#011 - Finally, light!

-Você acha que sou idiota? - ele dizia ao ver a clara inflação do preço pelo aluguer do barco - Incrível como você consegue ser tão egoísta vendo alguém tão desesperado para salvar um amigo... - o jovem estava claramente indignado com a situação - Você devia sentir vergonha - o loiro não estava com muita paciência para lidar com aquele tipo de situação - Mas eu não tenho tempo a perder. Eu pago, mas eu exijo o melhor marinheiro para me levar até lá e também o melhor barco que tiver disponível com todos os equipamentos necessários para um resgate. - Shion mostrava um semblante sério e determindo - E não pense em me enganar, se alguma coisa correr mal você sofrerá as consequências.

Ele era rápido e direto, ele não tinha tempo nenhuma perder e muito menos perder tempo com alguém que só consegue pensar em si próprio quando vê alguém em um situação tão desesperadora.


Os outros dois esperavam a refeição  e Elizabeth se lembrou de perguntar se havia alguma forma de puder levar a comida com eles até ao local onde estava planeando aproveitar, de preferência de forma a manter quente. Para além disso, os sombreiros e as cadeiras também seriam bem úteis, pediria alguma ajuda para levar os objetos até lá. Charles continuava muito preocupado com a situação e continha o choro apesar de se formarem lágrimas nos olhos da criança e mantinha-se perto da água olhando para o horizonte procurando Linlin.

Charles ficava ainda mais agitado ao ver a sua pokémon tão aflita com o que tinha visto... Seu pokémon estaria a ser atacado na água? Estaria se afogando? Eles simplesmente não conseguia suportar a ideia de perder o seu tão querido amigo, seria algo demasiado traumático para a criança se algo como isso acontecesse.

-Elizabeth, temos de ir! Se a Linlin está aqui é sinal que o Shion ainda não chegou nele, precisamos chegar lá rápido. - o garoto desata a correr na direção que Shion tinha seguido antes, Linlin seguia o mesmo  - Eu não vou ficar só esperando!

Elizabeth recolhia Dryad para a sua esfera e seguia o rapaz, afinal a velocidade do garoto não era nada comparado aos dias de seu pleno estado de saúde, Elizabeth conseguia manter-se próxima a ele quando começou a correr atrás do mesmo. Ela própria já começava a ficar apreensiva com toda a situação... Será que tinha acontecido alguma coisa com o loiro também?


-Desculpe... - Shion suspirava para se acalmar - Tem razão, eu estou apenas demasiado nervoso, preciso de salvar aquele pokémon. Eu pagarei o que for necessário.

O mais velho reparou que realmente deveria ter interagido com mais calma, nem parecia típico dele falar daquela forma, talvez fosse um traço da personalidade do garoto que começava a se formar após passar por tantas experiências que o levaram a temer pela sua própria vida e a temer pela vida e situação dos seus amigos...

O facto de os dois terem aparecido ali, só revelava o quão urgente era toda a situação. Aparentemente Linlin tinha chegado extremamente preocupada com toda a situação e eles tinham de ser rápidos se queriam salvar a ave antes que o pior acontecesse. Shion se via com duas hipóteses, ele mordeu o lábio enquanto tomava uma decisão:

-Vocês os dois vão no barco deste senhor. Eu vou na frente no bote com aquele homem. - ele começou - Me deixe levar Linlin para nos guiar, depois será mais fácil nos encontrar a nós lá. - ele dizia deixando oitocentos pokédolares antes de sair correndo - Completem o que for necessário! - gritou saindo pela porta da cabana.

O garoto mal parava para recuperar o fôlego assim que chegava ao pé do homem com o estilingue:

-Me dê uma carona, por favor! Um pokémon de um amigo foi atingido e caiu no meio do mar, preciso de ir salvar ele o mais rapidamente possível, ela nos guiará o caminho. - explicava tudo muito rapidamente e apontando para o sino - Não se importa? Eu pagarei o que for necessário assim que voltarmos. Meu nome é Shion Taito, os policiais da zona já me conhecem devido ao incidente à uns dias no abrigo perto daqui. - ele queria garantir que saiam o mais rapidamente possível, deixando claro que não pretendia mentir-lhe.


Elizabeth pega o dinheiro que Taito tinha deixando em cima da mesa, achava demasiado caro o dinheiro que o homem pedia pelo uso do barco por apenas uma hora, é que nem era para um simples passeio no mar mas sim para resgatar um pokémon ferido! Ela pega a mão de Charles e entra na outra cabana já explicando a sua situação e perguntando o preço pelo serviço.

Shion não poderia acreditar... Mas ele aprendera antes a não reagir de forma agressiva, principalmente porque o físico do homem era intimidadora por si só e a consequência poderia não ser apenas um aumento do preço pela carona de barco. Sendo assim, ele respira fundo antes de falar:

-Entendo... Mas o senhor derrubou um pokémon de um amigo, provavelmente esse tal Pidgey de que falou, e na verdade é um Pidgeotto. Você tem todo o direito de caçar e vender os pokémon como quiser, mas não aqueles que pertencem a outros treinadores, acredito eu. Para além disso, esse meu amigo é uma criança de apenas sete anos, o mesmo ficou orfão após os desastres de Kanto e Johto e o Pidgeotto que caiu foi o seu grande amigo e suporte que juntamente com outra colónia de Pidgeys cuidaram do garoto, penso que entenda a importância que o pokémon tem para ele e quão desesperado ele está no momento. Acredito que o senhor também tenha pokémons com os quais tenha uma forte relação, não? - o mais velho apelava à bondade do homem, não é que o homem parecesse ser muito sentimental mas ele aprendeu que não devia julgar baseado em primeiras impressões.


Já Elizabeth ficava até um pouco indignada ao ver o homem dormindo em horário de serviço, mas compreendia que devido à tempestade de outro dia era bem possível que o negócio de passeios de barco não estivesse bombando no momento e existissem poucos clientes.

Desta forma, ela se aproximava do senhor, passando o balcão, e tocava o ombro do homem para ver se o conseguia acordar, ao mesmo tempo ela o chamava com sua voz doce, no entanto um pouco alta:

-Desculpe? Senhor, ó senhor!

Charles estava agitado, bufando e andando de um lado para o outro, algumas lágrimas começavam a escorrer dos olhos do garoto. Os seus passos eram pesados e barulhentos, ele simplesmente estava demasiado nervoso para sequer pensar.

-Você não é único que está com pressa, não se preocupe... Eu vou ser muito direto, primeiro não existe nenhum sinal na praia dizendo que a mesma se trata de um local de caça e que não podemos libertar nossos pokémon para voarem na área, segundo matar o pokémon que já pertence a um treinador é crime. Já agora,  é provável que você vá querer me calar de alguma forma, no entanto, os meus amigos me viram vindo para aqui, por isso, você não se livrará tão facilmente de problemas. E se você se preocupa tanto com dinheiro... Pagar indemnizações não é a coisa mais barata de todas. - ele parava alguns segundos para respirar - Desculpe se achou demasiado indelicado ou ingrato da minha parte mas eu só quero salvar o pokémon e voltar para terra e esperar que este dia acabe. Já disse que paguei o que for necessário pela viagem no bote, para além disso vamos para o mesmo local, logo acho que não seja exatamente um atraso para você. E a violência nunca foi a minha forma predileta de resolver as coisas.

Era arriscado... Ele estava correndo um grande risco, mas honestamente ele estava cansado de ser ameaçado por motivos tão egoístas, mas Taito não era idiota de todo, ele mantinha a esfera de Mikael na sua mão para ordenar o uso de Teleport caso a situação ficasse mais grave.


Ainda bem que o homem se desculpou pois Elizabeth já estava enchendo os pulmões de ar após a primeira acusação do homem. Felizmente alguém que se mostrava minimamente importado com a situação do grupo. A oferta do homem era sem dúvida mais barata, no entanto não parecia tão segura quanto a da cabana anterior. Uma canoa, no meio do oceano... Era preciso saber bem o que se estava a fazer para se lançar nessa aventura.

-Hum... Eu entendo, mas creio que concorda que não se trata de o veículo mais seguro para viajar no mar. Pode garantir a nossa segurança de alguma forma? - a garota questionava.