Pokémon Mythology RPG
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When the bonds are good, the rest don't matter

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Eu já estava realmente começando a ficar irritado com aquela areia. Ora, por que ela não podia ficar quieta no lugar!? Era frustrante ter todo o trabalho de cavar um buraco para, logo em seguida, vê-lo se fechar sozinho assim que eu parava para recuperar o fôlego. Após isso acontecer duas vezes consecutivas, desisti e olhei para a minha dona, quem sabe ela estivesse tendo mais sorte. Meu queixo caiu ao notar que aquela pirralha nem estava tentando. Só estava parada, apreciando a paisagem e esperando que eu lhe entregasse algum tesouro.

- Algum problema, Sapphi? - Ela me encarou com um olhar inocente, mas claramente fingido. Não venha bancar a desentendida pra cima de mim, mocinha!

O moço disse para eu te ajudar, Yoshiro. Não pra fazer todo o trabalho sozinho!”  Andei até a garota e bati minhas patas no solo, irritado. “Agora larga de preguiça e vem aqui me dar uma mão.” Continuei fuzilando-a com os olhos, até que a menina se deu por vencida e abaixou-se para me auxiliar na escavação. A vontade dela de sujar as unhas de terra já não era das maiores, e sua falta de coordenação motora só piorou tudo. Suas mãos esbarravam nas minhas patas, desajeitada, e acabava atrapalhando ao invés de ajudando.

- Se eu soubesse que precisaríamos cavar, teria trazido o Koda… - Resmungou após o nosso buraco ter fechado, pela terceira ou quarta vez.

Obrigado pela parte que me toca.”  Revirei os olhos pra ela, contudo, depois disso, até que conseguimos trabalhar juntos direitinho. Enfim encontramos um ritmo certo, em que cada um tirava parte da terra sem esbarrar no outro. Em determinado momento, o mesmo humano que nos trouxe aqui veio falar comigo, mas não sem antes lançar um olhar cuidadoso para Yoshiro, como se pedisse permissão. Ela apenas sorriu e acenou com a cabeça, mostrando que ele podia ficar tranquilo. Sim, moço, pode chegar perto. Eu não mordo.

Não todo mundo.

Mais acostumado do que você imagina.” Respondi, rindo baixinho dos dizeres dele. É verdade que gosto de terra, mas às vezes o mundo exagera. Durante as reformas em Tohjo, todo o meu amor por esse elemento foi posto à prova… passei uma semana com as costas doendo depois daquilo.

Por sorte, não demorou muito mais para que encontrássemos algo. Senti minhas patas tocarem algo duro e frio, e a minha treinadora tirou do buraco algum tipo de… pedra azul com um desenho dentro? Aliás, uma muito parecida a que Ren encontrou. Até o loiro ficou impressionado com a coincidência, então não deve ser muito comum escavar uma dessas.

- Nossa, Ren… quando ele mencionou os tesouros, eu não esperei que estivesse falando tão sério. - Yoshiro apontou para as pedras e, em seguida, para uma pequena esfera dourada que Laylah tinha acabado de encontrar. Espera, isso é ouro de verdade…? - Vamos continuar, Sapphi! Eu quero uma dessas também!

Falar é fácil, mas essa areia não coopera…” Balancei a cabeça em frustração, não muito animado com a ideia de continuar aquela brincadeira. Talvez notando isso, o instrutor veio outra vez até mim, dessa vez dando algumas dicas. Molhar a terra, é…? Isso eu posso fazer fácil, fácil. Entretanto, primeiramente olhei para a minha treinadora, em busca por qualquer sinal de aprovação.

- Nada de fazer outra onda gigante, viu? Só use o Water Gun pra fazer uma poça, deve bastar. - Ela me olhou com uma falsa repreensão ao mencionar a tsunami de mais cedo, rindo logo em seguida. Fiquei meio desconcertado com aquilo, contudo, resolvi concentrar-me apenas no que eu tinha para fazer. Enquanto preparava a terra, ouvi Yoshiro conversando um pouco com Ren sobre as nossas desventuras naquele continente. - Isso está me lembrando muito o trabalho em Ecruteak. Tivemos que cavar um poço inteiro, acredita?
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Última edição por Hanakko em Seg Nov 02 2020, 11:59, editado 1 vez(es)

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Graças às brincadeiras, a exploração pelos tesouros ficava cada vez mais divertida, com Laylah utilizando de suas fitas para conseguir cavar buracos significativamente profundos e Sapphire molhando a areia para que a mesma permanecesse no lugar. O funcionário sorria, principalmente após a vulpina encontrar um item raríssimo, que vale uma boa grana se vendido. O anfíbio, por outro lado, mantinha suas escavações contínuas, conseguindo até mesmo formar uma espécie de túnel embaixo da areia, onde encontrava uma bola de cera verde, chamada Light Clay.

— Mas olha só... Vocês tem muita sorte. — o rapaz ria, ajeitando suas longas madeixas — Parece até que foram abençoados ou algo desse tipo. — brincou, sinalizando para Sapphire que cavasse seu túnel um pouco mais para baixo — Falta só um para cada, boa sorte!

O funcionário sinalizava como se pedisse para esperarem um pouco, saindo de dentro do tanque de sílica por alguns minutos. Retornou, com um sorriso no rosto, segurando dois flyers, entregando um para Ren e um para Yoshiro. O folheto estava dobrado em diversos pedacinhos, como se escondesse a informação para que outras pessoas não conseguissem enxergar.

— Então, como vocês são super simpáticos e, er... Bonitos- — sorriu para o especialista — Aqui está um segredo do nosso parque, é uma barraquinha de uma senhora que é bem escondida, então quase não tem fila. — apontou para uma parte do folheto azulado que continha um infográfico sobre stats — Ela treina o poder, defesa ou velocidade do seu Pokémon com um toque! Acreditem se quiser, parece até mágica! Mas ela cobra PK$1500 pelos seus serviços. — pela sua expressão, o rapaz parecia de fato acreditar nisso tudo — A barraca dela fica do lado da de força, que tá sempre cheia e tem uns letreiros falando sobre força, fraco, poder, etc. Umas bobeiras. Provavelmente vocês já viram, eles fazem questão de deixarem aquilo ligado 24 horas por dia. — revirou os olhos — Mas o que importa é que o da Sra. Lee é bem do lado mesmo e parece que está fechada, mas é só entrar que geralmente ela está sempre por lá lendo ou tomando um cházinho.


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Bônus:
- Especialista II Psychic;
- Gestora Rocket:
- Skill Rocket: Queimando a Largada! (+3 Atk; +3 Sp. Atk para Pokémon em batalhas);
- Skill Rocket: Aprendizado Prático. (20% a mais de EXP em batalhas durante uma Missão Rocket);




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❁      houses won't fall

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National Park


O próximo encontro que Laylah tivera naquele grande amontoado fora um tanto quanto... Inesperado. Uma pepita dourada, perfeitamente esférica logo estava sendo abraçada pelas fitas da monstrinha, que a levou contentemente até seu treinador. Ren olhou para o item, e então arregalou os olhos involuntariamente. Ele concordou com Yoshiro, não acreditando que poderia encontrar algo tão raro naquele lugar.

Afinal de contas, já havia uma pérola rara ali, sob a vista de todos.

Por falar na treinadora, esta voltou a fazer uma menção que atraiu a atenção de Ren. Pelo visto, eles de fato tinham muito em comum, apenas não sabiam. — Ecruteak, é...? Eu estive lá com alguns amigos também. Ajudei as crianças e idosos da cidade, em um trabalho humanitário para ajudar a reconstruir o lugar. Aliás, imagino como está lá, agora... Já faz algum tempo, e parece que Johto conseguiu voltar com tudo.

O especialista pediu para que a Sylveon continuasse cavando. Ela parecia estar se divertindo, apesar de a proposta sa atração fosse eles trabalharem juntos. Além disso, ele estava com a atenção roubada por outra coisa. — Sorte... Realmente, não é todo dia que meus olhos têm o privilégio de verem tudo o que viram hoje — disse ele, tanto em relação às coisas no lago místico quanto para com o rapaz que parecia comê-los com os orbes.

Não que fosse um problema.

Aliás, tendo citado este, o louro saíra brevemente para buscar alguns panfletos. Começou elogiando o rapaz — que corou, escondendo o rosto atrás da pelugem fofa de Laylah — e terminou comentando sobre uma pequena tenda que não recebia muitos visitantes, mas era igualmente — senão mais ainda — interessante que algumas outras opções.

Bem, até ali, já parecia óbvio que havia muitas coisas que eram subestimadas, dentro do National Park; ainda que tivessem um esplendor magnífico. Ren sorriu para o atendente. — Muito obrigado. Vou me lembrar de falar para Sra. Lee o nome de... — hesitou, percebendo que não sabia o nome do adolescente. Uma vez que tivesse a sua resposta, lembraria-se de algo dentro da sua mochila.

O coordenador tiraria dela dois panfletos, um pouco surrados, mas ainda inteiros. Levantaria a face corada para o jovem, fazendo-lhe um pedido. — Sei que talvez não esteja na posição de pedir algo, mas prometi para uma amiga que ajudaria. Então... Será que você poderia passar aqui, depois? Eles vendem uma torta incrível — comentou, sorrindo, enquanto mostrava o cardápio de Choco e Aoi.

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É muito mais fácil cavar com a terra molhada… aquele humano sabia mesmo do que estava falando. A tarefa ficou até divertida, eu brincava com Laylah e tentávamos apostar quem descobriria algo primeiro. Enquanto isso, nossos treinadores conversavam um pouco sobre o serviço voluntário que fizeram em Tohjo. Então Ren ajudou a mesma cidade que a gente? Que mundo pequeno…

- Ah, você esteve lá também? Eu não vi muitos outros voluntários na minha área. - Só um certo menino de cabelos ruivos e nome engraçado, que nos acompanhou por boa parte do dia. Aliás, se não fosse por ele, provavelmente teríamos explodido um caminhão por acidente… - Ficamos com serviços que exigiam mais força bruta. Coisa que não tínhamos, mas demos um jeito, haha…

Nem me fale… tirar aqueles carros do meio da rua não foi moleza.”  Suspirei ao me lembrar do sofrimento que tinha sido cumprir aquela tarefa, e esse breve momento de distração bastou para que o buraco que eu estava cavando quase desmoronasse sobre a minha cabeça. Por sorte, a estrutura estava mais firme devido à lama, então não deu pra me soterrar. No entanto, parte da areia que caiu acabou revelando alguma coisa verde e brilhante… “Ei, Yo! Achei alguma coisa!

- Tem algo aí, Sapphire? - Yoshiro, que estivera dizendo a Ren o quão feliz estava por Tohjo ter se recuperado, notou o alarme na minha voz e, pedindo licença ao menino, veio ver o que era. Exibi meu achado, estufando o peito orgulhosamente, até que a menina limpou o objeto com um pano e revelou que meu cristal verde na verdade era um valiosíssimo… pedaço de argila?

Rápido, joga essa coisa de volta no buraco antes que alguém veja.”  Balancei a cabeça em negação, inconformado pela minha falta de sorte. Infelizmente, o instrutor já estava se aproximando de novo, então não deu tempo de esconder aquele barro brilhante.

- Está tudo bem, Sapphi, temos mais uma tentativa… você está indo super bem, muito obrigada. - A garota sorriu enquanto guardava o item recém-descoberto, embora não fosse grande coisa em comparação ao ouro que Laylah havia achado. Deu-me uns tapinhas encorajadores na cabeça e me incentivou a continuar, logo em seguida voltando para perto dos outros dois humanos. Voltei ao meu trabalho, sem prestar muita atenção ao que eles diziam… no entanto, acabei reparando quando o atendente entregou-lhes alguns panfletos e Ren, por sua vez, deu a ele um dos nossos.

Foi engraçado ver o quão vermelho o rapaz ficou por algo que o loiro tinha lhe dito, e dessa vez até Yoshiro reparou no que estava havendo entre eles. A menina deu uma risadinha e uma piscadela para Ren, mas preferiu não se intrometer. Guardou o panfleto que lhe foi dado, curvando-se em agradecimento para o atendente, e depois voltou para perto de mim, dando aos garotos alguma privacidade. Ao vê-la se aproximando, imediatamente enfiei minha cabeça de volta no buraco e fingi que estava ali, trabalhando, e com certeza não bisbilhotando-os.

- Teve sorte aí, Sapphire? - Questionou, abaixando-se para ver se eu já tinha encontrado algo. Como sei que Yoshiro detesta mexer com lama, nem me dei o trabalho de pedir a ajuda dela dessa vez.

Não muita, ainda…” Neguei com um aceno de cabeça, sem me virar para olhá-la. Puxa, tem que ter mais alguma coisa aqui embaixo...


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— K-Kouta! — o rapaz até gaguejou sem graça quando Ren perguntou seu nome indiretamente, o que o deixou um pouco vermelho; mesmo sabendo que era para o especialista saber o que dizer quando chegasse na barraca de treino, era visível que o funcionário tinha um leve crush em Ren — Pode dizer que Kouta que recomendou. — curioso, esticou a mão, pegando o panfleto amassado oferecido — Choco e Aoi... Acho que nunca ouvi falar deles. — sorriu — Mas se você recomendou, deve ser bom mesmo. Você parece ter bom gosto.

E as escavações continuavam, com Sapphire um pouco frustrado por não conseguir achar algo tão valioso quanto Laylah em seu segundo buraco. A feérica seguia utilizando suas fitas para estender ainda mais sua perfuração na areia, mergulhando rapidamente dentro dela e trazendo consigo outro espécime de fóssil, dessa vez azul. A pequena parecia um pouco chateada por não poder procurar por mais tesouros, mas comportada como sempre, sentou-se ao lado de Ren, aguardando Mudkip terminar de cavar. Inclusive, o aquático estava tão empenhado em encontrar algo de bom valor que começou a cavar bastante, até sentir algo pontudo espetar sua bochecha direita. Caso puxasse-o pela boca, encontraria sua última relíquia... Uma pedra azul pontuda.

— Bom, acho que isso conclui a experiência de vocês! — Kouta sorria, estendendo as mãos para acariciar Laylah e Sapphire ao mesmo tempo — Vocês deram bastante sorte, viu? Tem gente que entra aqui e fica muito tempo procurando os tesouros, às vezes até desistem. — deu uma risada, sinalizando para que o acompanhasse até a saída; lá, acenou para Yoshiro e tirou um pequeno pedaço de papel de seu bolso, entregando-o para Ren — Er... Se precisar de alguma coisa, aqui no parque e tal, sabe... Pode me ligar ou mandar mensagem. — no dorso estava escrito o numero do rapaz, assim como seu nome e sobrenome, "Kouta Wada" — É só seguir reto que vocês encontram a chamativa barraca da força e a da Sra. Lee logo do lado. Bom passeio!

Seguindo pelo caminho dito por Kouta, não demoraria muito para nossos heróis verem a tal atração de força à distância: suas placas eram enormes, brilhosas, quase como se fosse uma das barracas principais do festival. A fila era gigantesca, mas alinhada de forma que todos aguardando conseguissem assistir os próximos na fila utilizando seus monstrinhos para bater no dispositivo localizado em seu centro, um enorme botão preto de borracha. Conforme os Pokémon batiam, um placar digital indicava qual prêmio o monstrinho e seu treinador ganhariam, dependendo da força utilizada. Aliás, ali estava a placa que viram assim que saíram da barraca de Choco e Aoi, indicando em letras garrafais que "o mundo é dos mais fortes". Que bobeira.

Não somente aquela frase motivacional "embelezava" o local, assim como outras menores, que diziam basicamente a mesma coisa só que com palavras diferentes; um mantra que, bom, veriam fazer sentido assim que observassem o responsável pela atração. Um enorme homem, musculoso e sem camisa, gargalhava junto com seu gigantesco Machamp de todos os que tentavam a atração, incluindo um jovem adolescente com seu Pichu, que conseguiam a menor pontuação possível.

— Estão vendo? Por isso que Pokémon que não é lutador é uma porcaria! — gargalhava, assim como diversos outros homens na fila; por algum motivo isso parecia engrandecer sua frágil masculinidade — Aqui, ó! — apontou para Sapphire e Laylah, pedindo para que os demais presentes se afastassem — Querem mais uma prova? Vambora, vocês dois, provem meu ponto! Deixo até furar a fila! — os outros homens riam, parece que o estúpido homem tinha uma fanbase — Um de cada vez, por favor, não queremos sobrecarregar a máquina. — debochava, observando a expressão no rosto de Ren e Yoshiro — Ah, vamos, não levem para o pessoal, tenho certeza que eles são ótimos para fazer carinho e desfile de moda... Só pra lutar que não serve.


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Dessa vez, diria que foi a pedra quem me achou. Após alguns minutos perdido em meio ao pequeno túnel que havia criado, senti algo espetar-me a bochecha. Afastei-me num sobressalto, logo captando a presença de um pequeno cristal ainda parcialmente soterrado. Um sorriso se abriu em meu rosto diante de tal visão: podia até não saber o que aquilo era, mas o brilho me indicava algo de valor.

Tomei-o em minha boca (nessas horas, mãos fazem falta) e corri para mostrá-lo a Yoshiro. Esperava que a menina fosse abrir um grande sorriso e me dizer que encontrei algo ainda melhor do que uma pepita de ouro. Um diamante, talvez? Ah, isso seria bom… no entanto, para a minha surpresa, ela não pareceu muito animada.

- Uhn, você achou gelo lá embaixo? - Espere, gelo? O que houve com o meu diamante? - Mas é um cristal bem bonitinho… obrigada, campeão. - Fez um breve cafuné na minha cabeça, ainda sorrindo, porém muito mais por gratidão pelo meu esforço do que por estar feliz com o resultado. Bem, admito que por um instante estranhei a temperatura baixa dessa pedra, mas… é sério que é só gelo? Eu não precisava ter escavado isso tudo, posso fazer uma dessas sozinho!

Assim, finalizamos as três chances. Segui minha treinadora para fora do tanque de areia, com uma cara tão emburrada que Laylah nem teve coragem de vir me perguntar o que encontrei. Lá, vimos Ren e o outro rapaz ainda em uma conversa, com este último comentando que faria uma visita a Aoi e Choco. Aquele comentário bastou para arrancar todo o mau humor da minha expressão - sorri abertamente para a minha dona, que retribuiu o gesto e lançou um olhar aprovador a Ren.

- Sim, a torta deles é excelente. Tenho certeza de que vai amar. - Comentou, e eu fiz questão de reforçar essas palavras com alguns enfáticos acenos de cabeça. Ouvi o humano comentar sobre termos tido muita sorte (o que não soou tão convincente pra mim), e pouco tempo depois nos despedimos. Parece que ele próprio tinha sugerido uma atração para irmos em seguida, e Yoshiro tinha gostado da ideia. - Até mais. Muito obrigada pelo convite e por toda a ajuda. - Acenou para o loiro, dando alguns passos em frente. Eu estava prestes a perguntar se ela não ia esperar por Ren, quando reparei que o atendente tinha estendido um papelzinho ao menino.

Ah, eu tinha uma ótima ideia do conteúdo daquele bilhete. Acompanhei minha treinadora até a saída da atração, trocando alguns sorrisos pela cena ao passo que tentávamos não chamar muita atenção. Yoshiro ficou esperando seu amigo ali, em certo ponto sussurrando um “eles são uns fofos, não acha?”. Apenas acenei com a cabeça, tentando conter o riso. Se conheço Ren, com certeza ele ficou todo vermelho com a iniciativa do outro.

Por sorte, não tivemos que esperar muito. Yoshiro até aproveitou esse tempinho para lavar os resquícios de areia das mãos - cortesia do meu Water Gun e de algumas toalhas que ela sempre trazia no bolso. Ao ver o garoto de cabelos róseos, acenou para ele e começamos a caminhar até a barraca de… uma senhora que pode me treinar como num passe de mágica? Ok, agora eu me interessei.

- Que moço simpático, né? Parece que ele gostou mesmo de você. - Brincou, piscando para o rapaz. Troquei um olhar com Laylah, que também parecia estar se divertindo com aquela situação, mas não insistimos muito mais no assunto. Yoshiro, também, parou antes de correr o risco de deixar o amigo desconfortável. - Olhe, acho que é ali.

Apontou para o lugar que acreditava ser o que procurávamos. Bem, acho que ela acertou. Aquele letreiro enorme e escandaloso era um ótimo ponto de referência. Será que alguém em um raio de dez quilômetros não conseguia ver aquela coisa? Eu já ia fazer algum comentário sobre aquele exagero absurdo quando meus olhos fixaram-se naquelas palavras, trazendo uma forte familiaridade à minha mente. Era o que me faltava… esse é exatamente o mesmo letreiro que vimos a caminho do Dreamy Lake.

O dono daquela atração, aliás, não poderia ser mais condizente com o chamariz. Grandalhão, extravagante e totalmente desagradável. Ria a plenos pulmões de um dos seus clientes, sendo acompanhado por um coro de humanos igualmente babacas. Yoshiro parou de andar no mesmo instante, encarando a cena com misto de indignação e incredulidade.

Yo… me deixa afogar esse cara?”  Questionei, mais que disposto a fazê-lo calar a boca engasgado com um Surf. A garota não entendeu, porém deve ter captado o tom ameaçador, pois murmurou um pedido para que eu me acalmasse. Juro que tentei. Contudo, quando estava prestes a dar as costas e seguir minha vida, aquele brutamontes teve a ousadia de me provocar.

- Quer saber, mudei de ideia… - Falou um tiquinho mais alto, toda a precaução sendo substituída por um tom determinado. Olhou para Ren, tentando transmitir alguma mensagem que eu de fato não parei pra interpretar. Estava ocupado demais fuzilando com os olhos aquele idiota e seu Machamp. - Faça-o engolir essas palavras, Sapphire.

Andei com firmeza até a máquina, apanhando o martelo com a boca. Era difícil me equilibrar com aquele peso, contudo, tentei ao máximo não demonstrar. Yoshiro veio logo atrás de mim, precisando de toda a sua força de vontade para não baixar a cabeça ao sentir todos aqueles olhares sobre si. Ela parecia no limite, mas agradeci mentalmente pelo seu esforço. Não é um bom momento para demonstrar fraqueza.

- Ele é muito mais que isso, senhor. - Retrucou, e, embora irritada, não perdia a polidez que sempre usava ao falar com os mais velhos. - Vamos lhe mostrar.

Tentei erguer o martelo o mais alto que pude, o que não foi muito. As lembranças daquele dia inundavam-me a mente, desde a coragem de Aoi e as trapalhadas de Choco até o encontro que tive com as versões passadas de Yoshiro e Ren. Não é apenas sobre o meu orgulho, preciso fazer isso por eles também...

...Por favor, eu não posso falhar agora.


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