Pokémon Mythology RPG
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[Mirror's Echo] – Route 121/Mt.Pyre –

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Destruição e escuridão - isso era tudo que decorava o último andar daquela ala aparentemente esquecida pelo tempo. Era difícil dizer se o estado do local era aquele antes de sua chegada - considerando o caos que envolvia o Monte - ou se os poderosos tremores de Nidoking foram aqueles responsáveis por despedaçarem o concreto com o qual era construído o cemitério. Foi com obrigatório cuidado redobrado que os pés percorreram a parte do piso que ainda estava inteira, o que felizmente foi um trabalho feito sem obstáculos, problemas ou interrupções. Para variar, um trajeto curto e relativamente simples e, quando finalmente alcançou a saída, parou para observar.

Não via muito, na verdade. Os maiores detalhes que podia enxergar eram as faíscas eventuais que percorriam os andares superiores da estrutura do outro lado e iluminavam casualmente uma ou outra vidraça quebrada. Um receio desconfortável deslizou por sua coluna com os formatos esféricos perfeitos que se estampavam nos vitrais envelhecidos mas, naquele momento, tentou ignorar a sensação que corria dentro do peito para permitir que outro pequeno detalhe se apossasse de seus pensamentos: Lembrava de ter visto um vulto anteriormente e, até onde sabia, tinha quase certeza que não havia enlouquecido - bem, pelo menos era o que poderia considerar dada a reação de Jorel quando adentrara o salão - e, se ainda não havia esbarrado com ele, só tinha um caminho que ainda restava para explorar... ... ...

Os orbes cinzentos se desviaram, então, na direção da ponte que conectava as duas estruturas. A ruiva se permitiu uma respiração profunda enquanto observava os buracos e desfalques ao longo do concreto, e as pálpebras se apertaram por um instante; Não tinha um voador. Qualquer desastre ali, simplesmente não teria o que fazer - e estava consciente desse fato. Esse conhecimento, entretanto, não foi o suficiente para impedi-la de avançar: E foi com passos lentos que arriscou caminhar pela ponte, atravessando cuidadosamente o chão que ainda estava de pé - mas não sem antes guardar o ovo recebido do menino na mochila, pois soube que precisaria das mãos livres caso qualquer coisa acontecesse.

— ...Tomem cuidado, vocês dois. — Alertou à Zuby e Nosepass. Rotom era quem guiava e iluminava o caminho - mas não se preocupava tanto com o fantasma no que dizia respeito à desequilíbrio ou passo em falso. Ele levitava, afinal!

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Uma Tempestade Lendária!

Chegando até o exterior daquele primeiro edifício, além de receber o choque de realidade ao vislumbrar pela primeira vez os terrenos mais afetados do Mt. Pyre, Natalie também recebeu uma imensa quantidade de chuva novamente sobre sua cabeça. Felizmente, Nosepass e ela ainda mantinham suas capas de chuva e permaneciam secos, apesar do incômodo daquele clima excessivamente chuvoso. Contudo, isso não podia ser dito de Nidoking e Rotom... O primeiro parecia desanimado com a constante corrente de água sobre seu corpo, já o segundo emanava faíscas de eletricidade pela reação com a chuva, apesar de não ser afetado de qualquer forma no desempenho ou nas emoções.

De todo modo, havia um caminho árduo pela frente, apesar de não ser mais tão longo como era há algum tempo atrás. Inclusive, era possível ter uma boa noção do trajeto já percorrido se olhasse para baixo, através de alguns dos grandes buracos formados no concreto. Eles tinham uma forma tão circular quanto a das vidraças, mas aqui tão perto era possível observar uma queimadura ao redor de cada um dos furos, implicando que não era apenas força que fez o estrago, mas de alguma forma, calor.

Passo a passo, a equipe toda atravessava. Rotom foi o primeiro a chegar, pois não pretendia esperar um segundo e apenas flutuou até o outro lado, esperando ansiosamente pelos seus parceiros e sua treinadora. Em seguida, vinha Natalie, que tinha uma facilidade maior de transpor os obstáculos. E por fim, Zuby e Nosepass... O Rochoso vinha na frente, sendo escoltado pelo Nidoking... Entretanto, não parecia ser uma questão de preocupação, afinal estavam bem próximos de chegar ao destino. Isso até... Algo acontecer...

Rotom parecia ter sentido uma interferência no ar primeiro do que os demais, observando os céus completamente obscuros, mesmo que nada parecesse vir dali. Contudo, logo as coisas começaram a ficar mais claras para Natalie também... Literalmente e Figurativamente Gyaaaaaaaaa! GYAAAAA! Um novo grito emanou-se dos céus, que iluminaram-se, revelando novamente a silhueta de antes. Desta vez contudo, muito maior e mais próxima, logo acima do cume. Quando a luz apagou-se contudo, a iluminação não cesso, mas assumiu uma coloração avermelhada.

Os céus abriram-se para revelar uma infinidade de bolas de fogo vindas do espaço. Era impossível saber se tinha alguma relação com a criatura que parecia dominar os ares, mas era notável que vinham chocar-se contra tudo o que encontrassem pela frente, possivelmente pela segunda ou terceira vez, diante dos estragos que já haviam ali. Uma dessas esferas incandescentes acertaria Rotom, mas o Pokémon usou seus raios para desestabilizar ela e mandá-la para baixo, na direção do penhasco. Contudo, outras cinco vinham em seguida. Duas delas acertaram em cheio o prédio que era o destino da equipe, estilhaçando mais uma vidraça e iniciando um incêndio em seu interior.

Das três últimas, duas vinham na direção de Zuby e uma na de Nosepass. O Rochoso não sabia muito bem como reagir e até preparava-se para fazer algo, mas o Nidoking tomou a dianteira, rebatendo uma das esferas para longe. A segunda, mirando o venenoso, foi rebatida um pouco atrasada pelo mesmo, arrastando-o para trás alguns centímetros, de encontro ao parapeito já desgastado. Então sobrou a última, que mais veloz, acertou em cheio a cabeça do grandalhão, fazendo-o pender para trás e arrebentar o parapeito de concreto. Ele ainda tentou agarrar-se, mas seu corpo caiu pesadamente e o Pokémon mantinha-se dependurado pelas garras que arranhavam lentamente o chão. Enquanto isso, mais algumas esferas caiam do céu sem um alvo definido. Natalie precisava pensar rápido em como resolver a situação e sair do campo de tiro daquelas pedras espaciais. O que a ruiva faria?

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Tudo o que aconteceu foi muito rápido - talvez até demais. A travessia pela ponte por si só havia sido quase que totalmente calma (fato que sem dúvidas levantou um pouco de desconfiança dos instintos da ruiva, considerando todo o seu histórico até então) mas, como um digníssimo boss que espera até o último minuto para aparecer, sua aproximação constante do novo edifício parecia ter sido mais que suficiente para ativar uma espécie de carta armadilha e, então, choveu. Não a chuva que já estava acostumada, oh, não; Tal qual lágrimas de sangue são capazes de escorrer por um rosto sombrio, as "gotas" flamejantes foram repentinamente atiradas do céu, deslizando pelo manto negro das nuvens em impressionante velocidade, mas não sem que o berro sofrido fosse emitido pelo topo do monte por sabe-se lá que criatura.

A decisão de proteger o ovo dentro da mochila se mostrou mais certeira do que poderia sequer supor. De um segundo para o outro, o caos estava instaurado; Não para Rotom, que sabiamente atravessara a ponte e aguardava com tranquilidade do lado oposto, e tampouco para Nosepass, que fora devidamente protegido, mas para o próprio responsável por defendê-lo: O corajoso Nidoking. Infelizmente, sua bravura não encontrou recompensa - muito pelo contrário, considerando a maneria violenta que o arroxeado foi praticamente atirado para fora da ponte (fato que sem dúvida formaria uma tormenta nebulosa em seu coração se não fosse o pequeno fator de que o bípede havia se equilibrado pelas mãos).

Posta essa situação, a ruiva não pensou duas vezes. Tinha um instrumento ao alcance, e não hesitou em utilizá-lo: Retornou imediatamente tanto o Nidoking quanto Nosepass para suas respectivas esferas, sem parar para perguntar se era de sua vontade ou não - um não hesitaria e, quanto ao outro, não tinha tempo para qualquer risco de birra que ele ousasse realizar. Estava próxima do outro lado: Então, correu. Se precisasse dar uma rasteira para deslizar até a ponta que Rotom esperava, que fosse! Mesmo com o aparente incêndio instigado em algum lugar do interior da estrutura que a aguardava, certamente era algo melhor de encarar que um projeto de chuva de meteoros!

— Rotom, rebata as esferas com Thunderbolt! — Gritou, em meio à pressa; Tinha consciência da força de seu elétrico e, se ele não fosse capaz de pará-las, pelo menos um desvio certamente seria possível.

Parecia que estava certa, afinal - o Inferno transcedera ao Paraíso, e eram as labaredas que agora cumprimentavam os desavisados que ousavam encarar a tormenta que se formara no Monte Pyre. Seria possível visualizar uma guerra celestial, aqueles que alcançassem o topo sem que fossem enxotados por um motivo de força maior - uma perna esmagada, quem sabe -?

...Bem, descobriria em breve!
... ...
Ou não, né?

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Uma Tempestade Lendária!

Natalie sentia-se em uma enrascada... E não era uma mera sensação! Como se tivesse pisado em algum "botão-armadilha" de alguma tumba antiga, a ruiva e seus Pokémon pareciam ter "acionado" todo aquele evento aerolítico ao aproximar-se cada vez mais do topo do Mt. Pyre. Nidoking havia levado a pior, ficando literalmente por um fio ao agarrar-se com sua unha no concreto do chão daquela ponte. Nosepass até tentou ajudá-lo, mas tudo poderia ficar ainda pior se as novas rochas que caíam dos céus o acertassem desprevenidos.

Prevendo o pior, a ruiva rapidamente recolheu seus dois Pokémon, lançando-se velozmente dentro do próximo edifício, apesar do incêndio que o afetava. Já para Rotom, a menina ordenou que usasse seus movimentos elétricos para tentar barrar o avanço das rochas, torcendo pelo melhor. Enquanto isso, lá fora, um novo chiado forte era ouvido, novamente as Bolas de Fogo passavam pela chuva, num choque sonoro e cheio de fumaça entre a água e as chamas.

Rotom, seguindo as ordens de Natalie, começou a acertar os atacantes com seus raios, o que parecia fazer eles desistirem de acertar o prédio, tomando outro caminho. Já a própria treinadora podia notar agora com clareza o interior do local. Era como uma Capela e talvez realmente fosse... Havia uma estátua do mítico Pokémon Arceus sobre um altar cujas cortinas foram parcialmente arrancadas e jaziam no chão, consumidas por labaredas que escalavam o resto do pano ainda preso na parede. Acima da garota, o teto de vidro abobado estava completamente destruído e chuva caía sobre sua cabeça, livremente.

Assim que a ameaça parecia ter sido controlada do lado de fora, o Elétrico retornou para o interior, em busca de sua treinadora. O barulho da chuva era a única coisa a ser ouvida, até que... A cortina em chamas começou a erguer-se lentamente, como um fantasma que desperta de uma não-vida amaldiçoada. O tecido, parcialmente afetado pelo fogo ainda vivo, começou a caminhar na direção da dupla, deixando Rotom em alerta e a ponto de tomar a dianteira da situação. Entretanto, conforme o sistema se movia, o pano simplesmente foi ficando para trás e uma figura bastante exótica surgi de lá. Sua expressão não era a das mais fáceis de ler, então era difícil saber suas intenções. O que Natalie faria?

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Era com uma força e desespero inigualáveis que o músculo cardíaco retumbava dentro do peito da jovem. As pernas ainda tremulavam, a respiração pesada e as pálpebras se apertavam em consequência à repentina e necessária aceleração, mesclada ao desespero que assolou cada partícula de seu ser: O corpo pendeu para frente enquanto ouvia o estouro dos raios provocados pelo companheiro fantasmagórico, e as palmas se pressionaram contra os próprios joelhos por alguns segundos, o rosto voltado para baixo em uma tentativa quase tola de manter a tranquilidade que, por alguma sorte do destino, se mostrou realmente efetiva. De qualquer jeito, manteve a pose por alguns instantes e, quando a desfez, não prestou atenção de imediato ao local onde se encontrava - pelo contrário! Sua primeira atitude foi pescar outra vez as esferas de seus companheiros, libertando primeiro ao dinossauro arroxeado, o qual esmagou num abraço sem pensar duas vezes ao vê-lo se moldar são e salvo por meio do feixe esbranquiçado de luz. Os braços se apertaram ao redor dos fortes ombros do espécime, e a testa se encostou também por ali enquanto a respiração ia e vinha, buscando normalização.

Se manteve em silêncio, como há muito já fazia. Os dedos se pressionaram contra a couraça do dinossauro, trêmulos como o resto do corpo jazia. A calmaria não a atingiu de uma vez, mas certamente começou a se embrenhar por seus pensamentos quando sentiu os braços fortes do roedor tornearem-lhe em quietude, correspondendo com delicadeza ao gesto fraterno que lhe era oferecido. A ruiva sentiu quando o animal esfregou o rosto contra seus cabelos, e o fato arrancou-lhe um sorriso pequeno, receoso de demonstrar alívio e invocar com ele mais uma saraivada de meteoros.

"Ele está bem", sussurrou para si mesmo o seu coração, "está tudo bem".

Mesmo quando os olhos arriscaram se abrir, Chase não se separou de imediato do venenoso. Não era a primeira vez que sentia palpável na ponta de seus dedos a sensação de perdê-lo e, ainda assim, não era capaz de se acostumar com sua existência. Talvez nunca fosse - e isso não era algo que alguém poderia julgá-la a respeito. Tanto que foi sem força alguma que os braços se afastaram vagarosamente do corpo do animal e, ainda que o fizessem, os dedos de uma mão permaneceram firmes (tanto quanto eram capazes) no ombro do terrestre. Foi preciso coragem para finalmente deixá-lo em paz, por assim dizer - claro que só a tinha por tentar se convencer que não aconteceria nada tão drástico dentro do edifício - e, então, libertar também o narigudo que carregara até ali.

Vê-lo se moldar em pleno ar foi, por um momento, algo que dividiu suas emoções. Não por culpa do pokémon em si, mas pelo fato de um pequeno rancor se reacender em seu coração: Sabia que fora decisão do próprio Nidoking, mas era incapaz de evitar o pensamento de que não era a primeira vez que quase perdia o companheiro "por causa" daquela linha evolutiva. Felizmente, não foi preciso muito esforço para suprimir esse sentimento negativo - talvez por não ter tido a oportunidade de realmente assentar tal reflexão no cérebro, quem sabe -, até pelo fato de que se até Zuby tomara a dianteira para proteger a estatueta (algo que a surpreendera, aliás!), por qual raios de motivo ousaria ir contra a maré? Com isso em mente, se ajoelhou na frente do pokémon-bússola para averiguar suas condições físicas e, felizmente, ele também não parecia ter sofrido coisa algumas além do susto conjunto que assolara o pequeno grupo.

— ...Que bom que vocês estão bem... — Murmurou, os ombros finalmente caindo e abandonando a tensão com a qual foram acometidos há pouco tempo. A ruiva se inclinou para encostar de leve a testa contra a cabeça do azulado, ignorando qualquer risco de mau humor que ele pudesse repentinamente demonstrar - um gesto talvez arriscado de "carinho" (?) mas, bem, as coisas já estavam bem melhores do que quando adentraram a 121, o prenúncio de toda aquela tormenta que agora os circundava de maneira predatória.

O momento não chegou a ser suprimido, mas "interrompido", de certa forma, quando reparou no agressivo chiado estático emitido por perto que só poderia pertencer ao seu cortador de grama: O rosto se ergueu com sutileza, e os orbes passearam pelo local vagamente (ainda não explorado, aliás) confusos, antes de se dar conta da flamejante cortina flutuante que se aproximava cada vez mais não somente de si, como de seus pokémons. Levando em conta a situação que acabara de sair, não é surpreendente afirmar a maneira como ficou arisca de repente - e se ergueu de imediato diante da figura assombrosa, ainda que um ponto de interrogação se estampasse inevitável quando o pano foi abandonado ao chão e uma pequena figura estrelada se revelou, com tanta expressão quanto o próprio Rotom que tomava a dianteira da situação.

À primeira vista, parecia inofensiva: Mas não quis julgar pelas aparências. O elétrico já estava pronto; Ao menor sinal de hostilidade, não hesitaria em coordenar um Thunderbolt duplo e até mesmo os costumeiros Smack Down de Nosepass.

De qualquer jeito, esperou para ver.

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Uma Tempestade Lendária!

O momento em que Natalie constatou a segurança de seu companheiro Nidoking foi realmente emocionante e arrebatador. Bastante contrastante com aquele em que a treinadora observou seu Nosepass... Não por mal afinal, mas em uma situação tão caótica e de sentimentos à flor da pele, era natural ter reações viscerais como essas. Por sorte entretanto, a garota não permitiu transparecer suas emoções explosivas para seus companheiros. De todo modo, logo isso não importava mais, pois outro grande problema surgia diante dela e de seus Pokémon. Era uma criatura, uma bastante estranha e inexpressiva, que voava ao redor dela e dos demais.

Rotom mantinha-se pronto para qualquer ordem que lhe fosse dada, mas talvez não fosse necessário afinal, pois o suposto adversário parecia mais confuso do que ameaçador. Ele olhava ao redor, talvez em busca de algo. Poderia ser...? Bem, duas esferas haviam sido lançadas sobre aquela Capela, mas apenas ele havia surgido ali e... O Pokémon começou então a ignorar Natalie e seus companheiros, procurando com bastante rapidez ao redor de tudo que havia por lá, debaixo dos panos, embaixo de bancos e pedaços de concreto das paredes até que... A criaturinha parou de frente com algo que parecia ser quatro placas, muito semelhantes ao seu próprio corpo. Elas estavam separadas e largadas no chão, enquanto uma espécie de poeira cósmica emanava de lá, direto para os céus, claramente mais leves do que o ar, até dissiparem e desaparecerem...

A criatura parecia incrédula, mais pela expressão corporal do que sua face imóvel. Ele então saiu do edifício, retornando até a chuva e a escuridão da noite, lançando-se como um torpedo na direção do topo, novamente em chamas. Contudo, antes mesmo de desaparecer diante das nuvens, o Pokémon foi golpeado por um trovão terrível! Muitas vezes mais poderoso e impactante e luminoso do que qualquer golpe de Rotom. Um movimento que o fez voltar ainda mais rápido até o lugar onde a ruiva estava. A criaturinha então, com o forte impacto, manteve-se imóvel.

Se Natalie se aproximasse veria rachaduras surgindo na sua pele rochosa, enquanto uma luz escapulia e... De uma vez só aquela casca abriu-se e revelou um Pokémon em seu interior. Além do mais, ele não parecia nada bem... Seu olhar agora visível era perdido e parecia decepcionado, até... Ele perder a consciência. Seu corpo, agora mais agitado e também colorido, parecia começar a se dissolver em uma pequena poeira brilhante que subia pelo ar até desaparecer. Talvez fosse interessante para a garota conferir mais sobre ele na Pokédex e então tomar uma decisão. O que Natalie faria?

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A atitude arisca inicial ao se deparar com a estranha estrela arredondada se dissolveu com tanta facilidade quanto a que surgiu quando o espécime a ignorou quase que completamente para começar a... Vasculhar a capela. Inclusive, foi somente ao acompanhar o trajeto do... Meteoro... Que a ruiva finalmente prestou atenção nos detalhes do cômodo em que se encontrava. Os orbes cinzentos passearam com amena curiosidade pelo local destruído - fosse pelo tempo ou por fatores mais físicos -, desde as cortinas esfarrapadas, passando pelos bancos destruídos e até mesmo se demorando um pouco mais na imponente estátua de Arceus, que certamente tomaria mais de sua atenção se ela não estivesse voltada completamente ao curioso estrelado.

Chase enxergou quando o pequeno pokémon parou diante de cascas rochosas largadas no chão, tão idênticas quanto ele próprio; A poeira finíssima que escorria das partes divididas em direção ao infinito, em primeiro momento, não significou nada para a moça. Em verdade, ela se viu assaltada por surpresa e confusão quando, num impulso violento, o selvagem (?) cruzou a atmosfera e abandonou a capela, zunindo na direção que há pouco havia sido bombardeado para baixo - e o pensamento cruzou a mente da jovem com um estalo repentino de que, whow, todas aquelas esferas flamejantes eram pokémons? -. O olhar acompanhou a viagem veloz do desconhecido e os passos até mesmo se arriscaram um pouco na direção da saída enquanto o observava subir mais, mais e mais e...

Até que não subiu mais.

O sobressalto que atingiu a treinadora nem de longe foi tão forte quanto o trovão que desceu dos céus para proibir definitivamente o avanço do pobre animal que, fazendo jus à sua própria forma, mais uma vez desceu com a velocidade e violência de um meteoro, sendo "expulso" novamente para o interior da ala que mal havia abandonado; Então, de agitado, o espécime de repente se tornou inerte, fato que a fez criar coragem para se aproximar a passos vagarosos. Na escuridão da noite - ainda que o lugar fosse um tanto quanto iluminado por conta de Rotom -, não foi preciso muito esforço para identificar os feixes de luz que escapavam de alguns pontos do corpo do animal e, com isso, logo percebeu as rachaduras por toda a sua casca. Como um ovo recém-nascido, o meteorito se partiu em diversos pedaços menores, libertando o núcleo aprisionado do lado de dentro.

Se até então era a surpresa que prevalecia em seus sentimentos, o pesar foi aquele que dominou quando o olhar se deparou com a expressão abatida do alaranjado. Como se afetado pelo Sol através da lente de uma lupa, uma poeira amena começou a ser expelida pelo espécime, bem parecida com a que havia visto outrora - o cenho se franziu com sutileza ao passo que os vibrantes olhos do selvagem se fechavam vagarosamente e, diante disso, a ruiva se abaixou ao seu lado. Os orbes cinzentos passearam pelo pó de estrela que levitava em direção aos céus, e também a maneira como a luz vibrante do selvagem parecia enfraquecer aos poucos, enquanto seu próprio tamanho diminuía.

...Então, entendeu.

Não foi um conhecimento que veio de forma definitiva, ou tampouco certeiro. Em fato, foi a intuição que a indicou a base do que possivelmente poderia estar ocorrendo ali e, sobretudo, o forte sentimento de perda que sentia escorrendo das partículas exaladas pela estrela viva. O coração se apertou com a mera hipótese que a mente gritou para si, e foi com uma delicadeza extrema que as costas dos dedos arriscaram roçar pela "bochecha" do meteoro, em carícia gentil. Os lábios chegaram a se entreabrir mediante o pensamento de inúmeras palavras que poderiam ser ditas naquele momento, entretanto, apenas o ar escapou pela fresta.

Monte Pyre era um cemitério - como tal, percebeu que trazia em suas entranhas a sina arrastada da morte e o sentimento constante da perda. Podia enxergar aquele fato não somente no espécime que desfalecia no piso gélido de concreto, mas também na imagem de Jorel, quando seus destinos acabaram curiosamente entrelaçados. Ela própria por muito pouco não havia sido atingida com essa maldição sombreada que escorria nas entranhas das estruturas da área, e tudo graças ao rápido reflexo de retornar o gentil roedor para sua esfera.

...

Foi com esse pensamento - egoísta, talvez - que retirou uma vazia dos pertences. Brilhante, azul: A mesma que guardava consigo desde a participação de Wallace Cup. Recordou inevitavelmente do desespero que a sufocava na época, assim como todos os eventos que a fizeram enlaçar-se repentinamente com o amável rapaz de olhos marinhos e, no meio de toda a escuridão, ventania e tempestade, encontrou um pequeno ponto aquecido de aconchego no próprio coração. A cabeça balançou com suavidade em negativa, a respiração indo e vindo entre a calmaria e a inquietação.

— ...Não é sua hora, ainda. — Sussurrou ao selvagem. — Não desse jeito. — Sentenciou, encostando o centro da esfera bicolor silenciosamente em sua superfície.

Não tinha certeza se a atitude valeria de alguma coisa. Em fato, não tinha a menor ideia se realmente acabaria se deparando com um animal - fraquíssimo - no depósito quando (e se) retornasse. A ideia de um final trágico daqueles, entretanto, não se assentava bem em seu coração - com sinceridade, ela própria não saberia o que faria caso tivesse de sofrer com mais uma perda brusca daquele nível mas, acima de qualquer coisa, também sabia o que não iriam querer que fizesse caso ocorresse.

Sim, podia ser uma atitude egoísta.
Ao mesmo tempo, também era uma ordem do coração.
Então, não a evitou.

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Uma Tempestade Lendária!

A menina ruiva possivelmente acreditava estar diante de uma iminente batalha, mas a realidade foi bem outra. Ou melhor, até havia sim uma batalha, mas que não a envolvia, pelo menos não diretamente. O Minior, magoado pelo fim tão repentino de um de sua espécie, buscou vingança contra o ser poderosíssimo do cume, mas acabou levando a pior. Seu destino foi certeiro, arrebentando-se contra o solo tal qual um "anjo caído" e lá permaneceu, sem qualquer ânimo para erguer-se novamente, aceitando o seu fim talvez.

Entretanto, Natalie não podia ficar quieta diante desta situação tão injusta. Muitas coisas já haviam ocorrido com a menina e ela já havia visto realmente o fundo do poço mais de uma vez. Contudo, sempre existiram pessoas destinadas e determinadas a resgatá-la, sejam humanos ou Pokémon, sejam amigos de longa data ou não. Foi por isso que, mesmo sem ter certeza de estar fazendo o certo, a garota alcançou uma de suas Poké Bolas, mais precisamente a Azul Brilhante, um prêmio da Wallace Cup, a qual havia sido um divisor de águas em sua vida e, tocando o Pokémon antes de partir, tentou capturá-lo.

Aos poucos, o Pokémon fechou os olhos e dissipou-se, mas o pó que o formava ao invés de ir aos céus, foi sugado para dentro da esfera, que se fechou em seguida. Por alguns segundos a cápsula agitou-se, mas não tardou a parar e fazer barulho, indicando a captura bem sucedida. Os Pokémon de Natalie, assim como a garota, ficaram ali estáticos, ouvindo o barulho da chuva como único som ambiente, enquanto a Poké Bola sumia diante de seus olhos, envolvida por uma luz prateada, como tantas outras vezes ocorreu. A ruiva não poderia ter certeza do estado deste Minior tão cedo, mas mesmo assim precisava seguir em frente se quisesse alcançar o topo. E o caminho estava diante de si... logo atrás da cortina semi-incendiada havia uma porta e uma escadaria que lhe levaria a novos pontos de maior altitude naquele Mt. Pyre. A dúvida é... Natalie estaria pronta para seguir?

Minior foi capturado! :

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Não existia silêncio dessa vez.

Era capaz de escutar o choro das nuvens se chocando contra o concreto do lado de fora, os casuais uivos que o vento insistia em emitir, os violentos e estrondosos trovões que chicoteavam a atmosfera, os berros guturais de uma criatura desconhecida que se ocultava no centro da tempestade. Ouvia seus fantasmas e demônios sussurrando-lhe maldições e lamúrias ao pé do ouvido, os próprios pensamentos e lembranças martirizando-a, o eco distante de palavras dóceis que eram praticamente suprimidas em meio ao caos - e era em meio à sua tormenta particular que os orbes acinzentados assistiram o esvair do pequeno meteoro não ao infinito, mas para o interior de tão especial esfera e, então, a observou desaparecer em tímida garoa prateada.

Não existia silêncio, mas ela manteve o seu.

Segundos foram necessários antes que o corpo ousasse se mover daquela posição - e apenas o fez para que os dedos recuperassem um fragmento da rocha partida durante a aterrissagem do alaranjado. As pupilas demarcaram em ritmo lento os triângulos "tatuados" na superfície escura e, sem pressa, as pernas se movimentaram uma vez para trás e para frente para que pudesse se equilibrar e levantar. As pálpebras se cerraram por um tímido momento e, suave, a respiração veio e foi, enchendo os pulmões com o odor exalado pelo temporal. Naquele instante, questionou a si própria quantas histórias iguais não só à do meteoro, como também a de Jorel, já haviam sido afogadas nos braços grotescos da tempestade que com tanta tranquilidade se fazia marionete ao titereiro oculto nas nuvens.

Não existia resposta, e ela também não a esperou.

Quando o olhar foi liberto novamente, ele de imediato seguiu na direção das escadas que enxergara outrora. Observou os degraus que pacientemente traçavam caminho ao andar superior e, ainda que o temor corroesse seus ossos há uma ponte atrás, não hesitou: Não pela falta de receio ou coragem repentina, mas por sentir o débito que se acumulava por conta da criança, de Ninetales e, agora, de uma estrela; Ou melhor, de duas, cujas almas e corações se sepultaram no Monte Pyre.

Caminhou. Dirigiu-se até o arco e primeiro degrau, e os pés pararam por um momento enquanto os dedos roçaram pelo tecido cheio de fuligem que pendia de cima. Os olhos se desviaram brevemente na direção da estátua de Arceus, eternizada no centro da Capela e, em silêncio, o coração fez sua prece para que o imponente intercedesse: Não mais que alguns segundos foi o tempo que levou naquela gentil divagação e, então, mergulhou em direção ao desconhecido.

Paraíso ou Inferno - já não importava mais.
Que alguém desbancasse seu rei, ou que mais um cadáver apodrecesse nas vísceras do monte.
Amém.

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Uma Tempestade Lendária!

Apesar do vento, da chuva e dos raios já estarem afetando Natalie há bastante tempo, ficava mais evidente agora o turbilhão pelo qual ela estava passando. Tantas vidas estavam sendo afetadas por essa tempestade e esse grande número de exemplos vivos presenciados pela ruiva certamente deveriam ser pequenos diante da imensidão de casos que se espalhavam por todos os lados do Monte, afinal o número de treinadores que estavam se arriscando por ali devia ser enorme! Seria esta uma grande provação dos Céus para os humanos? Um castigo aos ousados? Ou apenas um acaso incontrolável que não escolhia alvos ao bel prazer, mas simplesmente pela aleatoriedade das coisas?

Independente do que realmente estava causando tudo aquilo e do porquê, a treinadora sentia um impulso, uma necessidade de seguir adiante. Neste ponto Natalie já não se importava mais em ser apenas uma das estatísticas que se somariam ao final desta tempestade ou talvez aquela que findasse tudo... Fez então uma prece, ou quase isso, dentro daquela Capela, diante da estátua de um Ser tão mítico. O que será que a motivara a tal ato de... fé? Seria a mesma força que fazia com que suas pernas seguissem em frente por aquelas escadas? E se fossem, estariam lhe guiando pelo bem ou para o mal? Eram perguntas demais para poucas respostas e a jovem, de certo modo, deveria estar esperando encontrá-las no topo do Pyre.

Pé por pé, degrau por degrau, Natalie foi tomando altitude pela encosta do Monte. Aquele era um caminho bastante utilizado e ela podia saber disso pelo desgaste no mármore que formava a escada. Entretanto, não era um desgaste de negligência, porque a manutenção e o cuidado eram evidentes. Aquele espaço, ou pelo menos a partir dali, o Cemitério Vertical do Pyre se tornava mais elitista, talvez destinado aos privilegiados. Tudo era extremamente branco, com detalhes dourados e inscrições em letras cursivas e diferenciadas. Havia um jardim, apesar das flores estarem afogadas por aquela chuva torrencial.

Caminhando por um trajeto agora plano, apesar de alagado, Natalie podia verificar a presença de diversos mausoléus individuais. Talvez, cada um pertencente a uma família. Eles possuíam telhadinhos coloniais, uma bela porta de duas partes, em ferro fundido e todo esculpido, além de uma estátua de um ou mais Pokémon a frente da construção, possivelmente criaturas que representavam famílias. Era fácil distrair-se ao observar cada detalhe da arte, tentando adivinhar algumas criaturas mais desgastadas ou entender a inscrição dos donos daqueles lugares. Distração essa que talvez tivesse tirado o foco do que havia adiante.

Bem na frente de um novo lance de escadas ladeado por dois postes de iluminação altos e acesos havia uma figura. Em meio a tanta chuva e num dia tão nublado e escuro, poderia ser qualquer coisa. Porém, com os postes, ficava mais evidente que se tratava de um treinador. Ele possuía vestes branco e azul. A blusa era listrada nessas cores, a calça era azul, assim como luvas e botas e a bandana, apesar desta última contar com um símbolo que parecia um A talvez... Além do mais... Ele parecia ter notado a presença da garota? Seja como for, a figura agora vinha na direção de Natalie com um sorriso enigmático nos lábios e não parecia que iria parar. O que Natalie faria a respeito?

Progresso da Rota :

description[Mirror's Echo] – Route 121/Mt.Pyre – - Página 15 EmptyRe: [Mirror's Echo] – Route 121/Mt.Pyre –

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