#Cinnabar - Pleiteando um estágio!

Swampert - Lucky Egg
Togekiss-  Fairum Z
Ninetales - Power Lens
Ambipom - Power Belt
Nydon - Power Lens
Froslass - Power Band

Com o fim da apresentação de sua amiguinha, Ayzen deixou a área do palquinho pra ir atrás de um agrado pra artista. Numa barraquinha próxima ele encontrou diversos doces, entre eles o algodão doce que procurava. Eles eram engraçadinhos, com formatos de Pokémon e cores diversas. Um azul lembrava Aurill, os rosas tinham formato de Clefable, os verdes eram muito parecidos com Cottonee enquanto os amarelos tinham o jeito de Pichu, fora as outras combinações possíveis que a imaginação permitisse.

De volta pro palquinho uma nova apresentação já tinha se iniciado e uma menininha bem miúda brincava de fazer bolhas com um Popplio, arrancando risos do público. Mas não era isso que prenderia a atenção do Ranger, agora focado em encontrar Luna para lhe entregar o mimo. Ele nem precisou pedir pra entrar nos bastidores, porque a encontraria lá no fundo do palco, do lado de fora.

Em meio a várias caixas, equipamentos e fios, Luna se sentava solitária num caixote emborcado. Ainda vestia o traje da apresentação, mas sem o capuz; também tinha guardado as luvas e as botas, calçando sandálias agora. Estava cabisbaixa e distraída, abraçada na própria mochila.

Ayzen chegaria segundos depois, quase pegando no flagra um grupo de pirralhos que tirava onda dela, igual na noite anterior. Mas ouvir os passos de um adulto se aproximando os fizeram correr depressa pra longe, isso e as ameaças que o Lunatone que a acompanhava fez; ele agora voltava flutuando preguiçosamente pra encontrá-la.

Ayzen – De Capitão à Estagiário – Cinnabar

Swampert - Lucky Egg
Togekiss-  Fairum Z
Ninetales - Power Lens
Ambipom - Power Belt
Nydon - Power Lens
Froslass - Power Band

Luna se assustou com a voz de Ayzen quebrando sua atenção, tanto que chegou até a se retrair e arregalar os olhos. Provavelmente ainda estava num semi estado de alerta desde que foi recebida pelos encrenqueiros. Mas depois de ver quem era ela relaxou e sua expressão se tornou uma emocionante surpresa. Ela ficou bem com o rostinho assim OwO

– Você veio mesmo! – tinha empolgação na sua voz, muita, chegava a ofegar e ela aceitava o doce com um pouco de timidez – Obrigada! Mas eu não sou Coordenadora, não. E não sei se gosto de rosas, elas tem centelhas escorpianas. – começava a desembalar o doce sem hesitar, mas daquele jeitinho distraído, meio aéreo; apesar de estar perto da pré-adolescência, ela com certeza ainda conservava a ingenuidade infantil – Fico feliz que tenha gostado. Minha mãe dizia que meu pai também gostava dessa história. Queria ter visto, porque hoje acho que ele não gosta mais. – arrancava o primeiro pedaço da Clefable doce, justo a orelha, e então esticava o algodão pra Ayzen e Swampert – Você acreditou na história?

Seu olhar cheio de expectativa denunciava um pouco mais da sua ingenuidade - ou não. A pergunta sugeria que ela sim acreditava, e como tal adoraria que os outros acreditassem também. Talvez fosse mais fácil, sim, em eras passadas. Hoje, no mundo moderno que se tem, o místico e o sobrenatural soam cada vez mais como ilusões, imaginação fértil, ou mesmo apenas poderes inimagináveis de Pokémon pouco conhecidos.

Ayzen – De Capitão à Estagiário – Cinnabar

Swampert - Lucky Egg
Togekiss-  Fairum Z
Ninetales - Power Lens
Ambipom - Power Belt
Nydon - Power Lens
Froslass - Power Band

Ela observava com atenção enquanto Ayzen tentava encontrar as palavras certas para lhe responder. Tirava pedacinho por pedacinho o algodão rosado e deixava que ele derretesse em sua boca, como se tivesse todo o tempo do mundo para desfrutar do doce. No fim da resposta ela apenas sorriu com meiguice.

– Tudo bem, entendi que você não acredita, só é gentil demais pra dizer. – ela sorria sem transparecer estar chateada ou triste pelo que ouviu, era mais esperta nesse aspecto.

As perguntas sobre os garotos sim a deixaram um pouco mais desconfortável. Ela até levou a mão à nuca instintivamente, mesmo que alguns dedos estivessem melecados, ela não se importou. Seus olhos pousaram no doce quando ela suspirou, mais reflexiva.

– Não consigo fazer nada. Nem posso. Eles são maiores e muitos. Nada do que eu digo faz eles mudarem. Mas tudo bem, acho que eles não sabem o que estão fazendo. Posso perdoar, quando chegar a hora. – Luna era uma criança interessante, tão infantil e doce, e ao mesmo tempo inteligente e madura, ou pelo menos era assim que suas palavras soavam, ao invés de serem só mais um reforço à sua ingenuidade e jeito diferente de ver o mundo – Um dia eu vou crescer e vou partir, como a minha mãe. Ela vai vir me buscar, sei que vai... E eu vou perdoar todos, nesse dia. – mais um suspiro e seus olhos baixos, muito azuis, se marejavam de leve, dava pra ver mesmo na fraca luz que chegava até ali.

Ayzen – De Capitão à Estagiário – Cinnabar

Swampert - Lucky Egg
Togekiss-  Fairum Z
Ninetales - Power Lens
Ambipom - Power Belt
Nydon - Power Lens
Froslass - Power Band

Luna apertava as pálpebras na intenção de aliviar a vontade de chorar e via no comentário de Ayzen uma oportunidade de mudar levemente o assunto para algo que, apesar de tudo, não a deixasse tão entristecida. Ela suspirava e então voltava a comer pedacinho do algodão-doce.

– Obrigada, você é gentil. Talvez eu não tenha deixado ela orgulhosa antes, mas eu era muito pequena, não sabia o que tava fazendo, e ainda não sei se sei, mas acho que consigo deixar ela mais orgulhosa, sim. – isso tinha um jeito de resposta maturada depois de muitas reflexões.

Agora, falar no seu responsável a fez levar a mão lambuzada até o bolso lateral da mochila e tirar dali um relógio de pulso com a pulseira quebrada. Era ainda mais infantil do que o esperado, com aparência de coisa velha, um item guardado de sua infância e do qual ela não queria se desfazer.

– Eu não venho só, mas fico. Ele vem me buscar, meu pai. Deve chegar a qualquer hora, eu acho. Ele não tem gostado muito de festas e multidões ultimamente, e como ele sabia que eu ia contar essa história, hoje, não quis ficar e ver. – mencionar seu conto fez com que ela se animasse um pouco mais, voltando a encarar o Ranger com aqueles olhos grandes – Você devia acreditar na história. Uhm-hum. – agitava a cabeça positivamente, voltando a sorrir – Você é um herdeiro do Sol. Eu sei disso, soube no momento que te vi, ontem, porque eu sou uma futura sacerdotisa da Lua. – falava aquilo com uma convicção bem forte até, seria verdade? – O Pokémon que vai te ajudar a cuidar da Terra te espera e... – olhou para os lados, receosa pra ver se ninguém estava perto pra ouvi-los, então se inclinou mais na direção de Ayzen para sussurrar com seu hálito cheio de açúcar – ... eu tenho uma das Relíquias da Sorte! Vou te ajudar a encontrar seu aliado! – tinha um tom de confissão, segredo, mistério... E uma carinha de OwO "por favor, embarque nessa história"!

Ayzen – De Capitão à Estagiário – Cinnabar

Swampert - Lucky Egg
Togekiss-  Fairum Z
Ninetales - Power Lens
Ambipom - Power Belt
Nydon - Power Lens
Froslass - Power Band

A primeira questão do loiro fazia a menina inclinar a cabeça meio de lado e estreitar os olhos, quase como se estivesse pensando em dizer "você não entende". O que era real, já que foi a primeira e talvez a última vez que Kitshomo ouvia aquela história, não tinha mesmo como ela lhe cobrar ter absorvido cada pequeno detalhe. Então ela apertou os lábios num risinho.

– Não. Nós herdeiros do Sol e da Lua somos poucos, na verdade. A maioria das pessoas carrega a centelha das constelações, de outras estrelas, por isso são tantas e nem sempre tão notáveis. – agitava a cabeça em concordância com sua própria fala – E eu sei que você tem Pokémons poderosos pra proteger a Terra. Eu vi. – lembrava da noite em que o viu batalhar contra as Staryu e, claro, tinha Swampert bem debaixo dos seus olhos – Mas esse é... Diferente. Especial. Talvez você nem saiba que o quer ou que precisa dele, mas vai descobrir isso no momento em que se encontrarem. Ele não vai vir pra ser único, exclusivo, salvador... Não. Ele vai vir pra somar e unir. – falava com aquele jeito carregado de misticismo que suas palavras soavam até sabias demais para idade que tinha.

Bem, vamos lá. Se formos parar pra pensar Ayzen tinha todas as qualidades listadas no conto da garota: bravura, coragem, determinação, razão. Sua função primordial, como Ranger, querendo ou não tinha o propósito honesto de zelar pelo bem estar na Terra. E tinha sido justamente essa carreira uma das mais responsáveis pelas provações de sua vida. Fora os sinais: marcado pela violência humana e pelo fogo... Podia ser um conjunto atípico de coincidências, sim. Mas como Luna julgaria isso com tanta certeza sem nem conhecê-lo tanto? Que história complicada...

– Eu vou te ajudar a encontrar ele, é meu dever. Mas no caminho você vai precisar encontrar a minha mãe, ela já é uma sacerdotisa e tem a segunda Relíquia. Quando a encontrar, pode dizer a ela que... – sua voz morreu aos poucos no momento em que ela pensava em como expressar "saudade"; será que estava criando aquela fantasia só pra ter alguém que encontrasse sua mãe, por ela?! Seria no mínimo engenhoso pra uma criança.

– Luna?! Tudo certo por aqui? – uma voz masculina, grave, meio rouca, falava bem de lá do canto detrás do palco.

Parado ali estava um homem alto, cabelo ruivo embaraçado, barba idem e até bem grande. Dava pra ter noção da sua idade pelas linhas de expressão marcadas na face e os fios grisalhos que se mesclavam com os vermelhos. Ele tinha os mesmos olhos grandes e azuis de Luna. Partes de seu corpo ainda mantinham traços dos músculos firmes que tiveram um dia, então era notável que um dia tinha sido um homem muito bonito, mas que o tempo e a vida maltrataram um pouco. [imagem ilustrativa]

Seu ar cansado era também sério por estranhar ver um homem adulto sozinho com sua filha, por isso pela estranheza ele foi cauteloso se aproximar, mancando numa das pernas e apoiado numa muleta. O cordão de aço em seu pescoço reluzia à fraca luz dali; era o típico acessório portado por militares. Ele tinha sido um e era isso que justificava sua perna inválida, além da cicatriz grosseira que subia pelo lado esquerdo do seu pescoço até a altura da orelha. Uma cicatriz de queimadura... Ora se não era outro eleito a herdeiro do Sol.

Ayzen – De Capitão à Estagiário – Cinnabar