[Missão Rocket] Infiltrado

O motorista estava se sentindo confortável para falar. Bom. Eu acho. É, pra missão é ótimo. Pra bateria social, nem tanto.

— Eu gosto da chuva. Ela é um indicativo de possibilidade de tempestades. Também é fundamental para vegetações prosperarem. E também tem um simbolismo interessante de purificação da alma. Quase poético. Tudo depende da sua intensidade. Pessoas também são assim. Podem dar medo, serem gentilmente abundantes ou terem esse mistério, tudo dependendo de como se comportam.

Olhava pela janela para fora, mirando o que tinha no horizonte.

— O cheiro que ela trás também é bom. Ao menos eu gosto. Me lembra a infância. - Revelei. Matthew lembrava dos campos de Goldenrod com o cheiro de terra molhada que anunciava a chuva vindo.

CS agora me dava uma informação que não deveria. Fala de outro passageiro. Seria estranho insistir e perguntar diretamente sobre isso, então tinha que criar uma narrativa para que ele se sentisse aberto a dizer nome. Celebridades e políticos, além dos ricos famosos, eram bem conhecidos e reconhecíveis. Nós éramos reconhecidos vez ou outra.

— Essas instituições ainda acabam recebendo dinheiro sujo, muitas das vezes, acredita? E os cidadãos de bem recebendo aplausos como se fossem Arceus. Aposto que esse ai deve estar vindo ao evento também. Fiquei sabendo que alguns figurões da cidade estarão na festa de inauguração da galeria de Juan. Ele vai expor uns trabalhos artísticos. Deve vender algumas peças também e aposto que vai ter gente querendo aparecer dizendo que vai doar uma quantia absurda pra alguma caridade que nem se importa. - Fiz uma pausa, demonstrado indignação. Na real estava me lixando pro comportamento da elite, mas tinh ué vender ideias parecidas. - Adoraria uma oportunidade de desmascarar esses pilantras. A sorte deles é que não conheço ninguém.

Carlos conseguiu me tirar um riso. Seria engraçado Juan sendo caçado pela polícia local no dia da abertura da exibição, causando alvoroço no local, mas sem provas ou contatos internos, muito dificilmente dariam importância para algo assim, sem fundamento.

— Eu conheci Juan. Não acho que seja o caso. Estou falando de bilionários. Aquele 1% da sociedade que acha que pode fazer o que quiser e não ter de pagar as consequências de seus atos.

Não acho que seja o caso do alvo. No entanto, não me contrataram para me importar com dinheiro e sim com um Rocket da Inteligência que foi pego por traição e agora tinha que perder a mão. Ou algo do gênero. Veremos.

Assim que chegamos, aguardei alguém aparecer na janela com uma cobertura ( não estava afim de me molhar ) e pegava o cartão do meu motorista da noite.

— Certo. Fique por perto, por gentileza. Aviso quando estiver saindo.

Dava PK$ 100,00 para ele adiantado dizendo “faça um bom lanche” pois não sabia se demoraria 5minutos ou 5 horas.

MATTE
“Estarei realizando atividades de espionagem. Não interfiram independente de quais personalidades estejam na festa.”

Antes de entrar na festa, mandava um nome em mensagem para Brigitte “Ronald Moonblast” e apagava na mesma hora. Ela saberia o que fazer.

Estava pronto pro rolê.

No salão, procurei não chamar tanta atenção. Olhava para as telas expostas nas pareces do palácio que abrigava arte dentro de outra forma de arte. Parecia um evento bem único. Procurava discretamente Juan, mas não o via, muito menos seu mordomo. Deveria estar em alguma sala se preparando para uma grande entrada ou quem sabe sendo entrevistado por algum jornalista. Seria incrivelmente complicado ganhar um momento da atenção do líder numa ocasião como aquelas, então bolava uma estratégia de improviso.

Pegava duas taças de espumante e procurava a primeira, ou primeiro, influenciador digital que estivesse falando com seguidores online da vernissage. Sub-celebridades sempre conhecem mutá gente, ou fingem conhecer para parecer bem. Com certeza eram uma boa fonte de informações para não dizer fofocas.

Pronto. Tínhamos uma vítima temporária.

Andava pelo salão fingindo estar perdido ou a procura de alguém, de maneira ingênua. Isto até avistar a garota e ir ao seu encontra já dizendo — Amor, sua bebida - já esticando o braço para oferecer o drink, entrando na gravação dela, fingindo costume até “perceber”que foi engano e fazer uma expressão confusa e assustada. - Perdão, eu.. nossa seu cabelo parece demais com o da minha namorada. Quer dizer, ex. Estamos tentando voltar.

Agora feição de vergonha, seguido de disfarce, coçando a bochecha da cicatriz.

— Acho que a perdi de novo… Aceita? Uma boa bebida só presta gelada.

Revirei os olhos mentalmente. Por fora, emitia um sorriso singelo e tranquilo. Por dentro, só a preguiça pelo diálogo morto. Tive que controlar a respiração par não deixar transparecer a indignação pelo descaso.

— Perdão, acho que vou voltar a procurar o anfitrião, já que me convidou pessoalmente para o evento. Sabe me dizer se o artista - perguntava apontando para a obra da qual tecia comentários - senhor Juan, já apareceu para o público?

Na real era só a última tentativa de tentar chamar atenção, mostrando intimidade com o “dono da festa”. Estava me fudendo para Juan, Sebastian e quem quer que ele estava pensando em nos apresentar. Matthew estava chateado demais e Thito com ego fragilizado. Eu não dava a mínima pro especialista que foi mestre de um campeão e top coordenador. Já considerava Janine minha sensei, mesmo pelo curto tempo que passei em seu dojo.