12@ Turbulência

Para o espanto de Vincent, aquele sujeito parecia estar em sua mente. Desesperou-se momentaneamente quando percebeu que nem mesmo em sua consciência estava protegido, vacilando enquanto o chão de terra vibrava com o ataque do Pokémon de grama. O discurso macabro do mesmo se tornava cada vez mais convincente e o monotreinador, por mais que quisesse, não tinha mais como negar sua autenticidade.

Como isso pode ser possível? Questionou-se quando, enfim, se deu por vencido. Logo concluiu que, desde que pisara os pés naquele lugar, as coisas haviam deixado de ter sentido. A peleja que estava metido remetia os mitos que ouvia quando criança, onde um deles apontava que no dia da sua morte o indivíduo teria suas ações julgadas e, pondo-as em uma balança, as boas deveriam sobrepor as más. Tinha essa impressão agora, de que estava sendo julgado
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– Retorne, Stunky. – Disse, com a cabeça baixa. O raio avermelhado logo engoliu o Pokémon peludo, trazendo-o de volta para o interior da esfera. Vincent respirou ofegante por alguns segundos, antes de atirar outra de suas esferas para o alto. – Saia, Violeta!

Koffing rodopiou no campo, ignorando a atmosfera pesada. Fazia um bom tempo que não esteve junta do seu treinador em uma batalha e a ideia a deixava contente, mesmo que fosse contra aquele grandalhão em sua frente.

– Sempre posso contar com você, não é? – Vincent agora se dirigia apenas aos seus Pokémon. Ignorava o homem, poupava sua voz já fraca devido ao veneno para comandar as ações de seus parceiros. – Polua o ambiente, use o SmokeScreen! – O monotreinador deu um risinho, depois caiu de joelhos no chão. Venonat agarrou-o, preocupada, mas ele logo se pôs de pé novamente. – Fique imersa na fumaça, isso nunca foi problema para você. Mas não fique parada, circule pelo campo para não facilitar ser atingida. Quando estiver segura, surpreenda o oponente com o Assurance!

Por um instante, os olhos do jovem loiro se encontraram com os do pokémon de grama e as lembranças de sua infância voltaram a incomodá-lo. Lembrou-se de quando completou 10 anos, em Pallet. Essa é a idade que crianças geralmente começam suas jornadas então, na ocasião, foi perguntado pelo filho de uma vizinha que Pokémon ele escolheria caso se tornasse um treinador. “Bulbasaur” respondeu sem demora. “Ele tem dois tipos e é muito legal” concluiu com entusiasmo. O outro garoto deu de ombros, ficando pensativo. Dias depois, o garoto com quem o pequeno Vincent conversara foi até o laboratório para pegar o seu primeiro pokémon, que não foi um Bulbasaur. Até nisso a figura de cabelos negros fazia sentido.

Não, não era um julgamento! Para vencê-lo, tenho que incorporá-lo de uma vez. Assumi-lo, assumir quem realmente sou!” Concluiu, cerrando o punho.