off :
Olá, narrador!
Estou aqui para participar do Swarm, e pretendo pegar também a parte do Mt.Pyre, então é para lá que estou indo. Espero que possamos nos divertir, tudo certo? <3
Outra coisa: Também preciso trabalhar urgentemente na happiness do meu Nosepass, então se puder dar uma mãozinha, ficarei muito agradecida o/
Ademais, vamos à rota!
~> Equipar Soothe Bell no Nosepass;
Estou aqui para participar do Swarm, e pretendo pegar também a parte do Mt.Pyre, então é para lá que estou indo. Espero que possamos nos divertir, tudo certo? <3
Outra coisa: Também preciso trabalhar urgentemente na happiness do meu Nosepass, então se puder dar uma mãozinha, ficarei muito agradecida o/
Ademais, vamos à rota!
~> Equipar Soothe Bell no Nosepass;
Se fosse obrigada, não saberia ao certo dizer há quanto tempo estava ali.
Perdidos, os orbes acinzentados se desviaram do horizonte nebuloso durante um breve momento de consciência para passear uma última vez pela placa envelhecida que entalhava o anúncio de entrada da 121 - em silêncio, permitiu a si mesma ocupar os pulmões após uma respiração profunda e vagarosa. A brisa fria balançou e desalinhou os fios avermelhados mas, naquele instante, não pareceu se importar: Talvez sequer houvesse reparado no fato, até; Em fato, sua presença era uma questão mais física que psicológica, por assim dizer. Levando isto em conta, é seguro dizer que, mesmo quando os dedos se movimentaram para acertar a capa de chuva sobre o corpo, o ato se tratou mais de uma reação automática do que uma atitude pensada por si só.
...Só.
Sim, estava só - uma solidão sufocante, predatória, que há muito não sentia. Não apenas pela falta de companhia humana, pois com esse detalhe já estava acostumada, mas por conta da ausência até mesmo de seus pokémons que, ainda que disponíveis a qualquer momento, se encontravam dentro das respectivas esferas os quais a moça não fazia questão imediata de alcançar. Então, de maneira inevitável e por culpa própria, sim: O gosto pútrido do vazio escorria delicadamente por sua garganta. Um temor de outrora, quase esquecido, girava com paciência a maçaneta das lembranças, abrindo a porta de sua prisão com um ranger oco e metálico e oferecendo a si próprio o espaço necessário para que pudesse rastejar para dentro com toda a viscosidade de seu ser invisível e o sorriso, tão asqueroso quanto, foi marcado por fogo e cinzas a cada mínimo centímetro percorrido.
Por um instante único, viu-se abatida pela náusea - sufocou, no sumiço da própria respiração. Embora não estivesse prestando atenção suficiente para reparar nas gotas da garoa ainda fina que casualmente umedeciam pequenas partículas de seus cabelos (consequência do capuz ainda abaixado), não lhe passou despercebido o abraço amaldiçoado que a agarrou pelos ombros, roçando as garras pútridas em seu pescoço, soprando o ar pesado por sua nuca. Sentiu o peso mórbido se estabelecendo com tranquilidade em suas costas, ombros e, ainda que não fosse capaz de se aperceber deste fato, os dedos tremularam em resposta.
...Caminhou. Os pés se moveram sozinhos, vagarosamente abrindo caminho para dentro da rota que se erguia à sua frente: Tontos, tortos, a arrastaram em direção às estranhas do local, sem hora para chegar, sem tempo para terminar e sem destino para limitar. Trazia entre os dedos uma única pokéball bicolor, ainda em seu tamanho diminuto, e o aperto que induzia no objeto era tão inconsciente quanto a própria estadia na trilha. Um fantasma, era ela - a moça, e também a esfera. Um que vagava perdido no passado, e o outro que foi sufocado nas profundezas de um depósito: Dois iguais, estilhaçados.
Uma maldita, e a outra a sina.
Talvez ambos fossem, em realidade.
Parou, sem saber quanto andara. Também não olhou para trás para se certificar se ainda poderia enxergar a entrada da rota, afinal, não era como se importasse - os orbes cinzentos tinham outra pretensão, e deslizaram com suavidade para a mão fechada. Avermelhados pelo aperto excessivo, os nós dos dedos se afrouxaram devagar, fato que inevitavelmente obrigou a moça a reprimir todos instintos e desejos de arremessar o objeto o mais distante possível, e correr sem sequer checar para onde havia ido. A última parte não foi um trabalho difícil considerando o peso repentino que se agarrou aos seus pés mas, para garantir a primeira, se viu obrigada a fechar o punho outra vez.
As pálpebras se apertaram. Por um momento infinito, se manteve em silêncio, ouvindo as folhagens das árvores e as gramíneas dos matagais balançando, distantes, junto ao agudo assobio do vento. Temeu a decisão impensada de trazer consigo um dos grandes motivos de seus pesadelos e, ao mesmo tempo, não se sentia confortável o suficiente para simplesmente retornar à cidade e desfazer essa “aquisição” de seu depósito. Sentindo o choro do céu derramar-se sobre si, a respiração se descompassou por um breve instante. O peito subiu e desceu, e as vinhas enlaçando-lhe o coração arranharam o temor de, assim como trazia o animal de volta à “luz do dia”, estivesse arrastando para fora da escuridão as assombrações que a perseguiam - e, com isso, também invocasse o seu inferno.
…
Então, sutil e com um aspecto quase cinematográfico, ouviu o tilintar delicado de um sino.
Devagar, os orbes acinzentados foram libertos de sua prisão de carne. Volveram na direção da outra mão, e observaram em silêncio o guizo que dali pendia, o fio avermelhado enroscado despretensiosamente entre seus dedos. Uma nova lufada de vento foi a responsável por seu balançar e, mais uma vez, o barulho gentil do objeto ecoou como bálsamo antes de ser soprado para o esquecimento. Como se fosse capaz de apaziguar as angústias da alma, a moça sentiu o coração amenizar o ritmo dentro do peito, e se deu ao luxo de respirar com lentidão.
Embalada na repentina calmaria ou meramente por distração, um leve aperto foi suficiente para que a esfera em mãos triplicasse em tamanho e, por apenas uma ínfima fresta discreta, o ofuscante feixe luminoso escapou do objeto, derramando-se por sobre a relva em banho seco. A ruiva assistiu o fenômeno em quietude enquanto os formatos geométricos se moldavam e materializavam em pleno ar. Sentiu a brisa bagunçar-lhe os fios cereja, mas não se alterou o desviou o olhar: Por um momento que fosse, toda a sua atenção se dirigiu mera e somente para a sina que voltava a encarar após tanto tempo.
Tanto, que não era capaz de lembrar quanto.
Tinha plena consciência do patético fracasso de colocar rédeas no pokémon da última vez que o tentara, entretanto, não era hipócrita para dizer que o fizera da melhor forma. Admitia que havia tentado abordar o animal sem tato algum - afinal, na época ainda estava marcada por todos os acontecimentos de maneira fresca, e tinha a impressão que havia se deixado levar pelo desejo e falsa ilusão de estar no controle e, acima de tudo, passar por cima de todo o significado da experiência do Limbo.
…
Era diferente, ali.
Pelo menos, era nisso que queria tentar acreditar.
Quando as cores da espécie se assentaram no recém-liberto, a jovem se abaixou à sua frente, embora com certa distância. De certa forma, o pokémon era imprevisível para si e, caso decidisse simplesmente explodir (como já havia ocorrido certa feita - embora, daquela vez, houvesse motivo), não seria seguro estar do lado do animal, huh?
— ….Olá. — Arriscou. A visão pairou pelo pokémon, passeando por seus detalhes e entalhes e, tal como a chuva fina, a atingiu com uma maré - desta vez, de nostalgia letárgica. — ...Eu não sei se você lembra de mim. — Continuou. Tinha consciência de que não era a melhor das ideias não ter nenhum de seus outros monstrinhos ao lado para caso as coisas “esquentassem”, mas também não acreditava ser uma boa ideia tentar amenizar o clima entre ambos com a guarda alta. Afinal, se ela própria o fizesse, por qual motivo o narigudo não faria o mesmo? — Nós… Não começamos muito bem, eu acredito. — Comentou, com um breve encolher de ombros. A ruiva respirou devagar, analisando em silêncio as reações (ou falta de) do rochoso. Precisou de alguns segundos, porém, e um pouco mais de coragem antes que finalmente estendesse a outra mão, sem pressa alguma. Com a palma para baixo, soltou os dedos, e o miúdo sininho dali pendeu, o barbante ainda enroscado em seus dedos. Em parcial liberdade, se balançou no ar, liberando outro de seus gentis tilintares - que a moça esperava atrair a atenção de Nosepass. — Você não precisa gostar de mim. — Afirmou. Não esperava que acontecesse, ou pelo menos não de imediato. — ...Mas podemos tentar lidar um com o outro.
…
E esperou.
Que mais poderia fazer?