Pokémon Mythology RPG
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[EVENTO] Where Is My Mind_Trainspoting

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Goldenrod City
Hang Out
Aquela tranquilidade se provaria breve, pois em um espaço de tempo que chegou a parecer até mesmo segundos em minha mente, em que eu estava acariciando Roselita, logo depois chegavamos ao shopping. Claro, isso não significa nada, apenas que eu tenho uma má noção de tempo. E no shopping estava o motivo do fim de toda a minha tranquilidade, uma multidão extremamente densa, parecia sem fim, eu apenas olhava fixamente para aquele mar de gente e me perguntava: "O que estão fazendo?" Teria algo a ver com o suposto pokémon estrangeiro?

Falando nas criaturas estrangeiras, eu ouvia o que Adalberto tinha a dizer. Criaturas feias e bizarras que estão assombrando a cidade? Honestamente, acho que é só um rumor falso. Aqui em Goldenrod? Mas, achando falso ou não, curiosidade despertava em mim do mesmo jeito e a vontade de perguntar pra qualquer um naquela bagunça que tipo de pokémon eles encontraram por ali. Na verdade eu estava cheia de sentimentos conflitantes. Queria ter meu momento de folga e não queria aguentar mas nenhuma bizarrice, mas estava curiosa, muito curiosa.

Porém o que decidi fazer era pegar na mão de Winnie e também e segui-la para a entrada do shopping. Eu posso estar curiosa, mas Freda certamente não está, logo vou tentar não ser um estorvo pra ela. Não é assim que se retribui as pessoas que me ajudaram a crescer nessa carreira tão inconsistente como a de treinadora. Apenas a seguiria.

- Ok. Acho que deve estar calmo lá dentro mesmo. - Respondi, me despedi de Adalberto e então esperava conseguir passar por meio daquela bagunça.

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— Tchau, ô donas madames! — Fungou o homem, dando um aceninho alegre quando as treinadoras saltaram das costas de suas renas, que tão graciosamente se abaixaram para facilitar o trabalho quando Bartolomeu finalmente interrompeu seu caminho. Apesar de que não pareciam muito felizes em fazê-lo, não - como poderiam, tendo perdido mãos tão belas que as acariciavam? Inclusive, a pobre Roselita até se despediu de Kathryne com uma "focinhada" gentil nas costas, veja só! — Tudo no cartão, né, moça Winnie? — Conferiu o careca, acenando positivamente com a cabeça ao tomar como verdadeira a informação. — Mó confusãozona essa aí, né? — Comentou, o olhar passeando pela pequena multidão à frente do Shopping. — Que que será que deu? — Ponderou, balançando a cabeça com suavidade. — Bem, tanto faz. Bom filme pr'ocês, viu, minha gente? — Despediu-se, enfim, o Papai Noel; E com uma batidinha no pescoço de sua rena-guia, lá se foi o gorducho e sua caravana, em trote gentil e passada paciente.

Mas, sim. Multidão, certo? Ok.

Vocês já devem saber: Não é lá muito fácil abrir caminho num mundaréu de gente. Quer dizer, até que foi ok no começo, Freda abrindo o caminho com facilidade entre o início passivo da multidão - mas, a partir do meio, a coisa começou a ficar meio feia. A partir dali, já tinha gente que queria não só se intrometer, mas também fofoqueiros que não queriam ficar pra trás e nem deixar de saber o que que tava rolando, ainda que a maior parte não parecia ser muito bem sucedida. O problema veio quando enfim começaram a chegar mais pra frente e aquele galerê todo começou a se indignar com duas magricelas querendo sair passando sem mais e nem menos e, sinto muito dizer, mas foi a coitada da rosada que sofreu com essa situação, tomando uma cotovelada violenta bem na bochecha e um "TE MANCA, CAPIVARA! EMPURRA A VÓ, PIRANHA!" gritado bem no pé do ouvido.

Quem teria sido o responsável?
Jamais saberiam, pois o fluxo de pessoas eventualmente empurrou as pobrezinhas pra frente de vez, tentando viciosamente brincar de ping-pong com a monotreinadora magricelinha. Sorte dela que tinha Freda à frente, ou provavelmente já teria virado pó naquele purra-empurra, veja só...

— Opa, peralá! — Gritou um homem encorpado, mãos na frente do caminho das duas moças assim que elas finalmente, finalmente abandonaram o meio daquele aglomerado maldito. — Sinto muito, meninas, mas daqui não podem passar. — Anunciou em sua voz estranhamente fina, mas com uma carranca fechada o suficiente para espantar o mais vil dos vilões. — Circulando, circulando.

E mais essa, agora.
Tão de palhaçada, né?

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Puta ideia bosta. Eu devia parar de fazer as coisas sem um Ursaring para me ajudar. De início até pareceu ok, mas depois de alguns passos... o desastre. Um quase-nocaute acertou minha bochecha, fazendo meu queixo deslizar-e-voltar rapidamente. No processo nem senti tanto a dor do impacto, já que estava preocupada demais em me segurar.

Minha preocupação sobrepôs meu raciocínio, já que acabei me segurando num homem aleatório que passava por ali. Ai já viu, né? Bafafá. Todo aquele estardalhaço que tinha OUTRA razão virou culpa minha. Dai-me paciência. Eu já tava preparada para mandar Loki dar um jeito naquilo quando vi Kathryne ser batida & rebatida infinitas vezes... como se estivesse num círculo de HardCore, em pleno show de rock.

Sinceramente? A associação me deu vontade de rir e, se eu fosse rir, o momento era agora, quando Kathryne não estava vendo. Soltei um risinho frouxo até um maldito cotovelo me empurrar para frente e eu lembrar que aquilo não tem graça alguma. Tornei séria a minha face, apontei para os maluquinhos a frente e gritei:
- DEVOLVAM MINHA AMIGA- Procurei o pulso de Kathryne, tentando puxá-la para fora dali. A esfera de Loki já estava a posta quando um segurança veio intervir - AH OBRIGADA MOÇO, ACHEI QUE IA TER QUE PASSAR NA FORÇA E.... COMO ASSIM? EU SOU CONSUMIDORA. PORQUÊ NÃO POSSO ENTRAR? - Sim, eu estava falando gritando, mas não é culpa minha. Olha a barulheira em volta!! - EU NÃO TENHO UM SEGUNDO DE PAZ NESSA CARALHA - Ih, pronto. Surtei - VOCÊ SABIA QUE EU VIM DE RENA ATÉ AQUI???????

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Goldenrod City
Hang Out
Quem diria que o menor problema que eu teria nesse dia seria andar de rena? Na verdade isso sequer foi um problema, o caminho, montada na Stantler, foi tranquilo e confortável e Adalberto era um senhor simpático e amigável. Como o caminho não foi um problema, eu poderia assumir que teria um dia tranquilo, entraria no shopping e assistira um filme com Winnie, certo? Errado, e como fui ingenua de acreditar em algo desse tipo. Era agora que o caos começava e era terrível.

Éramos duas magricelas, de fato e isso só tornaria tudo mais difícil. Entrar naquele mar de gente e passar por ele era doloroso, eu mesma já ficava desorientada sem saber pra onde sequer eu estava indo. Não conseguia ver nada, Winnie sumia e eu não tinha mais controle de onde ia. Honestamente, era estúpido de minha parte acreditar que seria diferente. A única coisa que me importa pelo menos é saber o motivo dessa bagunça toda, porque certamente não era normal. É o tipo de coisa que você vê em uma estação de metrô as seis da manhã, só que não era seis da manhã e nem era uma estação de metrô.

Mas eu conseguia sair viva, eu acho, daquele inferno. Eu estava sem energias e talvez até prestes a desmaiar? Estava, mas eu conseguia pelo menos respirar depois de tudo aquilo, mas respirava um pouco apenas pra perceber que todo aquele esforço foi para nada, absoulutamente nada. Tinha um armário de pessoa na porta do shopping, não deixando ninguém entrar, um segurança. Ah pronto, era tudo o que eu precisava. Inclusive, finalmente via Winnie novamente e ela não parecia estar muito feliz com a situação. Oh que seja, sobrou mais uma vez pra mim, ser a pessoa razoável da dupla.

- Umm... e tem algum motivo pra não podermos entrar no shopping? Assumo que pra você barrar a entrada em um horário movimentado desses, algo de muito ruim deve ter acontecido, - Perguntava para o segurança, simplesmente queria uma resposta do porquê de tudo aquilo, pois tudo me parecia estranho demais. Duvido até do fato desse homem ser um segurança.

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Agora você tem que entender: Aquela confusão já estava ali há, provavelmente, no mínimo, alguns minutos. Não deve ser difícil se imaginar no lugar desse pobre trabalhador, tendo que conter essa maré de pessoas enquanto tenta acalmá-las e, ao mesmo tempo, seguir seu trabalho de gente de boa-fé sem ter, a todo momento, algum pirado enchendo seu saco porque quer fazer isso, aquilo ou aquilo outro. Tenho certeza que, se não consegue imaginar, deu pra sacar pela expressão de "Ah, nem vem que essa fudida vai dar um ataque de pelanca aqui" lançada para Freda quando ela começou a reclamar e falar de rena. Vamos combinar: Ninguém merece, né?

— Madame, eu não ligo se você veio de rena ou de urubu. — Retrucou o segurança, balançando a cabeça em negativa. — Eu não posso deixar ninguém entrar. O Shopping tá interditado e a ordem imediata foi de evacuar todo mundo. — Disse, antes que enfim voltasse a atenção na direção da lourinha, a (aparentemente) mente sã daquele rolê. — Nós não sabemos direito. Teve uma invasão de umas, uh, espécies esquisitas aí dentro. Elas simplesmente saíram destruindo tudo e tiveram pessoas absorvidas vivas, sem nenhuma explicação. — Disse o homem, enquanto barrava outro engraçadinho que tentava se esgueirar pro lado de dentro. — Não sabemos com o que estamos lidando aqui. Foram pedidos reforços, mas parece que esse tipo de coisa tá acontecendo por toda a cidade e a equipe tá completamente sobrecarregada. — Acrescentou, um suspiro frustrado escapando no processo. Um pouco mais longe, um Houndoom estressadinho latia para alguns treinadores que tentavam se dirigir à estrutura dourada e, consequentemente, acabava por afastá-los - pelo menos momentaneamente. — Tá completamente um inferno. — Reclamou.

E foi nesse momento que a magrela de braços fortes, aquela lá que eu falei no começo da cena, pois é, ela veio toda exasperada. Gesticulando cheia de estresse e meio irritada, mas vamos lá:

— Dá pra você me dizer, — Começou a mulher, quase tão estressada quanto a multidão que a envolvia. — Quando é que vocês vão criar bolas e entrar aí dentro? Eu preciso trabalhar! Você acha que eu posso simplesmente ficar aqui sabe-se lá quanto tempo esperando o nada? Vocês não vão tirar aquelas coisas bizarras da minha loja?! — Gritou, balançando a cabeça de um lado para o outro com sua voz quase tão fina como a de um carapanã. — Isso é um absurdo! Se eu soubesse que não podia contar nem com vocês, tinha virado treinadora pokémon!

— ...Madame, — Retrucou o homem, deixando escapar mais um suspiro profundo, como se já tivesse lidado com aquela mesma conversa um trilhão de vezes. — Eu já falei que não temos como intervir. Nós não sabemos que tipo de coisa esses bichos fazem. Eu sinto muito pelo seu horário, mas não temos o que fazer nesse exato momento, sem nenhum pessoal! —  Se irritou. É isso, todo mundo irritado. Mas eu não o culpo; Como poderia?

Isso que dá tentar tirar um dia de folga no meio de uma metrópole.

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Goldenrod City
Hang Out
Minha primeira vez nessa cidade e como eu já odiava esse lugar. Eu sei que venho de uma cidade tão grande como essa, que no caso é Rustboro, mas a maior parte do meu tempo lá, eu fui bem caseira e nunca experimentei tanto o lado de fora, mas eu tinha uma certa noção de como o povo de lá era extremamente agitado. Só que aqui em Goldenrod, tudo parecia pior, claro que a situação excepcional que é o shopping fechado não ajuda, mas minha primeira visão daqui, antes mesmo de chegar no shopping era um lugar lotado e que era exaustivo só de ficar por ali.

Resmunguei o suficiente sobre os aspectos de Goldenrod, agora me deixe absorver a informação que o segurança acabou de soltar. Espécies esquisitas? Pessoas absorvidas vivas? Honestamente, isso parece mentira, mas daí entra outra questão: Por que ele mentiria? Fechar o shopping não traria nenhum benefício pra ele. E se for verdade, o que seriam essas criaturas? Eu consigo pensar em algumas espécies que talvez possam ter o poder de absorver pessoas, mas são casos extremos, como uma Gardevoir criando um buraco negro. Eu não tinha o que fazer, a não ser mais perguntas.

- Umm... você chegou a ver como eram algumas daquelas criaturas? Algo estranho aconteceu antes de precisar fechar o shopping? - Pfft, qual é a minha? É ingenuidade acreditar que esse cara vai responder minhas perguntas. Eu não sou nenhuma autoridade e já estou querendo interrogar o pobre segurança. Eu notei o quão desconfortável e estúpido foi fazer essas perguntas: - E-ehh... eu tô falando como se fosse uma autoridade, me desculpe. Só estou curiosa. Mas enfim, você chamou alguém tipo os Rangers para resolverem esse problema?

Essa última pergunta era simples e que qualquer outra pessoa faria. A única coisa que sei é que a folga minha e de Winnie já se foi e era capaz de sermos nós que teríamos que resolver seja lá o que estiver acontecendo. Somos treinadoras, claro, no meio daquela multidão devem ter outros treinadores, mas duvido que algum seja tão forte quanto Winnie. Ela é excepcional e seria capaz de se livrar de alguma ameaça e eu, é claro, a auxiliaria. Falando em Winnie, fiz um breve comentário pra ela.

- Acho que nossa folga já era. Acho que você consegue cuidar de seja lá qual for criatura que estiver lá dentro, hehe.

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Ah, sério isso?! A resposta do segurança fora basicamente 'não é não' e isso me fez envermelhar de raiva! Fechei uma das mãos, bati os pés e olhei para o segurança bastante decepcionada:
- Pois vocês deviam ter avisado no PokeGram que estão fechados! - Eu sei, eu sei. Isso não faz sentido algum, mas o que eu posso fazer se estou completamente triste - Eu tenho certeza que ta menos infernal lá dentro do que aqui fora. Já olhou pra esse mundaréu de gente?! Sem contar que mais cedo ou mais tarde vocês vão ter que deixar a gente entrar a lidar com isso. Você acha que se for um pokémon, vai ficar ai no Shopping para sempre?! Claro que não! Eles vão sair e seu esforço vai ser i-nú-til.

Ai, sabe como é, né?! Eu não queria ser coerente ou estar certa, eu só queria entrar. Eu nem tinha me tocado que, na atual situação, não teria filme nenhum em cartaz. Bati o pé, deixei que o vermelho saísse e dei vazão a ele com uma pequena lágrima. Aquilo não era tristeza: era stress. Respirei fundo, ouvi a moça irritadiça ao meu lado e vi que a situação era plural.

Eu poderia gritar ao lado dela, não é?! Talvez juntas tenhamos alguma força a mais. O problema é que vi Kathryne ao meu lado e ela parecia bem certa de que eu estava "pagando de doida" ali. Por um instante eu jurei que ela queria desistir, mas se ela assim quisesse, já teria me puxado para fora, né?! A pergunta era sobre Rangers e nessa hora eu entendi em que ponto ela queria chegar; seria viável resolver nós mesmas?!

Quando ela me olhou diretamente e deixou claro suas intenções, afirmei com a cabeça e disse:
- Não sei se consigo, mas posso tentar. Já fui "absorvida" algumas vezes por pokémons. Vai por mim, é melhor que ficar nessa multidão... - Brinquei, mas apesar da brincadeira, era verdade. Eu odeio multidões e abduções nunca me levaram a problemas irresolvíveis - O moço, vem cá, deixa eu falar um negócio com você. Nós duas somos da Requiem, a gente tem certa reputação aqui com a cidade, se quiser ligar para o prefeito ele vai confirmar. A gente ajudou na reconstrução e reforma, e a sociedade já jurou proteger essa cidade. Se for de bom grado, eu posso ir ai ajudar. Num me garanto, mas certamente podemos dar uma boa ajuda se ta de fato um "inferno"...

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— Algo estranho? Filha, os próprios bichos já são estranhos o suficiente, não precisamos de mais nada, não! E você aí, pode ter certeza que a gente tem mais preocupação que ir falar no PokeGram se tá aberto ou não. Ninguém ia conferir mesmo, postar pra quê? —  Reclamou o homem, talvez um pouco menos profissional do que deveria - mas dava até pra entender, levando em consideração que tinha de lidar com uma multidão maluca e a pressão de três enxeridas tentando encher o seu saco por algo que ia totalmente além do seu controle. — Como eu disse, chamamos. — Comentou com a loirinha, enquanto o canídeo próximo mordia a canela da calça de um engraçadinho que tentava furar aquela "barreira". — Mas isso tá rolando na cidade toda e tá todo mundo ocupado. Sabe-se lá quando vão aparecer. — Suspirou e respirou, fundo, antes que enfim a atenção voltasse na direção da rosada - bem na hora que a agitação da plateia começou a ficar mais alta. — SÃO DA RINDO-COM-QUEM? — Gritou, tentando se fazer ouvir no alvoroço. — QUE ISSO? SHOW DE STAND-UP? DESCULPA, MAS ACHO QUE NÃO VAI TER PALCO PRA VOCÊ NÃO, DONA. — Completou. A parte boa da situação, bem, é que aparentemente a moça da sorveteria tinha bons ouvidos (ou só queria uma ajuda o mais rápido possível), pois logo se jogou em auxílio:

— AH! VOCÊS RESOLVEM??? ÓTIMO, ENTÃO! — Resolveu, enlaçando um braço de cada uma das treinadoras e rebolando na direção da sorveteria. — É toda de vocês, meninas! Vambora! — Alegrou-se de repente a comerciante, um sorriso de orelha a orelha antes que seu ombro fosse segurado pelo segurança.

— EI! QUE HISTÓRIA É ESSA, TÁ INDO PRA ONDE?! Você sabe muito bem que não pode sair entrando, sabe-se lá o que pode acontecer lá dentro! E depois, isso cai no colo de quem? — Censurou o grandão, franzindo o cenho e praticamente crescendo pra cima não só das meninas, como também da magricelinha que as arrastava junto.

— POIS NÃO SEI E NÃO QUERO SABER! — Gritou em retorno a mulher, soltando o braço de Kathryne para dar um tapa na mão do segurança que, em resposta, acabou recuando. — Eu não posso mandar ninguém pro Shopping, mas pra MINHA SORVETERIA, eu POSSO SIM SENHOR! E VOU! FICA SÓ VENDO, PRA VOCÊ VER! — Se impôs, empurrando o punho do trabalhador sem um pingo de receio.

— M- — O homem começou a tentar argumentar, mas...

— OH! PSH! PSHHH! — Chiou a rosada, torcendo a expressão em uma carranca de botar medo na mais valente das criaturas. — NÃO DIGA NADA, NÃO DIGA NADA QUE VAI FICAR PIOR PRA VOCÊ! — Escandalizou. — OLHA QUE DEPOIS EU TE QUEBRO A CARA NO TRIBUNAL. FICA NA SUA AÍ, GRANDÃO. SEU MEDROSO. MEDROSÃO. — Acusou, antes de enfim agarrar novamente o braço da loirinha e virar na direção do estabelecimento, caminhando passinhos curtos e apressados para a entrada, deixando o pobre segurança de mãos atadas enquanto tentava segurar o resto da multidão.

Pois sim; Resolvemos esse pequeno problema. Talvez não de um jeito que pudesse ser esperado, mas o importante é que tinham passado e agora vamo seguir o baile.

— Ai, eu não sei se vocês conseguem, mas espero que não morram. Se morrerem, com que cara eu vou ficar? Não façam isso comigo, meninas, pelo amor do sorvetinho derretido. — Pediu a moça, afofando os bracinhos magrelas das companheiras de sociedade antes de guiá-las ao interior da Sorveteria Paplé: Inclusive, extremamente válido mencionar que o lugar não estava lá nos seus melhores momentos, com cadeiras e mesas reviradas e jogadas ao chão, como se houvesse existido uma pressa de várias pessoas para se retirarem do local. — Isso não podia ter acontecido em um momento pior, sinceramente! Logo hoje, comemorando o mêsversário da sorveteria... — Choramingou dona Paplé, atravessando os móveis atirados e os sorvetes derretidos que foram abandonados no meio da bagunça.

Foram mais fundo, mais fundo e mais ainda - até, literalmente, os fundos do comércio. Devagar e com as mãozinhas meio trêmulas, a mulher soltou ambas as treinadoras e se aproximou de uma porta prateada, puxando sua maçaneta e revelando uma escadaria que guiava ao porão, um ambiente escuro e, ao que podia ser visto, úmido; Úmido demais, em realidade - uma altura d'água se espalhava pelo cômodo, e foi com certo receio que a comerciante apontou para seu interior.

— ...Lá dentro. — Indicou, enquanto uma corrente gélida escapava e acariciava as três figuras. — Eles estão no freezer. — Explicou, os ombros encolhendo enquanto a senhorita praticamente se escondia por detrás da porta: Podia ser valente contra um segurança mas, bem, contra coisas que não tinha a menor ideia do que se tratavam...

É isso.
E agora?

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Sabe quando você perde o controle das cenas subsequentes e não sabe nem dizer o que sentiu? Pois é: não sei, só sei que foi assim. O alvoroço fez o guarda tornar-se surdo... ou ele tava fingindo. Na verdade, eu tenho quase certeza que ele tava fingindo, o que me fez quase levantar o dedo-do-meio para aquele sujeito.

Ok, ok, não é do meu feitio arranjar briga, mas eu estou no meu á-pi-ce. Eu literalmente não sei mais o que fazer: os relatos não me dão medo, mas a situação em si era temerosa. Todo mundo parece em um 'surto coletivo' e minha presença acabava não fazendo diferença alguma na situação. Olhei para Kathryne mais uma vez, só que dessa vez o lacrimejo se tornou uma linha d'água fina, que esboçava um cansaço e um stress maior que o normal.

Afinal de contas, eu estou insistindo nisso porquê?! A moça de cabelos rosa ao meu lado tinha uma motivação, mas a minha, qual era? A própria negação do direito de ir-e-vir? Quando me importei com isso.

É de fato meio injusto não ser botada a par dos fatos com respeito, mas quando foi que esqueci do papel indispensável do policial/segurança à frente, no ato de manter a ordem?! Ainda com um pequeno caminho-de-lágrima no rosto, procurei a mão de Kathryne e sussurrei:
- Desculpa... acho que já deu, né? Devíamos voltar - Eu não prestei atenção no desenrolar da trama da mulher fervorosa. Eu só puxei Kathryne para perto e me preparei para ir - Se bem que dado as circunstâncias, nem posso te garantir que tem um Centro Pokémon ou um Hotel pra gente ficar, né?

Parando para pensar, faz sentido. Se os 'monstros' estão por TODA A CIDADE, há de se imaginar que os MONSTROS também estão em todos os lugares que não deveriam ta. Suspirei, liberando todo o ar do meu pulmão e deixando os braços meio molengos. Nesse lenga-lenga todo a moça da sorveteria me puxa e eu, sem muita reação, deixo-me ser puxada.

Masoq?! "Eu não sei se vocês conseguem mas espero que não morra...". Ok, acho que isso já explica tudo. Usei uma das mãos para limpar as finas lágrimas e olhei-a um pouco incrédula. A postura de durona dela parecia ir murchando aos poucos e ela começava a dar uns tremeliques estranhos. Será que Kathryne também percebeu?!

- ... Você conseguiu prender eles lá?! - Pergunta um tanto quanto burra, era improvável que ela conseguisse ter feito isso. Provavelmente as criaturas mesmo foram para lá, até porque a porta estava ABERTA - Eu devo admitir que você começa a me assustar...
Num ato menos impulsivo e mais pensado, dei para trás. Vi o tremelique da mulher cheia-de-si e respeitei. Liberei Loki, o Ursaring confiante. Ele me viu, olhou a bagunça em volta e deu de ombros, como quem dissesse "espero que não tenha me trago para limpar isso?". Sorri ao lhe ver. Apesar de bobo, ele sempre me trás certa segurança:
- Temos certos... problemas. Tem uma Câmara Fria logo ali e parece que tem um certo "perigo" em entrar - Olhei para o escuro e apontei em sua direção - Moça, o Freezer ta desligado?! - Na dúvida, liberei Houndoom também - Vocês podem verificar isso para mim? Parece que alguns humanos morreram no processo, mas deve ser exagero.

Ambos acenaram com a cabeça. Toquei minha Key Stone posicionada na helix da orelha e sinalizei a Hati:
- Vamos Mega Evoluir. Loki, use Sunny Day.

Ele acenou com a cabeça.

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Goldenrod City
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Parecíamos estar indo do nada pra lugar nenhum. Ainda não sei que tipo de criatura invadiu o shopping, se tais criaturas são sequer reais e se alguém vai fazer alguma coisa pra resolver aquela perturbação. Quando eu tinha alguma esperança de progresso que era WInnie se voluntariando em nome da Requiem, mas bem, o segurança sequer sabia do que ela estava falando. De volta a estaca zero, não é como se tivessemos saido dela alguma vez. Respondia a minha colega, que já se rendia e aceitava que não dava pra fazer nada.

- Isso foi um fiasco mesmo. Espero que o Centro Pokémon esteja em boas condições pelo menos. Da próxima vez a gente tira folga em outro lugar. - Dizia, risonha, em uma tentativa de confortar Freda. Agora sobre o fato do Centro Pokémon estar aberto, isso me preocupava, porque pelo que disseram as criaturas misteriosas estão por toda a cidade, e olha que essa cidade é enorme. O Centro Pokémon com certeza deve ter sido uma vítima, até porque é um dos maiores ponto de referência da cidade, isso é, se as criaturas são capazes de identificar isso.

Quer dizer, estávamos prontas para sair dali, mas não saímos, até porque fomos puxadas, contra a nossa vontade. Quem nos puxou foi a moça histérica dona da sorveteria e se ela tinha alguma intenção em nos deixar confortável com o fato de estar nos arrastando contra a vontade, ela falhou, pois a frase "Eu não sei se vocês conseguem, mas espero que não morram" pode trazer qualquer coisa, menos conforto. Ah, mas eu não estava em posição de contestar e se nem Winnie contestou, não tem o que eu fazer. Apenas aceitei ser arrastada e percebia que a moça ia de durona a histérica pra preocupada e assustada. Acho que ela tinha todo o direito, afinal viu todo o caos se desenrolar na sua frente e pelo visto que caos, pois a sorveteria parece que foi cenário de uma briga das grandes.

- Certo, pode contar com a gente. - Uma simples fala impulsiva da boca pra fora, pra ver se conseguia deixar a dona da sorveteria confortável. A verdade é que eu estava me cagando de medo. Mas agora não tinha o que fazer, já aceitei mergulhar nesse inferno congelado. Precisava de um "porto seguro" pra me segurar e Winnie não parecia ser esse porto seguro, ela estava tão preocupada quanto eu. Ora, então por que não um dos meus pokémon?

- Dimentio, querido, você vai me acompanhar em uma aventura. - Liberei o Espeon. Por que não Zen, o meu fiel escudeiro? Porque esse era seguro e prudente demais e era focado demais em me proteger. Se ele visse que algo desse errado, era capaz dele me tirar daqui, mesmo não sabendo mais o Teleport. Já Dimentio, é imprudente, travesso e briguento. - Ah, o Houndoom e o Ursaring são nossos amigos, não brigue com eles, entendeu. - Falava para o vulpino antes que ele causasse qualquer briga com os pokémon de Winnie, o que eu não queria que acontecesse de jeito nenhum. Falando neles, olhei para Hati e... uau. Aquilo era uma Mega Evolução: - Hehe, tô finalmente vendo ele pessoalmente. - Dizia para Winnie, me referindo a Hati.

Enquanto isso aguardaria a confirmação da dona Paplé, se o freezer está desligado, para então prosseguirmos lá dentro. Daria minhas ultimas instruções a Dimentio: - Só use seus poderes psíquicos pra remover obstáculos e fique atento caso qualquer inimigo aparecer.


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