003 - VOLANT

Mal havia retornado das atividades voluntárias nas distintas terras de Tohjo, especificamente de Saffron, a jovem treinadora de criaturas lutadoras se encontrava nas ruas da cidade de Fortree em companhia de seu parceiro símio. Diferente de tantas outras cidades, aquela na qual se encontrava detinha seus certos trejeitos, já que lembrava muito mais uma selva em si do que um espaço urbano, afinal, tal cidade nascera no coração de uma floresta.

Por entre as casas e estabelecimentos comuns, vistos em qualquer outra cidade, árvores tão antigas e resistentes se levantavam, trazendo sombra fresca para a cidade, assim como moradia também, já que os habitantes desenvolveram partes das cidade em casas nas árvores, essas que eram ligadas por meio de escadas e passagens suspensos. Em específico, na periferia da cidade e não muito longe do Centro Pokémon, a jovem de cabelos rosas se encontrava. Ali naquela rua havia alguns estabelecimentos comerciais, como farmácias, mercados, restaurantes, entre outros, além de, é claro, alguma ou outra residência. Mais a frente, na esquina da rua, havia também uma pequenina escola de voo, onde, a sua frente, uma pessoa vestida de palhaço girava uma placa de desconto e, por vezes, apontava em direção a escola. Quanto ao movimento das ruas? Eram dos mais normais, ali trafegavam normalmente algumas pessoas em companhia de seus parceiros ou não.

Do lado esquerdo da rua, havia uma escada que se entrelaçava em um grande carvalho, seguindo como passagem para os pontos altos da cidade e, não muito longe também, a direita, havia uma rua que ia de encontro a uma parte da floresta que funcionava como um parque da cidade, o qual aquela hora do dia não se encontraria muito movimentado.

Se procurar uma criatura voadora era o que desejava para facilitar sua jornada, com certeza estava na cidade certa, porém, só restava saber onde começar a procurar. Olhar para os céus e ficar a espera poderia até parecer uma coisa um tanto obvia, já que vez ou outra criaturas aladas voavam acima da cidade, fazendo Arthur saltar e ficar apontando para cima.

Como a jovem de cabelos rosados começaria?

O que poderia se dizer da dupla de jovem de cabelos rosas e símio é que eram uma dupla bastante peculiar, não no sentido ruim da palavra, sabe? Mas de um jeito único assim por dizer. De toda forma, a dupla teve a ideia de tentar se aproximar das aves no céu e, bom, ir para cima era o que os ajudaria. Sendo assim, decidiram seguir para o carvalho, buscando subir suas escadas e alcançar as plataformas superiores.

De início a escada de madeira que seguia a circunferência da árvore não parecia ser das mais seguras, mas ao menos tinha o corrimão para dar algum apoio. Logo, então, conseguiam chegar nas plataformas superiores que pareciam ser um pouco mais confiáveis e resistentes, tendo além dos corrimões, os galhos dar árvores como apoio. Naquele momento provavelmente se encontravam a 6 metros do solo, alcançando a copa das árvores mais baixas e vendo no horizonte que tantas outras, maiores e menores, se estendiam na floresta que rodeava na cidade. Retornando aos traços de civilização, por entre as outras árvores viam-se várias casas na árvore que também serviam como estabelecimentos da cidade e as passarelas que as conectavam. Ao contrário das ruas abaixo, o movimento por ali era menor, muito em decorrência ao pouco espaço que detinham para circular.

Indo de encontro ao que interessava de fato, vez ou outra, algumas aves pousavam nos corrimões das passarelas, em geral pequenas e azuladas com detalhes avermelhados, nada espetaculares ou grandes demais. Tal visão fazia com que Arthur começasse a saltar e apontar na direção delas. Seriam essas que buscavam?

Logo quando viu aquelas pequenas aves, apesar da forma como Arthur tentava chamar a atenção para elas, a garota de cabelos rosados supôs que elas não serviriam para a tarefa a qual buscava... Certamente estava cheia de razão. Tais pequeninas mal já suportavam o pequeno Ralts com dificuldade, imagine ela? De qualquer forma, aquilo por instantes era esquecido, já que o grande Okido aparecia em cena, deixando-a aliviada em sua busca, mesmo que essa não fosse admitir.

Logo, então, a família se atualizava das novidades e as apresentações eram feitas com direito a desconfiança inicial por parte do símio. Será que esses dois iam se dar bem? Por parte de Gio tudo parecia certo, mas para o Passimian era incomodante, quase como uma invasão de privacidade, observar alguém se aproximar assim tão rápido com tanta intimidade. Havia de fato, se Pokemon praguejassem, o feito em sua mente.

Mas retornando ao tópico principal: As aves, em especial, a que poderia permitir Karen a voar. Swellow, segundo o grande Okido. A ideia de Gio é que se havia Taillow’s por ali, com certeza haveria Swellow’s também. Sendo assim, a de cabelos rosas era puxada por seu irmão mais velho em direção as passarelas, essa em específico que ligava a uma lojinha de artesanato em outra árvore. Com o aproximar, algumas das aves voaram para longe, assustadas com a movimentação, enquanto outras, mais acostumadas com a presença humana, permaneciam empoleiradas nos corrimões, algumas menores que o comum e, bom, outra bem... Diferente? Maior e com um topete para trás. Certamente aquela teria força para carregar um humano pelos ares. Seriam aquele tipo de ave que procuravam?

Tal ave encontrava-se tranquilamente empoleirada sobre o corrimão, como se estivesse tomando um belo banho de sol enquanto cochilava. E os irmãos? O que fariam? Arthur já começava a apontar para essa maior com voracidade.

Apesar da decisão inicial do grande Okido em partir para uma batalha a fim de capturar a grande ave, a jovem, por outro lado, pensava diferente naquela ocasião, conseguindo convencer ao seu irmão que poderiam tentar uma abordagem diferente assim como antigamente.

Em um primeiro instante, com a aproximação dos irmãos, a ave apenas abriu um de seus olhos calmamente, passando a observá-los enquanto Gio começava seu monologo para com ela. Com isso, apesar do que se esperava, o Swellow não apresentara nenhuma reação, apenas ficara a observá-los, como se estivesse pronto para a qualquer momento alçar voo dali diante de qualquer ameaça. Contudo, antes que o grande Okido tomasses qualquer ação que levasse a isso, Karen tentava se aproximar de maneira mais amigável, sugerindo amizade e até mesmo um amigável sanduíche que havia preparado mais cedo. Talvez realmente fosse uma abordagem bem melhor que a de Giomorjeno.

Contudo, contrariando as reações esperadas, a ave apenas tornou a fechar os olhos e ignorar as ações da menina. Parecia que ela não estava tão interessada assim em amizade ou sanduíches.

O que fariam?

Já que a estratégia dos humanos não deu certo, por que não tentar uma abordagem de uma das criaturas? Então, Arthur, apesar de não gostar tanto da ideia, foi escolhido para essa tarefa. Assim, tentando agradar sua treinadora, o símio seguiu com o sanduíche em mãos para tentar oferecer a ave, mas claro, não sem antes dar algumas mordidas para demonstrar o quanto estava gostoso.

Contudo, ao contrário do que se pensava, a ave, em um primeiro momento, não deu muita atenção para Arthur também. Enfim, após ele dar alguns grunhidos, ela abriu os olhos, o observou dos pés a cabeça e respondeu através de seus piados agudos. Após uma leve conversa dos dois, o Passimian retornou aos irmãos sem ter muito sucesso.

Na frente deles ele tentou fazer alguns gestos para demonstrar o que havia conseguido de informação. Primeiro apontou para própria boca, depois para o sanduíche e enfim para ave, fazendo um sinal de não no final. Aquela mensagem queria dizer que havia mais do que simplesmente a Swellow não ter comido do sanduíche. O que seria então?

A vida ao redor continuava normalmente, exceto pelo fato de que agora o pequeno grupo começava a chamar a atenção das pessoas que ali frequentavam, atraindo olhares bastante curiosos.