#004.2 - ME!

ME!

Caminhar nos trajes da enfermeira não era complicado, mas estar tendo que forçar um sorriso e ao mesmo tempo procurar a saída e um meio de me misturar era um pesadelo para mim. Meu rosto ardia em chamas ainda por conta de todos os machucados deixado por Leona, e flexionar os músculos da face naquela tentativa fracassada de sorriso simpático só piorava a situação.

Após alguns minutos caminhando pelo local, subindo escadas consegui encontrar o hall do Centro Pokémon, o local estava infestado de enfermeiras e oficiais, comecei a ficar mais agoniada, até que a enfermeira que me salvou apareceu para me ajudar. O pequeno teatro da mulher parecia funcionar.

— Sim, com certeza, muito obrigada! — eu dizia meio nervosa — Tenho certeza que vou me misturar bem por aqui!

Esperei uns minutos e então segui caminho para fora do local, me surpreendendo com tudo aquilo, como eu faria para encontrar a porta secreta e continuar meu disfarce? Eu não aguentaria ser surpreendida por outra policial não, não mesmo.

Fechei os olhos por um segundo, tentando imaginar onde a porta poderia estar, retirei a chave do bolso, na esperança dela fazer algo, um sinal, chamar atenção daquele maldito Sableye, alguma coisa, e claro, estar atenta a escondê-la o mais rápido possível na presença de qualquer indivíduo.

ME!

Nada acontecia com a chave, guardei no bolso logo em seguida com medo de ser vista por alguém, e então segui em direção a base da montanha, tocando em sua parede rochosa em busca de algum protuberância para encaixar a chave ou alguma parede falsa, normalmente esconderijos eram guardados assim.

Na minha cabeça eu já tinha uma ideia do que fazer caso alguém aparecesse, eu só precisava me manter no personagem. Sableye como sempre não estava nem próximo de me ajudar, um verdadeiro filho da puta por assim dizer, mas eu não podia desistir daquilo, a marca continuava ali, pronta para queimar e me consumir se eu escapasse do local.

ME!

Depois de um longa caminhada pelo local comecei a me aproximar da montanha imponente, me afastando completamente das oficiais, Leona, enfermeiras e qualquer tipo de contato humano, finalmente eu estava em paz. Longe de tudo e de todos.

Continuei minha procura por alguma depressão na parede, algo para que eu pudesse empurrar e revelar a porta por trás para que eu entrasse no laboratório daquele imundo e o fizesse pagar por seus crimes odiosos.

Resolvi liberar meus pokémon para que me ajudassem, Dustox poderia sobrevoar a região e me avisar se alguém estivesse se aproximando. Seria uma ótima!

— Dustox, sobrevoe a área e me avise se ver qualquer ser humano próximo! Khaki, preciso que você me auxilie a encontrar alguma porta falsa nessa montanha, você consegue se conectar com a montanha? — perguntei ao pokémon, não liberei Nincada pois ele era lento e pesado demais para me ajudar, mas meu recém capturado Mightyena poderia me ajudar — Quero que você percorra o perímetro e vê se encontra alguma pista para me ajudar a achar o local, entendido?

Ele ainda não era muito familiarizado comigo e poderia até ter algum receio, afinal eu o tinha separado de sua companheira, mas era necessário, aquela batalha tinha sido exaustiva demais.

ME!

Aguardei enquanto meus pokémon faziam o trabalho que lhes eram incumbidos. Dustox logo retornada, um pouco decepcionada por não conseguir me ajudar da maneira que eu pedia mas não tinha problemas, diferente de Leona, eu tratava meus pokémon com carinho e cuidado, eu os amava verdadeiramente.

Mightyena logo sumiu mata a dentro, me deixando sozinha aguardando o retorno de todos, foi então ai que Khaki voltou animado com seu jeito desengonçado de andar e me levou até o local da chave junto a Dustox, depois de um esforço imenso, consegui abrir o local.

A montanha se movimentou por um instante e então uma porta e dois metros apareceu e abriu para o interior do local, era um enorme corredor abandonado, parecia um laboratório mesmo, mas antes que eu pudesse entrar, a hiena começara a latir e rosnar, alguém estava próximo.

— Eu quero que vocês dois me acompanhem de longe, eu preciso manter o disfarce se for uma pessoa, se eu pedir ajuda vocês vêm, ouviram? — pedi com calma aos meus pokémon e então fui averiguar o que estava acontecendo.

Eu não chegaria fazendo alarde e esperava que Mightyena não estragasse meu disfarce, eu gostaria de me manter como enfermeira por mais um tempo e conseguir sair dali ilesa sem precisar batalhar contra ninguém, a menos que fosse um pokémon selvagem, pokémon selvagens não costumavam agredir nem sequestrar ninguém.

ME!

Ver aquela mulher outra vez só aumentava ainda mais o meu ódio, e então ela abria a boca para falar todas aquelas asneiras, como se ela fosse a mulher mais esperta do universo inteiro. Confesso que não desconfiei nenhum segundo de que tudo aquilo fora um plano da mulher, mas ela era mais estúpida do que pensava.

— Faça o que você quiser, sua imbecil, eu to pouco me fodendo! — exclamei irritada com a mulher, retornando Mightyena para a pokébola — Você tem um desejo de morrer muito grande, mulher, quase do tamanho da sua arrogância e estupidez, sinta-se em casa!

Eu disse debochada, deixando que ela tomasse a frente, ela se arrependeria amargamente de cruzar meus planos, afinal, aquele laboratório abrigava um dos piores e mais cruéis cientistas que o universo já conheceu, os experimentos do homem e sua ambição por poder eram imensuravelmente perversos.

Esperei que ela tomasse a frente e sumisse do meu campo de visão para me organizar e seguir pelo mesmo caminho. Ela podeira até achar que eu estaria disposta a desistir da minha missão e deixá-la tomara frente, mas ela ainda não tinha entendido o que aquela marca significava e o que eu deveria fazer. Apenas a deixei ir na frente para seguir com a minha missão.