Pokémon Mythology RPG
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Capítulo 23 - Desbravando a Tormenta [Luch]

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Trágico, não fosse cômico; Chegava ser divertido pensar sobre como a visão de uma amizade relativamente forte do passado desenhava a decepção sobre a expressão do rapaz diante da inexistência de quem realmente desejava encontrar, por mais que toda a situação se desenrolasse após um forte ocorrido ensopado pelo caos. Foi em completo silêncio, então, que a ruiva assistiu as modificações velozes das feições do unoviano, talvez se questionando se o projeto de "desgosto" que havia se pintado em seu rosto era um sinal de risco à mantê-lo no mesmo quarto que Brooklyn ou, bem, se simplesmente era resultado de um desânimo inocente ao não reencontrar uma pessoa mais... Especial, por assim dizer. O observou enquanto o moreno explicava a respeito de sua aventura e, de início, nada disse; Era difícil afirmar se confiava ou não nas palavras do rapaz - era possível que até mesmo soubesse de algo que invalidava toda a narrativa tola do treinador mas, novamente, não se pronunciou para contestá-lo.

— ...Entendo. — Comentou, dispersa, o olhar se desviando vagarosamente na direção de Brooklyn antes de retornar ao giratinista. — ...Enfim, se você diz. — Balançou a cabeça, suave, e respirou profundamente. — Eu não aconselharia levantar agora, porque você ainda precisa descansar. — Demorou-se nas palavras. A hesitação brilhante no olhar, como se pesasse a vantagem (ou falta dela) de revelar algo que ainda estava escondido. — ... ...Bem, tinha mais uma pessoa... — Arriscou, após alguns segundos. Os orbes volveram para a janela de cortinas fechadas por um instante, enquanto a respiração ia e vinha. — ... ...Mas, não conseguimos reconhecer... — Murmurou, quase inaudível. Após alguns míseros milésimos, as pálpebras se apertaram outra vez, e balançou a cabeça novamente como que para dispersar os pensamentos. — Eu preciso terminar com sua amiga, e vou providenciar alguns exames para você, se estiver tudo bem. — Emendou, abandonando o assunto tão rápido quanto ele havia vindo. Então, dando as costas e se aproximando agora da maca de Brooklyn, começou a também trocar a bolsa de soro que alimentava a veia da menina.

— Não, não fomos nós. Já estava com ele - não é sua? — Perguntou, a cabeça se virando por um momento na direção da dupla antes que se focasse no trabalho que fazia, outra vez. A cadeirinha em que o bebê se sentava, distraído, estava próxima o suficiente da maca de Valassa para que pudesse alcançá-la sem sequer se levantar: E, naquele instante, era difícil dizer se isso era uma felicidade ou maldição.

Explico o por quê: Assim que o filhote ouviu a menção à bolinha, sua atenção enfim se desviou na direção daquele que, querendo ou não, tomaria para si o título de seu mentor. O olhar negro, profundo, se manteve fixo contra os azulados opostos, a mesma intensidade que teria alguém capaz de ler e revirar uma alma sem sequer necessitar de contato físico para tal - naquela escuridão, um caos distinto cintilou, tempestuoso, e o mesmo brilho reverberou no interior da esfera vítrea entre as patas do pequeno, a coloração escarlate parecendo mais vívida, mortal, enquanto suas partículas dançavam naquela prisão essencial à sua existência.

...Então, ele sorriu.
Pequeno, simples, discreto - o tipo de sorriso que passaria despercebido sem uma observação atenciosa. A cabeça se inclinou em pouquíssimos milímetros para o lado, e o animal permaneceu daquela maneira por alguns segundos, antes de enfim retornar o foco para a relíquia cor de sangue que carregava consigo, o sorriso desaparecendo e dando lugar à singular serenidade, movendo-a pacientemente entre as patas em trajeto circular.

...Oh.

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O amanhã é efeito de seus atos. Se você se arrepender de tudo que fez hoje, como viverá o amanhã?
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Sim, eu havia claramente mentido sobre tudo o que havia acontecido na Rota 121 e também no Mt. Pyre. A situação não havia sido nada agradável e eu tenho absoluta certeza que não ficaria nem um pouco melhor, caso eu contasse tudo o que tinha ocorrido. Tortura? Uma Equipe de Vagabundos? Um Pokémon Lendário? Me poupe, quem cairia numa asneira dessas...? Era melhor contar uma tola história com pontos estranhamente incongruentes, provavelmente causados pelo choque da cabeça em uma pedra ou uma "fritada" cerebral do que tentar revelar a verdade. Ainda mais que... Brooklyn e eu parecíamos ser os únicos sobreviventes, com a presença de um corpo que não pode nem ser recolhido, muito provavelmente nem reconhecido. Era óbvio que os médicos já haviam observado as tatuagens iguais no meu corpo e no de Brooklyn, então se juntassem "dois mais dois" poderiam acabar chegando a conclusão de que nós, cúmplices de uma gangue, havíamos atacado algum grupo de pessoas, assassinado alguém e sido nocauteados por outros. E se aquele rapaz que torturei abrisse a boca? Aí sim estaria tudo acabado! É... Em segundos minha mente expandiu a preocupação pela possível MORTE de Natalie - que eu gritava constantemente dentro de mim que não poderia ser real, independente das provas que me revelassem - para um plano conspiratório de nível global. Talvez a Enfermeira conseguisse observar esse desespero dentro dos meus olhos. Talvez já tivesse pescado tudo, principalmente pela forma como reagiu a minha historinha.

Enfim... Após terminar comigo, ela disse que cuidaria de Brooklyn, mas que voltaria para alguns exames em mim. O melhor que eu podia fazer agora era fugir, mas... Onde estariam meus Pokémon? Não achava que apenas o Togepi recém-nascido poderia ser o bastante para, sei lá... Nocautear a Enfermeira e escapar? Argh, e eu ainda queria muito falar com Brooklyn, se ela ainda acordasse e pudesse falar novamente alguma vez em sua vida, considerando seu estado... Para evitar mais encrencas, concordei prontamente com tudo o que a Enfermeira dizia, virando-me inclusive de lado, de costas para ela e de frente para Togepi e aquela maldita esfera exótica que ele não parava de manipular. Foi nesse instante inclusive, que a funcionária da saúde disse que não haviam dado nada para ele, além de questionar se não era meu — Sim, deve ser... Ele deve ter achado misturado em coisas antigas... Na verdade, as lembranças ainda estão voltando devagar. Meio embaralhadas... — Comentei baixinho, mas alto o suficiente para ser ouvido. Enquanto isso, alternava meu olhar entre os olhos de Togepi e a Esfera Escarlate. Aos poucos, de tanto encarar o Pokémon, conseguia ver através dos seus olhos, além de sua existência.

Os olhos negros da criatura pareciam me examinar por dentro, profundos como meu próprio olhar poderia estar sendo para o pequeno. Seu olhar me lembrava tudo o que havia passado no Pyre, como uma releitura cruel e resumida, mental, de todos os detalhes mais sórdidos. Entretanto, o ápice dessa viagem introspectiva, foi quando Togepi sorriu, tão discretamente que não sabia se havia sido real. Mas a verdade é que me peguei sorrindo também, talvez não tão discretamente como a criatura, mas ainda assim... Sorria... Estaria eu sorrindo diante das memórias que aquele olhar me trouxe? Mesma as mais terríveis? Entretanto, antes de me afundar em pensamentos e dúvidas sobre mim que já não podia responder, peguei-me hipnotizado pelo brilho escarlate... pela Ruiva da Pedra. Seria...? Mas... Mas... parecia vívo! Parecia querer escapar dali, de alguma chama infernal. Arregalei os olhos e então estiquei meu braço quase como um zumbi até o Pokémon, tocando sua cabeça em um carinho bem "sem vida" para chamar-lhe a atenção — Bom trabalho... Bom trabalho... — Comentei, deixando mais um sorriso transparecer e então recolhendo a pedra das mãos do Pokémon, apenas para analisá-la bem perto do rosto e ver com mais clareza o que havia em seu interior e se era possível decifrar-lhe — Bem Enfermeira... Acho que estou pronto para o exame... — Disse, um pouco mais alto para ser ouvido, mas ainda de costas, deixando meus lábios abrirem em um novo e mais tenro sorriso.

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Eis aqui o desfecho de um capítulo há muito iniciado - embora, certamente não seja o final da história. Apesar de deixar para trás todos os acontecimentos sepultados nas entranhas do Monte Pyre, não estava ao alcance do rapaz se desfazer das sombras, fantasmas e demônios que o perseguiriam a partir de então, seja em presença material ou paranoia agravada pelo olhar enigmático de um filhote: E, pelo menos naquele instante, era difícil (senão impossível) dizer ao certo o impacto que tantos fatores teriam sobre não só comportamento, como também na própria personalidade do atormentado giratinista, à curto ou longo prazo.

Era em meio à devaneios profundos que seu olhar dançava pelas brasas internas da esfera vítrea, repentinamente tomada do recém-nascido. Lamentos e sussurros se pincelavam entre seu conteúdo, minúsculos fragmentos de sabe-se lá o quê que bailavam, entrelaçavam-se e volviam entre si próprios, em confusão infernal que jamais se apaziguava. Perdidos, vultos azulados, pálidos e até negros se embrenhavam nas ondas carmim que tingiam a relíquia - suas imagens segredavam lembranças obscuras abandonadas nas vísceras do cemitério vertical, ecoando o profundo vácuo nos rodopios do material de origem misteriosa.

Nenhum som interrompeu a construção dos delírios sofridos que se empilhavam, pouco a pouco, na mente do jovem - nem mesmo as palavras distantes da enfermeira, que indicavam a necessidade da permanência da dupla por mais alguns dias para que pudessem garantir não só sua melhora, como também a estabilidade do estado físico. Tampouco o olhar fixo de Togepi sobre sua imagem seria suficiente para tragar-lhe a atenção, provavelmente; Então, não é impossível que o unoviano não se desse conta do novo sorriso que decorou sua expressão, um pouco mais aberto - do tipo que degusta a imagem que se desenha diante dos olhos -, enquanto vigiava atentamente a insanidade que, pouco a pouco, se apoderava do senso de realidade (e moralidade, por que não?) do acamado.

E não é ela, a insânia, a mais bela das consequências?


Rota Encerrada. Pode prosseguir!~

Zapdos :


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