Trágico, não fosse cômico; Chegava ser divertido pensar sobre como a visão de uma amizade relativamente forte do passado desenhava a decepção sobre a expressão do rapaz diante da inexistência de quem realmente desejava encontrar, por mais que toda a situação se desenrolasse após um forte ocorrido ensopado pelo caos. Foi em completo silêncio, então, que a ruiva assistiu as modificações velozes das feições do unoviano, talvez se questionando se o projeto de "desgosto" que havia se pintado em seu rosto era um sinal de risco à mantê-lo no mesmo quarto que Brooklyn ou, bem, se simplesmente era resultado de um desânimo inocente ao não reencontrar uma pessoa mais... Especial, por assim dizer. O observou enquanto o moreno explicava a respeito de sua aventura e, de início, nada disse; Era difícil afirmar se confiava ou não nas palavras do rapaz - era possível que até mesmo soubesse de algo que invalidava toda a narrativa tola do treinador mas, novamente, não se pronunciou para contestá-lo.
— ...Entendo. — Comentou, dispersa, o olhar se desviando vagarosamente na direção de Brooklyn antes de retornar ao giratinista. — ...Enfim, se você diz. — Balançou a cabeça, suave, e respirou profundamente. — Eu não aconselharia levantar agora, porque você ainda precisa descansar. — Demorou-se nas palavras. A hesitação brilhante no olhar, como se pesasse a vantagem (ou falta dela) de revelar algo que ainda estava escondido. — ... ...Bem, tinha mais uma pessoa... — Arriscou, após alguns segundos. Os orbes volveram para a janela de cortinas fechadas por um instante, enquanto a respiração ia e vinha. — ... ...Mas, não conseguimos reconhecer... — Murmurou, quase inaudível. Após alguns míseros milésimos, as pálpebras se apertaram outra vez, e balançou a cabeça novamente como que para dispersar os pensamentos. — Eu preciso terminar com sua amiga, e vou providenciar alguns exames para você, se estiver tudo bem. — Emendou, abandonando o assunto tão rápido quanto ele havia vindo. Então, dando as costas e se aproximando agora da maca de Brooklyn, começou a também trocar a bolsa de soro que alimentava a veia da menina.
— Não, não fomos nós. Já estava com ele - não é sua? — Perguntou, a cabeça se virando por um momento na direção da dupla antes que se focasse no trabalho que fazia, outra vez. A cadeirinha em que o bebê se sentava, distraído, estava próxima o suficiente da maca de Valassa para que pudesse alcançá-la sem sequer se levantar: E, naquele instante, era difícil dizer se isso era uma felicidade ou maldição.
Explico o por quê: Assim que o filhote ouviu a menção à bolinha, sua atenção enfim se desviou na direção daquele que, querendo ou não, tomaria para si o título de seu mentor. O olhar negro, profundo, se manteve fixo contra os azulados opostos, a mesma intensidade que teria alguém capaz de ler e revirar uma alma sem sequer necessitar de contato físico para tal - naquela escuridão, um caos distinto cintilou, tempestuoso, e o mesmo brilho reverberou no interior da esfera vítrea entre as patas do pequeno, a coloração escarlate parecendo mais vívida, mortal, enquanto suas partículas dançavam naquela prisão essencial à sua existência.
...Então, ele sorriu.
Pequeno, simples, discreto - o tipo de sorriso que passaria despercebido sem uma observação atenciosa. A cabeça se inclinou em pouquíssimos milímetros para o lado, e o animal permaneceu daquela maneira por alguns segundos, antes de enfim retornar o foco para a relíquia cor de sangue que carregava consigo, o sorriso desaparecendo e dando lugar à singular serenidade, movendo-a pacientemente entre as patas em trajeto circular.
...Oh.
— ...Entendo. — Comentou, dispersa, o olhar se desviando vagarosamente na direção de Brooklyn antes de retornar ao giratinista. — ...Enfim, se você diz. — Balançou a cabeça, suave, e respirou profundamente. — Eu não aconselharia levantar agora, porque você ainda precisa descansar. — Demorou-se nas palavras. A hesitação brilhante no olhar, como se pesasse a vantagem (ou falta dela) de revelar algo que ainda estava escondido. — ... ...Bem, tinha mais uma pessoa... — Arriscou, após alguns segundos. Os orbes volveram para a janela de cortinas fechadas por um instante, enquanto a respiração ia e vinha. — ... ...Mas, não conseguimos reconhecer... — Murmurou, quase inaudível. Após alguns míseros milésimos, as pálpebras se apertaram outra vez, e balançou a cabeça novamente como que para dispersar os pensamentos. — Eu preciso terminar com sua amiga, e vou providenciar alguns exames para você, se estiver tudo bem. — Emendou, abandonando o assunto tão rápido quanto ele havia vindo. Então, dando as costas e se aproximando agora da maca de Brooklyn, começou a também trocar a bolsa de soro que alimentava a veia da menina.
— Não, não fomos nós. Já estava com ele - não é sua? — Perguntou, a cabeça se virando por um momento na direção da dupla antes que se focasse no trabalho que fazia, outra vez. A cadeirinha em que o bebê se sentava, distraído, estava próxima o suficiente da maca de Valassa para que pudesse alcançá-la sem sequer se levantar: E, naquele instante, era difícil dizer se isso era uma felicidade ou maldição.
Explico o por quê: Assim que o filhote ouviu a menção à bolinha, sua atenção enfim se desviou na direção daquele que, querendo ou não, tomaria para si o título de seu mentor. O olhar negro, profundo, se manteve fixo contra os azulados opostos, a mesma intensidade que teria alguém capaz de ler e revirar uma alma sem sequer necessitar de contato físico para tal - naquela escuridão, um caos distinto cintilou, tempestuoso, e o mesmo brilho reverberou no interior da esfera vítrea entre as patas do pequeno, a coloração escarlate parecendo mais vívida, mortal, enquanto suas partículas dançavam naquela prisão essencial à sua existência.
...Então, ele sorriu.
Pequeno, simples, discreto - o tipo de sorriso que passaria despercebido sem uma observação atenciosa. A cabeça se inclinou em pouquíssimos milímetros para o lado, e o animal permaneceu daquela maneira por alguns segundos, antes de enfim retornar o foco para a relíquia cor de sangue que carregava consigo, o sorriso desaparecendo e dando lugar à singular serenidade, movendo-a pacientemente entre as patas em trajeto circular.
...Oh.