Missão Possível - Protocolo Fantasma

 No aconchego do centro Pokémon de Rinshin, encontrava-me deitado no quarto, os raios de sol filtrando-se pelas cortinas entreabertas, iluminando suavemente o ambiente. Minhas mãos percorriam a tela do Rotomtablet com concentração, enquanto mergulhava novamente na missão diante de mim. Era uma tarefa que exigia mais do que habilidade; demandava astúcia e parceria.

A missão não era uma empreitada solitária; um colega estava a caminho para me auxiliar nessa jornada repleta de suspense. O objetivo era claro: rastrear, localizar e resgatar um treinador desaparecido. O mais intrigante era que a principal suspeita recaía sobre uma empresa local.

Minha Ambipom estava ao meu lado, observando-me com seus olhos inquisitivos, tão ansiosa quanto eu pela chegada do nosso parceiro de missão. Sempre preferi trabalhar em dupla; a dinâmica era mais eficiente e menos complicada do que coordenar grupos maiores. Ainda assim, havia o desafio de agir sem despertar suspeitas. Cocei a cabeça, perdido em pensamentos sobre como poderíamos realizar nossa tarefa sem chamar atenção indesejada.

   As luzes suaves do tablet iluminavam meu rosto, e o zumbido leve do dispositivo era a única companhia além de Ambipom, que descansava ao meu lado. A missão era complexa e cheia de variáveis incertas. Eu lia e relia as instruções, tentando memorizar cada detalhe e antecipar possíveis problemas. A chuva começou a cair lá fora, e o som suave das gotas batendo na janela era quase hipnotizante, criando uma trilha sonora relaxante enquanto me preparava mentalmente. Ambipom, sempre curiosa e alerta, estava na janela, emitindo um som baixo que chamou minha atenção. Levantei a cabeça do tablet, observando enquanto ela apontava para algo lá fora com suas caudas ágeis.

-Que foi, Ambipom? perguntei. De primeiro momento, eu não estava tão curioso assim. Ambipom sempre foi energética, uma energia sem igual. Se ela estivesse mais agitada que o normal, era compreensível.

Ao chegar à janela, olhei para fora, tentando enxergar através da cortina de chuva. As luzes da cidade refletiam nas poças d'água, criando uma dança de reflexos e sombras que dava um ar misterioso à noite. A chuva desenhava padrões abstratos no vidro, e por um momento, parecia que a cidade inteira estava envolta em um véu de mistério e tranquilidade.

Foi então que algo se moveu nas sombras. O relógio?  Poderia ser uma coincidência, mas naquela noite, com uma missão secreta prestes a começar, eu sabia que coincidências eram raras. Ambipom ao meu lado, seus olhos brilhando com alerta, parecia pronta para agir. Mesmo assim, não menosprezei nem um pouco a minha parceira. Peguei os binóculos high tech e fui procurar o que era...

 À primeira vista, achei que não era nada. O reflexo das luzes da cidade nas poças d'água e a dança das sombras criadas pela chuva me distraíram momentaneamente. Mas algo me incomodava. Peguei os binóculos e, ao olhar com mais atenção, vi uma figura no outro lado do prédio. Uma pessoa de cabelos longos, usando binóculos, me observava. Meu coração disparou. Fiquei agoniado; não esperava estar sendo vigiado tão de perto. Engoli em seco, uma onda de adrenalina percorrendo meu corpo. Antes que pudesse reagir, notei algo deslizado debaixo da porta. Um bilhete. Peguei o papel com Ambipom e li as palavras simples, mas carregadas de tensão: "15 min. Venha a pé".Tururu! Meu coração bateu ainda mais rápido. Levantei a cabeça rapidamente e olhei novamente pela janela. Lá estava uma silhueta humanoide, destacando-se contra a escuridão e a chuva. Sabia bem que aquele aspecto combinava perfeitamente com um Gardevoir. Muitos anos brincando de “quem é esse Pokémon?”, ou só estudando muito como pesquisador -q

Pensamentos caóticos invadiram minha mente. Quem estava me observando? Por que eu? O que essa mensagem misteriosa significava? A urgência da situação não me permitia hesitação. A missão secreta estava tomando um rumo inesperado. Sobretudo porque ela nem começou e só restava entender que o misterioso do outro lado do prédio poderia ser meu parceiro (ou a organização-alvo já sabia e mandou alguém pra me silenciar).

Respirei fundo e arrumei-me rapidamente. Peguei um boné e um moletom com toca quentinho.Olhei para Ambipom, que me observava com olhos atentos. Sua energia e habilidades seriam essenciais, mas por enquanto, precisava de discrição.

- Ambipom, precisamos ir- disse, recolhendo-a para dentro da Pokébola. Ela entrou sem protestar, parecendo entender a seriedade do momento.

Com tudo pronto, saí do quarto. A chuva caía mais forte agora, cada gota parecendo um lembrete da urgência e do perigo iminente. Minha mente estava em alerta máximo, cada som e sombra sendo analisados com cuidado. Desci as escadas do Centro Pokémon, sentindo o frio da noite me envolver quando abri a porta para sair. A cidade, envolta na escuridão e na chuva, parecia um cenário de filme “noir” (em preto em branco). Apesar do meu “kit fugitivo da Marvel” – boné e casaco, faltando os óculos escuros – senti que era apropriado para o momento.   Com determinação e uma pitada de medo (sou humano, porra), avancei pela noite chuvosa, pronto para enfrentar o desconhecido.

   

Enquanto eu me aproximava do prédio abandonado da Poké-Chips, sentia o peso da missão aumentar a cada passo. Não era bem a missão, mas era algo que me levantou uma suspeita enorme. O letreiro de neon, agora quase apagado, era um lembrete sombrio do escândalo que fechou a empresa. O vento gélido e a chuva faziam a cena parecer tirada de um filme, o que aumenta muito a emoção de quem narra, mas me deixa, como personagem, sério.

A visão do guarda no saguão, com os pés apoiados na mesa e os olhos grudados no Rotom Phone, aumentava ainda mais minha tensão. Não poderia simplesmente entrar pela porta da frente sem ser notado. Precisava pensar rápido. Abaixei-me, escondendo-me nas sombras de um beco próximo. Esperei um momento em que o guarda parecia mais absorto no que estava assistindo, aproveitando a distração. Respirei fundo e decidi colocar um plano em ação.

Peguei uma pequena pedra do chão e arremessei-a para o outro lado da rua, fazendo com que caísse com um som alto de impacto. Observei enquanto o guarda levantava a cabeça, curioso com o barulho. Esperava que ele investigasse. Resolvi usar Ambipom. Liberando-a da Pokébola, sussurrei para ela: - Ambipom, preciso que você faça um pouco mais de barulho ali na esquina. Vamos distrair ele. Volte com segurança acessando as janelas. - Ambipom, sempre ágil e disposta, assentiu e correu para o local indicado. Ela iria bater nas latas de lixo, criando um alvoroço considerável.

 

O guarda não se mexeu com a pedra, nem com o barulho inicial que Ambipom fez. Mas, ao ver a lata de lixo voar e acertar a porta do edifício, ele finalmente reagiu. Assim que ele correu para a porta, lanterna em mãos, vi Ambipom começando a correr, atraindo-o para longe. Aquela símia tinha uma habilidade incrível para improvisar, e dessa vez não foi diferente. Enquanto o guarda corria atrás dela, aproveitei a janela minúscula de tempo para me mover. Segurei uma risada, óbvio! Ambipom é conhecida por ser a pokémon mais rápida do fórum que conheço, não ia ser pega tão facilmente, embora Ambipom não fossem tão comuns aqui... Eu acho ...

Com passos rápidos e silenciosos, me esgueirei pela porta e entrei no edifício abandonado. A iluminação interna era precária, mas meus olhos se ajustaram rapidamente. O cheiro de mofo e o ambiente sombrio me lembravam do porquê esse lugar tinha sido escolhido para uma reunião clandestina. ” Quinze andares”. Um suspiro escapou dos meus lábios. As corridas matinais que sempre considerei excessivas, seriam usadas agora. Confesso ser um humano mais matutino, mas a tensão da noite me deixava bem alerta.

Comecei a subir as escadas, tentando manter um ritmo constante, mas sem fazer barulho. Cada passo ecoava levemente.. Não sabia exatamente o que ou quem me esperava no topo, mas estava determinado a descobrir. Ambipom tinha me dado essa oportunidade, e eu não a desperdiçaria. Só aguardava o retorno da símia em momento oportuno, para me deixa mais tranquilo. A cada andar que passava, a respiração ficava mais pesada, mas minha determinação não vacilava. Dois minutos para chegar ao topo e encontrar o que quer que estivesse me esperando.