013 - Starchild

A batalha, após a execução do Feint Attack e do Dark Pulse, estava muito mais do que acabada, não era arriscado dizer que o Solrock iria ter os danos em seu corpo por alguns dias e estaria bem machucado devido a isso, porém, provavelmente aquilo se parecia ser o melhor a fazer. O cientista estava completamente fora de si e Odayakana ainda o provocava como alguém que cutuca um cachorro raivoso com uma vara pequena.

- Grrrr... eu não vou deixar com que vocês me capturem! – Disse o cientista louco, seus olhos estavam extremamente abertos e com a pupila mínima, como alguém prestes a fazer algo impensável, de sua boca escorria uma saliva densa similar a animais com raiva e seus braços tremiam tal qual um assassino psicopata depois de realizar seus atos hediondos.

O Braixen conseguia criar uma enorme parede de chamas atrás do cientista facilmente com seu Fire Pledge, aquilo parecia não ter fim, o calor por ela emanado fazia com que alguns Zubat que estavam em seus ninhos começassem a voar e algumas pedras que entraram em contato com a mesma pareciam querer derreter. Realmente ele tinha um poder incrível.

Com um movimento completamente inesperado, e muito macabro por sinal, o cientista se jogava na parede de chamas, ele conseguia passar pelo fogo, mas só Arceus sabe como ele estaria do outro lado.

Gothita olhava para seu treinador completamente assustada e a expressão sádica de Delcatty era substituída por um semblante arrasado e aterrorizado.

Não precisou de que Haruki terminasse sua frase, Braixen logo reduzia as chamas do Fire Pledge e em seguida o apagava completamente, porém aquilo só revelou a catástrofe que aconteceu, Gothita e Delcatty parecia querer virar o rosto e Braixen olhava para Haruki completamente confuso.

O corpo do cientista estava completamente carbonizado, suas vestes eram negras como a noite e sua pele estava à beira da inexistência. Seus óculos foram lançados longe, mas também foram afetados pelo calor, a lente do lado direito estava estourada e a do lado esquerdo havia virado pó. Algumas partes de seus ossos estavam a mostra e isso era bem macabro, além de seu cabelo ser completamente queimado restando alguns contáveis fios. Realmente aquilo mexia com os jovens.

Gabi estava apavorada, ela não parecia exercer nenhuma reação. Seus olhos arregalados e mãos trêmulas mostravam o estado da garota, ela parecia ter visto a pior coisa de sua vida. Niko ao seu lado olhava para o corpo carbonizado no chão sem expressão alguma, o cachorro que parecia gostar de brincadeiras e latir bastante agora não passava de uma estátua de Arcanine.

Odayakana ainda precisava continuar, porém era compreensível ver o quão chocado ele estava, aquilo provavelmente não passava por sua cabeça.

Odayakana tinha um bom coração, era bem perceptível isso a partir do momento em que ele tentava ajudar um cadáver a voltar a vida, porém ele não era um necromante e muito menos dominava alguma magia de ressurreição. O que era triste. Chansey tentava arduamente trazer a vida do cientista através de seus movimentos de cura, mas nada acontecia, dele apenas o calor, cinzas e pó saíam.

- Cara... v-v-vamos embora por favor? – Dizia Gabi aflita, sua voz estava fraca e ela começava a segurar o Arcanine como um meio de se equilibrar.
Arcanine lambia sua treinadora, porém ela permanecia inexpressiva, o vazio era contemplado em seu rosto.

- P-por favor...? – Continuou a garota.

Odayakana precisava agir, ele parecia começar a se recuperar do terror que havia visto, porém aquela cena demoraria bastante para sair de sua mente.

- O-olha, eu c-c-consegui chamar algumas pessoas que vi pela c-caverna... eles e-e-estão vindo aí. – Disse Gabi entre soluços, ela enxugava as lágrimas que escorriam por seu rosto tentando buscar algum sentimento de calma lá de seu interior. – V-vamos deixar o S-s-solrock aqui p-para eles cuidarem.

Arcanine colocava seu focinho de baixo do braço da garota, ele tentava puxá-la para cima, para que ela montasse no enorme canino de fogo, e foi o que ela aos poucos começava a fazer. Logo, Niko deu um grande latido e guiou o grupo para fora daquele local infernal.

Não demorou muito para que eles voltassem a área principal de Meteor Falls, afinal o caminho não era tão longo assim. Durante o percurso eles podiam ver algumas pessoas passando correndo em direção à caverna em que Haruki, Gabriela e seus Pokémon estavam, logo puderam ouvir vozes ao fundo, “Nossa! O que vamos fazer?”, “Teremos de chamar alguma autoridade” e até mesmo diziam sobre a natureza da realidade humana, “Como um ser humano pode chegar a este estado... eu conhecia esse rapaz, ele era completamente louco, já foi preso em manicômios muitas vezes e diversas vezes foi liberado por ser considerado são, agora podemos ver como os humanos são falhos...” a voz dizia isso em um tom bem estranho, caso o grupo virasse seus rostos para o interior daquela caverna eles poderiam perceber que se tratava de outro cientista, ele tinha praticamente as mesmas vestes e o mesmo brasão que o cientista louco usava em seu jaleco, e em seguida continuou: “Vou ficar com ele, podem deixar...” a voz revelava um tom interessante, algo parecido com o sarcasmo misturado com a pura indiferença e curiosidade.

Odayakana conseguiria ver a saída sem nenhum esforço, a brisa das rotas próximas entrava pelas entradas da caverna e refrescavam o local, além de é claro as diversas cachoeiras que davam um ar mais “revigorante” aos que por ali transitavam. Ele, acompanhado por seus Pokémon assim como Gabi e Niko, tinha passado por uma situação complicada, mas sua resolução de bom coração conseguiu fazer com que a aspirante a criadora conseguisse começar a superar o trauma que passou, ela já estava mais calma e o soluço havia parado. – Eu achei muito bonito de sua parte tentar ajudar aquele cara. – Disse Gabi montada no Arcanine, ela permanecia de costas para Haruki. – Isso é como eu consigo entender como o ser humano, envolto de tanta desgraça e maldade, consegue ter o mínimo de amor ao próximo. Parabéns!

Aquelas palavras certamente eram profundas, vinham do fundo do coração da garota.

A despedida, apesar de seus pontos tristes e amigáveis, fora bem emocionante. Gabi reconhecia aquele garoto como um verdadeiro homem, ele conseguia ganhar seu respeito, o que não era muito fácil, e Niko acompanhava Haruki e suas meninas com os olhos, ele latia de despedindo enquanto os via passando por uma das entradas da caverna.

A cada passo que o criador dava para próximo da entrada de Meteor Falls, mais energia positiva ele poderia sentir, e era muito bom isso, o ar de renovação e de positividade poderiam fazer com que o jovem esquecesse tudo aquilo que passou, as dificuldades na caverna dos meteoritos, seus piores pesadelos bem diante de seus olhos, e o mais “assombroso”, a pura escuridão sendo feita por quem nunca viu a luz. Histórias que ele provavelmente guardaria por um bom tempo, ou talvez até algo mais impactante acontecer nas suas próximas jornadas.