01 - A Primeira Aventura!

Estávamos tão empolgados que alcançamos a saída da cidade rapidamente. Por um instante, um frio na barriga surgiu ao me deparar com a estrada e seus arredores. Havia alguns focos de floresta, mas a predominância ainda era de rochas provenientes da montanha e a extensa pradaria. Era realmente empolgante! Existia muitos caminhos para seguir, e infinitas possibilidades.

Ainda na entrada da cidade e ponderando sobre o destino. Estava ansioso para ter uma grande aventura, mas não poderia ir para qualquer lugar sem antes estar devidamente preparado. Voltar para Lavaridge e fazer essas comprar era o mais seguro a se fazer. Mas... – Poderíamos ir até Mauville, a cidade mais próxima, repor alguns suprimentos e depois nos aventurar pelo monte Chimney. Ou algum outro lugar que acharmos interessante na cidade. O que me diz, Kinney? – questionei minha companheira de viagem, Sneasel, e ela pareceu concordar com o plano. – Então vamos! Seguiremos pela rota 112 até encontrarmos o desvio para a rota 111. Depois, seguiremos para Mauville! E vamos ficar atentos, talvez surja um novo companheiro de viagem por aqui! – de fato era muito comum aparecem pokémons pela estrada, então era bom ficarmos atentos. Kinney pareceu ansiosa pelo desafio, e juntos demos os primeiros passos pela estada.

O dia estava bem quente, talvez a proximidade com o vulcão seja o motivo principal. Por sorte havia algumas árvores para bloquear o sol, e uma brisa bem suave e fresca percorria a trilha, quase que me dando as boas vindas à vida de aventureiro e me desejando boa sorte. Kinney estava caminhando ao meu lado, ainda era estranha pra mim a ideia de levá-la na pokébola, mesmo sabendo que isso teria de ser feito em algum momento, até mesmo para que ela possa descansar. No entanto para aqueles primeiros momentos, nossos primeiros momentos de aventura, abriria uma grande exceção. Como já conhecia aquele trecho do caminho, visto que eram somente alguns metros para além dos limites da cidade, caminhava prestando mais atenção nos arredores e observando de vez em quando a bússola que meu pai havia me dado. Era fácil definir a localização pela posição do sol, ainda mais uma tão familiar, porém a prática leva a perfeição, é o que dizem.

Mais alguns passos à frente e comecei a reparar nos rochedos à beira da estrada. Alguns serviam de repouso para pokémons selvagens. Pela proximidade com um vulcão, todas ali eram de origem ígnea, ou seja, seu interior poderia conter cristais belíssimos. – Precisamos comprar uma picareta, Kinney. Sempre tive vontade de abrir um desses rochedos. O que acha? – perguntei para minha parceira, que me devolveu um olhar inquisitivo – É, verdade. Péssima ideia! Haha! – estava empolgado com aquele momento, então a risada veio fácil, mesmo em um momento tão simples. O entanto, quase que como resposta à minha risada, ouvi sons metros à frente. Algo como som de batidas. – O que pode ser, Kinney? – olhei de relance pra a Sneasel, que já estava se colocando em prontidão – Vamos com cautela. Caminhe sem fazer barulho. – comandei com voz baixa, e ambos avançamos, observando a possível origem daquele barulho. Tinha que ficar atento para reagir ao primeiro sinal de perigo. E precisava orientar Kinney para que nada de ruim nos acontecesse.

Por mais que as redondezas das cidades pudessem ser seguras, todo cuidado era pouco. Poderia ser um combate entre Pokémon selvagens que se prolongou até a trilha, poderia ser um Pokémon desnorteado ou em um acesso de fúria. Ou poderia ser um cenário ainda pior: um deslizamento de terra que soterrou alguém, e aquelas batidas eram um pedido de socorro. Todos esses cenários passavam pela minha cabeça enquanto nos aproximávamos, no entanto tentava mantê-la limpa o bastante para tomar a decisão correta.

Por sorte parecia ser algo mais simples. Um homem de meia idade diante de uma carroça quebrada, sendo puxada por uma Ponyta, e algumas gaiolas abertas. Já tinha ouvido relatos de traficantes de Pokémon, mas aquele não parecia ser o caso. Ao menos não aparente. Indiquei para que Kinney parasse e me aguardasse. Indiquei um rochedo maior e nos esgueiramos até lá. Havia um pequeno Growlithe ao lado do homem, e o Pokémon parecia bem a vontade, até mesmo recebendo um carinho do adulto. – Nunca ouvi relatos de traficantes sendo carinhosos com pokémons capturados. Acho que podemos descartar essa hipótese. Vamos ver o que aconteceu e tentar ajudar, tudo bem? – olhei para Kinney, que olhou para o homem e deu de ombros. Pelo visto ela estava pronta para uma ação, mas não seria naquele momento. – Calma menina! Vai chegar o momento de você usar essas garras! – fiz um leve carinho em Kinney – Vamos.

Me ergui por detrás do rochedo e fui para o centro da estrada, entrando na visão do homem e me aproximando casualmente. – Boa tarde, senhor! Está com problemas? – sorri simpaticamente ao me aproximar do homem. A primeira coisa que fiz foi analisar por alto as condições da Ponyta. Sem nenhum ferimento aparente, e ela parecia ser bem cuidada. – Precisa de ajuda com alguma coisa? – voltei ao homem, fazendo uma leve carícia no Pokémon equino.

Estava atento às palavras do homem e não pude deixar de sorrir com a reação alegre de sua Ponyta. Ela realmente parecia feliz com seu dono. Aquele senhor se dizia um fazendeiro, e suas roupas e forma de falar realmente condizia com a história. Sua carroça quebrou devido as irregularidades da estrada e os Pokémon que trazia consigo nas gaiolas assustaram-se e se dispersaram. A natureza selvagem poderia se mostrar desafiadora para Pokémons domesticados, portanto aquela situação se configura em um caso legítimo de resgate! Meu primeiro dia de aventura, meu primeiro resgate! Que emoção!

Contive-me para não transparecer minha empolgação para o pobre homem e ouvi seu relato até o final antes de dar um parecer. – Sinto muito pelo seu infortúnio, senhor. Farei de tudo para poder ajudá-lo, não se preocupe! – sorri confiante para o homem, para depois começar a trabalhar com a lógica – Preciso de informações dos Pokémon perdidos. Quantos eram e quais espécies, por gentileza. – minha expressão traduzia minha seriedade e calmaria, apesar da adrenalina. Precisava traçar caminhos e objetivos para resolver a situação. – Por favor, fique aqui e conserte a carroça, eu me encarregarei e resgatar seus Pokémon! – voltei a sorrir, dessa vez para transmitir confiança para o homem e para meu Pokémon, ou para mim mesmo. Essa era uma das primeiras lições que a convivência com a brigada de meu pai me ensinou. Olhei para Kinney, ela parecia conversar com o Growlithe, talvez estivesse fazendo com ele a mesma coisa que fiz com o homem, tirando informações para melhor agir. Pelo menos gostava de pensar assim. – Poderia me emprestar seu Growlithe? O faro dele seria muito útil... – me dirige novamente ai senhor, aquele focinho apurado realmente viria a calhar.

Certo, a situação não parecia tão complexa assim. O senhor, que mais tarde se apresentou como Mushi, concordou com o plano, inclusive com a parte de uso do Growlithe. – Não se preocupe com isso, senhor Mushi! É um prazer conhecê-lo, eu sou Galvanis, e essa é minha companheira Kinney! – apresentei-me para Mushi e apertei sua mão, além de apontar para minha parceira, que fez um leve aceno sem desvencilhar os braços cruzados – Cuidarei muito bem do Growlithe, não se preocupe! – abaixei-me para fazer uma leve carícia no Pokémon canino.

Voltei toda minha a atenção à continuação da fala de Sr. Mushi, já que ele começava a dar informações sobre os Pokémon desaparecidos. O primeiro não era da região de Hoenn e não era muito familiar para mim ainda. Retirei a PokeDex e busquei informações sobre Fletchiling, um pequeno Pokémon voador com cores bem vivas. Seria fácil identifica-lo em meio selvagem devido a sua raridade. O próximo era um Bonsly, pré-evolução do Sudowoodo e segundo Sr. Mushi um tanto temperamental. Teria que anotar todas aquelas informações para não correr risco de nenhum engano, então tomei um pequeno bloco de notas para isso. Por fim, os dois últimos Pokémon poderiam ser mais desafiadores, já que eram comuns na região. Growlithe definitivamente seria crucial para identificá-los. Deveria estar atento a lugares mais escondidos, onde talvez o Budew bebê estaria se escondendo. Já o Oddish seria missão totalmente para meu parceiro canino temporário. Após todas as explicações, Sr. Mushi me repassou as devidas PokéBolas de seus Pokémon e me desejou boa sorte.

- Kinney, Growlithe venham aqui. – chamei meus dois companheiros de busca na mata para uma pequena reunião operacional. Tomei a Pokébola do Oddish em mãos e estendi na direção do Growlithe. – Vamos amiguinho, ache seu colega! – quanto mais rápido começássemos a rastrear o “alvo mais difícil”, mais tempo ganharíamos. – Kinney, olhe isso aqui. – mostrei a imagem do Fletchiling da Pokédex para a Sneasel – Escale as árvores e nos acompanhe pelo alto, mas fique próxima. Se avistar o Fletchiling, nos avise! – comandei Kinney, que me devolveu um aceno de cabeça juntamente de um olhar determinado. – Vamos, equipe!