Re: (021) — Midnight Rain

por **Karinna** Sáb 17 Dez 2022, 10:36

Midnight Rain

Acho meio difícil dizer exatamente o que aconteceu naqueles poucos segundos que sucederam a primeira cruzada de olhares. Como minhas suspeitas confirmaram, aquele era Kyle. Última vez que nos vimos faz tanto, tanto tempo, que tinha até esquecido o porquê de termos nos afastado. Não que ele não tenha feito questão de me lembrar em pouquíssimos segundos, né? Primeira coisa que vi foi o pequeno furto que causou toda comoção que veio depois.

Veja bem, hoje, eu também sou uma criminosa. Roubo, furto, assassinato, praticamente quebro todas as leis que gerem esse universo que vivemos, mas na época, eu não era assim. Apesar dos apesares, eu andava bem na linha, até porque uma criança/adolescente pobre já é o foco das autoridades sempre, né? Imagina se eu fizesse merda a torto e a direito igual a ele. Hoje, se você acha que eu entendo o porquê dele ser assim, não se engane: com todos os privilégios que ele teve a vida inteira, não entra na minha cabeça a necessidade de ser assim. Você acha que se eu tivesse tido as mesmas oportunidades, uma família amorosa (o que eu tive, mas, né?), todo incentivo possível e dinheiro a rodo enquanto crescia, hoje seria uma Rocket?

Não tem como saber, eu acho. Mas apesar de sermos agora "colegas de profissão", não consigo deixar esse pensamento negativo de lado. Sei lá, são muitas coisas para poucos segundos que Kyle me viu, se assustou, passou correndo por mim e saiu voado.

Será que eu devo ir atrás? Mas por qual motivo? Não é melhor deixar pra lá?

... Não. Sou curiosa demais para saber como andam as coisas.

— Ky- — engasguei enquanto observava tudo acontecer diante dos meus olhos; precisava pensar no que fazer para ir atrás dele e COMO — V-VAMOS IVY! — dei um porradão na mesa para fazer a dragoa acordar; não era exatamente o que eu queria, coitada, mas a situação pede pressa ou posso perdê-lo de vista — PODE DEIXAR MOÇO EU SOU UMA RANGER VOU PROTEGER SEU ESTABELECIMENTO — voltei meu olhar para o dono do estabelecimento, fazendo uma pose militar que já vi em vários filmes; dei uma risada pensando que deve ser assim que Daisuke e Tyrant fazem quando tão lá treinando pegando Meowth em cima de árvores — Segue aquele cara!

E agora, deixo nas suas mãos, destino. Se Ivy será capaz de fazer isso, com a pancinha cheia de comida, em tempo hábil para seguí-lo, fica a seu critério. Melhor jogar pro universo, né? O que quer que seja, será.

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Mu Island City

por **Victoria** Seg 19 Dez 2022, 12:13

Num grito que assustou Ivy, Kyle, o vendedor e a escritora, Karinna levantou de vez e anunciou ser uma Ranger. Tenho certeza que pronunciar tais palavras lhe dera um bug que durou alguns instantes, mas o efeito que isto causou em Ivy foi muito mais... esquisito, digamos assim. Ivy ouviu aquilo meio sonolenta, pensando por um segundo que estava num sonho estranho. Por isso, olhou em volta e tentou localizar o cenário. Neste meio tempo, Karinna já havia começado a correr e, logo atrás dela, o vendedor:
- OBRIGADO! - Disse o homem, que apesar de agradecer, não parou de correr atrás - VAMOS PEGAR ESSE MULEQUE - Com o dito, ele confirmou que iria junto da "Ranger" fazer esta perseguição.

Até Ivy perceber que deveria se mover atrás de sua treinadora - sendo sonho ou não -, Karinna já estava a uns 100 metros de distância. Ali, ela levantou um tico e começou a caminhar com seus pézinhos tímidos e sonolentos, dando passinhos muito semelhantes a de criancinhas barrigudas e novas: passinhos tímidos, curtinhos, rápidos e escorregadios.

Assim, com o bucho bem avançado à frente, a Dragonite nunca alcançaria os coadjuvantes do seu sonho. Percebendo que estava para trás em seu próprio-delírio, esfregou as mãozinhas no rosto e deu dois tapinhas de leve . Parou por um instante e começou a organizar seus passos como deveriam ser; sua postura voltou ao normal e ela começou a, finalmente, correr.

Ainda assim Karinna, o vendedor e Kyle a deixaram muito para trás. Quando viu que demoraria muito chegar perto no trânsito normal, apreçou-se mais um tanto.

A essa altura, todos os personagens já haviam saído da rua-do-festival-de-comida. Eles? Alcançaram uma praça tão vazia quanto o cenário de outrora. Ivy? Ficava para trás. Ainda que fosse rápida, os carros estavam na sua frente, as crianças também... havia obstáculos demais. Quando percebeu que correr direito não seria suficiente para alcançá-los no mar de obstáculos, alçou um vôo baixo, apenas se levantando do chão, e lançou-se em direção à confusão com um Extreme Speed.

Como diria o golpe, com extrema velocidade, ela chegou ali. O que lhe parou foi um inevitável impacto que não poderia faltar. A dúvida é, em que Ivy optaria por colidir? Óbvio: no ladrão. Se neste delírio Karinna é uma Ranger, ela deve fazer tudo para lhe ajudar, não é?! Sendo assim, mirou o fim do Extreme Speed em Kyle, acertando-o com força e o arremessando em direção a um carro, amassando-o por completo.

Neste instante, o vendedor parou de correr de imediato. Seus olhos foram para a cena-de-força-bruta e por um instante ele pensou "pobre rapaz!", porém sua empatia fora embora assim que viu um colar de ouro escorrer pelas mãozocas machucadas do rapaz. O homem então pegou o colar, proferiu alguns xingamentos e saiu da cena.

Kyle? Gemendo, semi-inconsciente e amassado contra um Fiesta preto qualquer, estacionado na rua, que tinha seu alarme tocando alto e em bom som.

PROGRESSO:

por **Karinna** Seg 19 Dez 2022, 16:22

Midnight Rain

Não sou uma mentirosa compulsória, acredito que sequer minto muitas vezes — fora de missões, claro — mas na minha cabeça, a única forma de não chamar tanta atenção assim indo atrás do ladrão era falar que eu era uma Ranger. Afinal, por que diabos uma garota correria atrás de um LADRÃO que roubou uma loja aleatório de uma cidade que sequer faz parte? Se tem algo que a Equipe Rocket me ensinou é que às vezes é necessário pensar adiante.

Espero não estar errada, né.

— IVY! — no mesmo ritmo que corria, olhava as vezes para trás para apressar a dragoa — VEM, VEM, VEM!

Só consigo imaginar a cabeça das pessoas vendo essa cena acontecendo diante de seus olhos. Mu Island não é lá uma cidade muito convidativa ou com criminalidade baixa, então, deve ser algo normal para os locais, mas ainda assim... Uma cena de perseguição é uma cena de perseguição. Muitas das vezes as pessoas nem ficam preocupadas, mas curiosas. Precisava bolar um plano para quando conseguir alcançá-lo e que-

... Ah, não.

— Puta que pariu. — tive que xingar entre os dentes, levando ambas as mãos a boca quando percebi que havia acontecido — ... Ivy. — respirei fundo, correndo na direção de Kyle, que agora jazia no chão depois do grande impacto — Vai dar merda isso aqui. — mais uma vez falei entre os dentes, já sinalizando com as mãos para que a dragoa pegasse o garoto no colo — ... TÁ TUDO BEM, VAMOS CUIDAR DO CASO! PODE DISPERSAR!

A última frase, em voz bem alta e projetada, foi dita para todos os curiosos de plantão, incluindo o pobre dono do carro amassado. A necessidade de VAZAR dali com Kyle o mais rápido possível era absurda -- não só para ele, mas para mim também, que fingia ser uma Ranger e machuquei o garoto. Quer dizer, não machuquei mas Ivy é minhas responsabilidade, né?

— Vamos, filha. Precisamos achar um lugar distante dos olhares curiosos, vazio e que dê algum conforto a ele, coitado. — cutuquei o rosto do ex-atleta para ver se respondia — Isso se ele tiver vivo, né. Vambora. Me pega e vamos vazar.

Agora era só encontrar um bom lugar.

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Mu Island City

por **Victoria** Qua 21 Dez 2022, 12:30

OFF: VAMO POSTÁ? HOJE TO LIVRE.

Estardalhaço! Nada, absolutamente nada, chama mais abutre do que uma boa mídia. Inclusive, Karinna podia ter ido por esse viés; fingido ser uma youtuber ou blogueira perdida filmando o caso. Se isso fosse meio "geração Z" demais, poderia ainda fingir que era repórter, tendo paz com o millennials dentro de nós dois.

Como o recorte de idade daqui é muito mais baseado no desejo-de-ser-alguém (Ash, a culpa disso é sua), nossa moçoila foi direto a ideia que estava mais habituada: gritou que era Ranger. Claro que isso trazia algumas implicações; a principal dela era a criminalidade da ação. Quando Ivy fez a pior das escolhas ao achar que aquilo era um sonho, isso veio a tona.

E Karinna, como uma mulher esperta que é, percebeu o deslize de imediato.

Uma outra serzinha muito esperta que percebeu o deslize de imediato foi a Dragonite, que logo após o impacto contra o carro e o ser humano, percebeu inevitavelmente que estava no mundo real. As várias pessoas a sua volta lhe deram certeza: não entendia muito bem do mundo para saber como urubus-humanos funcionam, por não saber disso, acreditou que dificilmente eles iriam fazer parte do seu sonho.

Quando está na cidade grande, Ivy ainda fica um pouco confusa. 99% das coisas que acontecem ao seu redor são novas ou desconhecidas, por isso projetar uma cidade-dos-sonhos onde coisas completamente absurdas (para ela) acontecem é algo incabível. Em seu sonho, as cidades irão parecer mais como o Dragon Den, que é a realidade que ela está habituada. Normalmente, os maiores desafios são pokémons grandes e fortes, perdas de amigos, treinadores malignos, extrativismo e outras ações humanas.

Curiosos se aproximando para filmá-la em seu Rotom Phone e fazendo burburinhos aterrorizantes? Isso era surreal demais para um sonho de uma Dragonite, tal qual você, Karinna, sonhar que está num ritual religioso em Kaaba, de turbante, mesmo não existindo tais concepções no nosso mundo pokémon ocidentalizado.

Ta bom, parei de enrolar. Desculpa.

Fato é que o tanto de câmera apontada para Ivy lhe provou que aquilo era humano-demais para ser um sonho. O impacto contra o Fiesta Preto teve o mesmo impacto. O grito de Karinna e sua "encenação", por outro lado, ainda pintava uma imagem divertida e onírica para a Dragonite, mas ela já havia entendido o recado: precisava tirá-los de lá.

Tão rápido quanto o Extreme Speed, a dragoa pegou o homem com o punho e arrancou-o do meio das ferragens, deixando que tomasse três ou quatro arranhões mais profundos, mas sem lhe arrancar nenhum pedaço. Ali, posicionou-o enrolado a cauda e deixou que sua treinadora subisse em sua sela. Em instantes, voou para o alto e sumiu de cena, dando tempo para que Karinna pensasse em algo.

Instantes antes de alçar vôo, o Kyle - um bocado alucinado entre a inconsciência confortável e a consciência dolorida - imitou um barulho anasalado de sirene, que perdurou até chegar ao alto. Deu um risinho completamente alucinado e parou por ai, adormecendo de vez.

Karinna podia escolher QUALQUER LUGAR para se abrigar. Com as características que quisesse. A única limitação era sua velocidade de raciocínio para achar um lugar perfeito para o que a situação demanda.

PROGRESSO:

por **Karinna** Qua 21 Dez 2022, 13:28

Off escreveu:VAMO

Midnight Rain

Minha maior preocupação era a vida do garoto. Tudo bem que não via Kyle há uma eternidade, mas ainda assim não queria que ele morresse, né? Principalmente pelas minhas mãos — ou melhor, pelas mãos de Ivy com sua cara toda amassada de sono e um possível delírio. Inclusive, acho que toda a comoção que nos cercava naquele acidente era perigosa: não só pelos curiosos que filmavam a cena como também pelas autoridades que poderiam vir atrás de mim. Ser low-profile é quase uma obrigação de todo mundo que faz parte da Equipe Rocket, já que ser exposto dessa maneira pode trazer consequências bem severas. E não tô afim de ter dor de cabeça.

O jeito é torcer para não ser identificada, né?

Pois bem. Kyle retirado do meio dos escombros, Ivy acordada, eu desesperada... Precisava colocar a cabeça no lugar. Se há alguns minutos eu estava afundada numa depressão interminável, agora o desejo repentino de NÃO ME FUDER tomava totalmente conta do meu consciente. Eu sei que já matei algumas ~~várias~~ pessoas durante a minha vida, mas nunca sem querer, porra.

— Aguenta firme. — olhei para trás algumas vezes para checá-lo enquanto procurava algum lugar para descer — Alguma dessas coberturas, filha. Que pareça estar vazia e sem o olhar de gente curiosa. Preciso ajeitar esses arranhões com algumas gazes e álcool que tenho aqui.

Era o jeito, né? Pensei até em se enfiar em alguma floresta ou algo do tipo mas sempre tem algum curioso passeando por elas... E eu não posso arriscar que alguém me veja. O último andar de um prédio, sem muito acesso e com uma cobertura decente talvez dê para o gasto e seja o suficiente para eu ver se Kyle continua vivo e cuidar dos ferimentos. Sorte que tenho uma garrafa d'água e algumas coisinhas comigo já que vivo me arrebentando de tanto socar os outros.

Espero ser suficiente.

— Desculpa te enfiar nessa confusão toda, filha. — acariciei o focinho da dragoa, algo que ela ama de paixão — Sei que cê só queria comer suas coisinhas e descansar. Prometo que vamos dar um passeio decente depois disso tudo.

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Mu Island City

por **Victoria** Qua 21 Dez 2022, 14:54

Uma ótima escolha: além de invisível, caso alguém mais esperto tenha lhe visto ir até lá, não há divulgação que permita encher o lugar de gente. Para subir até a cobertura de um prédio você só tem duas opções: ou um pokémon voador, ou passar pela portaria.

O primeiro não é tão fácil aos moradores de Mu Island, já que os Taillows (e outros pássaros bons para vôo) evitam essa área pelo excesso de pombos e poluição.

O segundo? Mais difícil ainda.

De qualquer forma, lá estava Karinna, numa cobertura ordinária: vazia, cinza, meio suja e, é claro, reservada. Parou com Ivy por ali, que pôs (sem tanto cuidado) Kyle no chão e viu o garoto se desenrolar de seu rabo aos poucos, logo logo tomando para si a opção de bruços. Com isso, foi possível ver a maior parte de seus arranhões causados pelos escombros, podendo tratar com um pouco mais de cuidado.

Sua camisa? Em trapos e ensanguentada. Logo o sangue escorreu um pouco para o chão e coloriu um pouco a cena de vermelho. Um farrapo ou outro da roupa dele também caiu por ali e por aqui. Os cabelos não estavam só desgrenhados, como também soltos do couro cabeludo em algumas partes, graças ao vidro cortante do Fiesta Preto.

Era possível ver falhas, hematomas e cortes. Os piores cortes (causados pela forma abrupta que Ivy lhe tirou do entulho) era no braço esquerdo, acima do cotovelo, no calcanhar, na nuca e na lombar, próximo do fechamento das costelas. Depois de tratado, seria um pouco difícil virá-lo por espontânea vontade, mas se fizesse a força, veria um bocado de machucados mais sérios na região do tórax, que foi onde o maior impacto com Ivy ocorreu.

A drago bateu com ele pelo lado, pegando um bocado da frente também. As costelas do lado esquerdo, se apalpadas, denunciariam ao menos quatro grandes fraturas. O homem não estava para morrer, mas bem certamente não estava. Dependendo do tipo de cuidado, será que conseguiria, ao menos, falar? Kyle parecia um homem experiente neste "tipo" de situação. Ao examinar sua pele, Karinna achou um bocado de cicatrizes em vários lugares, então (talvez) ele soubesse como proceder se acordasse.

PROGRESSO:

[/quote]

por **Karinna** Qua 21 Dez 2022, 16:39

Midnight Rain

Caralho, caralho, caralho, caRALHO! Eu nunca cuidei de alguém tão fudido desse jeito e nunca achei que fosse cuidar, bicho. Hematoma, cortes, sangramentos, Kyle tava já na capa do Batman e eu não tenho ideia de como fazer para curá-lo por algo que a minha própria Pokémon fez.

Meu desespero tá tão grande que nem expliquei como eu desci até a cobertura, né? Pois vamos lá.

Não demorou muito para encontrar uma vazia, inclusive. Apesar de insalubre, uma das mais altas parecia deserta, o que já era um ponto bem positivo. Sinalizei para Ivy descer e, toda destrambelhada, largou o moreno de qualquer jeito no chão. No mesmo pique, corri para encontrar uma parede para eu me encostar, vim puxando ele (com toda dificuldade do mundo, não tenho muita força ok tenho só 1,75cm e 55kg, esse ser etéreo que me observa sabe bem do que tô falando) e deitei sua cabeça no meu colo. Larguei a bolsa no chão, peguei as gazes, o álcool e comecei a limpar alguns dos ferimentos. Com sorte, não haveria nada ali que precisava de pontos ou um cuidado mais minucioso.

— Acorda, homem do céu. Não dá pra você morrer desse jeito, não. — respirei fundo, terminando de limpar o rosto dele e seu couro cabeludo; sinalizei para que Ivy sentasse ao meu lado e eu pudesse apoiar a cabeça dele nela, já que eu precisaria me mexer para cuidar do resto do corpo — Ivy ainda é um bebê, ela não tem noção da força gigantesca que ela tem. — agora virei para cuidar do seu tronco; a camisa toda rasgada poderia ser facilmente descartada, já que além de atrapalhar poderia esconder algum hematoma; assim o fiz, abrindo-a no meio por um dos maiores rasgos, tornando-a quase um jaleco aberto maltrapilho — Ca-ra-lho. — suspirei, levando ambas as mãos até as madeixas e prendendo-as em um coque apertado outra vez; se a corrida já não tinha desfeito ele, a viagem de vôo o faria — Tá, com cuidado, Karinna. — falei para mim mesma, posicionando uma das gazes sobre os cortes acima do braço esquerdo — Com sorte isso vai estancar um pouco. Que merda.

Não sabia a quem recorrer. Nem sabia como. Eu não tenho treinamento de primeiros socorros: tudo que sei foi vendo em filmes, em séries ou por intuição. Daisuke poderia me ajudar, mas não me responde, então, deve estar ocupado. Natalie sabe menos que eu, mas... Talvez possa me ajudar. Posso ligar pro Tyrant também, né? Não sei. Não sei. O pior que esse garoto pode morrer aqui e de forma totalmente acidental. Sei que tive minhas diferenças com ele no passado, mas, caralho... É diferente. Presenciei coisas desse tipo tantas vezes mas quando é alguém """"próximo""" (entre muitas aspas), fica foda.

— Aguenta aí... Vai dar tudo certo. — com uma das mãos limpando a região da lombar de Kyle, peguei meu PokéNav e deixei-o cair sem querer em cima da poça de sangue — Merda, merda. — peguei o aparelho com cuidado, abrindo-o de leve para fazer uma ligação de vídeo para Natalie — Fora de área?

Para Natalie escreveu:
@Shianny

Trim, trim, trim, trim.

Sua chamada está sendo encaminhada para caixa postal e estará sujeita a cobrança após o si-

— Puta que pariu. — suspirei, levando as costas da mão direita até a testa e sujando-a de leve com sangue — Talvez o Simba.

Para Daisuke escreveu:
@Cunha

Trim, trim, trim, trim.

Sua chamada está sendo encaminhada para caixa postal e estará sujeita a cobrança ap-

— Tyrant e Karen. Minhas últimas esperanças.

Para Tyrant & Karen escreveu:
@Tyrant
@Food

Trim, trim, trim, trim.

Sua chamada está sendo encaminhada para caixa postal e estar-

A essa altura eu só peguei o PokéNav e zuni longe de mim, com raiva. PORRA, TÁ TODO MUNDO PRESO EM SEI LÁ UM PESADELO JUNTO? NÃO É POSSÍVEL. Eu poderia também ligar para Winnie, minha nova colega, mas seria estranho demais, né? Poderia também ligar para os outros membros da minha sociedade, como a Artemísia e o Thomas, mas eles já me zoam o suficiente que me meto em encrencas a troco de nada. Shion estava com Daisuke, então, capaz de não responder também.

Puta que pariu. Mais uma vez, era melhor eu ter ficado quieta dentro do meu quarto.

— Acorda, Kyle. Esse monte de cicatrizes aqui... — dava para ver de longe algumas de tão profundas — Você vai saber melhor do que eu o que fazer.

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Mu Island City

por **Victoria** Qua 21 Dez 2022, 19:20

Desesperada, a moça tentou um bocado de gente que não podia lhe responder. A tática mais assertiva seria tentar a Winnie, até porque, euzinha posso responder por ela, mas Karinna não tentou, mas convenhamos, Winnie nunca precisou mais que o básico. Uma outra boa tentativa era pegar o PokeNav que jogou longe e usar o Pookle para tirar sua dúvida...
... se tivesse uma Alexa acoplada nele, era só porguntar.

Enfim, muitas e muitas formas de descobrir como fazer o socorro básico daquele garoto, mas nenhuma iria lhe responder o necessário: o básico é suficiente? Essa pergunta podia ser induzida pelas pequenas informações que darei agora.

Primeiro: o menino respirava em fluxo normal. Não havia tosse ou sintomas respiratório graves. Apesar de gemer intensamente de dor no lado esquerdo do corpo, quando tinha uma consciência rasa, conseguia levar ambas as mãos para o local da dor, mostrando que eles estava com a estrutura óssea ainda no lugar, tornando-o móvel e articulado como deveria ser. Um segundo ponto importante é que, apesar do impacto, não perdeu a consciência por completo, e não havia sinais de traumatismos na cabeça.

Os arranhões, que podiam ser os mais sérios, tinham um fluxo de sangue diminuído a medida que as gases "enxugavam" ele. Isso podia indicar que eram possíveis de coagulação normal. Parariam naquela manhã? Não, porém logo mais ou logo menos parariam. Não dava para dizer que o menino estava bem, na verdade, o pior de tudo era a maldita dor.

Qualquer coisa doía. Qualquer movimento. Colocá-lo sentado aliviou um pouco a pressão na cavidade torácica, já que conseguiu respirar melhor e distender o diafragma em direção a barrica, mas ainda era muito indolor. Toda a vez que pendia para frente e para trás se sentia horrível e, numa dessas pontadas horrorosas, ele gemia e perdia a consciência.

Por isso era difícil deixá-lo acordado: a dor era demais para sofrer em realidade. Entrara num estado hipnótico apenas para fugir da dor. Mais cedo ou mais tarde acordaria, mas entre tapinhas e chamados de Karinna, mexeu-se um pouco e deixou cair de sua bermuda um pequeno estojinho (preto e retangular, além de fino) e um celular.

PROGRESSO:

por **Karinna** Qua 21 Dez 2022, 21:05

Midnight Rain

Conseguia sentir minha cabeça começar a latejar de tanta força que estava fazendo para raciocinar. As gases pareciam ser suficientes, mas será que bastavam? Será que eu tava piorando a situação? E se ele tivesse sangramento interno e eu não tivesse como resolver?

Muitas perguntas pra pouca cabeça e raciocínio.

Kyle não me respondia. Talvez por meio de espasmos ou repentinos lapsos de consciência, mas nada que poderia me ajudar ou compreender com minha mente toda perturbada. Respirei fundo uma vez. Duas. Três. Isso enquanto tentava acalmar minha cabeça para pensar, raciocinar que nem gente.

— Que... Merda.

Percebi, então, em meio uma das minhas tentativas de respirar fundo, um estojinho e um celular deslizando de sua bermuda. Meio atrapalhada, peguei o estojo para ver seu conteúdo. Inclusive, engatinhei até meu PokéNav para recuperá-lo: se houvesse algo nos pertences de Kyle que não sei exatamente como usar mas que servia para a situação, não hesitaria em usar. Por outro lado, peguei o celular do moreno para ver se havia alguma coisa, talvez um diário, umas notas de sobrevivência, qualquer coisa. Com ele semi-consciente, se o celular tivesse bloqueio por digital ou por face-id, seria bem fácil desbloquear.

— Filha, dá uma olhadinha aqui na cobertura e vê se você acha um pouquinho mais de água. — olhei ao redor procurando uma bica; toda cobertura tem, então, deve ser fácil encontrar — Toma aqui essa minha blusa, molha e traz de volta. Vou colocar na testa dele. — voltei minha atenção para Kyle, aproximando um pouco meu ouvido do seu nariz — Pelo menos cê tá respirando bem... Poderia ser pior.

Poderia ter sido beeeem pior.

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Mu Island City

por **Victoria** Qua 21 Dez 2022, 22:46

OFF: Post pequeno porque acho que não tem muito o que falar Q vou acabar falando demais se escrever demais.

Do alto de um arranha-céu, já com a cabeça latejando de pensar e o estômago prestes a roncar de fome, Karinna fez uma nova jogada: tomou para si seu PokeNav, o celular de Kyle e o estojo preto que tinha consigo. Não sei te dizer a ordem em que investigou estes itens, mas o primeiro que direi aqui será o celular.

Ele não tinha Face ID, muito menos uma abertura por digital: a única forma de acessá-lo era uma senha de quatro dígitos, podendo ser apenas letras ou apenas números; nunca os dois. Mais de cinco erros iria bloqueá-lo, necessitando de alguns documentos pessoais e respostas mais complexas para liberá-lo novamente.

O estojo, quando aberto, talvez tenha pego Karinna de surpresa. Não tinha nada além de um cigarro de maconha e um isqueiro vermelho, com um adesivo de Growlithe reutilizado, que claramente havia sido passado de um canto para o outro e estava bastante desgastado. Provavelmente o ganhara de uma moça que gostava e que trabalhava com ele no abrigo-pokémon, e o mantivera até hoje. Passou o adesivo do seu guarda-roupa para seu primeiro isqueiro. Com ajuda de colas, passou para o segundo. Numa sétima vez, acabou rasgando um pouco o artefato.

Depois de tantos isqueiros, tantas colas e tantas salivas, talvez Karinna não reconhecesse o Growlithe na imagem, mas ele estava ali e (talvez) tenha sido um adesivo que tirara de seu caderno um dia e tivesse dado a ele.

PROGRESSO:

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