[...greediness?] – Cerulean City –

Não, você não pode reclamar da gulodice da minha sobrinha linda.

Um breve olhar de canto se esgueirou na direção da loira, quando ela tomou a dianteira de se afastar pra achegar mais pertinho de uma das vítimas. Veja bem, a ruiva amava essa biruta? Claro, sem dúvida nenhuma! Mas, há confiança na ideia de largar ela sozinha pra resolver esse tipo de coisa? Também sem dúvida, NÃO.

Vai saber que tipo de doidera essa criatura vai blábejar?

— Cê já parou pra ver a bolsa de um treinador? — Foi a simples resposta que ofereceu ao policial, um sorriso mínimo passeando pelos lábios. Não vem ao caso que a da própria ruiva, em específico, talvez fosse um pouquinho mais exagerada que o resto... ESPECIALMENTE no caso das pelúcias!

Mas de qualquer jeito, não era como se ela considerasse aquilo ali tão importante assim. No fim das contas, quem tava com a merda atolada no rabo eram os bonitos ali, né? Se eles quisessem recusar ajuda depois de terem posto um contrato pra jogo, hey, aí era completamente fora da alçada (e do interesse) da ruiva.

Basicamente, talvez fosse importante.
Mas não importante o suficiente que fizesse ela se importar com não dobrar.

— A gente... Tenta, na pior das hipóteses! — Um sorriso manso ao policial, pacientemente esperando enquanto ele puxava a nota do que diabos que tava faltando... Ou algumas coisas que estavam? Os olhos passearam pela lista entregue, tomando alguns segundos antes de sentir uma loira se empoleirando no ombro, um olhar de canto que espiou os olhinhos azuis daquela fofura antes de retornarem ao papel.

Mmm...

— Tá. Então a gente vai pela confeitaria e vê o que é que dá pra fazer a partir dali. — Era uma solução simples, né? Então, o papel foi dobrado, e posto no bolso. TAMBÉM! — Botar uns pingos nos i's e qualquer coisa a gente avisa. — Ou não. Provavelmente não. Elas eram do tipo que trabalhavam mais sozinhas, sabe como é!

MAS- DE QUALQUER JEITO!
...bora pra confeitaria, então?

Pois é, essas missões com gente grávida é uma coisa sem tamanho, né? Agora junta isso aí com uma dragoa poço-sem-fundo, e só Gilatina é quem sabe onde é que vai parar essa rota - e olhe lá, viu? Considerando que pode ser que nem esse coitado saiba, também, aí já é outro detalhe por si só, e que provavelmente é melhor que não seja pensado muito a respeito pra que não se enrole ainda mais no fuzuê que pode vir a descer.

MAS TUDO ISSO É NADA MAIS QUE UM MERO DETALHE!

— ...hm. — Um olhar de esguelha foi lançado na direção da loira, quando ela já foi se achegando em toda a manha e cara dura que uma irmãzinha mimada poderia ter. A cabeça pendeu para o lado oposto com discrição, as madeixas deslizando em correspondência ao movimento enquanto a ruiva ponderava a respeito da belíssima sugestão. — Eu te digo que... É uma graça que você realmente acha que dá pra gente relaxar desse jeito sem que nada venha tirar a nossa paz. — Um sorriso torto, meio tosco, até; Pálpebras caíram com certa preguiça, ombros movendo com suavidade antes que um balançar discreto de cabeça viesse como complemento.

Além do mais, não é como se não dessem um jeito de puxar alguma coisa aleatória de outra dimensão quando estavam juntas (e separadas também), né? Suas mais recentes bonitezas haviam sido um Culto de Rotoms e um treco estranho de Jirachi, então... No mínimo, não havia muita esperança a respeito de ter uma aventurazinha pacata que se resumisse à socar o queixo de alguém e receber uma grana.

— A gente vai fazer o seguinte. — Um puxãozinho leve em uma das madeixas da loira, só de implicância. — Dar uma olhada no beco. Passar na confeitaria. E se nada tentar sequestrar a gente pra outra realidade durante ou depois disso, a madame pode ir toda feliz pro rio. — Uma pausa. Bem, BEM breve. — E NADA de topless! — VÁLIDO RESSALTAR!!!!

Mas fora isso?
SIMBORA!

Não que eu esteja querendo cabuetar ninguém, mas só dizendo que eu tenho quase 98% de certeza que essa bonita aí já estourou o tal do limite mais do que só algumas vezes. E assim, não é por nada não, mas esses 2% que restam também me dizem que o Shion teve que cancelar o coitado do cartão depois da vigésima nona (o que provavelmente aconteceu depois do escândalo do leão, que finalmente abocanhou o menino depois de tanto sonegar).

MAS ATÉ AÍ- isso são só detalhes.

— Quero te lembrar que a gente tá em Cerulean, não no deserto, tá? — Veio a instantânea reclamação com o empurrão de ombro - uma espiadinha de canto e um estreitar leve de olhos antes de um breve revirar, um sorriso torto brincando pelo canto dos lábios. — NÃAAAAO que você possa no deserto, princesa! — Obviamente, não podia. Como ficou bem explícito da última vez. NA VERDADE, NÃO PODIA NUNCA, NÉ? Mas até aí, é tudo detalhe.

— Um dia eu vou te encontrar no noticiário de ter feito algum escândalo em uma praia de nudismo- — Um murmúrio breve que acompanhou um discreto balançar de cabeça. Ironicamente, seria BEM possível. E a pior parte? POR VÁRIOS POSSÍVEIS MOTIVOS, mas não vamos pensar muito a respeito disso aqui.

De qualquer maneira, vamos partir pra parte boa: O BECO!
...Tá. Não era exatamente uma 'parte boa', especialmente quanto o negócio tava só a mais fétida putrefação - nada, NINGUÉM seria capaz de convencer a ruiva que não tinham pelo menos uns três cadáveres ali e, veja bem, ela já havia passado MUITO tempo em cemitérios pra ser uma fonte EXTREMAMENTE CONFIÁVEL a respeito de quando tinha ou não algo morto no lugar.

É verdade esse bilhete, tá?

— ...... — E aí, tem todo o rolê mental pra não virar boca de bêbado em uma hora dessas. A primeira reação que teve foi simplesmente a de remexer a mochila e puxar uma máscara de neoprene ali de dentro, colocando por cima do rosto com toda a paciência do mundo em uma mera tentativa de evitar ser açoitada pelo ODOR DA MORTE que tinha ao redor. O silêncio foi espontâneo por alguns momentos, olhar passeando pelo ambiente em busca de alguma coisa que pudesse MASSACRAR a infelicidade e servir como belíssima distração daquela porcaria.

Óbvio, sem sorte. Quando é que elas tinham sorte, né?
Desgraça.

— ? — Sabe quando você tá no automático, tentando SOBREVIVER? Bem, ter um celular enfiado na tua cara provavelmente muda as coisas. Foi exatamente isso que arrastou a ruiva outra vez para a realidade, além do TRANSTORNO DA PODRIDÃO que rolava no ambiente. Um estreitar de olhos que veio como consequência inevitável...- — ...Eu vou explodir alguma coisa se eu tiver que- — ...e aí veio a resposta.

E NADA FAZIA SENTIDO!

Mas tá tudo bem. Não que precisasse fazer, considerando que logo após o fato aconteceu A TRAGÉDIA DO BECO, mais conhecida como [a chapinha destronada] ou qualquer coisa do tipo. E pra falar a verdade, não deu nem pra entender o que rolou antes que a loira começasse a SURTAR e GRITAR e ESCANDALIZAR enquanto uma bola gigante branca pululava sobre as madeixas douradas e-

— MEU GIRATINA VOCE TA VIRANDO UM BALAO QUE QUE É ISSO — Tá, não exatamente. Foi mais um resultado de jumpscare, sendo bem sincera; E o resultado acabou sendo que o belíssimo do Bombril achou de muito bom gosto agir IMEDIATAMENTE (com o problema sendo: O coitado não tinha a MENOR NOÇÃO DE FORÇA, considerando que ainda não tinha tido muito tempo pra lidar com a diferença das últimas vitamininas).

Ele mirou a mangueira bem na direção da cabeça da loira. Na direção da bola gosmenta (?) que havia delicadamente pousado.

E. Aí.
...AFOGOU
as duas
de uma vez só.

TSUNAMI!

Oh.

Oh não.

Sabe quando você percebe que o negócio deu ruim, mas não tem como fazer nada a respeito até bem depois do exato momento que tudo foi por, literalmente, água abaixo? Então, foi basicamente isso que rolou com o projeto de TSUNAMI PRESSURIZADO que tentou (ou, talvez, tenha conseguido, em toda a sinceridade) afogar a coitada da sua belíssima irmã - não deu nem tempo de deixar escapar uma exclamaçãozinha que fosse antes que a bonita quase passasse pela parede num baque não muito bonito.

Te admito que se ela não fosse tão CABEÇA DURA, a ruiva provavelmente acabaria um pouquinho mais desesperada a respeito da possibilidade da madame ter literalmente morrido; Como não era a situação aqui, a solução era respirar fundo, segurar um riso nervoso e torcer pra não acabar de algum jeito parando em um hospital antes da hora.

— ... — O que era bem difícil, dado o cenário. E sabe o que você faz em um momento desses? Você gentilmente chega na sua sobrinha, SUBORNA ela com a ideia de alguns doces pra carregar uma donzela adormecida e torce, momentaneamente, que tudo esteja bem. E claro, isso pode ou não ter acontecido - mas é o tipo de coisa que não se pode deixar registro, sabe como é.

ALIÁS, SERÁ QUE DAVA PRA CAPTURAR A-

Ah.

— ...E esse é um bom jeito de começar o dia. — Um breve acenar de cabeça, um olhar de canto de olho para o eletrodoméstico que praticamente fingiu desaparecer atrás da própria mangueira - e o fez logo a seguir, nas costas da dragonite. Um riso meio nervoso, e a ruiva tomou toooodo o tempo do mundo pra recuperar a coitada a aranha (morta?) nas mãos, espiando a bola grudenta de teia nas cositas e-

Abre porta.
Fecha porta.
Abre porta.

Ainda bem que ninguém foi preso.
AINDA!

— Pra ser justa? — Um erguer de mãos, e também de um estranho pokémon com os olhos atualmente em espiral. — A culpa foi dessa aí, ó. — E do Bombril. Mas ninguém precisa saber disso! Até porque, não era como se no beco tivesse câmeras. Se tivesse, não teria tanta gente sendo assaltada sem prova nenhuma, né?

— Se cê der um momento só pra um sofá pra coitada, já adianta! Ela tem medo de aranha, e tal...... — Era uma ÓTIMA explicação, tá? E, felizmente, tem uma dragoa pra carregar a bela adormecida. E que, se Gilatina quiser, não vai se lembrar de ser nocauteada por um Hydro Pump depois de acordar. Será que dá pra culpar a aranha por tudo? Não é como se ela estivesse acordada também, no fim das contas!