Capítulo 1 ♦ O calmo espírito da chama

Aproveitando-se da água cristalina, o jovem decidiu desenfaixar seu ferimento, e molhar o mesmo com um pouco da tal água, que realmente estava pura, oque por alguns momentos a fez doer, mas logo em seguida a dor causada pela água passou, e, agora, até mesmo doía menos, porém ainda não estava apto a apoiar-se em seus dois pés, uma vez que a dor no músculo ainda persistira. Então enfaixou sua perna novamente, e logo recomeçou a caminhada.

Mais a frente o rapaz deparou-se com uma bifurcação, onde desta vez optou por virar para a Esquerda. Neste trecho não havia nada de diferente; a grande poça de água persistia. Em meio ao caminho daquele corredor, a chama de Cyndaquil se apagou; e desta vez, ele demorou para reacende-la, parecia estar tentando acumular energia para manter a chama firme por mais tempo.

Caminhando mais a diante, nada houve de diferente. Mais uma vez o treinador e seu pokémon se deparou com mais uma bifurcação, e desta vez, as perguntas eram as mesmas de antes, continuaria em frente, ou viraria para a esquerda? A sorte estava lançada, qual caminho ele seguiria? E qual o destino que lhe esperava?

O jovem heterocromatico continuava sua jornada pelo labirinto, escolhendo dessa vez, seguir em frente. Este foi trecho mais estreito, porém curto, que o treinador já havia caminhado desde o início da pequena aventura. Não demorou muito para chegassem a uma nova bifurcação, desta vez, sem a chama de Cyndaquil falhar vez alguma.


Este novo corredor, com o qual o jovem se deparou, era muito mais largo e irregular, o solo já não era mais coberto de pedras perfeitamente encaixadas, mas sim por algo rochoso e irregular, as paredes também já não eram planas, mas sim circulares, unindo-se com o teto, de onde pendiam estalactites, que gotejavam lentamente sobre Estalactites. Tudo aquilo se assemelhava a uma caverna...

O clima também havia sido alterado, estava muito mais abafado; o heterocromatico estava agora em um ponto bem distante do seu ponto de origem, no momento que começou a caminhada pelo labirinto, e ali, quase não era possível a entrada de ar purificado, oque tornava o caminho, o mais difícil pelo qual já passara, exceto talvez as flechas.

De longe, o treinador podia escutar alguns ruidos, indecifráveis no momento, mas não estava muito distante. Por hora, era a vez de Strider escolher mais uma vez o caminho pelo qual seguiria, esquerda ou direita?

O jovem treinador sentiu o ar pesado que aquela área mais profunda do labirinto lhe proporcionava. Mas de qualquer modo, sem hesitar, o heterocromático decidiu seguir caminho pela esquerda... Oque ele pouco sabia é que, dentre todas as opções que ele poderia ter tomado, esta foi a pior delas. Enquanto caminhava pelo caminho que teria escolhido, nada parecia mudar, o mesmo ar pesado, as mesmas estalactites, que agora se uniam às estalagmites, formando assim algumas finas colunas de rocha.

Este caminho não foi muito demorado, após dar alguns passos em direção ao sul, cujo caminho era iluminado pela luz de Cyndaquil, que apesar de ofegante e cansado, até mesmo pela batalha que o pokémon já havia tido antes, continuava firme, sem falhar em momento algum desde que chegara àquela ultima bifurcação. Logo o rapaz chegou a um curva, onde sem escolhas, teve de virar para seguir seu caminho, e no momento que o fez, deparou-se com algo grandioso.


Grandioso era pouco; o pokémon tinha mais que o triplo do tamanho de Strider, além de ser várias e várias vezes mais pesado. Era incrível como uma coisa daquelas poderia estar ali, mas no ponto que aquele pokémon estava, as paredes pareciam bem mais largas, como um grande salão para o Snorlax. Mas algo estava estranho... Muito estranho, no lugar em que deveria haver UMA cabeça apenas, haviam DUAS! O treinador teve certeza disso no momento que viu uma delas bocejar para o rapaz, enquanto a outra apenas lambia seus lábios, como se estivesse faminto. E agora? Oque faria o rapaz? Para prosseguir, ele teria de encontrar uma forma de avançar pelo monstro, de algum modo...

O jovem treinador, apesar de horrorizado com aquela figura à sua frente, apontou um dispositivo avermelhado para a criatura de duas cabeças, suas mãos tremiam. Eis então que a pokédex também vibrou por alguns instantes, a tela do dispositivo se iluminou, e então apagou; alguns outros pontos de luz começaram a brilhar no dispositivo, então mais uma vez a luz da tela voltou, porém não havia nada, nenhuma imagem ou informação; a unica coisa que ocorreu, foi a voz mecânica e arrastada que era emitida pela Pokedex:

Pokedex escreveu: Desculpe. Não tenho informação alguma sobre isso.

Então a luz se apagou mais uma vez, e o dispositivo fechou-se. Strider revirou seus olhos mais uma vez para aquela grandiosa figura; mas desta vez para seus pés, onde agora ele observou uma outra figura... Um homem, em pé, de costas apoiadas na grossa perna de Snorlax. O homem parecia tranquilo, usava um grande par de óculos, e também um jaleco branco, já desfiado em algumas regiões, porém impecavelmente branco, oque era difícil visto onde eles estavam: No subterrâneo.

- Olha só M114, temos um intruso em nossa base. - Um torto e fino sorriso sarcástico surgiu na face do homem, mesmo à distancia. Ele agora segurava uma lanterna apontada para seu rosto. - Oque um garotinho como você faz por aqui? Ah sim... Eu vi você cair aqui, oque me faz pensar que preciso aumentar minha segurança. Alias, como vai a perna? - Continuou o homem, olhando para a perna do rapaz, que continuava sem apoiar-se no chão - Ah sim... Isso também fui eu. Não sei se foi sorte, mas conseguiu evitar minhas outras armadilhas, então tive de vir cuidar disso... pessoalmente.

Aquele momento teria sido o criador de tal labirinto? Mas por que, alguém em perfeita sanidade, iria construir um labirinto? E ainda iria colocar armadilhas que poderiam causar a morte das pessoas? Bem, uma coisa estava certa, o homem era perigoso, era possível deduzir isso apenas por seus lábios ríspidos em um sorriso torto.

- Gostou do labirinto? Consideraria ele como trabalho de um verdadeiro "GÊNIO"?