02@ Rota 22

– Violeta, volte. – Chamei-a de volta para a pokéball. Quando ela se aproximou para investigar, fora recebida por uma rajada de bolhas que se projetou da água e a atingiu. Só podia ser obra de algum pokémon aquático.

Joguei minha mochila no chão, guardei a esfera de minha pokémon gasosa e peguei um item que o professor me deu antes de sair de Pallet. Desdobrei o cabo velho de madeira e conferi sua linha e isca simples.

Era uma vara de pescar para lá de acabada. Compreensível, afinal o professor não teria como entregar uma vara de qualidade para cada treinador que inicia em seu laboratório. Mas deveria servir para irritar o monstrinho do lado.

Peguei impulso, rodei a linha no ar e a lancei em cheio na direção que Violeta foi atacada. O anzol mergulhou na água enquanto eu mantinha meus olhos fixos em sua direção, esperando que ele se revelasse.

Um pokémon azulado saiu do lago e me encarou empolgado, dando alguns pulinhos. Era um animado Poliwag, reconheci. Joguei a vara de pescar pro lado e vasculhei a mochila rapidamente até pegar uma de minhas pokéballs.

– Hiro, vai! – Disse ao jogar a pokéball do pokémon casulo no ar, projetando-o em frente ao Poliwag. – Use o Harden.

Peguei a pokédex do bolso e apontei ao pokémon selvagem. Era um pokémon comum, mas nunca tive muito contato com eles.

Era possível ver as luzes do crepúsculo refletindo nas águas do pequeno lago enquanto o sol se despedia timidamente ao longe. Guardei a pokédex no canto que estava e concentrei-me novamente na batalha. Hiro fez o que mandei, ficando mais resistente para uma possível investida do adversário. Que ele não fez.

– Acho que ele está esperando que comecemos, meu amigo. – Deduzi, encarando o pokémon girino. Era como se visse uma chama arder em seus olhos, uma chama que queima com batalhas. Ele poderia gostar de um combate, mas o casulo não fica para trás... e eu confio em suas habilidades. – Ataque com o Poison Sting e depois use o String Shot para diminuir sua velocidade.

Podiam ter a mesma vontade de lutar, mas aquele Poliwag tinha algo que meu Kakuna não tem: mobilidade. Astuto, o pokémon aquático desviou dos ferrões venenosos sem muita dificuldade, só não esperou ser surpreendido pelos fios de seda do inseto.

– Muito bem. Agora, puxe-o contra seu corpo e use o Harden! – Arrisquei. O Harden endureceria o corpo do meu pokémon, tornando-o tão sólido como uma rocha. Os fios de seda serviram como uma corrente puxando-o para frente, seria como se o Poliwag fosse lançado contra uma parede de concreto.

E a minha tática surtiu um efeito mais devastador do que eu esperava. Senti pena do pequeno pokémon girino ao ver o violento choque do seu corpo com o do meu sólido casulo.

– Fantástico! – Exclamei indo ao encontro do bravo Kakuna. Acariciei sua cabeça e ele me encarou com um olhar feliz.

Levantei e fui até Poliwag. Agarrei-o e o levei até um arbusto mais a frente, pondo-o delicadamente entre as plantas.

– Aqui ele deve ficar seguro. – Disse enquanto voltava até a minha mochila. Guardei a vara dentro dela e marchei até o casulo. Segurei-o nos braços e olhamos, pela última vez, aquele belo lago. – Já é quase de noite... Daqui a pouco a lua e as estrelas devem aparecer – Constatei enquanto caminhava.

Em uma de minhas voltas em Viridian, encontrei uma garota exibindo seu Bellsprout para outro treinador. “Acabei de capturá-lo na rota 22” ela dissera, e aquilo me motivou a voltar a essa rota. Se ela o capturou por aqui, é só procurar que eu também posso encontrar algum.