Reprise

O gato aproveitou que estava de dia e se colocou numa posição da arena onde era possível ser atingido diretamente pelo sol e começou a brilhar levemente, absorvendo as energias solares quase como se estivesse fazendo fotossíntese, mas de uma forma um pouco mais mística e menos natural, enquanto restaurava boa parte da sua vitalidade pra continuar lutando.

Elise não deixou barato e comandou seu Raichu, por mais que não fosse ter muito efeito ela não queria desistir da batalha, seja lá pelo motivo que for. A disparidade entre os dois treinadores e seus Pokémon era muito grande, faria algum sentido evitar mais frustração apenas desistindo. — Remy, Thunderbolt, depois Body Slam!

Ela sabia que a barreira refletora ainda estava ativa, portanto resolveu esperar com que ela dissipasse antes de tentar usar um golpe físico e assim o fez. Conforme Hero se curava, ele também recebia um choque elétrico. Diversas faíscas sairam das bochechas do Raichu enquanto o psíquico se curava, carregando a tensão elétrica pra disparar e descarregar diretamente em cima do alvo. O golpe podia ter sido mais poderoso, a defesa contra ataques especiais de Hero é bastante alta, mas parecia que Elise estava insistindo nisso por alguma outra razão. A barreira protetora contra danos físicos se dissipava logo em seguida.

Então, depois de ser atingido e ter sua cura interrompida (mas contabilizada), o felino rosáceo novamente usava os poderes de sua mente pra erguer o roedor e arremessá-lo pela arena. O ratinho foi arremessado mas ainda estava de pé. Este realmente era o mais durão de todos os três, que por ventura tinham fraquezas contra os golpes do Espeon, enquanto este consegue aguentar um pouco mais. Então, mesmo debilitado, ele seguiu as ordens da treinadora. Como uma espécie de pogobol, o amarelado usava sua própria cauda como trampolim, encurtando a distância entre os dois, já que ele havia sido arremessado e, enquanto praticamente voava pela arena por ter saltado com tanta força, caía de bunda em cima do gato. Depois ele recuava um pouco pra não ser atingido tão diretamente, mantendo uma distância mais ou menos segura e Hero podia se recompor do golpe. Raichu não é um Pokémon tão pesado, então não causou tanto dano. Elise havia tentado utilizar do subefeito do Slam, que causa paralisia, mas não aconteceu.

— Vamos, Remy! Eu sei que você consegue! Duplo Body Slam! — Ela dizia, tentando disfarçar a frustração na voz, pra não transmitir esse mesmo sentimento pro seu Raichu. No entanto, você também percebia no Pokémon que, junto do cansaço físico e das dores que sentia, ele também estava com uma expressão de "eu não tenho chances contra esse cara". O roedor olhava pra sua treinadora e assentia com a cabeça, depois voltando a olhar pro seu oponente e se erguendo pela cauda, preparando mais um salto.


Campo: Campo de batalha padrão dos Centros Pokémon, chão de terra, totalmente plano, com as marcações da Liga Pokémon. Ao redor, alguns assentos que servem de arquibancada. O clima está normal.

O resultado já era bastante esperado, tanto por Hero, por Thomas, por Elise e por Remy. No entanto, nada de desistir. Você só é verdadeiramente derrotado quando desiste de lutar e seus dois oponentes sabiam disso, tanto a loira bonita quanto o rato loiro. Até que eles combinavam, parando pra ver. A essa altura Elise estava puxando outro cigarro do maço, pois havia ficado bastante nervosa e fumou rapidamente o anterior. Agora esse outro era pra relaxar, já que o resultado da luta seria inevitável.

Hero simplesmente fez o que devia ser feito. O gato é bastante frio então mesmo que ele tenha percebido toda essa dinâmica de frustração do outro lado, isso não tinha nada a ver com ele. Com seus poderes psíquicos, novamente, ele ergueu o rato enquanto este se apoiava em sua cauda, o colocou a mais ou menos dois metros do chão e depois simplesmente deixou ele cair. O resto, a gravidade fez o trabalho. Remy, que já estava bem debilitado, simplesmente caiu e ali mesmo ficou, nocauteado. Logo Elise o recolheu para sua Pokébola e, no microfone, a voz de Spike ecoava pela arena.

— Com isso temos nossa primeira vitória! E ela foi para Thomas, numa incrível performance com seu Espeon, derrotando os três Pokémons de Elise com apenas um! Por favor, participantes, liberem espaço na arena que a próxima luta já vai começar.

De acordo com a tabela das chaves das lutas mostradas anteriormente, logo depois da sua luta, todas as outras lutas se dariam de cima pra baixo na tabela, portanto a luta de Paula ainda demoraria um pouco, ela seria a ultima antes de você batalhar novamente. A tabela havia sido atualizada, num quadro que os organizadores do evento haviam montado. Haviam outras copias dos mesmos cartões que os competidores receberam e eles iam sendo colocados na tabela conforme os competidores correspondentes fossem avançando de fase.

Paula foi até você pra assistir as outras lutas contigo. — Thomas... Você parece bem mais forte que antes. O Hero acabou com todo mundo... Uau. — Ela havia sido descuidada, pois disse isso logo enquanto Elise passava por ali. Ela não havia reparado que a treinadora oponente estava perto e soltou um comentário que talvez pudesse magoá-la. No entanto, a loira não pareceu se abalar. Ela se sentou na arquibancada, relativamente próxima a você e largou o cigarro, pisando em cima dele depois, pois sabia que certamente iriam reclamar se ela fumasse ali. Você recebeu uma ou duas olhadas dela, mas nada além de um sorriso desconcertado.

Quando você segurou Hero e comentou que não esperava o resultado da batalha, ele simplesmente inclinou a cabeça lateralmente como se não entendesse o que você queria dizer. Depois ele começou a "se debater" e era a hora que você sabia que ele queria sair das suas mãos. Gatos sendo gatos, nunca querem um colinho. Ao deixar ele no chão novamente, ele foi te acompanhando, andando ao seu lado, as vezes passando nas suas pernas, o de sempre.

Paula simplesmente responde com um aceno positivo de cabeça e um sorriso direcionado especialmente para Hero, como se fosse uma recompensa por ele ter batalhado tão bem. Você não ganhou nada. — Hm? Ah, sim. Guardo, pode ir lá. — Ela colocava a mochila dela no assento logo ao lado do que ela iria se sentar, apesar de que a arquibancada não estava exatamente cheia, na verdade nem perto disso, então provavelmente não teria problema.

Então, conforme você ia seguindo pro Centro Pokémon, na parte de dentro, pra curar seu amigo felino, resolveu falar com Elise. Como você usou um tom como se estivesse se justificando, por ter falado "não deu tempo de falar com você", ela acabou interpretando que você se sentiu na obrigação de cumprimentar ela pós batalha. Por isso a resposta. — Relaxa, fofinho. — Ela até mesmo se aproveitava que os bancos ao lado dela estavam vazios e abria ambos os braços, apoiando-os nos encostos. — Esse é o problema de torneios abertos, sempre tem alguém mais forte. Eu vou ficar pra assistir pra ver se aprendo alguma coisa nova... Até o momento só aprendi a levar uma surra. — Ela ria em seguida, descontraída. Realmente ela não parecia estar tão frustrada agora quanto parecia durante a batalha.

Logo depois de se despedir da loira, você foi até o Centro Pokémon pra curar Hero e depois voltou pra arquibancada, se sentando ao lado de...

Elise sorriu, sabendo que você tava dizendo aquilo apenas pra tentar animar ela. Bem, ela não sabia do seu passado e, apenas com base no que você demonstrou na batalha com ela, seu comentário pareceu totalmente como algo dito apenas pra animá-la. Ela ajeitou parte do cabelo, e te respondeu, mas sem contato visual direto. — É bem comum. Bom, não me deixa te segurar aqui. — Então, uma ultima olhadela antes que você partisse. — Boa sorte, fofinho. É melhor você vencer isso, pra pelo menos eu ter perdido pro melhor daqui. — E a forma de te chamar apareceu novamente, deve ser realmente um jeito dela de tratar as pessoas. Ou não.

Depois de adentrar no Centro Pokémon de fato, você fez todos os procedimentos pra curar Hero, guardá-lo no Storage e retirar seu Breloom pra usá-lo nas batalhas, considerando que ele também precisa de treinamento. Nivelar seu time por igual é sempre uma boa ideia, portanto não era ruim trocar o Espeon pelo Breloom.

Depois disso, ao retornar para a arquibancada ao lado de Paula, passando novamente por Elise que parecia estar sempre perto, como se ela estivesse te assombrando por tê-la derrotado tão facilmente, você foi recebido por sua amiga com um olhar... Completamente fora da situação. Ela estava bem entretida com a batalha que estava acontecendo. Ainda era a batalha logo depois da sua, cartão Marrom contra cartão Azul.

— Ah, não perdeu muito. Ambos já levaram um Pokémon de cada lado. Começou com um Lairon contra um Furret. Acredita que o Furret tinha Surf? Foi muito fofo ele surfando na onda em cima do Lairon. O metálico perdeu, a treinadora do furão ficou spammando o Surf. Aí entrou esse Hitmonchan que tá agora, deu só uma bem dada no Furret e agora tem aquele Jumpluff fofo!

Depois da descrição bem empolgada de Paula sobre os detalhes da luta que você perdeu enquanto arrumava seu time, a batalha entre um treinador e uma treinadora, assim como a sua, continuou. Jumpluff usou um Cotton Guard pra aumentar sua defesa física e depois disso ficou difícil pro Hitmonchan acompanhar o dano. Tinha Synthesis e Giga Drain pra ficar enrolando, mesmo levando alguns Thunder Punch do lutador. Eventualmente, com alguns Aerial Ace, o Jumpluff levou a vitória.

O treinador, em seguida, lançou um Magcargo. Apenas um Fire Blast terminou o trabalho que o lutador havia começado. Parece que teve um pouco de sorte também, não havia sido um golpe comum, estava bem mais intenso. Por fim, pra encerrar a luta, você viu a treinadora dar um sorriso bem presunçoso e lançar um Politoed. Assim que ele entrou em campo, coincidentemente começou a chover. Ou talvez não tão coincidentemente assim, na verdade parece que o próprio sapo evocou a chuva. Apenas ao vê-lo, o treinador do Magcargo pediu pra desistir da luta, pra não levar uma surra tão feia. A partir daí, foi vitória da treinadora. Spike estava fazendo os preparativos para a próxima batalha, que seria do cartão Roxo contra o Verde

Paula observava o desenrolar da batalha com certa empolgação. Ela estava, aos poucos, se tornando uma entusiasta por batalhas Pokémon. Certamente algo aconteceu em Rustboro pra que ela se afeiçoasse com batalhas, diferentemente de antes. De toda forma, agora entravam os outros dois competidores e ela respondia sua pergunta depois de pensar por uns segundos. — Bem, eu estou bem nervosa, na verdade... Faz um tempo que eu não batalho pra competir, me mantive na escola aprendendo só a teoria e tenho pouca prática... Fico com medo de acabar me embananando... Mas acho que tá tudo bem, não precisamos pagar pra participar então não vai ser tão ruim se eu perder. Sobre o que eu vou usar... — Ela colocou a mão no queixo, pensativa. — Acho que vou com o Stephen, obvio, já que ele é o mais forte... Junto do Ryoshi e do Elon. Como eu não sei o que meu oponente vai levar... Acho que é a melhor combinação... Só espero que o Elon batalhe direito... — Paula estava balançando os pés, colocando o peito do pé como pivô no chão e levando os calcanhares pra fora e pra dentro, de ambos os pés, ao mesmo tempo. — Você tem alguma dica pra mim?

Então a batalha entre o Roxo e o Verde começou. Eram dois treinadores homens e a batalha foi intensa. Mais porque eles tinham Pokémon fortes e rápidos, então foi uma luta onde teve muita movimentação, saltos, acrobacias, velocidade e golpes intensos. Começou com um Scyther contra um Crobat. Apesar da desvantagem inicial de Scyther por conta da resistência de Crobat ao tipo inseto e poder atingi-lo com força com o tipo voador, o inseto surpreendeu a todos. Começou fazendo um Swords Dance (o que mostrava que aquele treinador estava ali por outros motivos senão o prêmio) e correndo pela arena, mas Crobat era muito mais rápido e o acertou com um Acrobatics, causando bastante dano. No entanto, ele devolveu com um Psycho Cut e com ataque fortalecido, levando o Crobat numa só. Foi estranho ter visto o Scyther atacar duas vezes seguidas, mas ao olhar mais de perto, via-se que ele portava uma Quick Claw, que acabou ativando. Um golpe de sorte.

A partir daí, foi uma surra, igual você fez com Elise. Por conta do ataque aumentado do Scyther, o Pokémon seguinte foi um pobre Kadabra, que foi bem recebido com um Fury Cutter, logo devolvendo com um Toxic, sabendo que não duraria muito contra o inseto, resolveu apenas queimá-lo. O treinador do Kadabra tentou dar stall com Recover mas o dano do segundo Fury Cutter aumentou drasticamente, fazendo o Kadabra ir de Pokébola.

Pra finalizar, aquele Scyther durão teve que enfrentar um Lanturn. O Fury Cutter já estava bem acumulado, então ele deu um golpe poderosíssimo, mas o peixe elétrico resistiu e ainda ficou de pé, desferindo um Discharge. Mesmo assim, o Scyther não caiu. Então, em seguida, outro Fury Cutter, terminando com a batalha. Apesar de ter sido uma surra de um contra três, não foi tão facil pro inseto quanto foi pro seu Espeon.

Paula ficava um pouco atônita com essa batalha e começava a ficar ainda mais nervosa, pois ela era a próxima. — Torneios abertos são... Assustadores...