[Rota 109] Gift

 
Coberto de lama. Passar pela rota 120 parecia ser uma travessia suave. Nem tanto! A rota 120 era uma rota que estava constantemente chovendo, o que facilitou o crescimento e a formação de um pântano natural, cheia de hidrófilas, senhores fofinhos e kecleons ocultos. Minha visão foi treinada neste trecho, mas agora na rota 109, eu esperava um clima mais firme, menos lama para atravessar e sem aquele capim-elefante para poder cortar. Por isso, guardava o facão que eu trouxe junto das ferramentas rangers e seguir o caminho a pé junto de Ambipom.

Iniciei o dia com uma calça bege escura era usada, com vários bolsos, certamente, para equipar de itens necessários em missões na natureza, caindo sobre uma bota negra de couro, bem amarrada, deixando claro que ela proporcionaria horas de caminhada e em terreno até mais hostil. Tinha uma blusa preta bem rente ao corpo, cujo tecido era gélido, permitia uma boa transpiração e proteção até de chuva. Por cima, o típico colete laranja aberto, com um pequeno símbolo Ranger Co. costurado na altura do peito, que era possível de se identificar só de perto. O boné finalizava o “look”. Tinham umas luvas alaranjadas, que revelavam os dedos, que permitia o apoio consistente de vários objetos, assim como preservaria a percepção das pontas dos dedos, mas que eu deixaria para usar depois.

Cheguei na rota 109 com a mesma roupa, porém, repleto, completamente cheio, sobretudo, de lama. Especialmente da cintura para baixo, mas parta das mangas da minha blusa foram comprometida. Talvez, se a rota 109 fosse mais ensolarada, eu estivesse com essa lama mais endurecida, pronta para deixar o meu corpo menos flexível do que ele é. Ambipom parecia não se incomodar com o seu corpo suja e agora com a lama dura, então ela seguiu a viagem correndo a minha frente, com seu sorriso estampado.

Foi nesse contexto que eu cheguei atrasado. Fiz um serviço na rota 120, o que me atrasou um pouco. Porém, eu era líder dessa missão e talvez ninguém questionasse o meu atraso... Pelo menos, eu nunca questionaria de um superior meu...

 
Felizmente não seria a rota 109 a limpar o meu uniforme. Ao menos, por enquanto, né? O céu nublado denunciava que o clima seco não seria constante naquele momento e Ambipom não se sentia agoniada. Queria ter essa brisa da macaquinha, pois eu estava super incomodado com o fato de estar encharcado em uma lama do pântano que atravessei na rota passada. Enfim, passado! Deve ser manhã ainda, já que sai de Fortree bem cedo. Ambipom continuava energética como sempre. Encontrar os engenheiros para mapear o solo não era um trabalho difícil, porém, trabalhoso.

- Bom dia, oficiais. - dizia me aproximando do trio que estava a minha espera, naquele campo mais aberto. Dei uma longa respirada funda, vi ao redor cada um. Talvez não estivessem esperando um capitão enlameado como eu, mas ser um oficial tinha disso: Frescura zero! - Capitão Ayzen. Estarei liderando esta missão de reconhecimento. Prazer. - Ambipom saltava ao meu lado, possivelmente tinha encontrado uma árvore que ela gostou - Esta é minha parceira, Ambipom. - sorria e acenava, com todas as mãos.

 Dessa forma eu conhecia o trio que me ajudaria naquela missão. Eram três engenheiros rangers, todos tinham suas personalidades e características. Eu pegava meu Rangerpad para conferir as informações, e apenas sorri. - Então, não parece uma missão difícil, mas pode ser trabalhosa. O local pode ter vários selvagens que vivem naturalmente aqui, não sabemos o grau de hostilidades deles. É simples: três áreas para possíveis construções de uma base de observação em cada local e a gente vai embora, beleza?

Eu apenas confirmava o que todos sabiam. Eu apertei nesse momento um botão no aplicativo no rangerpad e logo duas hélices saiam da mochila. O drone ranger aparecia. Pequeno, poderia ser carregado apenas com uma mão, porém, ágil e veloz, silencioso e com uma câmera em alta resolução. Liberei o pequeno aparelho para mapear a área, enquanto a gente olhava para o visor e via quais espécimes teria ali.

Enquanto o drone fazia o serviço deles, peguei meu binóculo high tech para ver se encontro algum terreno aparentemente mais alto e longe do capim-elefante que cobria boa parte da rota. Ambipom, com sua habilidade única, saia vistoriando a área, enquanto eu procurava no solo com os outros.

- Vocês quem vão me dizer se a área é boa para a construção, capiche? - completava.

A rota também não era algo lá muito gigante, embora fosse lotada de muitas características, natas, do ambiente em que eu estava. Sim! Rota 109 tinha mata grande, terreno rochoso e muito mais, o que fazia daquele trecho um mosaico de vários lugares diferentes. Como o dia aqui prometia chover a qualquer momento, eu iria deixar Eevee pronto para invocar um sol forte caso fosse preciso, mas até agora, estava estável, e as nuvens densas dava um ar de frescor no momento. O time de engenheiros parecia esperar o meu sinal. E foi nisso que eu me dediquei: analisar o drone!

Quando o Drone foi pego, justamente em um território com potencial característica para demarcação, eu fiquei confuso: - Ue – como sou um burro com tecnologia, eu dei uma batidinha na lateral do tablet, esperando que a visão fosse descongelada. Sabe-se lá por que eu fiz isso, foi mais uma reação bem espontânea e sem muito pensamento. Foi nisso que eu percebi que algo tinha pego o objeto tecnológico. A parte cortada me era estranhamento familiar. Ora, por ser um pesquisador Pokémon também, com certeza era uma espécie já estudada por mim, mas não tinha certeza, porque era só um pedaço. Sugeria que era um Pokémon voador, para alcançar o drone. - Acho que algo prendeu o drone...- informava à equipe.

Ambipom tentou ver de canto, apoiando suas duas caudas no chão e se erguendo, ficando quase tão alta quanto eu. Eu segui a impressão de que estava em um lugar bacana, legal, mas que possivelmente um pokémon acabou prendendo a câmera. Será que quebrou? SERÁ QUE EU TENHO QUE PAGAR POR QUEBRAR PATRIMONIO PÚBLICO???? QUANTO CUSTA ESTES BRINQUEDOS DE ALTA TECNOLOGIA STARK? Tudo bem que eu sou rico, mas também sou mão de vaca! :jigg:

- Tem um grupo de rochedos, longe do capim-elefante, que parece um bom local. Talvez o terreno seja firme. Vamos lá ver e entender o que aconteceu com o drone, viu, pessoal? - chamava o trio para me seguir. Eles tinham que fazer suas “coisas-de-engenheiros” para analisar o solo e ver as dimensões, para assim aprovarem a construção da base de observação ali. De qualquer jeito, Ambipom ficava atenta para saber que tipo de Pokémon tinha ali...

Como de se esperar da rota 109, ela trazia ainda características muito marcantes da recém passada rota 120. O capim era muito alto, Ambipom era a primeira a sumir. Embora a macaquinha ficasse muito grande suspensa sobre as duas caudas, naquele momento, era inviável para manter o ritmo frenético dela, enquanto avançávamos pela rota. O trio de engenheiros seguia e eu mais uma vez ficava com dó de tirar aquele mato da frente, como foi na 120. Mas, não teve jeito!

Tirei aquele facão zão da bolsa, dentre as ferramentas rangers, e igual na rota anterior, eu saia cortando caminho com força, enquanto aliviava o caminho e a pressão. Ambipom, mesmo pequeno, era hábil demais para poder se esgueirar e avançar pelo mato, mas os demais sentiriam dificuldade. Eu me enquadro neste povo! Dessa forma, abria o caminho cortando tudo. Sei que com as chuvas e o sol daquela rota, rapidinho seria reposto o caminho demarcado.