~ O que é uma Aventura? |02| ~

A medida que o anoitecer avançava, a atividade de fim de tarde começava a findar. Até então, berta tinha estado circulando entre os artistas, observando as obras e fazendo apontamentos assim como com Leander. Os netos dela estavam fazendo um bom trabalho também, até onde se pode notar, afinal de contas arte é arte, só não será boa se não atender a algum critério pré estabelecido e, bem, aqui não havia critério.

A pintura de Tom era um clássico horizonte urbano, neste caso o da própria Hearthome pois o Contest Hall da cidade tinha uma arquitetura única em contraste com os azulados do céu que ele tentou reproduzir. Por falar em arquitetura, muito da pintura era uma brincadeira entre os tons acizentados da selva de concreto contra o celeste pleno do céu atrás. Por isso nem todo prédio era realmente fiel a um que existisse na vida real - exceto o Hall -, sendo em sua maioria firmes pinceladas cinza de cima a baixo no quadro.

Tim por sua vez foi bem mais prático e objetivo em seu desenho. O quadro tinha sido tomado por verde grama e Kricketot havia usado as antenas para simular alguma textura. Mas ao centro do quadro estava o foco do desenho: Kricketot. Sim, o garotinho tinha pintado o próprio Pokémon em 2D. Claro, os traços não tinham firmeza, as cores eram alguns tons a mais ou a menos, e a tinta escorria em alguns pontos, mas o conceito era facilmente compreensível ali.

– Maravilha, crianças! Muito bem, muito bem. Acho que por hoje basta, não é?! Que tal recolhermos tudo antes que escureça de vez e a gente perca um ou dois pincéis de vista, hein?! – Berta propunha enquanto ela mesma começava a recolher alguns dos objetos menores e os colocar em caixinhas – Deixem os quadros por último, pra dar tempo de secar. – recomendou no final.

Total: 1 de 2.

Valeu! Desejo o mesmo ^^
Realmente o Kyogre fez uma visitinha por aqui e deixou um rastro!

Hearthome – Tarde | 25ºC – Leander

Os outros garotos aceitavam os comentários e retribuíam com elogios às pinturas de Leander. Tom ficava um pouco encabulado ao se dar conta do cinza predominante e fazia uma promessa pessoal de tentar ter novas inspirações. Já o jovem Tim era, felizmente, uma criança muito natural e por isso não deixava de dizer que achava esquisito os quadros mais abstratos dos Ottocard, o que arrancou alguns risos e um compromisso, dessa vez da avó, de futuramente ensiná-lo sobre outros estilos artísticos e toda subjetividade inerente.

Com isso a arrumação final podia começar e continuar. Os Pokémon participavam à sua maneira, com Timburr fazendo o trabalho pesado e Kricketot dividindo alguns afazeres com Tim. Starly parecia ele próprio um capitão, por um instante, saltitando pela grama aparada, ciscando e bicando o chão sempre que encontrava um item disperso. Shellos encontraria diversão na limpeza, principalmente na parte de repor os potinhos de água usados para lavar os pincéis. Notredam por sua vez fazia o que tinha sido instruído, usando seus poderes psíquicos para erguer coisas e seu corpo flutuante para transportar outras.

Em algum momento aleatório mais pro fim da arrumação, todo mundo estava dentro da casa, uns bebendo água e comendo salgadinhos ou bolachas, outros organizando os itens no andar de cima, coisas bem comuns do tipo, em meio a conversas e risos. Então chegou a hora de voltar ao quintal para recolher os quadros, julgando que as tintas tinham secado e...

Tinham mesmo. Praticamente todos os quadros estavam prontos para serem recolhidos, exceto um dos de Leander! Sim, o segundo que foi finalizado cedo. Nele, os traços feitos pela equipe já estavam bem secos, mas havia algo mais agora. Em algumas partes que não foram pintadas e tinham ficado em branco havia agora alguns respingos de tinta roxa, parte deles até escorrendo. Eram tão pequenos quanto grãos de feijão, mas estavam lá. E sim, era tinta mesmo, apesar de todas terem sido recolhidas - ou assim achavam.

– Mas o que...? Quem poderia...? – Berta e os netos apertavam os olhos pelo quintal, a procura de quem tenha feito aquela travessura sem ser convidado – Além de ter mexido sem vermos, pelo visto também pegou tinta sem ninguém perceber! – nenhum sinal de criatura era visto e as únicas outras coisas vivas que se mexiam eram os arbustos e árvores, com o vento. Apesar de que um arbusto em particular, no fim do quintal, vibrava fora do ritmo dos demais e com um pouco mais de vigor. Notredam, inclusive, não tirava os olhos de lá – Bem, recolham os outros quadros e deixem estes na cozinha até que sequem. Sinto muito, querido. Espero que não fique triste com o acidente... – ela tentava amenizar.

Total: 1 de 2.

Hearthome – Tarde | 25ºC – Leander

Leander conseguia perceber que seus Pokémon pareciam de algum modo mais vigorosos e "firmes". Digo, no sentido de estarem um pouco menos erráticos e frágeis em seus movimentos, principalmente Starly e Shellos que tinham uma complexidade maior de movimentos para serem observados, além de que estavam com o rapaz a bem menos tempo e por isso era mais fácil notar algumas diferenças.

Enfim, todos se apressaram em tirar os quadros do quintal, enquanto Starly aprumava o peito e enrijecia a expressão, caminhando de um lado para o outro ao redor dos cavaletes fazendo aquilo que Leander o tinha designado a fazer que era montar guarda para evitar novos ataques às obras. Até Timburr vinha lhe fazer companhia com uma pose séria e mal encarada, agitando seu tronco como se quisesse acertar um inimigo que sequer viam.

A ação mesmo estaria ali pelos arredores do quintal na parte de bosque onde a escuridão da noite já havia tocado naquele fim de tarde. Não tinha erro sobre o arbusto mais agitado esconder um meliante, pelo menos até que o jovem Ottocard se aproximasse dele com uma leve intimidação. Daí o arbusto parou de agitar por uma fração de segundos, gargalhou - sim, o arbusto gargalhou em um tom etéreo - e de lá um vulto rápido e escuro saltou para cima, indo se esconder na copa da árvore cujos ramos se estendia acima da cabeça de Leander.

O movimento foi tão inesperado e rápido que pegou Shellos de surpresa e a fez saltar para cima da cabeça do rapaz, no impulso lançando uma pelota de lama que, sem alvo, se esparramou adiante, no tronco da mesma árvore. Podia ter facilmente acertado a criatura que a assustou, mas não o fez.

Agora lá no alto, nas sombras da árvore, um par de largos olhos amarelos encaravam o trio embaixo. Acima dos olhos havia uma fileira peculiar de esferas avermelhadas que, daquele ângulo, pareciam uma coroa de pérolas vermelhas e fantasmagoricamente brilhantes. O riso também estava lá e era pura travessura e provocação.

Total: 2 de 2.

Treino escreveu:

> Fim do treino "Fazendo arte", 2 ciclos;
> Bronzor recebeu 844 de Exp, subindo para o Lv. 12 [211/339], +3 de happiness [15]
- Aprendeu Imprison
+8 pontos em Atk
> Starly recebeu 656 de Exp, subindo para o Lv. 10 [238/239], +3 de happiness [9]
- Aprendeu Wing Attack
+8 pontos em Sp.Def
> Shellos recebeu 938 de Exp, subindo para o Lv. 13 [75/403], +3 de happiness [13]
+8 pontos em Def

Hearthome – Tarde | 25ºC – Leander

Definitivamente a relação entre a fantasma e Leander se construía na base dos sustos, pois pela segunda vez no mesmo dia a criatura travessa na árvore tinha feito o rapaz cair no chão, agora com um pouco mais de intensidade do que antes, mas igualmente com um forte potencial para dores e hematomas no dia seguinte.

Tom veio depressa acudir Leander quando ele e a vó viram se desenrolar (e rolar) lá da porta dos fundos, de onde estiveram observando tudo. Por mais que o Ottocard tivesse garantido ao outro jovem que estava bem, Tom não se afastava muito pelo receio de que mais pudesse vir daquele reencontro inesperado.

Digo, reencontro porque, sim, os palpites de Leander estavam certos ao acusar a responsável da travessura de ser uma Misdreavus, e a fantasma em si se mostraria depois de ser denunciada. Descia da árvore devagar, ainda rindo, e mostrando que estava de cabeça para baixo, por isso o colar causava a impressão de ser uma tiara, enquanto os tentáculos do corpo se confundiam com os da cabeça e vice-versa. O olhar da fantasma era de diversão e triunfo, já que o rapaz reconhecia o sucesso dela em lhe respondido com um truque a altura.

Então Misdreavus ficava ali, parada, olhando do rosto descabelado e ofegante de Leander para as mãos que seguravam Shellos. Dava para ver que não era Shellos em si que ela olhava, mas sim os dedos do rapaz, algo que funcionava como comprovação da segunda parte do palpite dele de que era a mesma fantasma que encontraram mais cedo.

Apesar do reencontro ter sido bem sucedido, Misdreavus permanecia lá, flutuando com um sorrisinho no rosto, como se esperasse mais alguma coisa. Nesse meio tempo, Starly já se apresentava ofegando aos pés do treinador, preocupado com o susto, e Notredam também estava ali por perto.

Hearthome – Tarde | 25ºC – Leander

Misdreavus observava com uma ligeira ansiedade, mas Leander num primeiro momento dava-lhe um pequeno sermão com um toque de conselho. Algo que fazia a energia da fantasma dar uma leve diminuída, pois obviamente não era acostumada a receber um tratamento mais ameno por parte dos humanos.

O clima voltou ao tom de travessura quando Misdreavus foi questionada sobre a tinta e isso ela entendeu muito bem. Gargalhou do seu jeito travesso e mergulhou no arbusto onde estivera minutos antes. Em instantes saiu de lá segurando o potinho de tinta que havia furtado enquanto todos estavam distraídos. Misdreavus então enfiou um dos "tentáculos" na tinta novamente e se aproximou um pouco mais de Leander e seu grupo, agitando à frente a tinta como um convite para que ela pudesse espirrá-la nele.

Shellos era a mais receptiva à uma brincadeira em potencial, não vendo ameaça na fantasma. Starly, por outro lado, inflava o peito em oposição e Notredam recuava uns centímetros, novamente evitando sujeira.

Hearthome – Tarde | 25ºC – Leander