7 - Inside the Woods

Então, tomando a frente numa situação como aquela, logo o jovem Ryan se pôs a pedir que seu parceiro canino disparasse fracas brasas sobre a porção de lenha, que logo, após tal ação, começaram a ser consumidas pelo estralar de chamas alaranjadas. Sendo assim, a medida que a escuridão tomava conta da floresta redor aquele ponto continuava a permear luz e aquecer o grupo.

- Pelo menos para isso o seu namoradinho serve, hein Yuki? – Alfinetou Layla, que não tardara a levar uma leve cotovelada nas costelas da jovem de cabelos caramelos com certo rubor em sua face.

Com tal brincadeira o silêncio se instaurara no meio do grupo, exceto pelas risadas vez ou outra provocadas pelo pequeno roedor a brincar com ela, fazendo com que o jovem, aparentando talvez desconforto, se afastasse lentamente, ajeitando um local para dormir e ficando por ali apreciar seu jantar, algo que as jovens também fizeram ao retirar guloseimas de suas mochilas. Contudo, nada de tão interessante surgira ao decorrer de tempo e assim, cessando os cochichos brincalhões de Layla e repreensões de Yuki, o sono se instaurou sobre o grupo, levando-o a dormir acompanhando-os pelo som da floresta a noite.

Estranhamente, em dado momento Ryan acordara sentindo sua boca seca, quase que implorando por água, podendo notar o breu e a brisa fria que se instalava ao seu redor, já que da fogueira improvisada apenas uma luz fraca emanava das brasas e dos tocos queimados.

- VOCÊ PROMETEU! Você prometeu, Burguess! – Emanou uma voz rouca e forte em meio a vegetação. – Havia dito que a armadilha era a prova de falhas, seu mentecapto!

Após tais palavras, pequenas batidas, que se confundiam com os sons da floresta, foram escutadas sobre madeira. Como o jovem reagiria a tal?

Em meio a escuridão e vozes desconhecidas, o jovem decidira, de forma sensata, acender a lanterna que carregava consigo, convergindo a luz dela para a direção de onde a rouca voz surgiu no exato momento que uma estranha forma emergia em meio a vegetação. De forma impactante, à primeira vista, a forma detinha membros longos e uma característica barba longa e branca.

- Argh! Quem diabos ligou esse bregueço de luz na minha cara?! – Exclamou de forma um tanto exaltada o homem que surgia da vegetação. – E eu é que pergunto se tem alguém aqui!

A frente do jovem Ryan, um senhor de costas curvadas, pele alva e uma longa barba branca se encontrava, suas feições se mostravam um tanto rudes, marcadas pela idade, enquanto que suas vestes se limitavam a uma velha camisa branca de botões, calças amarronzadas e um longo sobretudo negro que envolvia tudo, sem citar, é claro, suas botas negras repletas de lama e o chapéu negro que se acomodava sobre a sua bagunça de cabelos brancos. Já ao seu lado, um pequeno ser de corpo roliço azulado, orelhas redondas e membros curtos, além de uma barriga branca detentora de uma estranha tatuagem (Link), também surgia.

- Vamos, o que está esperando para tirar isso ai da minha cara?! – Bradou mais uma vez.

No outro lado do recinto, um estranho gemido era escutado por parte de uma das garotas, como estivesse tentando sobrepujar o sono.

De fronte ao estranho senhor, o jovem não deixava de, em seu amago, mostrar receio quanto a confiança em estranhos, algo que, sem dúvidas, era bastante sensato, afinal nunca se sabia o que esperar das intenções de tais pessoas.

- O que eu preciso?! Ora, preciso que tire esse troço da minha cara! – Resmungou o senhor barbado enquanto saia do alcance da lanterna. – Burguess, vá dar uma olhada nos arredores para vermos se o gordo não está nos arredores.

Tais últimas palavras pareciam ser proferidas ao pequeno azulado ao seu lado, que sem hesitar, passava a bater o pequeno galho em suas mãos no chão de maneira agitada, produzindo uma careta na face do homem.

- O que?! Você é pago para isso. Não tem querer algum, então vá sem reclamar! – Disparou.

Enfim, ditas tais palavras, passou a se aproximar do jovem a um lento passo, como se tomasse cuidado quanto à onde pisava ao passo que fitava a estranha escuridão.

- E você, meu caro garoto sem educação? O que faz por aqui? Além de dormir a relento, é claro.

Ainda cheio de receio quanto aquele senhor que aparecia na calada da noite, Ryan passava a tentar ludibriar o homem, que nesse momento se encontrava totalmente focado nele, com suas palavras e ações, na tentativa de distraí-lo e mantê-lo distante de si. Estranhamente, em meio a escuridão e as palavras do jovem, os olhos castanhos do barbado pareceram brilhar animadamente. Enquanto isso, o pequeno azulado saia de cena, adentrando a vegetação.

- Diglett? Você tem um Diglett? – Indagou o senhor parando subitamente. – Eles são bem raros por essas bandas.

Ditas tais palavras e uma peculiar agitação da lanterna por parte do garoto, os olhos do velho começaram a seguir a luz, como se esperasse que ela fosse revelar algo de novo a qualquer instante. Contudo, nada de novo surgia, continuando o monótono e estranho silêncio a lhes rodear.

- Na verdade, foi o mentecapto do Burguess que a armou. E se até mesmo um moleque como você a destruiu, imagine o gordo... Incompetente! – Começou com um leve tom de raiva na voz. Logo, sem anuncio prévio, sua voz normalizava, demonstrando uma leve animação agora. – Mas enfim, você ainda não me disse o que faz por aqui.

Apesar da desconfiança que sentia quanto ao homem barbado, o jovem decidiu aparentar sinceridade ao revelar finalmente o porquê de estar ali e tentar investigar um pouco mais acerca das intenções do estranho.

- Interessante... – Proferiu perante as primeiras palavras de Ryan. Parando então para escutar o resto com curiosidade. – Justamente, moleque. Burguess havia jurado que aquela armadilha seria o suficiente para pegar o gordo, mas como sempre... Aquele mentecapto fez um trabalho incompetente!
“ Mas posso dizer que sua ajuda seria muito bem vinda, meu caro...”

Então de repente, um grito emanara exatamente do local onde as garotas se encontravam. E estranhamente, tal coisa apenas produzira um sorriso estranho na face do barbado.

Como o jovem reagiria?