Pokémon Mythology RPG
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Capítulo 23 - Desbravando a Tormenta [Luch]

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Múltiplas escolhas nunca são lá muito legais - independente de se por bem ou mal, sempre fica aquele peso de "e se?" em relação às demais que foram deixadas de lado. A sensação talvez fosse amenizada naquele labirinto onde todas as entradas pareciam iguais, independente do ângulo ou direção pelo/a qual se observasse. Obsoleta, ainda existia a opção de abandonar as entranhas da montanha, porém, era obviamente ignorada; Nem o rapaz e nem seus pokémons faziam questão de retornar para o nevoeiro que se espalhava por todo o monte, e tampouco para debaixo do pesado choro celeste. Optou então por seguir em frente e à direita; E, bem, não desembocaram em um lugar muito diferente do que aquele que já estavam. A única diferença é que ali não existiam mais entradas, pelo menos inicialmente, e o túnel seguia reto por sabe-se lá quantos metros.

Eventualmente, algumas salas começaram a se destacar pelas paredes do labirinto. Nenhuma possuía saídas, ou sequer se diferenciava demais daquela em que o trio havia encurralado o bobo Farfetch'd. Algumas eram maiores, outras menores, mas essencialmente se resumiam à túmulos - algumas "lápides" se resumiam à simples cruz'es fincadas no chão, a grande maioria com pedaços faltantes; E era difícil dizer se pelo desgaste do tempo ou por obra de algo ou mesmo alguém. Ao longe, ainda era possível se ouvir o barulho abafado de trovões e, pela maneira como o som já estava abafado, se podia arriscar que estariam longe do exterior - e restava torcer para que nenhum desabamento ocorresse durante aquela cautelosa exploração.

Entretanto, a paisagem não foi a mesma para sempre; E a primeira coisa a mudar foi o piso: O caminho acimentado e cinza pelo qual haviam seguido até então se metamorfoseou de uma hora para outra num chão ladrilhado de azulejos acobreados. Não só isso! A mudança se tornou óbvia até mesmo nas paredes, que abandonaram seus formatos irregulares e escuros para dar lugar à um revestimento de mármore - de repente, a paisagem se alterava da água para o vinho. Claro que o rapaz já haveria de perceber essa mudança antes mesmo de atingi-la, se prestasse um pouco de atenção pelo caminho o qual seguia.

Mas, de novo, não era só isso. Uma outra coisa, um detalhe pequeno e discreto: Ecoando do fim do corredor, distante, murmúrios ininteligíveis percorriam distâncias para cumprimentar o trio. Era impossível dizer quão longe seu causador estaria, mas pelo menos já era um alerta para o unoviano; Restava-lhe decidir se ainda queria permanecer naquele caminho, se arriscaria manter sua iluminação acesa ou, mais importante, se tomaria alguma precaução ao desconhecido que aguardava à frente.

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O amanhã é efeito de seus atos. Se você se arrepender de tudo que fez hoje, como viverá o amanhã?
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Apesar de costumar demorar bastante para tomar decisões desse tipo - e depois me martirizar por ter tomado decisões tão idiotas e ruins - dessa vez eu tentava uma coisa bastante diferente. Não pensaria demais, tentaria me guiar pelo acaso e foi com o mínimo de reflexão possível que resolvi seguir pelo caminho da direita. Nada de retornos ou desvios, nem que eu tivesse que ir eliminando todos os caminhos um por um, pelo menos que eu fizesse pelo menos conservador possível e foi exatamente o que se sucedeu. Buddy, Mey e eu tomamos a rota escolhida e fomos a passos comedidos em direção a escuridão. Apesar das luzes formadas por Buddy, havia um limite para o quanto ele podia iluminar. O túnel era escuro no horizonte e além de indicar que não havia uma saída próxima, também indicava que estávamos a mercê do que estava por ali, espreitando-nos na escuridão e observando o que fazíamos, já que éramos pontos luminosos bem evidentes para eles.

— Bem, olhos abertos... Não sei porque, mas sinto que algo vai pular na gente a qualquer momento... — Dizia para os dois Pokémon, esfregando os próprios braços de vez em quando. Será que era só pavor ou realmente o clima daquele lugar era ainda mais frio do que antes? Talvez fosse o ambiente "pesado" de um cemitério que trouxesse essas sensações, mas enfim... Tinha de encará-las... E por falar nisso, não demorou para que saletas laterais fossem surgindo, exatamente como no outro caminho, como uma daquela salas em que capturei Farfetch'd. Menores, maiores, mais fedorentas ou empoeiradas, mas enfim... Túmulos. Talvez tenha sido meu foco nessas salas estranhas que inclusive, me fez não notar que estávamos sofrendo uma mudança gradual de cenário. O lugar meio abandonado parecia dar lugar a algo mais bonito e vistoso, mais claro pela mudança de tom das paredes e mais confortável pela mudança no chão.

Apesar de tudo ser assustador antes mesmo de entrar no Mt. Pyre, o clima ainda conseguia ficar pior e mais ameaçador. Naquele corredor agora conservado, a única coisa que nos deixava "de cabelo em pé" era o que se escondia na escuridão do infinito trajeto que seguíamos. Não estávamos próximos da saída, se considerarmos os sons abafados que vinham do exterior, o que me fazia pensar que talvez estivesse me enfiando em uma enrascada cada vez maior. E se tudo desabasse? E se tivesse um buraco que nos tragasse para baixo da terra onde ninguém poderia nos ajudar? Para completar esse cenário catastrófico, ainda tinha a sensação de que algo nada normal estava no fim daquele trajeto. Eram como sussurros talvez... Sons... vozes? Lamentos? O que era real e o que era da minha cabeça, afinal? Não podia me entrega ao medo, mas estávamos em um cemitério e Fantasmas eram reais. Pensando nisso, tratei de deixar Mey ir na frente, pela sua imunidade à golpes fantasmagóricos — Mey, assuma a dianteira... Já você Buddy, aponta essa "lanterna" bem para frente, deixa o máximo do trajeto visível — Sendo assim, segui adiante na direção do suposto perigo. Seja lá o que estivesse ali.

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Não havia muito que se pudesse fazer; Independente dos murmúrios que bailavam soltos pelo corredor, as opções eram escassas ao rapaz e, por conta disso, seguir em frente talvez fosse a mais plausível para si - afinal, ainda que os calafrios subissem constantemente por sua espinha, até o momento aquele era o único lugar que havia arranjado algo mais "palpável" para se guiar, ao invés de zanzar às cegas por túneis em que cada um era mais idêntico ao outro, como se nada mais fossem que um loop infinito zombando de sanidades aprisionadas por ali. A decisão foi tomada com simplicidade, e os companheiros de Valassa obedeceram em silêncio ao tomar a dianteira e mergulhar cada vez mais fundo nas entranhas do cemitério vertical, com a pulsante Energy Ball sendo a única fonte de iluminação do lugar.

Naquela formação, seguiram por sabe-se lá quanto; Talvez tempo o suficiente para fazer com que o treinador se questionasse se os sons ouvidos já não passavam de alucinações de uma mente perturbada por inúmeras preocupações - e, bem, talvez até prenúncio se uma doença? -. Os murmúrios corriam pelas frestas dos azulejos tal como víboras prontas para o bote, mas que não planejavam fazê-lo sem antes seduzir sua presa ao coração do ninho. A escuridão poderia ser uma dica de que era exatamente isso o que estava acontecendo, afinal, por qual raios de motivos existiria alguém passeando tão fundo entre as paredes daquele maldito lugar?

...Mas, sim. Assim como os detalhes do corredor, mais coisas se transformaram com o lento passar dos segundos. Uma delas era que, muitos, muitos metros à frente, era se possível perceber que o corredor terminava em uma esquina virada para a esquerda. Em condições normais, o trio precisaria estar praticamente batendo de cara na parede para se ligar no desvio de caminho, porém, como bem pontuado, aquilo era diferente. Do caminho oculto pela curva, uma luz alaranjada era emitida, como se o que quer que se escondesse por ali detrás iluminasse fortemente o local.

Por um lado, aquilo era bom, pois poderiam chegar ao fim do mistério dos murmúrios, quem sabe.
Mas, por outro...

Alguma coisa aguardando no íntimo do monte seria realmente segura?

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Depois de andar por tanto tempo que já havia perdido a noção do tempo, que nem sabia a quanto tempo (?), duvidava de meus próprios sentidos. Em alguma parte daquele túnel que não parecia ter fim, resolvi parar e também fazer com que Buddy e Mey parassem... — Vocês também estão ouvindo esse murmúrio, não é? Uma lamentação... Talvez saibam melhor do que eu o que seja... Talvez não. Se souberem, acho que nem quero saber. Só, fiquem atentos, ok? Eu não quer morrer do coração de repente... Sei que sentem melhor do que eu essas coisas, tipo espíritos ou presenças, por isso só me deem um "toque" se estiver chegando perto, sei lá... Nem sei do que to falando...  — Comentava às prestações, enquanto tentava observar algo além da luz esverdeada da "lanterna" improvisada de Roserade. A falta de algo substancial, para o bem ou para o mal, era o que mais me fazia surtar. Contudo, sendo alucinação ou não, algo veio até mim e me chamou a atenção. Não era um fantasma, nem um ser dotado de poderes místicos ou sobrenaturais. Na verdade, não era nada... Só luz. Mas era algo, pois não era verde e sim laranja!

Bem, minha animação não fazia sentido e talvez fosse mais um sintoma de que eu não estava bem. Entretanto, eu tinha todos os motivos do mundo para não estar nada bem. Nada de Natalie, nada de Blake, nada de nada. Eu estava me enfiando mais e mais em uma Montanha Cemitério que não parecia ter uma viva alma além da minha... Se ainda fosse uma viva alma, não é mesmo? Desviei o olhar para as paredes e então sacudi a cabeça para tentar esquecer esse pensamento. Onde já se viu, seria possível isso? Buddy e Mey estavam me vendo e estávamos seguindo adiante, é claro que estávamos bem e vivos. Respirei fundo para oxigenar o cérebro e depois observei os dois Pokémon, pensando no que fazer — Ok... Ok... Temos uma curva, certo? E uma luz alaranjada. Isso não é algo terrível, podemos lidar. Só precisamos ter cautela... Venha cá Mey! — Disse para a Pokémon, puxando minha própria blusa para "polir" a moeda na cabeça da Pokémon, até ficar bem brilhante.

Mesmo com uma cor esverdeada, ainda conseguia ver meu próprio rosto refletido — Certo, você vai ser meu espelho. Divertido, não? Gostaria que fosse até ali, de frente para o corredor usando seu movimento Protect! Então, poderei olhar através de seu reflexo da moeda e ver o que tem no caminho adiante, talvez até consiga ver a fonte da luz... Já você Buddy, pode apagar essa luz verde. Seria um ALÔ ESTAMOS AQUI! E isso não acabaria bem, eu acho... Mas fique por perto, podemos precisar dar um jeito em algo bem rápido! — Comentei com os dois Pokémon "meio que traçando um plano". Se fosse um fantasma, a Meowth ainda estaria mais segura pela sua tipagem. Tinha tudo para dar certo,bastava apenas... Não dar errado, né? Enfim. Pus o plano em prática!

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Com a falta de companhia humana e o silêncio inevitável - maculado unicamente por murmúrios indecifráveis e trovões longínquos -, vinha também a paranoia. A incerteza do que era ou não real (e, pasme, até mesmo sua própria existência adentrava nesse campo) era uma preocupação que se enrolava vagarosamente no corpo do rapaz tal qual as serpentes imaginárias que rastejavam pelos vãos dos azulejos; E, independente se fruto de uma insanidade latente ou apenas obra da simples e pura realidade, um novo plano de ação foi posto em curso, volvendo em torno da estranha luz ao fim do corredor.

Roserade foi o primeiro a se beneficiar do fato, pois pôde finalmente deixar de se preocupar com a continuidade da esfera sobre suas flores e, abaixando e descansando os braços nas laterais do corpo, a dissipou, logo que seu treinador deu a permissão após lustrar a moeda na testa de Meowth. Então, pé ante pé, o trio se permitiu aproximar cada vez mais da curva ao fim do caminho e, então, os murmúrios se tornavam cada vez mais audíveis - ainda que aos poucos, por conta da distância de sua origem até o grupo -.

— ... ...é culpa sua que... ... — Foi a primeira frase solta mais compreensível. Parecia uma voz masculina, até um pouco irritada, mas aquele trecho de aparente conversa era tudo que o unoviano havia sido capaz de pescar antes que Meo-Mey, incentivada por suas ordens anteriores, se lançasse à vista, encarando seja lá o que a esperava do outro lado e instantaneamente materializando uma tela protetora diante de si. Estava pronta para atacar, de qualquer das formas, e a pose defensiva-ofensiva era uma denúncia gritante do fato.

— Que merda é essa? — Agora, sim. Mais audível, e se explicitava a presença masculina no... Cômodo? Caminho? Vai saber. Seria impossível para que Valassa se preparasse para o que o esperava, considerando que o planejamento do "espelho" havia sido completamente fracassado - o medalhão na testa da felina era pequeno, e as linhas no objeto também atrapalhavam a reflexão de sabe-se lá o quê. Então... Em realidade, tudo que se podia ver era simplesmente a luz que o objeto refletia. — Isso é um Meowth? Que porra esse bicho tá fazendo aqui?

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Apesar de ser uma ideia bastante boba, eu me permiti seguir com ela até o final. Onde já se viu, observar o reflexo de um corredor através da minúscula moeda chanfrada de Meo-Mey? Contudo, "momentos desesperados requerem medidas desesperadas" e até o fim dessa confusão toda, eu descobriria muitas novas definições para essa frase de efeito. Sendo assim, confiei fielmente no meu plano e o coloquei em prática, conferindo uma última vez o estado do acessório metálico, antes de deixar que a Meowth seguisse adiante e se pusesse de frente para o corredor. Mey não parecia preocupada, na verdade estava entediada há muito tempo. Ela simplesmente se prostrou diante da passagem e cruzou os braços, fazendo uma expressão vazia, enquanto criava a barreira protetora ao seu redor. Tentei aproveitar o momento para entender a imagem refletida, mas era realmente complicado compreendê-la... Não havia foco e a leve inclinação e "amassado" da moeda desviava demais a luz, fazendo a imagem destorcer-se.

Contudo, como nem tudo era derrota, a minha proximidade para observar o metal sobre a cabeça de Mey havia sido recompensada. Agora, conseguia ouvir parte do murmúrio, o finalzinho. Alguém, provavelmente um homem, estava bastante incomodado com outra coisa ou pessoa, transferindo a culpa para essa tal pessoa. Só isso já era um certo alívio para mim, afinal não estava acostumado a ver fantasmas debatendo ou discutindo entre si, portanto deveriam ser humanos por ali. Não que isso fosse algo bom, afinal existiam humanos piores do que fantasmas. Contudo, talvez fosse mais fácil lidar com eles se precisássemos partir para cima. Bem, pelo menos era o que minha mente tentava dizer para ela mesmo... A verdade é que eu fui surpreendido pela frase seguinte, esta realmente audível e direcionada para a Meowth... Ela havia sido notada! O que não era lá uma surpresa, a ideia inicial que era ruim... Agora, eu só precisava fazer alguma coisa para não acabar em maus lençóis.

— Sim, sou uma Meowth! Eu fui enterrada aqui e vocês estão perturbando meu túmulo! — Falei em voz alta, fazendo uma vozinha que acreditava ser de uma felina feminina e irritadiça, se elas falassem é claro — Deixarei que vocês escapem com suas vidas enquanto há tempo! Caso contrário verão a minha fúria! — Continuei "dublando" a Pokémon, mesmo que essa não mexesse a boca exatamente. Mas enfim, a distância devia ser o suficiente para que não prestassem muita atenção nisso. Passei então a olhar e falar com Buddy, sussurrando alguma ordem para ele... — Buddy... Jogo rápido... Fique agachado atrás de Mey e use seu Giga Drain... Quero ver aquelas linhas de absorção de energia no ar saindo de trás dela, como se estivesse tentando absorver a alma de quem estiver lá. Se eles se aproximarem, complete o show lançando uma Energy Ball nos seus pés. Mey, mantém a barreira para dar um ar fantasmagórico ao efeito do Buddy e erga os braços! — Finalizei os sussurros, imitando como ela deveria se comportar, com meus braços erguidos no ar. Igual monstros de filmes antigos e com pouco orçamento. Então, pigarreei e voltei à interpretação em alto e bom som... — Mwahahahahaha Sugarei suas almas! — Finalizei, pensando se não era "demais" essa última frase. Mas que seja... Era minha tentativa de afastá-los ou pelo menos pegar eles de surpresa se tudo desse errado.

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Era difícil dizer se a solidão havia mexido com a cabeça do rapaz ou se a atmosfera fria e pesada do ambiente era a verdadeira responsável por sua tentativa de abordagem fantasmagórica. A primeira frase arrancou um rápido - e provavelmente acidental - desvio de olhar da felina, mas sua atenção se voltou à dianteira praticamente tão rápido quanto havia ido. À Buddy era garantida a vantagem de encarar a palhaçada de seu treinador com um semblante que se dividia entre a diversão e estranheza e, apesar de colocar um dos buquês contra o rosto e balançar a cabeça em negação, não recusou a participação naquela pequena cena montada por seu mentor. Abaixado e até com falta de jeito, o venenoso rastejou para detrás de Meo-Mey e iniciou seu pequeno show com o Giga Drain - o que era difícil, considerando que era bem maior que a felina, um detalhe que talvez tenha escapado à mente de Valassa ao arriscar um roll de Atuação daqueles.

Por alguns instantes, o silêncio foi toda a resposta que recebeu. Demoraram alguns segundos antes que alguns cochichos de outra voz surgissem e, ainda que fosse possível perceber que seu tom parecia meio amedrontado, um "Cala a boca, imbecil." veio ríspido do primeiro rapaz que havia se pronunciado desde o início, seguido por mais murmúrios ininteligíveis e um "Óbvio que não, você é burro?", além de "Puta merda, não é pra menos a bosta que deu antes, idiota.".

— ...Tu é retardado? — Então, novamente, a voz se sobressaiu, aumentando o volume e, pelo menos aparentemente, dirigida para... Meo-Mey? Ou, bem, talvez fosse melhor dizer que era uma pergunta ao próprio Luch? — Se tu ganha a vida com isso, melhor desistir. Amador de merda. — Resmungou. — Vai ficar de palhaçada ou sair daí de trás? Que que tu quer, hein, ô deficiente? — ...Oh. Certo, parecia que o pobre trio não havia tido lá muita sorte de se deparar com alguém de Stats de Inteligência -5 ou algo do tipo. De qualquer forma, como procederiam a partir disso?

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Bem, dito e feito, o plano não havia dado certo. Eu até achei que a escuridão da caverna conseguisse servir de um bom esconderijo para Buddy agir por detrás de Meo-Mey, mas pelo visto estava enganado. A iluminação daqui é péssima, mas claramente estava enganado sobre o quão oculto nas trevas estávamos. Bem, talvez o problema tenha sido este ou simplesmente me faltava uma entonação melhor de Meowth, sabe-se lá... Nunca havia tido aula de canto ou de projeção vocal, muito menos em se tratar da voz de uma felina agindo como humano. Mas enfim, mesmo com um fiasco desses, não era necessário ser tão rude com a minha pessoa e isso eu não aceitaria assim de graça. — Oh! Olha aqui hein... Não vem humilhar não! E saiba que deficiente não é xingamento. Mas falta de educação e caráter é, então... Só dizendo... — Comentei com ele, deixando no ar minhas críticas ao seu comportamento e "dando de ombros" — Bem, meu nome é Luch e esses aqui são Mey e Buddy, meus parceiros de viagem e de diversões... Só estávamos testando vocês para ver se estavam ligados. Me diga... Qual é a boa de todo esse lugar? — Disse, de uma só vez, depois de surgir das sombras e pairar ao lado de meus dois Pokémon. Apesar do tom de voz repreensivo no início, mantive um sorriso no rosto durante todo o resto da minha conversa, mesmo que unilateral. Também aproveitei para observar muito bem o cenário e os presentes, que poderia ser mais que dois caso alguns estivessem em silêncio por todo esse tempo. De todo modo, seria bom ter uma boa noção do cenário a seguir se algo saísse do controle. Afinal, se o comportamento geral desses homens fosse tão hostil quanto a sua form e tom de fala, certamente teríamos problemas severos por aqui. Não que eu não pudesse lidar com eles, mantendo todos meus músculos tensos, para o caso de precisar entrar em combate.

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Talvez a parte mais frustrante daquela situação não fossem os planos falhando miseravelmente - ainda que esse detalhe também fosse crucial -; Em realidade, ela se tratava especificamente da rudeza daquele que primeiro se pronunciava, o que certamente colocava um ponto duvidoso à respeito da vantagem de encontrar outro ser humano (ou troglodita, quem sabe) por aquelas bandas. Por mais que a situação fosse incômoda ao unoviano, ele se limitou à repreender seu interlocutor e então abandonar o esconderijo com o qual contava até o momento, posicionando-se junto aos seus pokémons e enfim encontrando liberdade para observar o cenário que o aguardava além da curva.

Para começo de conversa, o corredor não se estendia muito mais antes de encontrar seu fim - coisa de cinco, sete passos talvez - numa sala aberta. Era ampla e, daquele ponto onde o trio estava, aparentemente não possuía passagens para outros lados. A luz alaranjada que se encarregava de iluminar a passagem era emitida por várias tochas penduradas (pelo menos ao que parecia) em todas as paredes, anulando a necessidade do uso de habilidades ou lanternas para que se fosse possível enxergar. O centro do cômodo possuía uma pequena fonte circular baixa que ainda jorrava água, por mais estranho que fosse ter aquele tipo de coisa num ambiente que ia tão fundo no Monte Pyre.

Era diante desta fonte que duas pessoas esperavam, ambas com camisas listradas de branco e azul, calças desta última cor, e também botas. Mais especificamente, se tratavam de dois rapazes; Um deles descansava sentado na beirada da fonte, e poderia fazer Valassa se questionar como a pobre estrutura aguentava com o peso do homem - afinal, ele era enorme, tanto de baixo para cima quanto de um lado para o outro. Um par de luvas azuis estava largada ao seu lado junto de um pedaço de pano, e em uma das mãos ele segurava algo que parecia um saco de gelo e, à julgar por sua expressão incerta, talvez as repreensões que o moreno ouvira outrora seriam justamente porque alguém havia acreditado na tal história da Meowth fantasma...

O outro, estava de pé ao seu lado, braços cruzados em frente ao peito e luvas calçadas; De seu pescoço, pendia uma bandana com um "A" estampado. O rapaz possuía uma expressão irritada no rosto, e uma estranha mancha irregular (era impressão ou parecia um pouco com um solado?) se demarcava em sua cabeça meio raspada bem ao lado de um dos olhos. Aliás, este era outro detalhe talvez interessante à se notar: No olho mais próximo à mancha, a maquiagem borrada contrastava com a perfeita do oposto, trabalhada o suficiente para servir até mesmo à uma Drag Queen.

— Beleza, playboyzinho. — O de braços cruzados se pronunciou novamente, agora dando certeza à quem pertencia a voz que o "cumprimentara" anteriormente, revirando os olhos. — Boa? — Ele riu, balançando a cabeça em negativa. — Não sei que tipo de boa você tá procurando num cemitério no meio da tempestade, mas se achar a gente tá por aí. — Debochou, num dar de ombros inquieto.

— Ué? Mas o Kyogre não é uma boa, Jean? — Veja bem, é válido fazer uma pequena pontuação: Talvez a voz combinasse bem com aquela corpulência toda. Grave ao ponto de ser irritante, era o tipo de som que fazia qualquer um agradecer por não ser ele o tagarela entre os dois.

Cala a boca, seu gorila! — O rapaz retrucou, empurrando a cabeça do outro num gesto até meio bruto, que rendeu um resmungo de dor e um "Caralho, filho da puta!" do companheiro. — Aquela pancada desparafusou teu cérebro, certeza. E a bosta do Pierre me deixa aqui pra aturar essa porra! — Reclamou, virando a cabeça e cuspindo para o outro lado em desprezo.

...Bem...
Eis a cena!

Pelo menos não é um fantasma, né?

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Pois então... Diante de uma situação tão atípica e que não parecia trazer bons frutos de qualquer maneira, resolvi apenas... Conversar com aquelas duas figuras que eu sabia que não deveriam me dar muita atenção... Ou até pior. Mas enfim, podia aproveitar o  momento de temporária tranquilidade e trégua para observar o ambiente e até mesmo os dois rapazes. O cenário em si não era muito interessante. Tirando a fonte que havia, completamente deslocada, no centro do ambiente, não conseguia identificar nenhuma saída que parecesse útil. Se eu pudesse investigar melhor ia ter certeza, mas duvidava que as coisas acabariam bem para tal. Na melhor das hipóteses, teria que voltar tudo e escolher outro caminho. E então, vinham as próprias "figuras" em si, um gordo e um magro. Aparentemente o maior deles era o mais bobo também e constantemente sofria assédio moral de seu companheiro, que apesar de manter uma pose de durão, tinha uma curiosa mancha em sua cabeça. Será que ele foi... Pisoteado? Sua maquiagem borrada denunciava maus momentos também...

Havia ocorrido um atrito entre os dois quando o maior deles comentou algo sobre "Kyogre", o lendário Pokémon que havia comentado com Blake sobre. Ponto importante a se considerar, mas guardei apenas a informação por enquanto — Eu estou atrás de uma menina... Cabelos ruivos, mais baixa do que eu... Mas enfim, não devem ter visto ela por aqui. De todo modo, cemitérios podem ser divertidos... Se não fossem, o que dois rapazes fariam tão sozinhos e isolados como vocês dois estão? — Disse, descompromissadamente, mas também em tom de deboche, terminando com uma piscadela. Talvez eles pegassem a isca dessa provocação. Não pareciam ser pessoas sensatas ou educadas e certamente perderiam a cabeça. Isso seria um ponto para mim, apesar dos riscos. Aproveitei para completar então — Estou um pouco atraso, mas agradeço a ajuda. Obrigado pela dica do Kyogre! Alguém precisa chegar até ele e fazer tudo isso parar então... Acho que vai sobrar para mim. Até mais, rapazes... — Completei, virando-me de costas, com as mãos dentro do bolso e um caminhar despreocupado. Entretanto, apenas aguardava que eles me atacassem de alguma forma ou perdessem a cabeça epelo menos um deles.

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