Pokémon Mythology RPG
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Entrar

Ato 05 — Nostalgia.

5 participantes

descriptionAto 05 — Nostalgia. - Página 9 EmptyRe: Ato 05 — Nostalgia.

more_horiz

nostalgia

O silêncio que prolongou-se finitamente assim que Xatu nos levou de volta à tranquilidade me incomodou demais. O semblante de Nicholas dizia tudo e mais um pouco: seu desespero por ter visto as psíquicas ceifarem a vida dos dois mal feitores era quase que palpável. Mas aí que está o problema, já que tudo que fiz foi para protegê-lo, não só da retaliação dos Rockets, como também de si mesmo. Obviamente não vou negar que também me ajudara a esconder meu disfarce, mas se não fosse por ele, eu jamais teria me prolongado naquela situação; quiçá sequer estivesse nela. Cruzei os braços, aguardando a tempestade que estava para vir.

E ela viria, ah, como viria.

Uma única sobrancelha levantou, com as mãos arrancando o blazer do garoto do rosto e jogando-o no chão, sem mais nem menos. Nicholas disparou sua fúria com palavras e minha expressão não era feliz enquanto o escutava, não mesmo. Não somente meu cenho era debochado como os braços cruzados davam ainda um "quê" a mais de que toda aquela banca que Nicholas colocava não me intimidava em nada. Sua última frase, então, tornou a mudar meu semblante uma vez mais: agora a raiva corria pelas minhas veias, com a ingratidão corroendo minha pele como se sua grossa voz tivesse o poder de fazê-lo de verdade.

Que ultraje reclamar e não agradecer à pessoa que salvou sua vida.

— Quer saber, Nicholas? — balancei a cabeça negativamente — Vai se foder. — dei um leve empurrão no peito do garoto, aproximando meu rosto do dele — Vai se foder pra caralho. Tudo que eu fiz foi pra nos proteger e foda-se quem tiver que cair no caminho para que eu possa fazer isso. —  ergui ambas as mãos, com as palmas viradas para cima — À essa altura, são só outros dois corpos para minha coleção, onde todos tive que matar pra poder sobreviver. — ajeitei meus pertences na bolsa — Se você não consegue ser grato pelo que eu fiz, problema é seu. — afastei o rosto, dando dois passos para trás — Você quer saber quem realmente eu sou? Sou uma otária por não ter te deixado lá, pronto para morrer e deixar a garota que te ama de luto pra sempre. — engoli seco — Você tem noção que pode estragar a vida da Emma pra sempre? Principalmente se não for cuidadoso com as escolhas que faz? Você sabe que pode acabar com a vida dela se algo acontecer com você? — dei uma leve risada — Não que você se importe, né? Quando você estava cego de raiva a única coisa que te importava era sua vingança.

Virei de costas e ajeitei meus pertences, primeiro a bolsa no ombro e depois a case do violino nas costas. Queria começar a caminhar e deixar o garoto para lá, mas as coisas não poderiam acabar assim, apesar do meu âmago estar extremamente machucado com a ingratidão de Nicholas... Quer dizer, eu achei que fôssemos parecidos. Mas talvez o loiro ainda precisasse ter sua dose de realidade para perceber que, muitas das vezes, não é possível deixar pontas soltas por aí.

Não importando se tiver que queimá-las para isso.

— Um dia você vai entender... Eu acho. — inclinei a cabeça para olhar para trás — ... Agora são seis. — abaixei a cabeça, suspirando — Seis vidas que matei. — abri um leve sorriso — E quer saber? Não me arrependo de nenhuma delas. — ergui a cabeça — Não se isso proteger a mim mesma ou a quem eu amo. — os pés moveram-se na direção da qual originalmente viemos — Vou caminhando de volta para o píer. Se quiser, vem comigo. Se não... Sinceramente, tanto faz. — dei de ombros — Agora você não precisa de mim pra mais nada, né? — respirei fundo, apertando um pouco o passo — ...

Egg escreveu:

Eevee — 39/40
Spiritomb — 25/40



SWARM

_________________
Bônus:
- Especialista II Psychic;
- Gestora Rocket:
- Skill Rocket: Queimando a Largada! (+3 Atk; +3 Sp. Atk para Pokémon em batalhas);
- Skill Rocket: Aprendizado Prático. (20% a mais de EXP em batalhas durante uma Missão Rocket);




Ato 05 — Nostalgia. - Página 9 WCU65Ru
Awards :

descriptionAto 05 — Nostalgia. - Página 9 EmptyRe: Ato 05 — Nostalgia.

more_horiz
Apesar de se parecerem em muitíssimos aspectos e partilharem daquela sensação acetosa que chamamos de dor, o modus operandi de cada um eram completamente diferentes. Enquanto em sua busca na cidade de Rustboro o louro partiu para a luta física, em momento algum buscou matar os malfeitores; por mais que parecesse hipócrita da parte de Nicholas criticar aquilo, ainda havia uma distância considerável — para ele — comparado à maneira de Karinna combater aqueles dois agentes.

A indignação já anunciada aumentava ainda mais quando, no início, a loura mandava-o se foder e chamando-o nas entrelinhas de ingrato — em dado momento, fora dito claramente. Um sorriso irônico se desenhava no semblante de Nicholas, ouvindo quando Karinna disse que eram apenas mais dois para a coleção de corpos inertes e vidas ceifadas que a loura carregava consigo em seu âmago. Contudo, seguindo a linha de fala da especialista, aquele riso que tingiu a feição do kantoniano outrora se fechava, tornando à face inexpressiva que tanto lhe era característica; a única diferença era que, agora, afogava-a com aquele azul tão intrínseco.

Balançava a cabeça em sinal de irritação desde o primeiro momento em que Emma era mencionada na discussão. Se em algum momento o louro quisera se martirizar, é porque pensava que aquele espírito dos dois garotos sonhadores ainda vivia dentro daquela alma que partilhava dos sentimentos tão similares aos mesmos, acentuado depois daquela canção entoada por ambos ali naquele mesmo espaço. Nico balançava a cabeça em negação, afinal, tinha seus planos para sair dali e salvar também Karinna, e ademais, conseguir as informações que tanto queria para retribuir os hematomas ao seu algoz.

Seu cenho mantinha-se torcido, contudo, deixou uma irritação um pouco maior tomar conta de si, ainda balançando o pescoço em movimento de arco horizontal.

— Para de colocar a Emma na discussão. Ela não tem nada a ver com isso, Karinna — soprou, semicerrando as suas pálpebras para focalizar suas vistas na silhueta da loura.

Inferia a loura que, quiçá, um dia entenderia o porquê de ter agido daquele modo. Mais uma vez, volveu àquela contagem de pessoas que havia matado durante a sua existência, reafirmando que não se arrependia de nenhuma vez que ocorreu. Por fim, arrumou os seus pertences e iniciava a calcorrear na direção de onde vieram, anunciando que seu destino era o píer próximo à Lavender, apertando o passo.

Com um único sinal de sua cabeça, Nicholas pedia para que seu pássaro feérico interceptasse Karinna; assentiu. Xatu se envolvia em uma aura rósea, desmaterializando o seu corpo e reaparecendo justo na frente da especialista como um obstáculo a cerca de dois metros e meio da mesma. Em seu semblante, o monstrinho ainda buscava um riso aprazível, afinal, conseguia sentir-se cálido mesmo com as ações que ela fizera por mais abomináveis que fossem para seu mestre.

Se quando era Natu, ele viu Nicholas torturando a um malfeitor e ainda assim se mantém fiel ao mesmo, não seria agora que abandonaria sua personalidade sempre tão positiva.

— Você não vai pra lugar nenhum. Vai ficar aqui e me ouvir — bradou Nicholas, dando cerca de cinco passos à frente na direção da garota. Parou, cruzando os seus braços, esperando que a especialista tornasse os orbes cerúleos na direção do mesmo. — Se você mata um assassino, o número de assassinos no mundo continua o mesmo. Se matar dois ou mais, você compensaria com o número de pessoas que eles matariam; no fim das contas, o ciclo de ódio continua o mesmo, e cada vez mais, rumamos ao fundo do poço que já é anunciado desde muito tempo — relaxou a postura, respirando um pouco mais fundo. Conforme dizia, suavizava o seu tom de voz. — Isso não pode ser normal. Se começa a ser algo comum, por mais nobre que seja, só mostra que você tá caindo cada vez mais nas sombras. E isso é a última coisa que eu quero que aconteça contigo, porque eu já experimentei bem isso, e sei o quanto pode ser ruim — cerrou os olhos, degustando em suas memórias aquele sabor azedo de quando Jigglypuff abraçava a sua perna, suplicando que deixasse suas sombras e volvesse a ser aquele Nicholas por quem sua mestra se apaixonara. De relance, olhou para aquele colar que Sofya havia dado, pedindo para que, quando fosse ceder às trevas, mirasse-o e a fizesse se dissipar. — Eu cansei de dizer pra você que você leva o espírito daquela criança que sempre foi tão boa e era a luz do mundo, e não é à toa. Você é exatamente igual aquele garoto que um dia eu chamei de irmão, e eu não quero que meu irmão ou irmã, mesmo que não seja de sangue, se renda a isso! — vislumbrou o firmamento por ínfimos segundos. — Esse tal de Mestre H. tem um problema comigo, e eu vou investigar isso pra proteger a Emma, você ou qualquer um. Ele me conhece deve fazer algum bom tempo, antes mesmo de eu enfrentar aqueles desgraçados em Rustboro. Eu não sei o que pode acontecer, mas algo dentro de mim fala que eu não posso recuar, de jeito nenhum. E eu vou fazer isso, sem precisar derramar sangue algum. Por favor, Karinna... Deixa essas sombras... pra lá e irradie o mundo com a luz que você tem.

descriptionAto 05 — Nostalgia. - Página 9 EmptyRe: Ato 05 — Nostalgia.

more_horiz
Off escreveu:
Chocando o egg de Eevee (+2 BCs pra mim, yay!!). Nomeá-lo de Mantou, por favorzinho.

Assim que o Nico postar mais uma vez, cê pode fechar a rota, Rafa!

Muito obg pela rota, gente. Adorei e espero que possamos fazer isso mais vezes! <3



nostalgia

A situação era complicada. Por mais que tivesse me afeiçoado a Nicholas, não poderia deixar que questionasse a decisão que tomei quando, na minha cabeça, tudo que eu queria era protegê-lo. A ponte que existe entre o lógico e o absurdo já fora atravessada muitos verões atrás e sempre que sou colocada em uma situação ameaçadora, meu instinto age impulsivamente; mesmo que isso signifique assassinar alguém, o ato mais macabro que um ser humano possa fazer com outro. Triste é o coração que sequer sente mais culpa em tirar a vida de outra pessoa: tudo para mim sempre é justificado, principalmente em situações como as que passamos, por conta de todos traumas que já presenciei nesse universo, os quais deixaram marcas tão fortes que a última sequer consigo tirar da pele. Conheço as forças que regem os céus e tinha certeza de que, caso não fizesse nada, os Rockets dariam um jeito de reverter nosso controle e nos ferrar. Arceus não brinca quando o assunto sou eu; como provado em seu Mausoléu, Ele me detesta tanto quanto o odeio e o etéreo sempre fará questão de me lembrar disso.

Caminhei para longe, mas a pedido de Nico, Xatu me interceptou; os cerúleos olhos voltaram-se furiosos para o voador, com a mão direita já buscando a esfera de Manju dentro da bolsa. Se o que ele queria era brigar, eu estava pronta. Para minha surpresa, o loiro se colocou à minha frente, não com o semblante irritado de outrora, mas sim... Lastimo. Não sei explicar bem, mas sua expressão beirava a tristeza de uma forma nostálgica. A injeção de adrenalina dissipou na corrente sanguínea e as sobrancelhas voltaram ao normal, desfazendo meu semblante irritado.

— Essa criança, Nicholas, que você tanto menciona... — esperei que o loiro terminasse de falar, balançando a cabeça negativamente algumas vezes — Ela morreu há muitos anos quando precisei existir sozinha e aprender a sobreviver para não morrer de fome. — suspirei, ajeitando as madeixas para trás dos ombros — Hoje eu só tento fazer com que ela surja de novo. Mesmo que em lapsos... E geralmente acontece quando estou perto de alguém que eu gosto. — doeu admitir a verdade por estar com raiva, mas oras, já estava chamando-o de irmãozinho, né? — As sombras já fazem parte de mim e sempre afloram em qualquer ameaça, eu sei. Mas não posso e nem sequer consigo lutar contra elas. É em vão. — dei uma leve risada, caminhando até Nicholas e buscando o PokéNav que estava em seu bolso — Se você quer fazer essa burrada, faz... Mas aqui, se precisar, é só me chamar. Nem que seja para desabafar. — anotei o meu número, aproveitando para ligar para mim mesma para que pudesse salvar o dele também — Você não merece, não. Mas tudo bem. — entreguei o aparelho em sua mão, erguendo a cabeça e conectando, profundamente, as quatro janelas cerúleas, umas nas outras — Admiro demais o seu otimismo. Uma pena que você não possa me salvar de mim mesma. — minha voz era serena, calma como as folhas secas que flutuavam do folhiço com a leve brisa que passava dentre a relva — Ninguém pode. — estiquei os braços para o alto, fazendo alusão de que, pela primeira vez, Nicholas me abraçasse por vontade própria e não porque o forcei; caso o fizesse, permaneceríamos entrelaçados por algum tempo, com minha cabeça deitada em seu ombro — E você, finalmente... — sussurrei, abrindo um leve sorriso — Me chamou de irmã.

E ali nossos dois corpos, tão carregados de traumas e cicatrizes, permaneceram inertes. A noite abraçava a nós dois, com as estrelas iluminando o satélite natural que de tão melancólico se escondia atrás das carregadas nuvens que enfeitavam o seu céu. Não adiantaria brigar, espernear, discutir... Só queríamos o bem um do outro, eu com a utopia de que Nicholas desistiria de sua jornada de vingança e ele com a preocupação de que eu cruzasse uma linha da qual jamais poderia voltar. Mal sabe ele que já o fiz e que, infelizmente, não há como voltar atrás.

— Precisamos ir. Mais alguns minutos e outra patrulha pode passar por aqui. — afastei do abraço, abrindo um leve sorriso para Nicholas — Se não se import-

Antes que pudesse terminar a frase, pude sentir algo mexer dentro da minha bolsa. Um brilho prateado começou a emanar dali e, já acostumada, sabia exatamente do que se tratava: meu Eevee, filhote da Manju e Onigiri, havia nascido. Desajeitado, o pequeno colocava somente a cabeça para fora da bolsa, desnorteado. Tratei de pegá-lo no colo, enchendo-o de beijos e alguns dizeres ininteligíveis com voz infantil — talvez esteja aí mais um dos lapsos da criança que Nicholas tanto vê.

— Filho, esse é o seu tio Nicholas. — estiquei o braço e encostei a cabeça do canídeo no rosto do loiro, praticamente obrigando-o a acariciá-lo — E aquele é um dos seus primos, o Xatu. — o psíquico cumprimentava o recém-nascido, que fazia o mesmo — ...

Completamente o oposto de Manju, o filhote ficava bem calmo em meu colo, então escolhi não retorná-lo de imediato. Os olhos mais uma vez voltavam-se para Nicholas, com um sincero sorriso iluminando meu rosto. Talvez, e somente talvez, sejamos muito diferentes um do outro. Mas, apesar desse ser meu pensamento inicial, que graça tem se dois irmãos são exatamente iguais? Já compartilhávamos o tom dos cabelos, a cor da pele e as hipnotizantes orbes cerúleas... Isso é mais do que suficiente, não é?

— De certa forma, você me surpreendeu, irmãozinho. — estiquei uma das mãos e encostei no lado esquerdo do peito do loiro — Você tem um coração gigante e, sinceramente, esse é um dos defeitos que mais invejo em você. — dei uma piscadela — Note que falei defeito, já que acho bom aí só ter espaço pra mim e pra Emma. Sou uma irmã muito ciumenta. — não era exatamente isso que eu queria dizer com defeito, mas que seja, né? dei uma leve gargalhada, dando dois tapinhas no lugar onde os dígitos estavam e recolhendo-os para segurar Eevee no colo corretamente — Se não se importa, vou pegar um caminho diferente para Lavender. Acho que nossa conversa me fez pensar um pouco e preciso espairecer sozinha. — me aproximei de Nicholas, deitando a cabeça em seu ombro uma última vez — Não pense que se livrará de mim tão fácil. — me afastei, tornando a caminhar — Se cuida, irmãozinho.

Só...

Se cuida.

Egg escreveu:

Eevee — 40/40
Spiritomb — 26/40



SWARM

_________________
Bônus:
- Especialista II Psychic;
- Gestora Rocket:
- Skill Rocket: Queimando a Largada! (+3 Atk; +3 Sp. Atk para Pokémon em batalhas);
- Skill Rocket: Aprendizado Prático. (20% a mais de EXP em batalhas durante uma Missão Rocket);




Ato 05 — Nostalgia. - Página 9 WCU65Ru
Awards :

descriptionAto 05 — Nostalgia. - Página 9 EmptyRe: Ato 05 — Nostalgia.

more_horiz
off. :


Balançava a sua cabeça brandamente conforme a especialista contrariava todas aquelas expectativas colocadas sobre ela. Um sorriso agridoce e confuso agora adornava aquele semblante do garoto conforme os olhos anis dançavam inquietos por todo o perímetro, e matutava acerca de cada palavra que a loura lhe dizia: se ainda existia, nem que fossem por ínfimos lapsos, ainda havia uma chama que poderia ser acesa novamente. Não, Nicholas não poderia deixar que alguém tão semelhante aquele que um dia chamara de irmão cair em trevas, ou a menos que estas lhe fossem tão ternas que a abraçassem por completo.

Reiterando que era um caminho sem volta, os exíguos braços da especialista eram erguidos na direção do pescoço do garoto em convite jubiloso para um abraço. Nicholas respirou fundo, envolvendo o braço destro na altura da cintura da garota e com a mão livre enlaçava-a pelas costas, deixando que Karinna repousasse as douradas madeixas sobre o seu ombro, comentando em palatável alegria o fato de ter sido chamada pelo apelido que ela mesma havia dito outrora.

— Isso não vai acontecer de novo, nem que eu tenha que quebrar os seus ossos pra isso — pressionava-a um pouco mais contra si próprio, em mescla de preocupação e mansidão. — É porque eu me preocupo contigo que eu não posso deixar isso acontecer com você de jeito nenhum. E eu ainda tô bem puto contigo, só pra deixar claro.

Posteriormente, por iniciativa da especialista, agora um tinha o contato do outro em seu dispositivo. Restava apenas que a melodia tão melancólica dos ventos litorâneos de Lavender quebrasse o silêncio que a lua instaurara para que os dois, por mais diferentes que fossem, conseguiam ser iguais — mais um paradoxo excêntrico reservado por esse fenômeno natural que chamamos de vida. Cerrava as pálpebras, concentrando a sua audição no sibilo dos ares que circulavam naquele redor, meditando naquela canção que entoaram outrora.

O amanhecer virá.

Os dois corpos se afastavam, com a especialista deixando um sorriso brando perfilar seus lábios. E tão inesperado quanto aquelas duas almas se encontrarem naquela ocasião tão melindrosa e excêntrica, um brilho prateado começava a tomar conta da mochila que a especialista levava consigo. Era repentino, intenso, dissipando a escuridão noturna por ínfimos segundos até que um monstrinho colocava a sua cabeça para fora, quiçá confuso por estar vendo o mundo real a primeira vez; era o nascimento de um Eevee — a coisa mais fofa, diga-se de passagem. E como uma criança quando vê um filhote, Karinna tomava em seu colo a pequena espécie, quase sufocando o coitado naquele emaranhado de carícias e beijos. E estabanada como o de costume, a loura praticamente enfiava o pequeno na cara do kantoniano, apresentando-o como seu tio; quiçá pela velocidade do movimento, Nico recuou um único passo, apenas acenando para o pequeno em um sorriso confuso. Xatu, de longe, ria e apenas acenava com a sua asa para o monstrinho.

E em tom de despedida, Karinna volvia a falar sobre um “coração gigante”, coisa que ele já havia ouvido outrora, mas vindo da boca de Emma; por mais que nunca demonstrasse sentimento algum em seus orbes cerúleos, seria aquela uma característica tão intrínseca a Nicholas que apenas pessoas com um olhar mais esperançoso poderiam vê-lo? Por fim, matutou por um lapso tão breve, vendo apenas alguns flashes dos acontecimentos de Rustboro — deixaram cicatrizes além de sua perna lancinada. Em tom galhofeiro, pedia para reservar um espaço em seu emocional, deitando sua cabeça em seu ombro uma última vez, ponderando de que necessitava de um tempo após uma profunda conversa. Nico assentiu em silêncio, chamando Xatu com a cabeça para o seu lado.

— Eu vou dar uma volta, e depois já tô de saída — exprimiu para Karinna, que já volvia a caminhar na direção da cidade fantasma. A loura se despedia apenas pedindo para que Nicholas se cuidasse. — Toma cuidado. E... pensa direitinho naquilo que eu falei.

Com isso, colocou suas duas mãos no bolso novamente, tomando aquele caminho que outrora o levou ao galpão em que encontrara Ponyta e Farfetch’d, covil dos rockets contrabandistas. Deu poucos passos mais à frente caminhando lado a lado com a sua ave feérica.

— Vem cá, quando foi que eu fiquei tão frouxo? — inquiriu audível apenas para a ave, que tornava os seus olhos na direção de seu mestre. — É, eu tô ficando muito mole, pelo amor de Arceus. Isso é obra da Emma, certeza... mas que merda — resmungou balançando a cabeça em negação ínfimas vezes. Xatu parecia se divertir com as reclamações de Nicholas, pedindo através de grunhidos e mímicas uma canção diferente, e reiterando, também, de que essa era quem de fato o louro era. — Eu não vou cantar de novo, para com isso. E nem adianta ficar puxando o meu saco. Só vamo dar uma olhada lá e depois a gente mete o pé. Fica esperto pra me teleportar de volta pra Lavender a qualquer momento.

descriptionAto 05 — Nostalgia. - Página 9 EmptyRe: Ato 05 — Nostalgia.

more_horiz
Considerações :


Gritos, berros, choros, ameaças, ofensas, verdades, emoções a flor da pele, nascimento, amor, esperança. Tudo isso em menos de poucos minutos. Os dois loiros deixaram seus sentimentos fluir livres de seus peitos antes que implodissem pela pressão interna. A vivência com os rockets nunca seria fácil. Ambos rasgaram sua alma um para o outro e Mantou nasceu no preciso momento que a briga cessará. Esperança. Um palavra tão simples mas tão agradável para o espírito. Aquele Eevee nascerá trazendo uma boa nova e um vínculo ainda mais sólido se formou na dupla. A grande estrela loira saudava Mantou e o céu azul como a água cerúlea vigiava os passos do pequeno Eevee.

Nicholas seguiu seu rumo e agora tinha um arqui-inimigo para lidar. Ao verificar seu telefone encontrou uma mensagem da pessoa que mais amava acompanhado de um foco de Emma fazendo caras e bocas tentando parecer zangada.

- Nico. Estou muito preocupada!!!!Liga para mim! Você não costuma demorar tanto para responder!!!

Dessa vez não haveria retaliação imediata por parte do Rockets que não sabiam onde nossos protagonista estavam, mas ficaria um aviso para o futuro: Mestre H. voltaria e certamente teria a vantagem da próxima vez. Passado algumas horas após a separação dos dois irmãos jurados, o Rotom Phone de Karinna tocou. A loira estava tomando um refresco após um treino vocal e após as palavras o copo caiu no chão estilhaçando em diversos fragmentos enquanto seu conteúdo inundo o chão.

- Agente. Você foi recrutada pelo Mestre H. para sua nova missão: capturar Emma Stone e Nicholas Halstenberg. Parabéns. Caso consiga, terá sua promoção.


Continua...

Progresso :


ROTA ENCERRADA!

descriptionAto 05 — Nostalgia. - Página 9 EmptyRe: Ato 05 — Nostalgia.

more_horiz
privacy_tip Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos