#002 - Antes das respostas...

A Minccino de Céline havia arriscado sua vida para proteger a Houndour de Erik. Agora, a pokémon da Ranger encontrava-se inconsciente e ferida, nos braços de sua treinadora. E isso só fazia a irritação de Erik crescer ainda mais.

- Ammy, use Leer mais algumas vezes e, acima de tudo, proteja o Machop de qualquer ataque - O treinador voltou-se para a direção de Céline - Obrigado por proteger minha pokémon. Agora, é nossa vez de proteger seu parceiro.

O  Rocket parecia se divertir em zombar de seus adversários. Mas dois podem jogar esse jogo...

- Ei, cara, - chamou o rapaz, com o mesmo tom dissimulado que usava na época do orfanato - esse Mightyena é um desperdício de potencial nas suas mãos. Por que não o entrega para mim quando nós dois terminarmos com você? Tenho certeza de que, se o Milo tivesse um treinador competente, essa batalha já teria acabado a muito tempo...

Erik estaria exagerando na provocação? Talvez. Ele se importava? Nem um pouco.

Vencemos? Sério?

Erik mal podia acreditar na sorte que ele e Céline tiveram. Bom, não fora apenas sorte. A força de seus pokémons, aliada à estratégia da Ranger, foram vitais para definir o desfecho da batalha. Porém, só o menor dos problemas fora resolvido.

O treinador recolheu sua Houndour sem dizer uma só palavra. Não esboçou qualquer reação por alguns instantes. De todas as formas que Erik imaginava o fim daquele confronto, nenhuma delas parecia muito agradável.

- Tem razão. Ainda não acabou... - o rapaz deu um passo para o lado, abrindo espaço para que o Rocket pudesse escapar. Já haviam frustrado os planos dele por hora. Seria loucura enfrentar um homem armado, mesmo que estivessem em maior número. Como o próprio criminoso prometia, haveria outra oportunidade de prendê-lo.

Mas é claro que Céline não deixaria o homem que causou tanta dor à sua familia sair impune. Erik, com todas as suas forças, desejava que a Ranger pensasse em sua própria segurança ao invés de sua vingança, ao menos uma vez. Se ela decidisse atacar, entretanto, o rapaz teria que intervir. Talvez isso fizesse com que Céline o odiasse pelo resto de sua vida, mas Erik iria garantir que o "resto da vida dela" fosse maior que o tempo que um Rocket leva para puxar um gatilho.

- Não foi nada, sério. Como eu disse antes, em parte eu entendo como você se sente, então eu não podia deixar de te ajudar. Quanto a deixá-lo escapar, não precisa se preocupar. Ele mesmo fez questão de prometer nos encontrar de novo. E, quando isso acontecer, eu garanto que vamos estar preparados para derrotá-lo definitivamente.

De fato, Erik sentira certo alívio em ver o Rocket fugir. Apesar de odiar ser tratado como alguém que necessite de proteção, o rapaz ficou aliviado que Céline não houvesse atacado o Rocket por sua causa. Se o rapaz não estivesse lá, provavelmente uma tragédia haveria ocorrido. Na verdade, nenhum dos dois sobreviveria a nada daquilo sem a ajuda um do outro.

Pois é, busca por vingança e lutar pela própria vida são meios eficazes para unir dois desconhecidos. Apesar de, definitivamente, não serem os mais agradáveis.

- Bom, deixando toda essa confusão de lado, vamos voltar logo para a cidade? Na verdade, eu gostaria de seguir jornada o quanto antes, mas preciso tratar do Igniz o mais rápido possível, antes de seguir. Acho que todos nós precisamos de um descanso depois de tudo isso... Muito bem, voltemos à Base.

Antes de prosseguir, no entanto, Erik se agachou um instante, encarando o rato roxo que ainda se encontrava naquele corredor.

- Muito obrigado, Rattata, por nos trazer até aqui. Nunca teríamos encontrado esse lugar sem sua ajuda. Os pokémon daqui devem muito à sua corgem, sabia? Parabéns.

O treinador tentou um leve afago no roedor, torcendo para que ele não se assustasse. Por fim, levantou-se e dirigiu-se à Ranger.

- Então, vamos lá?

Quando saíram da caverna, já nem parecia que a dupla estava lutando por suas vidas a poucos minutos. A chuva enfraquecera, como se o clima reagisse à felicidade da dupla de estar sã e salva. Erik e Céline retornaram à Base, na companhia de outros dois Rangers que encontraram no caminho. Lá, seus pokémon foram tratados enquanto David, o irmão de Céline, apresentava as instalações ao monotreinador.

Logo após o tour, Erik recebeu uma oferta que, sem dúvida, fora a melhor que já escutara naquele dia. Receber um pokémon como recompensa? Perfeito! Poder escolher a criaturinha que irá ganhar, se vencer uma batalha? Melhor ainda!

-Acho que ainda temos fôlego para mais uma batalha - o rapaz fechou o punho direito e apontou para o Ranger. Um pouco teatral, é verdade, mas Erik estava realmente empolgado - Eu aceito o desafio.

O Shroomish de David fazia jus ao termo "baixinho invocado". Para um pokémon tão ansioso em lutar por justiça e tudo mais, sua expressão dava a entender que ele não estaria ali se não fosse obrigado. Bom, certamente batalhar contra um treinador iniciante apenas por uma premiação não deve ser o auge do dia daquela plantinha.

- Tenho certeza que você teria vantagem se usasse seu Wartotle. Como se não bastasse a batalha acontecer no seu campo, com a torcida a seu favor - Erik acenou com a cabeça na direção das arquibancas - Mas não tem problema. Contra essa sementinha, eu tenho a solução perfeita...

O treinador arremessou sua pokébola para o alto, invocando Ammy para o campo. Plantas não se dão muito bem com fogo ou veneno, lembrou-se Erik. E, providencialmente, a Houndour unia estes dois itens em um só pacote.

- Acho que podemos pular a conversa e partir logo para a ação, certo? - O rapaz apontou sua pokédex na direção do pokémon adversário, enquanto dava seu primeiro comando - Ammy, use Smog e ataque com Ember logo em seguida! Não deixe que o Shroomish tenha tempo de saber o que o atingiu!