[Missão Rocket] Infiltrado

Ainda estava nublado em Sootopolis. Matthew tinha reservado o quarto presidencial do Primatic Hotel, a poucos minutos do ginásio da cidade. Como era sócio, ninguém suspeitaria de movimentação alguma e ainda poderia dar ordens e delegar funções a subordinados, os colocando como laranjas na operação.

Juan tinha feito o favor de favorecer a busca por informações extras, colocando Matthew Monclar, aspirante a Campeão e Top Coordenador (em segredo com Thito), num evento célebre com influenciadores, políticos e a burguesia da cidade. Claro que estávamos indo com pretexto de conhecer pessoas influentes e prestigiar aquele que um dia foi pensado em ser nosso mestre. Ou melhor.. deles.

Enquanto Thito tratava de nos arrumar para um evento deste porte, fazia contato com quem estava disponível pra me auxiliar quando necessitava. Usava o Pk-Nav, instrumento único e exclusivo de meu acesso, e ligava para ela. Meu Rocket Suporte de plantão.

- Brigitte? Preciso que consiga a lista de confirmação dos convidados da exposição artística de Adam Juan, que acontecerá hoje, e pareie um a um com o banco de dados da Equipe Rocket. Consegue fazer isso? A informação que tenho é que virou um benfeitor muito famoso, sendo um figurão local, então pode eliminar de cara sub celebridades que só querem aparecer e não tem nenhum trabalho beneficente ou benevolente.

Thito estava penteando o cabelo em um espelho imenso com o auxílio de vários utensílios que poderiam ser instrumentos de tortura. Tossi uma ou duas vezes ao inalar um produto.

- Irei tentar descobrir informações sobre possíveis candidatos a alvo através da boa e velha lábia, para reduzir na busca, mas preciso de alguém no suporte. Não quero apagar um CPF por engano.

A katana estava em uma bolsa discreta de golfe. Nunca nem pisei numa quadra do esporte, mas como os ricos gostavam disso, não passava ideias erradas. Independente disso não poderia usar um artefato tão grande a não ser que…

THITO
“NÃO” - disse o irmãozinho coordenador.

MATTE
“Ainda não pedi sua fantasia, ta estressada porquê?”

Ele ignorou, mas sim, o Fairy King tinha estreado e um palco de Forina e depois em diversas performances com a mesma veste e espadas de brinquedo. Poderia ser um bom disfarce.

MATTE
“Podemos negociar…”

OFF: Hello Master!
Missão Rocket de boaça. Quem passou foi @Galvanis e @Cunha deu a introdução ao enredo que eu precisava, então estamos minimamente adiantados. Sugiro que converse com ambos para extrair as ideias principais antes de começarmos. Por isso ainda é de tarde e estou me arrumando e tretando internamente em um quarto do Hotel da Aveengers.
Qualquer coisa, pode me pingar no Discord :)

Matthew estava realmente chateado com Juan e todo aquele assunto de aposentadoria. Faziam alguns dias que o menino não tinha uma recaída, mas ele se encolheu e deixou que eu fosse ao evento em seu lugar. Com Brigitte no suporte eu já teria uma vantagem. E se Thito cooperasse, um disfarce para carregar uma arma.

THITO
“Esquece. Matthew Monclar foi convidado. Não EU” - disse a persona coordenadora.

Ele tinha razão. Seria esquisito aparecer sem ser convidado. Juan sabia do segredo, mas não insinuou colocar isso na lista para a entrada da vernissage.

MATTE
“Pode ao menos me ajudar com maquiagem e cabelo?”

Ao que tudo indicava ele iria ceder. Dentre minhas habilidades de espionagem, disfarce ainda não era uma delas. Apesar de ter um dispositivo de ocultação de identidade, ele tinha um limite de tempo para ser usado e devia ser sabiamente manipulado. Então era conveniente saber entrar e sair dos lugares usando outras técnicas.

A pele fora preparada com uma base líquida mate, deixando com aparência natural, apenas eliminando as olheiras e a cicatriz enorme que tínhamos em uma das bochechas. O cabelo era penteado ainda úmido e preso com creme em um coque, para manter a qualidade impecável a noite inteira. Isso levou algum tempo, mas foi o bastante para uma assistente do hotel me trazer algumas opções de vestimentas, visto que tinham lojas no hotel. Afinal, essa porra era um hotel 5 estrelas! Marcas e grifes lutam em arenas por uma boutique aqui. Enfim, escolhi um Fendi e um Gucci claros para combinar com o palácio de cristal.


A arara com os looks restantes era levada embora, mas foi difícil permanecer low profile. Thito queria muito ir chamativo demais, mas com uma missão, eu necessitaria de algo mais neutro que desse para me infiltrar, caso necessário. Por isso que, por mais que parecesse desnudo, usava algo por baixo. Os únicos acessórios que não eram de grife eram o z-bracelete e o brinco que portava minha Keystone. Thito fez questão de realçar meus olhos com uma sombra verde. Disse que combinaria com o salmão e só repararia que olhasse em meus olhos azuis, frios como gelo no dia de hoje.

Estava pronto.

Só precisava passar no CP antes. Por isso chamava um carro pelo aplicativo, colocando a parada no percurso.

OFF: oi sckar, não vi que tinha postado.. me avise no Discord, fica mais fácil do que entrar todo dia pra checar :)
preciso trocar meu time antes de começar, por isso pedindo autorização pra ir no CP

Algo me incomodava, mas não sabia muito bem o quê. Sabia que estava de noite, mas peguei um óculos escuro mesmo assim para evitar que identificassem meus olhares com facilidade. O caminho até o carro foi tranquilo. Por que ainda me sentia como se tivesse algo faltando? Hm… Talvez fosse uma arma. Nem mesmo os Pokémon mais ferozes estavam em minha posse. Talvez fosse isso.

Assim que entrei no veículo, tirei o acessório de rosto e verifiquei se o cabelo continuava intacto através do apelo retrovisor do motorista, procurando por sinais de algum fio fora do coque. Perfeito. Sem avarias. Notei então uma tentativa de diálogo. Veja.. Não suporto interações sociais. A lábia foi uma habilidade custosa de adquirir QG Rocket por não ter paciência para lidar com pessoas. Todavia, estava melhorando a cada missão e conquistando aos poucos essa skill.

— Carlos, pode me chamar como quiser, não esquento com formalidades.. aliás, posso te chamar de CS? - perguntei, desejando soar mais impessoal. - Soa mais legal.

Pensava rápido. Ele poderia ser mais útil que apenas me levar até a porta do palácio de cristal… Não gastaria minha energia com um diálogo sem benefícios para a missão.

— Sabe ser discreto? - Analisava o comportamento dele para com a resposta, antes de continuar. — Gostaria de contratar seus serviços pelo restante da noite. Preciso de um motorista disponível. Detesto esperar, sabe?

Na realidade gostaria de estar preparado caso precisasse seguir alguém ou fugir depressa. Um motorista particular era um ótimo álibi.

— Pense bem. Volto logo. - Disse assim que abriu a porta para que eu pudesse sair do carro, me apoiando em seu ombro para “não cair”, quando era apenas mais uma estratégia de impessoalidade, para que ele se sinta mais confortável na minha presença.

Tinha que fazer uma movimentação no time. Feraligatr detestava ser envolvido nos meus casos. Era um dos poucos que conseguia diferencias a mim do primário.

OFF: Coso ninguém tiver atualizado ainda, pode fazer a gentileza?
Link cp

Aquela sensação não foi embora. Musharna seria muito mais seguro que Chandelure, mas precisava de poder de fogo para ativar alarmes de incêndio se a coisa ficasse feia. Sendo assim, time que trazia comigo tinha furtividade, força e funcionalidades. Era o bom ter opção.

De volta ao carro, Carlos parecia ter pensado no assunto. Até demais pelo tanto de informação inútil que me passou. Fingi me importar e sorri levantando uma das mãos.

— Não se preocupe. Eu pago sua hora dobrada por me fazer essa gentileza. Assim você fica tranquilo e eu fico seguro caso queira voltar mais cedo ou mais tarde sem risco de ter que esperar por outro motorista. O que me diz CS? Parece uma oferta justa?

No momento, negociando ou não, só queria chegar ao evento. Atrasos só me garantiriam pontos negativos. Não com Juan, claro. Ninguém mais ligava pro velho. Com a missão, eu queria dizer.

Falsidade ideológica, é claro. Fazíamos o mesmo, assim a ER não poderia traçar facilmente uma linha entre Matte e Matthew, evitando de colocar família e amigos em perigo. Afinal, não éramos ratos que apodreciam o sistema. Estávamos no caminho para corromper a corporação. Era por isso que tinha até um plano B em mente. Pela primeira vez tentaria conversar antes de matar. Evolução que chama, eu acho.

Enfim, já devíamos estar próximos do ginásio de Sootopolis. Ou palácio de cristal, como era conhecido.

— CS, mais uma coisa. Senhor não, eu sou mais novo que você, por você. Se quer me zuar, me chama de patrãozinho, mas corta a formalidade, por favor. Já basta os esnobes que vou enfrentar esta noite…. Se bem que Juan mencionou batalhas de exibição, mas ainda não sei o que esperar. Parece pretexto pra gente rica apostar dinheiro em luta de forma clandestina.

Aproveitava a viagem para me aproximar do motorista, ainda sem forçar. Talvez ele se sentisse a vontade para interagir. Quem sabe até contar uma fofoca que ouviu por ai. Motoristas são invisíveis, assim como garçons e camareiras. As pessoas tem costume de falar no telefone e achar que só porque estão trabalhando, são cegos e surdos.