer que não durou muito mais que dois golpes: no terceiro, a batalha já não era mais importante...

... Ao mesmo tempo que as chamas de Ezulryb se apagavam, a consciência de Ayzen se despedia com uma batida na cabeça. O som, oco e não-tão-alto pôde ter assustado Kiki ou não, que fora a vítima de um rato sorrateiro, que lhe pegou por trás e tapou sua boca e seu nariz com um pano enxarcado de tranquilizante. Em menos de alguns segundos, a moçoila se apagava, caindo no chão ao mesmo tempo que sei pokémon.

Foram acordar com um bocado de dor de cabeça e bastante enauseados. A priori, seus olhos nublados não permitiram ver muito: se limitaram a entender que estavam numa sela de paredes maciças, mas com uma grade de ferro que dava para o corredor. Kiki, a menos machucada, estava acorrentada pelo pé, pesa a um pino na parede. Ayzen, acorrentado pela mão, sentia o sangue seco escorrido por toda a lateral esquerda de seu rosto, chegando até o queixo. Pela grade podiam vera um corredor fino, que dividia uma ala com 6 celas: três do lado dos nossos protagonistas, três no extremo oposto.

Logo na cela da frente, a silhueta de um homem contornava o escuro...


Campo: Chão de rocha, polido e ajeitado para dar base a um cais mais afastado e mais velho.

LOG DE BATALHA:
TURNO 01:
Charizard-ditto Oveheat (-52 | Ezulryb 55) > Ezulryb Flamethrower (-19 | Charizard K.O) > Swampert-ditto Rock Slide (-66 | Charizard K.O)

Se querem saber se conseguem se tocar? Conseguem sim. Quando Kiki tentou, percebeu de imediato que a corrente não iria tão longe, mas se Ayzen se esticasse um pouquinho, poderiam ter o afeto trocado com a ponta dos dedos, ou o chamego numa ou outra parte. Mais que isso?! Impossível. As paredes não eram longas, mas as correntes também não. O que restava era estivar braços e pernas, tentando ter o mínimo e teriam que se contentar com isso.

Do outro lado do corredor, o homem obscuro caminhou um pouquinho mais para luz. Talvez ao perceberem isso, vocês também perceberiam que a luz vinha apenas de uma claraboia semiaberta no teto. A "Janela" não era muito grande, sendo cerca de um metro por 50 centímetros, e abrindo de dentro-pra-fora.
- Acordaram ao mesmo tempo... - Disse o rapaz, um pouco surpreso pelo timing.

E nada mais disse. Tinha muito o que dizer, de fato, mas nada de muito bom. Talvez falara apenas pela saudade de ter com quem conversar; ou ainda pela necessidade de fazer qualquer outra coisa que lhe desviava da dor.

Sim, dor. Ao ir para luz, o que viram foi um rapaz transfigurado e açoitado. Um homem cujo o rosto e o tom de pele era irreconhecíveis, sendo tudo banhado de vermelho sangue. Tinha um corte na testa, de fora e fora, que fez o sangue escorrer por toda a cara. Vestia uma túnica como única roupa, completamente encardida e muito manchada de sangue, deixando também a cor da vestimenta indecifrável. Seus pés? Completamente sujos. Sua mão, com bolhas de queimadora, não tinham unha.

A única parte do seu corpo que parecia funcionar bem era o lábio e a língua. Seus olhos estavam no lugar, mas sua visão era turva, graças a tudo que passou. Seus ouvidos? Também pareciam funcionar bem, deixando a entender que preservaram quatro dos cinco sentidos, matando apenas o tato.

Num outro momento de observação, poderia reparar também na cela onde estavam: ao chão, um balde para cada um, no alcance que deveriam estar. Se chutassem - o que já aconteceu antes -, não conseguiriam alcançar muito fácil o objeto, então para "amenizar" o problema, os sequestradores deixaram uma pequena vareta de bambu de um metro (mais ou menos). A água era pendurada na grade, tendo o bico da garrafa amarrada em um fitilho de plástico que lhe conectava à cela. Não havia comida e, se olhassem para cima, veriam uma lâmpada - que não funcionava - e um ventilador com uma pá a menos. O objeto parecia ter sido tirado de propósito, já que também não era visto a base ou os parafusos que deveriam estar prendendo a pá.

Enrolado no ventilador, uma corda completamente embolada. Apesar do objeto estar perfeitamente sobre a cela de Kiki e Ayzen, não viam nenhum interruptor a priori. As paredes eram mofadas e sujas, as vezes riscadas - por atrito e não por tinta -, contendo nomes aleatórios e palavras perdidas, além de contagens inúteis. A única coisa identificável ali era um "Fuck Gilatina", com um pênis desenhado bem ao lado.

... Boa sorte.

A falta de itens era o ponto principal, que passou batido por mim. Nenhum tinha nada além das roupas do corpo; até seria útil ter um grampo de cabelo, mas Kiki chegara lá sem suas tranças e sem seus pequenos objetos, assim como Ayzen não usava cintos - se é que o colocara em algum momento. Tudo indicava que eles tinham uma pequena experiência com fugas, o que lhes faziam ser precavidos. Porque retirar objetos finos e tortos?! Porque a boca da corrente, que englobava a perna de Kiki e o braço de Ayzen, era selada por um cadeado comum - porém grossíssimo - com uma entrada de chave ordinária.

Daquelas que, com um ou outro apetrecho, você abre. Por isso, lhes tiraram estas coisas.

Ainda assim, ao olhar para o ventilador de duas pás, perceberia que no encaixe da pá retirava, existe três finos buracos, que indicavam que três hastes finas serviam de encaixe, com uma tarraxa no final. Salvo isso, nada muito novo era observado: o balde não contia nada além de um cheirinho fétido - que denunciava o histórico - e a vara era um pouquinho curva, indicando que alguém, em algum momento, usara ela de forma que a envergou. Enquanto percebia isso, o NPC misterioso abria a boca:
- Eu não sei, deve fazer umas duas semanas que abriram a claraboia e tiraram a cobertura, então não sei como eram os dias e noites antes disso... se eu for chutar, eu diria dois meses, mas talvez n seja nem metade disso - Deu um suspiro cansado, afinal de contas, estava extremamente cansado. Depois de retornar o fôlego, voltou a responder - Eu nunca me importei com isso, mas agora? Agora eu sou completamente anti-gilatina e esses lixos que seguem ele - Um arranhado na garganta foi suficiente para retirar uma boa quantidade de catarro & asco e cuspir no chão - Antes de vocês chegarem, todas as celas estavam cheias, com três ou quatro pessoas dentro delas. Levaram todos, deixaram só eu... só eu - Balançou a cabeça inconformado - Levaram até quem tava comigo. Levaram todo mundo... acho que gostaram de mim. Infelizmente gostaram de mim - Seu discurso era repetitivo e tinha um tom de desabafo, mas pelo o tempo, ele podia saber de algo... não podia?!

De imediato, ficou reflexivo. Pensou um pouco e se silenciou por quase um minuto, quando finalmente voltou a falar:
- Ah, logo que cheguei, o casal que tava nessa cela se soltou e fugiu. Eles vieram putos e descontaram na gente, mas eu nunca soube como... na verdade, ninguém nunca soube como. Eles não falavam, acho que por medo dos guardas descobrirem... - Começou a devanear, tentando reviver a memória - Eu lembro que acordei de repente, com o calor de uma brasa vindo de lá. Quando vi um tanto de fogo, achei que fosse um incêndio. Eu já ia gritar desesperado quando a moça me mandou calar a boca. Depois apagaram. Uns quarenta minutos depois, saíram... Nunca mais ligaram o ventilador depois disso.

Hm, fogo, né?! Engraçado, numa dessas observações Kiki reparou que a ponta da corda estava queimada e ela era de Sisal...