[EVENTO] Where Is My Mind_Trainspoting

Goldenrod.
Digam: Por quê?

Alias, não - não é necessário. Existem coisas que não se explicam, afinal; Elas simplesmente são, sem razão ou circunstância, sem motivo ou intenção. É engraçado, porém, a maneira como o destino permite entremear o desejo de um momento de relaxo nas vísceras de uma cidade movimentada e em pico noturno: Quer dizer, para um descanso válido, não seria melhor simplesmente sair à esmo em algum campo longe da urbe ou, no mínimo, alguma que não uma metrópole enorme como uma das sedes da Devon?

Enfim, quem sou eu para tentar impor algum tipo de padrão normativo, huh? No fim das contas, restam os ônus e os bônus aos (às?) treinadores que, vítimas de uma decisão impensada, gorjeiam traços e passos à caminho de um futuro incerto e uma problemática secreta.

...ou talvez eu só não tenha ideia do que estou dizendo, nesse exato momento.
Hm.

Mas, sim, Poké-Uber, né?! Devo dizer que, sinceramente, pelo menos nos primeiros minutos, não parecia lá o seu dia de sorte não, moça. O aplicativo até tava funcionando (ou será que a tela mentia para a senhorita?), o problema era que não surgia nem um único santinho motorista para fazer essa corrida. Será que ninguém queria trabalhar, plena noite de... Inverno?

Isso, inverno. A página do Deerling quem me ensinou. Tá, então, no caso, talvez faça um pouquinho mais de sentido o fato de que ambas as donzelas de Réquiem tenham ficado ali, no meio da noite, mofando no clima gélido enquanto esperavam, tristes e solitárias, por um carro que parecia não querer aparecer. Digo, inclusive, se tivessem ido à pé, provavelmente até já estariam lá - mas, após tanto tempo sem visitar direito, será que a dona ainda se lembraria do mapeamento daquela bendita urbe?

...Sei não.
De qualquer jeito, não precisa pensar; Apesar de demorar alguns minutos, trago enfim uma boa notícia: Sim, um trabalhador finalmente atendeu suas preces e indicava que em breve estacionaria, lindo e belo, para que pudessem adentrar seu carrinho maravilhoso; Pela demora, peçam aos céus que seja uma limosine, que é o mínimo do mínimo a se esperar depois de tanto tempo em pé, com as canelas no frio.

Quer dizer, ainda podiam cancelar e ir andando, claro.
Até porque, bem, o mapa do aplicativo ainda indicava que demoraria um pouco mais até a chegada do homem - aliás, o nome dele é Adalberto, tá bom? É um careca gorducho de pele morena e narigão; Sério, narigão. Parece até um Pikipek. Vocês querem mesmo esperar? Eu tenho a sensação de que esse maluco pode matar vocês sufocadas só de estarem no mesmo ambiente que ele; Imagina, então, em um carro fechado?!

...uh... Tá, talvez seja exagero.
Enfim, tá por sua conta.

Muito bem; Esperemos, então.

Durante o breve período que seu motorista não chega, deixe-me distrai-las com uma descrição singela das ocorrências que as rodeiam: Já foi dito, mais de uma vez, que a área estava não só movimentada, mas também agitada. Claro, de certa forma, isso é uma situação normal numa metrópole daquelas, porém, garanto também que aguardar estática em um único ponto certamente contribuiu para um pequeno detalhe - que não, aquela euforia toda pelas ruas não era comum. Em realidade, os burburinhos ao redor eram altos, passos apressados indo pra lá e pra cá, semblantes preocupados, exasperados e ansiosos estampados e espalhados por cada uma das expressões únicas que passeavam por aquele mar de pessoas e treinadores. Era difícil encontrar uma razão para explicar o, hm, frenesi que escoava pelas esquinas de Goldenrod sem que parassem para questionar mas, ora, para quem diabos o fariam, levando em consideração que ninguém parecia relaxado o suficiente para bater um papo com duas desconhecidas no meio da noite?

E olha que isso nem foi o pior. Não no quesito de pior, mas de estranho; Afinal, bastaram alguns poucos minutos e, lá pelo fim da rua, aparecia também uma silhueta gorducha de cabelinhos ralos penteados de uma maneira esquisita, como se os fios não se encaixassem direito no lugar. Além disso, o homem estava montado em um infeliz Stantler que não parecia muito contente com o peso que carregava mas, pelo menos até então, a rena não estava reclamando ou processando ninguém.

Atrás dessa primeira rena, existiam mais quatro: Em duas filas de dois, lado a lado. Seguiam sem pressa como um agradável projeto de comboio, "trotando" pela rua e tomando-a como se fossem delas. Seria natal - aquele seria o papai noel?! Bem, tecnicamente ainda era muito cedo para isso, mas já que era inverno, talvez alguém imaginasse que era a mesma coisa? Era uma hipótese meio esquisita mas, sinceramente, a partir do momento que o mundo em si já era uma loucura, qual era o problema de um ou dois carinhas com alguns parafusos a menos, né?

Enfim, ele veio se aproximando.
Mais perto. Mais perto. Mais perto.

E aí, bem na frente de vocês duas, senhoritas, ele parou. E digo mais: Aquele narigão não engana ninguém; Talvez Pinóquio. Aquele, senhoras, aquele era Adalberto. Com uma bendita de uma peruca torta bem no topo da sua cabeça de ovo e, ali de cima da rena, era ainda mais fácil ver os pentelhos grossos e enormes dentro de suas narinas. Quase como se convidassem qualquer pessoa a se perder ali dentro, num mundo escuro de caos, desespero e meleca.

...
Vocês esperavam um carro?
É, eu também.

— Opa, madames. — Disse o homem, em uma voz arrastada e meio grogue - não de bebida; Talvez Arceus simplesmente não gostasse daquele pobre coitado. — É você a dona Winnie, é? — Sorriu, os dentes meio amarelados e tortinhos. — Podem subir, podem subir! — Convidou e, com um assovio, dois dos Stantlers abaixaram e fitaram as companheiras de sociedade.

E aí, galera? Como é que vai ser?