Capítulo 1 ♦ O calmo espírito da chama

O jovem treinador, após notar que a cortina de fumaça, liberada por seu pokémon, começou a subir, tomando conta de todo aquele local, imediatamente pegou o rato, que estava caído aos seus pés, em seus braços e começou a avançar para frente o mais rápido que podia com um só pé, uma vez que ainda não conseguia apoiar-se no outro. Strider precavia-se das chamas de seu pokémon, virando as costas do mesmo para frente, oque não tinha precisão, uma vez que o pequenino já estava desacordado e mole e sobre seus braços; a pancada fora séria.

- Garoto desgraçado! - Ouvia, de longe, o grito do homem, que após a fumaça dissipar-se, entrou em desespero; mas até tal fato ter acontecido, Strider já estava em um outro salão, este iluminado precariamente por algumas velas sobre caixotes de madeira.

No momento em que adentrou o salão, o treinador avistou uma pequena figura azul, acuada próxima de um dos caixotes. O pokémon possuía alguns traços caninos, porém em sua cabeça, havia uma espécie de estrutura óssea, assim como em suas costas. Seu pelo era curto, e de coloração azulada. Ele estava com medo, como se fosse normal para ele se esconder naquele local, e no momento que avistou o treinador, o medo veio à tona.


Houve um forte barulho vindo do salão em que estava Snorlax, foi como se toda a estrutura do salão estivesse desabando; algumas rochas que estavam pendidas no teto do salão caíram, quase atingindo o garoto; mas os tremores continuaram, fazendo com que o cão corresse até o treinador, grudando em sua perna direita, como se estivesse buscando proteção. Não demorou muito para que houvesse mais um desmoronamento, o teto desabou sobre algumas caixas.

A luz do dia, fim de tarde, na verdade, surgiu pelo buraco formado no teto, causando ardência aos olhos do rapaz e também pôde finalmente sentir o ar puro penetrar seu corpo. A saída estava próxima, e com toda a certeza, ele gostaria de querer sair dali o mais rápido possível.

Com o pequeno cão azulado em seus braços, Strider logo começou a avançar em direção ao monte de terra. Logo no início da subida, o treinador caiu; sua perna continuava a doer fortemente. No momento da queda, Houndour livrou-se do rapaz, e fitou-o por alguns instantes; estava estampada, na expressão do cão, o medo enquanto grandes rochas continuam a desprender-se do teto. Eis que ele avançou até o treinador, agarrou a parte de trás da camisa do treinador e começou a puxa-lo, a força do pokémon não era tanta, mas era uma boa ação.

Erguendo-se mais uma vez, Gyusuki voltou a subir, com fortes dores em seus pés. Houndour foi à frente, correndo pelo monte de terra, e assim desaparecendo na luz cegante que tomava conta do lugar. Não demorou muito também para que Strider saísse do subsolo, chegando a superfície. Ainda estava na rota 29, mas em um ponto diferente do qual estivera antes, logicamente. A paisagem era de uma espécie de campina, uma área sem muitas árvores; o sol, que estava a se por, fazia com que com um belo tom alaranjado tomasse conta da grama, arbustos e árvores; assim como no céu, em que a tonalidade alaranjada mesclava-se com um rosa.

Logo à sua frente estava uma casa, feita de madeira, e muito simples; talvez alguém morasse ali. Houndour latiu para frente, enquanto tentava indicar a cabana ao rapaz; de algum modo, o cão queria ajudar aquele que, de certo modo, o libertou do labirinto, onde provavelmente serviria de cobaia para o cientista, que agora, já não sabiam mais o paradeiro. Pois bem, era hora de Strider ajudar-se, na verdade, ser ajudado; apesar da água aplicada sobre o ferimento, e o tecido de sua camisa agora rasgada em vários pontos, sua perna e queixo doíam intensamente, doíam tanto que até se esquecera dos outros arranhões que cobriam seu corpo após a queda no labirinto.

O jovem tentou sentar-se normalmente na grama, mas, por conta da terrível dor que sentiu na perna machucada, terminou por cair sobre a mesma. Encarou o Houndour por alguns instantes, disse-lhe algumas palavras enquanto tirava uma pokéball vazia de sua mochila e a mostrava para o pequenino pokémon do tipo Fire. O pokémon Shiny olhou o treinador por alguns instante, como se estivesse perdido em seus pensamentos; desviava seu olhar de Strider para a Pokéball e para a Cabana, como em um ciclo; e então, parou o olhar sobre Gyusuki mais uma vez.

Ouviu-se então um latido de aceitação, caminhou até o treinador e lambeu-lhe a mão. Então, virou-se para a cabana mais à frente e emitiu mais um latido, esse notavelmente mais embargado, preocupado. Aceitou seguir com o treinador, como seu parceiro, mas não desejava adentrar a pokéball por enquanto, queria certificar-se de que o treinador chegaria até a cabana e ali se trataria. Eis que mais uma vez o pokémon saiu à frente, correndo por uma pequena distancia e olhando para trás, esperando que o treinador o seguisse.

O jovem treinador começou a caminhar em direção à cabana, de modo que não esforçasse sua perna machucada. A caminhada durou um pouco por conta do problema na mobilidade do rapaz, mas fora isso, logo chegou à pequena cabana. Ela era realmente simples, várias toras de madeiras empilhadas verticalmente, porém foi bem criada, era até mesmo bela, um daqueles casos em que a simplicidade se torna em algo belo, aos olhos de alguns mais que coisas mais sofisticadas.

Houndour começou a latir na porta da mulher, vários latidos. Então, do lado de fora da cabana, Strider ouviu alguns barulhos dentro da casa, e pouco depois a porta se escancarou. Uma mulher, de idade já avançada, baixinha, de modo que mesmo o seu penteado espichado para cima não chegava nem mesmo perto do queixo machucado do jovem. Porém, em suas roupas simples e avental já amarelado pelo uso, a senhora de cabelos grisalhos trazia ao rapaz uma boa impressão.

- Aw!!! - Exclamou após ver o estado do garoto. - Querido, oque aconteceu? Foi atacado por Gnomos? Venha, venha! Precisamos cuidar disso! - Pegou na mão do rapaz e o guiou até um sofá, já velho porém em bom estado, onde o mesmo deitou-se.

Imediatamente, a senhorinha desapareceu em algum cômodo, Houndour também havia entrado na cabana e estava ao lado do seu treinador. Quando voltou, a senhora trazia consigo uma bandeja repleta de curativos, e todos os tipos de equipamentos médicos, e em seguida, uma bacia com água. Primeiramente, desenrolou a perna do rapaz, lavou mais uma vez o ferimento, retirando todo o sangue que havia escorrido por ali. Umedeceu um algodão com álcool e aplicou sobre o ferimento, oque causou ao rapaz uma dor insuportável, que quase o fez desmaiar, mas aguentou, enquanto Houndour assistia a cena, preocupado.

Logo em seguida, passou um remédio sobre o buraco, costurou-o, assim o fechando; e por fim terminou o tratamento de tal região, enfaixando-o. A senhora repetiu o processo por todos os ferimentos ditos como preocupantes no rapaz, oque levou um bom tempo. Já era noite, e o mais aconselhável era passar a noite por ali.