Poni is the new Ilhas Laranjas

A comida chegou e, como cozinhar é algo tão tradicional na minha família, a primeira coisa que percebi era a organização do prato. Moranga pequena, camarões grandes, quase que cobrindo toda a extensão horizontal da fruta; arranjamento proporcional até demais. Encarei a simples comida dos demais e não opinei, até porque, não entendo bulhufas da comida gourmet dos pokemons, porém a minha, vasculhei parte por parte para só então desmontá-la e colocar um pequeno crustáceo na boca. Fiz e, antes mesmo que pudesse saborear na íntegra a comida, a tal garçonete voltava a minha mesa e chamava minha atenção; acelerei o mastigar e o engolir, para então ter a boca livre e a responder sem demora:
- Que concurso de pesca? - Indaguei, sem me importar em responder a pergunta anterior, até porque, quem cala consente, segundo minha mãe.

Esperaria a conversa acabar para só então por de novo algo nos lábios; queria poder apreciar direto, já estava fazendo dois infinitos que não ia a um restaurante Gourmet.

Sorri para a moça que falava seguidamente e, como quem queria acabar aquele papo logo, apenas assenti com a cabeça e lhe disse que me inscreveria após comer, assim fiz; adiantei o prato e apressei os pokemons, comi num ritmo saudável mas não muito concentrado como eu pretendia antes, já que agora meus interesses mudaram. Eu pretendo pescar pokemons! Não fazia ideia de como, nem onde e nem quando, mas sabia que faria. A experiência não só me seria útil para os prêmios locais, mas também para o tal trial que tanto ouvir falar a caminho daqui. Dizem que é sobre pesca, não é? Bem, sendo um boato ou não, este campeonato podia ser um bom preparamento e não há muito problemas em passar vergonha por aqui, ninguém nunca mais me veria mesmo.

Acabei todos os petiscos e pedi a conta, caso demorasse demais, colocaria o dinheiro contado em cima da mesa e iria direto para o local antes apontado pela garçonete, para então me registrar.

Li o panfleto com um arregalar de olhos; pasmem, se eu quisesse mesmo participa, eu teria que arranjar uma vara de pescar para amanhã! Eu de fato tenho uma, que está mais para um graveto com uma linha e um anzol enferrujado; oh deus como faria isso? Bem, eu podia de fato ir ao centro pokemon, usar a internet gratuita e procurar algum tutorial para montagem de vara, mas isso devia me tomar muito tempo. Outra ideia era alugar alguma vara de Pesque e Pague turísticos, certamente estariam mais em conta que nas ojas de pescaria. Eu podia também roubar alguma, não deve ser difícil encontrar uma vara de pescar não monitorada em um cais, mas isso seria anti ético, né. Bem, acho que a melhor ideia é pedir emprestado ou pechinchar na feira. Comprar algo de segunda mão seria a melhor forma de economizar; não que eu entendesse de preços de apetrechos para pescaria; qualquer um poderia passar a perna em mim.

Minha reflexão manteve-se por um tempo; depois que vi o prazo de inscrição e a obrigatoriedade da varinha, acabei passando o olho por ele todo sem muita atenção. Quem nunca leu um informativo pensando em compras? Eu certamente não era a primeira. Sai do transe e analisei meus pokemons, tempo era fator primordial para meu sucesso e, infelizmente, não tinha comigo um pokemon que pudesse me carregar as pressas até o centro; eu teria que correr. Desculpei-me com os cinco e os retornei; encaixei o ovo na encubadoura e o coloquei o espaço reservado a ele na mochila e, depois de tudo pronto, disparei até o centro, correndo o mais rápido o possível.

Quanto chegasse lá, iria empanturrar a recepcionista de perguntas genéricas; algumas até que eu devia ter lido no informativo, como qual os prêmios principais, se há muita concorrência e, principalmente, se permitem o auxílio de pokemons; se sim, quantos. Após saber todos estes detalhes e inscreveria, ou ao menos era este meu planejamento; talvez não acontecesse desta forma.

Ouvir o que a moça tinha a dizer só me deixava mais claro o resultado final; eu nunca ganharia algo assim de forma completamente limpa; apenas com varinha, anzol e isca. Bem, talvez fosse até perda de tempo tentar, não é? Não! Nesta ilha pequena onde pouco posso explorar, qualquer oportunidade é luxo; há mais chances de ganhar o campeonato do que de achar um Jangmo-o no parque, e adivinhem só? Consegui o segundo; o primeiro então devia ser fichinha! É como dizem né crianças, sorte no jogo e azar no amor; felizmente sorte no jogo vale bem mais a pena.

Sorri a moça e lhe entreguei o formulário preenchido. Peguei o comprovante em mão e guardei-o dentro de algo que nunca uso; a PokeDex. Assim teria certeza que não deixaria cair por acidente, eu nunca tiro este aparelho da bolsa. Certificado que o Ticket estava seguro, fui para fora do estabelecimento e bradei, um pouco alto demais: Ok, vamos atrás de uma varinha!

Não reparei em quantas pessoas tinham no local, mas as que ali estavam certamente olharam para mim; a estrangeira mais perdida que Alice no país das maravilhas, parada ao meio da praça, desnorteada e bradando por uma vara de pescar. Talvez eu devesse ter pedido ajuda a moça do centro também, mas metralhei-a tanto de perguntas que até fiquei com vergonha de perguntar algo tão óbvio. Bem, já que optara por não indagá-la, vamos ao cais e ver o que achamos por lá.

Tentei seguir as placas escritas em idioma local; talvez eu não fosse conseguir, mas caso esta dificuldade me aparecesse, eu apenas faria o caminho contrário ao que vim; em direção àqueles vários barcos ancorados, lá eu certamente acharei várias varas de pescar.

Atravessei o caminho já conhecido até as docas; nenhum mísero pescador. Talvez seja o horário, o preparo para o evento ou o azar, mas não havia um sequer! Felizmente mais a frente, mar a fundo, haviam um grupo de pescadores, como eu sabia que eram pescadores? Pois carregavam consigo varas nas mãos. Ok, temos um ponto positivo no dia de hoje. Infelizmente não sabia como abordá-los sem parecer babaca ou burra; preferi a segunda, pois na pior das hipóteses, eles teriam pena de mim, não é? Bem, foi o que pensei. Marchei a frente sem preparo algum e lhes perguntei:
- Hey, como eu consigo uma dessas? - Perguntei, apontando para a vara mais bonita do rolê - E onde também.

Podia muito bem perguntar o que o senhor queria para me dar aquela vara; uma batalha, dinheiro, itens ou até uma missão diferente, mas pensando nos riscos que uma garotinha podia correr, preferir só perguntar de forma simpática.