Teatro - O espetáculo, os ovos e os pokémons de fogo

Ao assistir a queda de Sigilyph, Joul sentiu um grande peso sair de suas costas, afinal de contas, diferentemente da tensa batalha anterior, o jovem treinador de Cinnabar havia conseguido vencer seu oponente, de certa forma, bem mais facilmente do que comparado a sua última demonstração de força e habilidade. Então, deixando aquele momento ainda mais interessante que ele já era, o ator, transvestido de gato, seguia o script entregando ao aspirante a cavaleiro o valioso poder da tecnologia.

Então, com as cenas subsequentes, seguindo fielmente na ordem descrita no roteiro do espetáculo, Vivienne, que dava vida a Alice, entrava em cena e logo lançava sobre Joul a enxurrada de novas informações. O Terri, por sua vez, logo retribuiu todo o dito a ele com o seguinte discurso:

- Sei que posso não seguir o caminho que muitos esperaram que eu siga, mas tenha a certeza que sempre farei o melhor para honrar meus valores e aqueles que confiam em mim e torcem pelo meu sucesso. - Mantendo os olhos fixos no gato, ele concluiu: - Agradeço por compartilhar conosco a tecnologia que você era guardião, acredito que, para o plano de Alice, este recurso fará mesmo toda a diferença. - E enquanto uma leve careta tomava conta de sua face, careta esta que, devido as lutas coreografadas, que não haviam sido tão coreografadas assim, tinha mesmo um tom de verdade, o rapaz logo falou a Alice: - Preciso de poucos minutos para auxiliar meu companheiro de jornada, daí estou pronto para escutar nosso próximos passos.

Ao final daquelas palavras, depois de usar um Full Restore em Magmar, Joul retirou Darumaka de sua esfera bicolor e deu a ele a última Sitrus Berry. Com o fim daquele momento de recuperação, o cavaleiro/treinador recolheu seus parceiro e seguiu de encontro a Alice pronto para escutar quais seriam os próximos passos.

Ao escutar as novas ofensas do gato, Joul, que naquele momento fazia de tudo para não misturar a trama com sua vida pessoal, afinal de contas, por algum motivo, o jovem achava que toda aquela implicância estava indo muito além do previsto no roteiro, apenas sinalizou com a cabeça como se estivesse concordando com o dito. Daí, dando ouvidos a sequência da cena, o jovem ator via ali uma oportunidade de seguir com suas falas:

- Por algum motivo que eu não sei bem explicar, pode ter sido falta de atenção minha, provavelmente, achei que já sairíamos daqui direto para confrontar o chapeleiro. Mas, realmente entendi errado. - E depois de olhar para todos que rodeavam o lugar, o Terri prosseguiu: - Pois bem, entendi em partes o que iremos fazer. Mas, se terei que ir ao arsenal, pode me indicar qual o caminho que terei que pegar para alcançar o lugar? - E com uma face visivelmente incomodada, ele prosseguiu: - Aliás, todos estes nossos avanços não estão prejudicando nossos numero? Falo isso porquê, se olharmos bem, o chapeleiro deve ter um senhor exercito a seu favor,daí todas estas nossas investidas podem diminuir nosso número final antes de enfrentá-lo. Por isso, acredito que, com a ajuda de Karin, conseguiremos criar um plano válido para que tenhamos um número menor de baixas. - Falou isso depois de olhar para o gato como se quisesse responsabilizá-lo pelas vidas que poderiam ser perdidas.

Por alguns instantes Joul ficou apenas a esperar por qualquer resposta que pudesse lhe ser dada. Entretanto, deixando que sua ansiedade tomasse conta de seu subconsciente, o jovem voltou a falar depois do pouco tempo de pausa:

- Sei que posso estar me intrometendo em coisas que não me dizem respeito. Contudo, estou mesmo preocupado com as vidas que estão sendo perdida. Sem contar que, querendo ou não, temos que estar muito bem preparados para quando, enfim, seguirmos para o confronto final contra o chapeleiro. - E com um olhar meio envergonhado, ele finalizou: - Espero não estar criando um novo problema para termos que lidar.

Não demorou muito para que o discurso em reposta ao dito por Joul fosse proferido por Alice. De certa forma, todas as palavras usadas pela garota acabou não respondendo o questionado pelo rapaz, já que, querendo ou não, não foi apresentado ao rapaz nenhum tipo de estratégia que minimizasse o impacto nas pessoas que aquele tipo de confronto certamente causaria naquela sociedade.

Embora pensar assim fosse algo nobre, o jovem ator não podia se esquecer que, em situações como aquela, esse tipo de baixa, mesmo que bastante sofrida, era um tipo de consequência das revoluções que sempre aconteceram em todos os mundos. Então, ciente que o melhor era aceitar aquele caminho, o cavaleiro, olhou por alguns instantes para todos e, com uma voz calma, falou:

- Agora ficou bastante claro para mim a respeito de nossos próximos passos. Enfim, não tenho nenhuma oposição, estou pronto para seguir com o planejado e acabar de uma vez por todas com este sofrimento.

Com aquelas palavras, se findava mais um ato daquela fantástica peça teatral. Daí, o diretor, que aparentava não ser nada fã do rapaz de Cinnabar, se aproximou dele cumprimentando pelo resultado alcançado naquela etapa. Joul, por sua vez, com um leve sinal de cabeça em positivo, agradeceu o dito sem qualquer tipo de verbalização, porque, mesmo sabendo que o nível de exigência para aquela participação, o treinador não havia gostado da forma com que tinha sido tratado.

Enfim, ao final daquele momento, Joul, centrado cada vez mais no que fazer, se colocou em posição pronto para o próximo ato. Agora, restava saber se tudo correria conforme estava descrito no script do espetáculo.

O orgulhoso sempre fora algo que acompanhou Joul em toda sua trajetória. O jovem, em nenhum momento de sua vida, soube lidar com qualquer tipo de critica ou questionamento quanto a sua capacidade para fazer algo, mesmo que, em muitos momentos, aquela situação vivida por ele fosse a primeira em sua vida. E, isso, no fim, fez com que o treinador, diante das novas palavras proferidas pelo diretor, apenas acenasse a cabeça, em sinal positivo, as palavras escutadas.

Então, com o iniciar de mais um ato, o Terri, para sua surpresa, ou quem sabe não, fora colocada novamente em um desafiador momento. Afinal de contas, com o fim das palavras da interprete de Alice, cabia ao aspirante a ator encontrar alguma maneira de incentivar o grupo que sairia em prol da mesma meta que o rapaz. Ele, por sua vez, depois de dois singelos passos a frente, olhou por alguns instantes para Karin e Alice, e, com uma voz tremula no início, começou a falar:

- Meus amigos... nunca fui um bom orador, nem muito bom com palavras de incentivo. Entretanto, diante do que esta por vir, clamo a nossos deuses que protejam as almas de todos e nos guiem a vitória. Sei que a batalha será árdua, o desafio será muito maior do que aqueles que ousamos encarar mas, em prol de tudo o que é justo e sincero, nossos deuses irão nos proteger e abençoar nossa camianhada. - E nitidamente um pouco mais confiante: - Reconheço a força, a coragem e a capacidade de todos aqui. Não vejo nenhum guerreiro pronto para desistir, vejo apenas indivíduos prontos para fazer história e dignificar quem é realmente merecedor de todo este reino. - Erguendo então o braço direito: - Por isso meus nobre companheiros de batalha, saibam que, em qualquer lugar que eu esteja, me lembrarei deste grupo e o quanto ele queria fazer justiça e dar paz a um reino tão devastado. Não seria um cavaleiro digno se me esquecesse de vocês. Sendo assim, vamos fazer história neste dia de hoje, deixar marcado em livros o que fizemos na busca pela paz de nossa civilização. VAMOS COM TUDO!! - Esbravejou Joul em suas ultimas palavras.

Agora, com o discurso feito, o ator aspirante olhou para Vivienne a espera da próxima ação. O que, querendo ou não, era um sinal de que sua fala havia sido concluída.

Depois de um feed back positivo recebido por parte do elenco, e até mesmo do diretor, Joul, que fazia o possível para controlar o êxtase sentido pelo resultado alcançado, logo iniciou a preparação para o derradeiro ato que estava por vir. E, antes mesmo que ele tivesse repassado pela parte final do roteiro, um sinal foi dado e o rapaz percebeu que estava tudo pronto para o retorno do espetáculo.

Então, com a nova movimentação do cenário, que naquele momento tomava um aspecto completamente voltado para a riqueza, um novo desenrolar do espetáculo se iniciou, completamente refém do script, o que era muito bom para se falar a verdade, dando certamente clima de tensão na plateia que ali estava. Joul, por sua vez, depois das orientações dadas por Vivienne, seguiu rumo a Bastilha visando o cumprimento de seu papel naquela estratégia.

Com isso, o aspirante a treinador, que durante todo aquele momento tentou transparecer ao público um olhar preocupado, que somava-se a certo nível de indecisão e, até mesmo, medo, acelerou pelo palco de encontro ao próximo desafio que seria vivido por sua personagem. Agora, aproximando-se da porta, que visivelmente destacava sua beleza quando se olhava para os telões do teatro, restava ao Terri esperar pelo que viria a acontecer.