Clareava o local com a lanterna mas não via nada além de pedras normais, algumas até escorregadias por conta do limo depositado, porém nenhum escorregão acontecera, Kamus estava atento demais ao chão para cair nessa. Andou reto, sem sair da visão de Felippe, sempre subindo, em direção a cachoeira, que foi onde o colecionador disse que conhecia bem. Andou em círculos, as vezes reto, de vez em quando dava volta como quadrados e, independente de onde e como olhasse, nada achava. Desesperançoso Wartortle começava a mostrar-se cabisbaixo, mas a realidade é que Felippe nunca disse que seria fácil.
O silêncio mórbido se manteve durante alguns minutos, os dois times - terrestre e aquático - procuravam arduamente seus preciosos itens, mas nada era encontrado e nenhuma palavra era dita, Garry e seu dono estavam acostumados com essa frustração, de procurar por longas horas e nada achar, mas para o protagonista, aquilo era algo novo ainda. O silêncio só foi finalmente perturbado por um barulho de correnteza. Por mais calmo que o rio permanecesse, um barulho que vinha do alto montava um paradoxo, o audio e a imagem simplesmente não condiziam. Como pouco conhecedor da mãe-natureza, Kamus ficou desentendido, de onde diabos vinha esse barulho? Ele estava tão alto e parecia tão perto. Olhava em volta, para cima, para baixo e só via calmaria, nenhum movimento a mais, a única coisa que reparava de diferente era o comportamento de Felippe que, sempre excêntrico, gritava incessantemente algo que o garoto nem estava conseguindo ouvir; mas ele já gritou tantas vezes por coisas tão inúteis. O barulho que antes era só alto, agora ficava mais alto e ecoante, era cada vez mais difícil entender se Felippe comemorava algo ou estava brigando com alguém, quando finalmente se deu conta que o colecionador e os dois pokemons estavam gritando por, nada mais nada menos que, fuga, já era tarde demais: a cachoeira aumentou o fluxo de água e o som ensurdecedor virou um vizinho. Em poucos instantes o volume do rio quintuplicou e Kamus foi atingindo por uma tromba d'água, tudo foi ficando preto, acontecera tão rápido que nem havia reparado o que atingira. Desmaiou tão rápido quanto o rio enchera, foi levado correnteza a baixo. Junto a isso, Wartortle, mesmo aquática, levou o aumento da correnteza como um golpe certeiro, se encolhendo para dentro do casco e sendo carregada junto, meio desorientada mas ainda acordada.
Os dois foram rio a baixo e, só depois de algum tempo de viagem forçada a tartaruga conseguiu se recompor, mostrar-se fora do casco e nadar contra a corrente, procurando seu treinador. Desesperado para encontrá-lo, subia a superfície para ver se ele já havia sido jogado para a margem e mergulhava de novo a procura. Depois de repetir esse movimento mais uma vez, viu o corpo do garoto integro apoiado em uma pedra, ainda inconsciente, porém livre de qualquer chance de afogamento, com a cabeça e um pedaço do tronco fora da água. O pokemon nadou até lá, abraçou o menino pelo braço e puxou-o até a margem sem nenhuma dificuldade. Por sorte - se é que há sorte nessa história toda - ele realmente não tinha nenhum sinal de afogamento, porém havia um hematoma na parte esquerda da testa, provavelmente o motivo de seu desmaio, alguma coisa o atingiu ali. Alguns minutos se passaram quando Kamus finalmente abriu o olho, mas mesmo acordado demorou reparar que não estava dormindo, duvidou de sua consciência por um segundo e também de sua visão, até porque o lugar era como um escuro absoluto, suas pupilas demoraram o tempo normal para dilatar e finalmente permitir o menino de ver alguma coisa então, por um período de alguns segundos - que mais pareciam horas -, foi impossível enxergar.
Para piorar a situação, o treinador não fazia ideia de como chegara ali, sua memória havia feito um buraco e apagado desde o momento que entrou na caverna até ali, o trauma. Esqueceu da existência de Felippe, que Mareep não estava com ele, que estava em um rio e que Wartortle sofrera do mesmo, havia esquecido completamente o que passou. Além disso, também esqueceu que havia uma lanterna presa a sua mão, se não fosse aquele segurador, ela agora estaria muito longe. Com uma dor de cabeça enorme e uma confusão maior ainda, Kamus teria que sair de lá, só com seus quatro pokemons e uma lanterna.
OFF: Desculpa a demora! Sai no dia 30 e só voltei pra casa hoje, achei que ia vir pra ca dia 31 mas nem vim ):