A lenda do Guardião - crossover Lupinos e Avengers

Sckar era suficiente. Sua fala bastou para que o homem parasse de debater atoa. Era evidente que ambos estavam batendo cabeça em algo que não fazia tanto sentido assim. Ele não suspeitava de Sckar; muito menos de seu distintivo. Seu problema era com Gaulvist e, é claro, com os machucados de César. Havia outra questão que lhe incomodava também, mas isso era algo dele; só dele, e ele não falaria assim tão fácil.

Era evidente que ele não via crianças como adultos, afinal, crianças não são adultos. Ele não se acha errado por isso. Há uma questão deste homem que vai para além disso; bem mais profunda do que Sckar pode imaginar, mas isso ele não voltará atrás. O que é 'suficiente' é o fato de Sckar ter argumentado suficientemente bem. Apesar do garoto ter sido hipócrita aos olhos do 'pseudo-líder', ele estava certo em dizer que não houve lá tanto espaço de atuação.

... ok, Sckar também não se portava como quem confiava em alguém, mas o foco não é ele, né? No mais, ele deu de ombros e disse o que tinha que dizer:
- Ok, eu não tenho problemas com você, eu tenho problemas com ele - Apontou para Gaulvist com o dedo indicativo - Mas admito que você tem um ponto. Eu nunca questionei se vocês são bons ou não. Da para ver pelo Blastoise e o Charizard. Justamente por isso é assustador. Vocês deviam saber que força e bondade nem sempre andam juntos. A força de uma comunidade é justamente a união, e a única forma de não temermos vocês e não abaixarmos a cabeça é por continuarmos unidos. Desculpe-nos pelo excesso de cuidado, mas ele é necessário quando se é fraco. Não somos treinadores, mas logo aviso que temos pokémons e temos treinadores entre nós. Se quer ficar ainda mais apertado, posso soltar os meus e provar - Seu dedo indicador saiu de Gaulvist e foi direto ao círculo em que Sckar estava. Se lembra das dezessete pessoas apertadas ali? Pois é, aquilo pioraria.

Ao menos eu tenho um bom indicativo: a aura avermelhada que indicava confrontos múltiplos que Lucario via amenizou. A outra continuou igual; tão aterrorizante quanto, mas certamente lidaram com um problema. O pokémon, já com um pouco menos de dor de cabeça, suspirou aliviado e olhou para seu treinador, que falava sobre a invocação do Celebi. Seu dito era verdadeiro; uma pena que estava alguns anos desatualizados:
- Hmmm, você ao menos conhece a lenda do Celebi. Estou gostando mais de ti agora - Disse o homem do centro, abrindo um sorriso - Infelizmente já tentamos isso, mas parece que o Celebi não está "dormindo"... ele nos abandonou.

Eu não sei o que passou pela cabeça do homem jogar essa frase ao acaso, mas foi o que fez. Nenhum dos figurantes reagiu mal; não parecia ser novidade para nenhum deles, mas não sei como Gaulvist e Sckar iriam lidar com essa informação. Nessas horas temos certeza que este homem não tem preparo, carisma ou experiência para ser um líder.

Outra coisa que indica isso era o vigário, que finalmente chegava dando um berro:
- EM NOME DE ARCEUS, DE CELEBI, DE PALKIA E DIALGA, AMÉM - Anunciava sua entrada na roda, fazendo o sinal da cruz. Em cada nome, parava em uma extremidade-metafórica do crucifixo - E ai meu queridinhos, como estão? - Dizia ele, caminhando em direção as crianças, já claramente cansadas de carregar aquelas tochas. Algumas lhe davam um abraço, outras só o recebiam com um sorriso. Ele andou até Sckar, deixando evidente a estranheza por não conhecê-lo. Também deixou claro que sua fala era diretamente direcionada a ele. Mirou olho-no-olho com a criança e perguntou - Oh, mas o que que ta acontecendo aqui, rapazinho?

Era um pouco irritante a tonalidade infantil do padre, mas fazer o que? A Gaulvist, outra coisa aconteceu, seu pokémon, Lucario, fora até ele meio incomodado ainda com dor de cabeça, e tentava lhe avisar que não via algo muito agradável acontecendo no 'fundo da floresta'...

'progresso sckar':

'progresso gaulvist':

○ 9 ○

Diga a um grupo de religiosos que você não acredita em 'bom e mau' que você vera olhares de julgamentos instantâneos. Felizmente tínhamos um padre bem formado e com experiência para lidar com aquele tipo de situação. Ele olhou para Sckar, arranhou a garganta e tentou dar-lhe uma cotovelada, como quem dizia "olha o que fala, moleque!" e riu de modo bobo. "Que engraçadinho!", disse ele, num ato meio bobo.

Não que tenha adiantado muito, visto que o garoto continuou no mesmo tom, se apresentando e ordenando coisas. Ali o padre já havia posicionaria algo essêncial:
- Meu jovem, meu jovem, meu jovem... - Perdera o tom infantil e parara de se inclinar, caminhando até uma das beiradas da circunferências - Sabemos muito pouco. Sei que eles vêm e vão. Normalmente usam as rotas clandestinas de Violet. Não passam por Azalea. Não acharam nenhuma culpa em nós. Somos aqueles que sofrem todas as consequências mas que não tem culpa nenhuma. Não sei o que comem, onde habitam ou o que fazem, só sei que vem, tacam fogo e vão embora. Nunca os vi, mas dois dos meus coroinhas já tiveram seus braços queimados pelo fogo que eles tacaram. Já vimos dois Charizards sobrevoando um incêndio. Nada além disso. Isso vem acontecendo a seis meses com mais intensidade, mas arrisco dizer que desde que voltamos para Johto, Azalea tem sofrido com incêndios. Aproveitaram dos boatos de que Celebi não está mais entre nós e tacam fogo em seu antro, já que aqui a terra é fértil e se você plantar Rare Candy pode ser que cresça... - Suspirou, dando de ombros - Se queria localizações, fotos, fichas criminais e essas coisas, não deveria ter ido aos Rangers antes de passar aqui? Não atrase nossa procissão. Vamos começar a andar ao Templo do Celebi para dar-lhes graças assim que anoitecer. Quem sabe dessa vez ele não volta, não é?

Grandisíssimo vigário; ao menos um homem útil nessa brincadeira toda. Gaulvist, já lateralizado nessa história roda, conseguiu sair do grupo sem muitos problemas, sendo menos um naquele círculo apertado. Poderia seguir caminho fora da procissão, mas já lhe adianto: apenas sairá da trilha para ir ao mesmo lugar. Não que isso fosse um problema, não é! Seu Lucario começava a caminhar em direção a mancha, mas sentia cada tremelique que achava 'melhor não ir'. Ainda assim via seu treinador seguindo em frente e continuava a o guiar.

Já haviam se afastado cem metros do grupo. Podiam se afastar mais. Estavam adentrando a mata mais densa. O sol começava a se por. Os religiosos, enquanto esperavam o anoitecer, se colocaram a cantar:

"Cubra-me com seu manto de flor,
Guarda-me na paz desse olhar
Cura as fagulhas e o fogo faz apagar
Que as pedras do caminho
Meus pés suportem pisar
Mesmo queimados me ajude a passar
se ficaram mágoas em ti
Celebi tira do teu coração
E aqueles que te fizeram sofrer peço perdão
Se eu curvar meu corpo na dor
Me alivia o peso da cruz
Interceda por mim, Celebi, junto de Arceus

Celebi, me dê a mão
Cuida do meu coração
Da minha vida, do meu destino
Do meu caminho
Cuida de mim"

'progresso sckar':

'progresso gaulvist':

○ 10 ○

OFF: Vou dar um pequeno pulo temporal, ok? Se quiserem 'fanficar' nesse meio tempo, fiquem a vontade. Só não saiam muito da onde estão, por favor D:

- A gente vai passar por vários durante a procissão - Disse o vigário, abrindo um sorriso de bochecha a bochecha e deixando de dar atenção a Sckar.

Lembremos que ELE era o líder do bando, não aquele homem de barba densa e olhar mórbido. Por essas e outras, ELE deveria guiar o grupo e dar-lhes a direção... ou ainda, dizer o que pensar. Bem, seu primeiro mandamento foi simples:
- HÁ GENTE DE MAIS NO CENTRO DESSA RODA! - Anunciou. Apesar do meu maiúsculo, ele não foi ignorante, ele apenas dizia alto para que todos escutassem.

Era engraçado porque ao dizer isso, a maioria parecia entender o que aquilo significava. O homem que segurou-a-criança-enraivecida voltou ao seu lugar, César também e os demais 'intrusos desnecessários', restando apenas crianças e pokémons de Sckar. Sutilmente o vigário pontuou:
- Você pode voltá-los? Não conseguimos ver o rosto um do outro quando olhamos reto pelo diâmetro do círculo. Seus pokémons são grandes, acabam atrapalhando... - Realmente, quando Sckar olhasse em volta veria que só coisas pequenas ficaram lá. Blastoise destoava demais dos demais, mesmo que estivesse dormindo. Combusken e Quilladin também não eram lá muito agradáveis esteticamente, mas incomodavam menos.

Bem, ele fora sutil. Não pediria duas vezes. Depois disso, chamaria todos da borda para darem as mãos e pediria para as crianças reacenderem as velas e fincarem na terra, marcando o início da procissão. As velas terminariam de queimar até o sol se pôr, e a música prosseguiria até lá. Depois disso, o padre iniciaria:
- É graças ao nosso senhor Arceus, o amor de Celebi e a união de Palkia e Dialga que estamos aqui reunidos hoje. Vamos dar início a nossa procissão com um minuto de silêncio, caminhando até o marco principal.
- Amém - Disse o coro.

Todos se começaram a andar e a roda se desfez. As crianças continuaram na frente, espaçadas dos adultos, enquanto as velas ficavam para trás, fincadas no chão.

Gaulvist, em sua espera pela noite, parou por ali. Retornou Apolo e trouxe dois de seus pokémons de peso: Lef e Felícia. Os três aguardaram o fim do pôr-do-sol e Gaulvist, já entranhado na mata, usou seu aparelho de detecção noturna por um tempo. Sem caminhar, mas movendo a cabeça como um Periscópio, viu o movimento das asas de um Butterfree. Era fácil de ver? Definitivamente não, mas pela sua experiência com o Butterfree Blue, Gaulvist poderia reconhecer aquele movimento de longe.

Também veria que aquele voo estava meio caído. O pó que liberava era meio amarelado, quase marrom. O pokémon parecia estar 'tombando' enquanto voava... o que era um péssimo sinal. Ele não estava muito longe dali.

'progresso sckar':

'progresso gaulvist':

○ 11 ○